História Mais Que Amigos - Capítulo Quatro

Capítulo Quatro 

Como a vida de alguém pode mudar tanto em tão pouco tempo?

Penso nisso enquanto estou deitada na minha cama. Lá fora o dia amanhecia lentamente e eu já estava acordada bem antes disso. Olho a fresta que ficou nas cortinas da janela e vejo o céu quase sem nuvens. Hoje será um dia bem lindo – para quem gosta de calor. Fico deitada mais uns minutos esperando o despertador tocar para me levantar e me arrumar para mais uma segunda-feira.

Enquanto isso resolvo passa rapidamente os acontecimentos de mais ou menos duas semanas atrás:

1 - Gaara me procurou para pedir perdão e demonstrou não querer terminar.

2 - Sasuke “invadiu” minha casa por escutar a minha discussão/gritos com Gaara e, por eu ainda estar de calcinha e sutiã, deduziu que tinha dormido com Gaara.

3 - Ah, eu estava de calcinha e sutiã. Meu Deus! Eu tinha dormido com o Sasuke e o cachorro nem lembra disso.

Que merda, hein?

Depois de tanta reflexão sobre a minha vida, escuto o som estridente do despertador do meu celular soar em cima do meu criado mudo. Levanto a mão para desliga-lo e aproveito pra me levantar logo também.

Quase rastejando, vou para o banheiro, escovo os dentes e tomo um banho demorado. Durante o tempo em que passei no banho, resolvi levantar a cabeça, dar a volta por cima, sair desse poço que esta minha vida. Vou esquecer que um dia gostei do Gaara e esquecer a noite de amor que tive com Sasuke, já que ele não lembra mesmo.

Saio do banho enrolada na toalha. Vou direto para cozinha, preparar algo para comer. Faço uma xícara de café e tomo com algumas torradas. Mas o gosto não me agrada. Estranho, sempre como isso pela manhã. Deixo a xícara e as torradas em cima da mesa e volto ao quarto para me arrumar. Seco os cabelos e prendo-os em um coque frouxo. No rosto, passo apenas uma base, para disfarçar as olheiras, rímel e gloss. Nunca fui fã de muita maquiagem, ainda mais pra ir a faculdade às oito da manhã. Coloco uma calça jeans preta justa, uma blusa larga de um ombro caído branca e um par de sapatilhas também preta. Pego meu material, enfio na bolsa e saio de casa.

Quando estou no corredor trancando a porta, não consigo evitar de olhar na direção da porta do Sasuke, à essa hora ele já deve estar no escritório, ou a caminho dele. Durante essas duas semanas, Sasuke e eu quase não nos falamos. Trocamos algumas mensagens, nos esbarramos algumas vezes no elevador, mas nossas conversas foram superficiais. Pelo menos ele não tirou satisfação sobre aquele dia, pois, eu não saberia o que dizer.

Não vou negar, eu o evitei algumas vezes. Durante a primeira semana eu o esperava sair de casa para depois eu sair, para evitar possíveis encontros. Na segunda, já estava achando patético, comecei a mandar mensagem perguntando como ele estava, e uma noite Sasuke veio aqui com uma pizza e assistimos um filme, mas o clima estranho era palpável. Nem eu e nem ele, tocamos no assunto: últimos acontecimentos. Acho melhor assim. Aos poucos voltamos ao normal.

Eu espero.

Chego a faculdade faltando 10 minutos para primeira aula. Vou a cantina tomar um suco e subo para a sala de aula. Quando chego na sala, avisto Temari, uma colega de classe e prima do Gaara. Ela sim é bem legal, já saímos juntas algumas vezes... Mas nunca aprofundamos a amizade. Sem dúvidas, ela teria sido melhor que Ino.

Aceno para ela e, ela me acena de volta. Vou em sua direção e me sento na cadeira ao seu lado.

- Hey Sakura! – cumprimenta ela animada.

Preciso de mais pessoas assim ultimamente, animadas.

- Oi Temari. – Cumprimento de volta com um sorriso sincero – Como vai?

