- Amiga, você está... Um espetáculo! - Diz Scórpia arrumando algumas mechas do meu cabelo.
Estamos terminando de nos arrumar para ir para a festa. Eu não trouxe nada super elaborado, pretendia ir bem normal. Mas a Scórpia insistiu em arrumar meu cabelo e me passar maquiagem. Agora, acho que tô até bonitinha. Além de tudo, uso um body preto de gola alta, calça jeans branca colada e um tênis.
- Nem parece você, hein. - Comenta Lonnie. Ela usa uma roupa bem menos formal. Camisa polo verde escuro e calça jeans azul marinho.
- Lonnie, vai pastar.
Scórpia ri.
- Eu não aguento vocês duas. Não sei quando se perturbam mais, antes ou depois de virarem amigas. - A garota usa um belíssimo vestido vermelho justinho. Maquiagem leve e cabelo de forma natural.
- Ela vai me fazer voltar a odiá-la em breve, pode apostar. - Falo, enquanto termino de dar os últimos ajustes no cabelo. - É muito insuportável.
- Ah, cala boca. - A morena pega o celular e manda mensagem para as meninas do outro quarto, avisando que estamos prontas.
Em poucos minutos, Adora, Perfuma e Mermista aparecem aqui. Trazendo uma garrafa de tequila.
Eu simplesmente fico sem ar assim que a loira entra em nosso quarto. Ela está usando uma camisa social roxa com as mangas dobradas até os cotovelos, calça preta e cabelo preso na parte de cima em um rabo de cavalo, estilo samurai e solto embaixo. Quando fito seu rosto, ela está me olhando também. Com a boca semiaberta e bochechas coradas.
Fico tão encantada com a garota, que não noto as meninas em volta me gastando.
- Catra, vai molhar o chão com a baba. - Zoa Mermista.
- Adora tá babando também, olha lá. - Ri Lonnie.
Eu e Adora desviamos os olhares ao mesmo tempo. Sinto meu rosto queimar de leve, talvez por vergonha de ser pega no flagra pelas meninas, ou porque a loira está bem quente com essas roupas.
- Bora, tá na hora de pagar a aposta. - Lonnie pega dois copos pequenos que estavam no frigobar e serve as doses para Adora e Mermista.
- Beleza, vamos lá. - A morena brinda com Adora e vira o shot.
Depois vira o segundo.
E o terceiro.
- Aaaarg... - Adora faz careta, colocando a língua pra fora.
- Vamos lá, mais dois para pagar o da Scórpia. - Lonnie enche os copos.
- Oh, porra! Cheio assim? Só mais um, qual é. - Mermista protesta.
- É, só mais um desse e tá bom. - Perfuma conclui.
Mais um brinde e as duas viram o copo.
- Vocês vão passar mal... - Comento, olhando Mermista soltar um “aaaahhhh” depois de engolir o último gole, e a Adora fechando os olhos com força, balançando a cabeça.
- Agora que a coisa vai ficar boa! - Lonnie serve mais alguns copos em doses normais para ela, pra mim e para Perfuma.
- Não, obrigada. Hoje não vou beber. - Empurro o copo de leve.
- Você???? - Lonnie diz. - Que milagre é esse?
- Ah, só não tô afim. - Conheço a Adora o suficiente para saber que ela beber nessa quantidade antes de chegar à festa, não foi boa ideia. E, quando chegar, com certeza vai beber ainda mais.
Quero ficar sóbria para tomar conta dela. Não vou jogar tudo nas costas de Scórpia.
O salão de festas é menor do que o de Fright Zone, até porque, veio muito menos gente, já que o torneio é restrito apenas para o futebol. Mas, está bastante cheio mesmo assim.
Obviamente, essas pinguças já chegam e vão direto para o bar. E lá vai Adora comprando uma garrafa de cerveja. Não tem dez minutos que bebeu as doses de tequila no hotel. Já já vai bater e vai tombar.
- Certeza que não quer? - Lonnie se aproxima, apontando o bico da garrafa pra mim.
- Tenho sim. Quero ficar de olho em um certo alguém.
- Eu senti a tensão entre vocês duas no jogo. Acho que esse cu doce tá com os dias contados.
- Não é cu doce! Só quero fazer as coisas direito.
- Adora? Fazer alguma coisa direito? Impossível. - Dou um soco no braço da garota. - Ah, qual é? Por que todo mundo resolveu me bater hoje?
- Porque você só fala merda? - Continuo discutindo com a garota, vez ou outra olhando para a Adora, que conversa animadamente com Mermista. Scórpia e Perfuma já deram perdido.
A loira sorri abertamente para a morena ao seu lado. Já está animadinha. Então, seus olhos cruzam os meus. Eu até esqueço que Lonnie está falando comigo, e fixo minha atenção apenas nela. O olhar azul corta o contato visual, descendo os olhos pelo meu corpo, até meus pés, depois subindo de novo e encontrando meu olhar mais uma vez. Adora passa a língua pelos lábios, fazendo o mesmo movimento com os olhos de novo. Queria muito saber o que ela está pensando.
Então, ela olha para quem está ao meu lado. No caso, Lonnie. Imediatamente, suas sobrancelhas se contorcem em uma expressão brava e sua boca faz um bico completamente indiscreto.
Não consigo segurar a risada dela fazendo essa cara de bolada sem disfarçar nem um pouco. Noto até a Mermista rindo da cara dela.
- Ia lá, tá me encarando a guria. - Lonnie comenta.
- Tá sim. - Respondo rindo.
- Ela tá fazendo bico, é isso mesmo?
- É. - Rio ainda mais.
- Eu até ficaria com receio dela me bater, mas, com essa cara, tá mais pra quem vai me chamar de boba e chorar.
- Para de zoar a menina, ela tá bêbada. - Comento, enquanto Lonnie termina de virar a garrafa.
- Pois eu vou fazer valer a festa. Dá licença. - E sai no meio da multidão.
- Vai lá, cachorrona.
- Felina, vamos ficar na mesa ali no canto, beleza? - Grita Mermista, puxando Adora para uma suposta mesa vazia.
- Tranquilo! Vou comprar uma água e apareço lá também.
Me aproximo do bar e mudo de ideia, vou comprar um refrigerante. Enquanto aguardo na fila, vejo uma presença conhecida se aproximar. Alguém que não vejo há meses.
- Olha só, achei o chaveirinho de Ethéria de novo. - Netossa comenta, aparecendo de mãos dadas com aquela menina que estava em Fright Zone. Noiva dela, se me lembro bem. - Tá sumida. Você, sua namorada e aquela zagueira enjoada pra cacete. O que aconteceu? Achei que tinham saído do time.
“Sua namorada”.
- A gente se envolveu em alguns problemas e tivemos que nos afastar. Voltamos ao time há três semanas.
- Ah, aí sim. Agora vai voltar a ter graça jogar contra Ethéria. Tava fácil demais.
- Que eu me lembre, vocês perderam o ultimo jogo enquanto eu, Adora e Lonnie estávamos fora. - Comento, arrancando risadas da noiva da menina. Netossa fica até com as bochechas coradas.
- Ah, mas foi só um amistoso, não contou. Alias, eu nem joguei no meu máximo mesmo. Não é, amor? Quando jogo pra valer, alguém me segura? - Ela vira para a mulher e roça seu nariz no dela.
- Ninguém te segura, amor. - Confirma a garota.
Gatilho de novo.
- Mas e aí? Cadê tua turma? Vai dizer que se perdeu de novo? - A cacheada voltou a atenção para mim.
- Não, só estou comprando algo para beber. As meninas estão logo ali.
- Beleza. Se se perder, chega lá no dj e pede ajuda. Conheço o cara, gente boa pra caralho. Ele falará no alto falante para alguém te encontrar no palco.
- Valeu, Netossa.
- Nos vemos no jogo, gatinha.
Depois de comprar o refri, busco as meninas pela multidão. Foi fácil de encontrar, ainda mais pelos gritos de Lonnie e Mermista.
- Adora, me dá essa porra! - Mermista tenta pegar alguma coisa da mão da loira.
- Não! - Adora se estica, tirando a mão do alcance da garota de cabelo azul e da de tranças. As duas numa guerra tentando alcançar o pulso da maior.
- Caralho, Adora, devolve esse cacete! - Grita Lonnie.
- Parem de gritar com ela, meninas. - Perfuma tenta acalmar. - Peçam com carinho.
- Adora, devolve o anel da Mermista, vai... - Scórpia tenta.
- É meu! - Adora afirma.
- O caralho que é seu, sua maluca. - Mermista se joga em cima de Adora, consegue alcançar sua mão e tenta abrir seus dedos.
Adora se livra das mãos das meninas bruscamente e enfia o objeto na boca.
- ADORA, CARALHO! VOCÊ VAI ENGOLIR ISSO E VAI MORRER! COSPE! COSPE! - Mermista grita segurando as bochechas da menina, tentando abrir seu maxilar.
- Mermão, me arruma um macaco hidráulico que eu vou abrir essa boca por bem ou por mal. - Lonnie diz, segurando Adora por trás, para que Mermista consiga seu objeto de volta.
- Ain, gente, não sejam tão agressivas. - Perfuma completa.
- Céus... Que merda que tá acontecendo aqui? - Falo me aproximando.
Todos os olhos se voltam para mim.
- Catra, essa maluca pegou meu anel e colocou na boca! Agora não quer me devolver!
- Ajuda aqui, manda ela cuspir! - Lonnie diz.
- Eu???
- É! - Todas dizem em coro.
Suspiro e vou até a Adora, ficando de frente pra ela.