- Estou bem. Você está sumida. Nunca mais saímos juntas.

Está aí, uma boa oportunidade de me alegrar.

- É, a minha vida anda um pouco turbulenta. – Ela me dar um olhar triste, mas não de pena. Pelo visto ela já sabe o que houve. – Então, que tal almoçarmos juntas, han? Colocar a conversa em dia.

Ela sorri, um sorriso que me contagiou.

- Claro! Vamos hoje então.

- Claro! Vamos à um restaurante que abriu agora, e é próximo de onde eu trabalho, o que é ótimo pois teremos mais tempo.

- Vamos sim.

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Às 12:30, entramos no restaurante. Logo, Temari e eu somos recebidas por uma moça de longos cabelos negros e um corpo muito bonito, olhos castanhos e pele clara. Somos direcionadas à uma mesa mais afastada das outras e perto de uma janela. Sentamos e logo fazemos nossos pedidos, enquanto Temari pediu uma salada com frango grelhado e preferi uma grande fatia lasanha. Nunca fui de fazer dieta, não vai ser agora que vou começar.

- Então, me diga, essa cachorrada que o meu primo fez contigo, hein?

Não tinha como escapar desse assunto. Até pelo grau parentesco deles. Mas, já não me doía falar sobre isso. Contudo, percebo que não gostava tanto assim do Gaara, já que durante essas semanas, não chorei por ele uma única vez.

- Er... ele estava comigo e com minha “melhor amiga” ao mesmo tempo. Flagrei os dois saindo do carro dele aos beijos. Sasuke e eu estávamos indo para o mesmo lugar que os dois. Eu fiquei em estado de choque e, ao contrário de mim, Sasuke ficou enfurecido e deu um soco no rosto do Gaara.

- Que filho da puta! – rosna ela – Olha Sakura, mesmo eu sendo prima daquele imbecil, eu não sabia nada sobre esse caso dele com a Ino, tá?

- Eu sei. Não se preocupa – como se fosse a deixa, o garçom chega com os nossos pratos - Olha, comida!

O cheiro da lasanha me anima. Corto um pedaço imediatamente e ponho na boca. Assim que a lasanha entra, ela quer sair. Olho ao redor procurando o banheiro com os olhos, logo que acho, corro em direção a ele, deixando uma Temari com cara que quem não está entendendo nada.

Entro um uma das cabines e abaixo a cabeça no vaso sanitário bem no instante em que o vômito toma conta da minha boca. Coloco o pouco de lasanha e o meu café da manhã para fora.

Alguns instantes depois, Temari surge na porta com uma cara preocupada. Perguntando o que houve.

- Não sei. Mas se eu não tivesse chegado logo, tinha vomitado no caminho.

Tento levantar para lavar a boca, mas me vem uma forte tontura me atinge. Se não fosse pelos braços da Temari, eu teria me esborrachado no chão.

- Sakura! Pelo amor de Deus! O que está acontecendo? O que você tem?

- Não sei... - digo aos sussurros – está tudo girando.

- Calma! Senta aqui. Sakura? Sakura, responde.

Mas a sua voz vira apenas um sussurro longe. Mergulho na escuridão.

Silêncio.

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Abro os olhos, mas logo os fecho, por causa do local claro. Abro novamente, mas só um fresta e tento me localizar, entender onde eu estou. Olho ao redor, vejo alguns equipamentos que eu conheço bem, olho minha mão e vejo uma agulha enfiada presa por um esparadrapo com um tubo ligado a agulha e à uma bolsa de soro. Ainda estou com as minhas roupas, então significa que não é grave. Talvez uma infecção alimentar ou desidratação.

Ouço a porta abrir e, vejo uma Temari entrar com ar de preocupação. Minha língua coça de vontade de perguntar o que houve.

- O... que houve ? - pergunto baixo.

Ela respira fundo e responde.