- Adora, devolve o anel. - Ela faz que não com a cabeça. - De. Vol. Ve. - Coloco a palma da mão abaixo de seu queixo.
Adora me encara com o cenho franzido. Depois, cospe o objeto.
Vejo de relance Scórpia passando vinte conto pra Perfuma.
- Eu sabia que ela devolvia em menos de três tentativas da Catra. - Comenta a loira.
- Droga, e eu ia apostar duas. Chutei cinco apenas porque está bêbada. - Diz a platinada.
- É muito cachorrinha sua, hein! - Ri Lonnie.
Adora fica olhando para a minha mão, fitando fixamente o anel.
É um anel prateado, com detalhes em azul, fino e delicado.
- Oh, não é meu. - Ela conclui.
- AH, VOCÊ JURA??? - Grita Mermista. Estico a mão para a azulada, que pega o objeto com cara de nojo, usando um guardanapo. - Eu vou ali lavar isso.
- Como assim você pensou que era seu? - Pergunto à Adora. - Você nem usa esse tipo de joia.
Ela faz bico e desvia os olhos, meio triste.
- É... Não uso...
- Okay, está resolvido. - Lonnie passa os braços em meu pescoço e no de Adora, nos puxando pra pista. - Agora bora dançar.
- Eu prefiro ficar por aqui. - Me livro dos braços da morena e puxo uma cadeirinha para sentar. - Vou guardar a mesa pra gente, podem ir se divertir.
- Então fechou! - Mermista se anima, seguida de Perfuma e Scórpia.
Todas as meninas vão para a pista, mas não para muito longe. De onde estou sentada, consigo vê-las dançar. As cinco meninas ficam bem juntinhas, enquanto curtem o som animado do dj.
Tudo vai bem, até a safada da Adora começar a me encarar enquanto dança. Aí eu começo a ficar nervosa. Essa cena me lembra o nosso primeiro beijo. Foi exatamente assim, no meio de uma festa da atlética, com ela bêbada e dançando.
Mas, a diferença, é que eu também estava bêbada, e não tinha todo esse rolê que estamos envolvidas.
Só que a desgracenta me olha exatamente do mesmo jeito. Sexy, seduzente, chamativa. Começo a sentir um calor subindo pelo meu corpo. Respira, Catra... Ela está bêbada, não é hora para querer dar pra ela.
Ela começa a vir na minha direção.
Ai, caralho.
Assim que chega perto, ela se abaixa, se apoiando com as mãos em minhas coxas e me encarando de perto. Desse ângulo, vejo perfeitamente seus seios por culpa dos primeiros botões da camisa estarem abertos.
- Vem dançar comigo.
- N-não... - Meu coração já está disparado. - E-eu não sei dançar.
- Então eu vou dançar aqui com você. Posso? - Ela diz, sua voz entra em meu ouvido e atinge o meio das minhas pernas.
- S-se quiser...
Ela levanta o tronco e volta a dançar, sorrindo e me encarando. A batida é animada, ajudando no meu processo de não infartar, consigo apenas me divertir com seus passos levemente desajeitados por conta do álcool.
Até o filho da puta do dj mudar a música para uma mais lenta e sexy. “Gente boa”, disse Netossa. O rabo dela, ele é um assassino e acaba de assinar minha sentença de morte, porque Adora começa a rebolar bem na minha frente, com a bunda virada pra mim.
Que vontade de apertar, puta que pariu.
Então, ela se vira de frente pra mim e coloca uma das mãos no encosto da cadeira. Ela dá dois passos para frente, me deixando entre suas pernas. A loira, bem onde está, começa a dançar. Ela está fazendo um lap dance pra mim...
Acho que esqueci como respira.
- Me toca, Catra. - Oh, caralho...
- N-não...
- Por que?
- Porque você está bêbada. Não iria querer isso se estivesse sóbria.
Ela abaixa ainda mais o quadril e começa a se esfregar em mim, enquanto sussurra em meu ouvido.
- Quem te disse? - Reviro os olhos, me torturando para não fazer nada com essa menina.
- Você mal fala comigo. Acho que isso já diz tudo.
- Só estou te dando o tempo que pediu. Isso não significa que minha vontade de você tenha diminuído nessas semanas. Na verdade, aumenta a cada dia. - Ela passa as mãos pelos meus braços, me acariciando dos pulsos aos ombros.
- A-A-Adora, t-tá difícil c-controlar assim...
- Você me quer?
- M-mais que tudo...
- Então não controla. - Ela aproxima o rosto do meu, assoprando em meus lábios.
- Arrumem um quarto, pelo amor dos deuses! - Diz Mermista, aparecendo do nada. - Ou um armário de produtos de limpeza, já que serve pra vocês também.
Adora bufa e se levanta.
- Vou beber. - Diz baixo.
Aff, Mermista. Mil vezes aff.
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