- Não sei ainda. Colheram seu sangue para fazer alguns exames, mas o resultado só vem daqui a meia hora. – mexo o braço e faço uma careta de dor pela agulha. Temari logo percebe. – O que foi, amiga? Está doendo onde? Quer que eu peça algum remédio?

Eu dou uma risada baixa.

- Temari, para uma futura médica eu acho que você precisa se manter mais calma.

Dessa vez rimos juntas.

- Eu sei. Mas ver você daquele jeito, fraca e apagada no meu colo, me fez entrar em desespero. Gritei por ajuda e, sabe quem nos trouxe para o hospital? – sorri maliciosa.

- Não tenho a mínima ideia. - Respondo sincera. - Quem foi?

- Aquele gato, filho do seu patrão. Ele estava saindo do banheiro masculino, prestes a ir embora, quando escutou meus gritos e nos trouxe. Ah, o que me lembra de você me apresentar formalmente para ele quando formos embora.

O Senhor Yamato é viúvo e tem um filho adotivo, o Sai, eles são tudo um pro outro. O café onde eu trabalho é a realização de um sonho de sua esposa, então ele e o filho levam a diante esse sonho. Esse é um dos motivos que o adoro trabalhar lá. Os dois são ótimos patrões. Mesmo que não considere o Sai um patrão, exatamente. Ele é mais como um colega de trabalho.

Sai é bem branco, alto e tem cabelos e olhos bem escuros. Lembram um pouco o de Sasuke.

- Meu Deus! Ele ainda está aí? Eu ainda tenho que trabalhar hoje. – Tento levantar, mas ela me impede.

- Negativo senhorita Haruno. Você vai ficar aqui até o médico voltar com seu exame. – Tento abrir a boca para retrucar, mas ela me corta. – Até por que, o seu chefinho sabe que você está impossibilitada de trabalhar hoje. Ele foi cobrir você no café. Mas vai pedir para alguém ficar lá enquanto vai deixar você em casa.

- Mas é claro que eu não vou abusar da boa vontade dele. Posso voltar sozinha.

- É claro que vai abusar sim. Quero ter mais uns minutos com ele para ver se ele passa no meu teste.

Franzo a testa.

- Que teste? – pergunto, mesmo sabendo que a resposta não vai ser séria.

- Se ele vai ter passe livre para minha cama.

Não aguento e explodo em uma gargalhada que vem da alma. Só mesmo a Temari para dizer uma coisa dessas.

Ouvimos uma batida na porta e em seguida ela se abre revelando um médico, muito charmoso por sinal. Está com uns papéis na mão. Espero que seja meu exame.

- Bom, pelo que eu vejo já está recuperada, não é mesmo senhorita Haruno? – sorrio tímida em resposta. – Então, me chamo Hatake Kakashi e estou responsável pela senhorita.

- Doutor Hatake, o que eu tenho? – falo com o coração na mão – É alguma doença?

- Bom, eu não chamaria de doença. Na verdade, é excesso de saúde. – parece uma piada particular, pois eu não entendi. Ele percebe meu constrangimento, pigarreia e volta a falar – Colhemos material para fazer alguns exames. O resultado foi uma leve desidratação – respirei aliviada – e, parabéns, você está grávida.

#

1

Grávida.

2

Grávida.

3

Grávida.

Subo lentamente os degraus do prédio onde moro. Depois que recebi a fatídica notícia que estou grávida, tudo passou como um borrão. Peguei a receita de algumas vitaminas e encaminhamento para o obstetra daqui a duas semanas. Ligamos para o Sai ir nos buscar, o silêncio no carro foi muito angustiante, ainda não tinha caído a ficha. Temari, mesmo estando curiosa para saber tudo, percebeu meu estado e ficou calada, só me apoiando. Sai me deixou na frente do meu prédio, Temari insistiu para ela ficar comigo, mas não aceitei. Preciso ficar sozinha. E sobretudo, contar para o Sasuke.

Subo os degraus lentamente, sem pressa de chegar no meu destino, ou seja, na casa do meu vizinho, melhor amigo e agora pai do meu filho. Me pergunto qual será sua reação, primeiro por termos transado, coisa que ele não lembra, e agora um filho. Meu deus! Um filho. Eu, Sakura Haruno, estou grávida do meu melhor amigo, Sasuke Uchiha.

Quando chego aos últimos degraus, já dá para avistar a porta do apartamento do Sasuke. Respiro algumas vezes para criar coragem de ir lá, bater e dar a notícia para ele. Mas meus planos são frustrados, ouço a porta abrir devagar, perco a coragem e volto dois degraus impossibilitando, quem quer que esteja saindo de lá, de me ver, mas eu consigo ver bem. Tão bem que vejo uma mulher muito bonita saindo de lá. Ela tem os cabelos ruivos preso em um coque chique, com seu corpo perfeito de academia dentro de uma saia lápis com uma blusa branca de seda para dentro da saia preta, nos pés um par de scarpin na mesma cor da saia.

Quem é ela? Nunca a vi antes.

Atrás dela, surge um Sasuke de calça jeans e camisa polo – pelo menos ele está vestido. Vejo-o dar um beijo em cada bochecha da ruiva, que sorri para ele.

- Mantemos contato, Sasuke? - perguntou a ruiva com uma voz firme.

- Claro, Karin! Mantemos contato. – respondeu Sasuke.

Então a ruiva vai em direção ao elevador e Sasuke volta para dentro do seu apartamento. Assim que a ruiva, Karin, entra no elevador, saio do meu esconderijo e vou direto para minha casa, desistindo da conversa com o moreno. Ele estava saindo com alguém? Por que ele não me disse nada? Não pareceu uma transa casual. Deixei essas questões de lado, não mudaria nada ficar remoendo a situação.

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Nesse momento estou deitada na cama com as pernas esticadas na parede, olhando para o teto. Estou a horas pensando no que fazer. Será que eu devia falar para o Sasuke? E se ele realmente estivesse com alguém? Um bebê certamente atrapalharia. Como eu cuidaria de um bebê? Eu estudava feito louca, e o resto do tempo trabalhava. Eu devia ter esse bebê? Todos esses pensamentos estavam deixando minha mente uma bagunça. Depois de muito pensar, decidi mandar uma mensagem para meu amigo, para que pudéssemos conversar.

• Sakura: Ei você, tem um tempo livre?

• Sasuke: Oi gatinha, só mais tarde... Aconteceu alguma coisa?

• Sakura: Sim, e não haha

• Sasuke: Quer dar uma volta depois?

• Sakura: Pode ser

• Sasuke: Tenho uma novidade para você

• Sakura: É mesmo? Eu também.

•Sasuke: Até depois então.

• Sakura: Até.

Novidade? Então ele estava mesmo namorando. Mas eu não podia voltar atrás... Eu contaria para ele. Como uma noite, podia resultar em tudo isso? E o pior, ele não fazia ideia de que nós transamos, e ele teria um filho e nem se lembraria de como o fez.

Fui tomar um banho para relaxar um pouco, eu sentia dores pelo corpo, pelo excesso de estresse, e minha cabeça já começava a doer levemente. Isso certamente não faria bem para o bebê. Mas quem conseguiria ficar tranquila em uma situação dessas? Enquanto a água batia, leve, sobre meu rosto, eu lembrava dos momentos que tive com Sasuke, seu toque decidido e desejoso, seus olhos apaixonados, seu corpo maravilhoso. Soltei um longo suspiro, meu coração doía mais pelo o que eu sentia por Sasuke do que pela traição e Gaara. Eu sempre tive plena consciência, de que o moreno tinha um grande significado para mim. Mas na noite em que fizemos sexo, eu percebi que jamais alguém teria uma marca tão profunda em meu coração como a que ele deixara. Enquanto me lavava pensava em meus sentimentos. E quando terminei o banho decidi que falaria sobre eles com Sasuke, já que jogaria uma a bomba nele, duas não seria de maior estrago. Eu estou realmente decidida. Vou contar tudo de uma vez.

 Se prepare Sasuke Uchiha.