História Mais que um lance - Social (parte 1)

- Ela disse o que????? - Pergunta Scórpia indignada.

- Que é o que os amigos fazem... - Respondo cabisbaixa.

É intervalo de aula. Estamos sentadas em uma das mesas do refeitório colocando a fofoca em dia.

- Wow, essa chegou a doer em mim. - Fala Entrapta, sem tirar os olhos do tablete.

- Calma aí que eu vou ter uma conversinha com essa Adora. - Diz Scórpia se levantando.

- Hey. - Seguro seu braço. - Relaxa. Eu nunca tive esperanças dela gostar de mim mesmo. De certa forma, eu estou feliz. Eu gosto de estar perto dela... Gosto de sua presença, de sentir seu cheiro, seu toque... mesmo que ele seja inocente e sem qualquer intenção. - Minha voz começa a embargar. - Então, se eu puder ficar perto dela, mesmo que seja só como amiga, eu fico feliz. - Uma lágrima desgraçada escorre de meu olho, fazendo cosquinha na bochecha e me obrigando a secá-la no mesmo instante. - Tá tudo bem.

- Ai, amiga... - Scórpia me puxa, me fazendo ficar de pé para receber um abraço apertado.

Com o rosto escondido em seu ombro, pressiono os olhos com força, fazendo o possível para não desabar ali no meio no pátio da universidade.

Depois que a maior me solta, Entrapta me entrega uma ficha de papel.

- O que é isso?

- É um vale sorvete, para comer todo o sorvete que quiser, tudo de graça. Eu levei dois meses para conseguir. - Ela dá risada. - Mas você precisa mais do que eu. Sorvete sempre ajuda na bad.

- Obrigada, Entrapta. - Finalmente consigo soltar um sorriso.

Eu juro que não sei o que seria de mim sem essas duas.

- Falando nela... - Comenta Scórpia ao olhar o celular.

- O que foi?

- Olha o grupo do time.

Abro o aplicativo de mensagem.

She-Ra ♥: Social lá em casa no sábado, quem vamos

Queijo provoLonnie: Opaaaaaa, eu vou hein

Perfucórpia: Uhuuulll festaaaaaa

Marmita: Ta, né. Tenho nada melhor pra fzr msm. Posso leval o Halk?

She-Ra ♥: Claro! A partir das 20h, moçada

- Que que tá rolando? - Entrapta olha para a tela do meu celular, toda curiosa. - Quem é She-Ra?

- Ninguém! - Escondo o aparelho, levemente corada. - Vai ter uma social na casa da Adora esse final de semana.

- Aiiiii, adoro festa! Pena que não sou do time...

Scórpia me encara.

- E aí, amiga?

- E aí o que?

- Você vai.

- Óbvio que não.

- Ih, olha quem tá chegando! - Grita Entrapta, nos dando um susto.

Me viro e vejo a Adora vindo em nossa direção.

Senhor, dai-me forças.

- Hey, Catra. Meninas. - Scórpia apenas acena com a cabeça, não muito animada. Entrapta grita um oi mega alegre.

- Hey, Adora.

- Viu o grupo?

- É, vi.

- Vocês vão, né? Entrapta, você está convidada também.

- Jura??? - Seus olhinhos chegam a brilhar.

- Bom, Adora... Eu...

- Adora, a aula já vai começar! - Alguém em um grupinho grita, me interrompendo.

- Eu preciso ir. Até sábado. - Ela sorri e corre para encontrar seu pessoal.

Solto um suspiro pesadíssimo.

- A gente não vai, né...? - Entrapta me olha com biquinho.

Olho novamente para Adora, a vejo dando risada de alguma coisa que a alguém falou enquanto se afasta.

- A gente vai. - Seguro na mão de Entrapta.

- Aaaaaaaaah sério?? Eu nunca sou convidada para festas aaaaaaaaaaaaa eu tô muito feliz! - A menina da leves pulinhos ainda sentada.

- Tem certeza, gatinha? - Scórpia me encara preocupada.

- A última coisa que quero é me afastar dela agora que, finalmente, nos aproximamos. Então, eu que lute.

Se eu quero aprender a lidar com o fato de ser só amiga da Adora, não vai ser me afastando que irei conseguir.

Simbora pra festa.

22:34 de sábado.

- Hey, Catra! Achei que não viria mais! - Adora abre a porta, claramente alegrinha, com um copo de alguma coisa na mão. - Scórpia! Entrapta! Fico muito feliz que tenham vindo! Por favor, entrem! Sintam-se em casa.

Nós três entramos e eu noto que tudo está completamente diferente da última vez. A sala está uma bagunça. Copo espalhado para tudo quanto é canto, resto de salgadinhos, roupas, tudo que você possa encontrar em uma festa, está espalhado pelo cômodo.

- Eu vou... Han... Ali dar um oi para a galera. - Scórpia dá um sorriso amarelo e corre em direção à Perfuma.

- Eu vou pegar uma fatia de pizza! - Grita Entrapta e vai até a mesa de comida.

- O pessoal está animado hoje... Toma. - Entrego uma sacola com duas garrafas de vodka e uma de refrigerante.

- Estão fora de controle. - Responde Adora sorrindo e pegando as bebidas.

Ela vai em direção à cozinha e eu a sigo.

- Cadê sua família?

- Mara foi levar a vovó para passar o final de semana na casa do pai dela. - Diz guardando as garrafas na geladeira.

- Vocês são de pais diferentes?

- Uhum. Meu pai foi embora assim que mamãe engravidou de mim, nem o conheci. Mas não sinto falta também. O pai da Mara sempre deu tudo que a gente precisou, mesmo de longe. Ele é como um pai para mim também.

- Sua mãe mora com ele?

- Ah, não. Eles nunca voltaram depois da separação, mas mantiveram uma amizade. Acabou que minha mãe faleceu faz uns anos.

- Perdão! Sinto muito, eu não sabia...

Ela coloca a mão no meu ombro.

- Está tudo bem. Já superei.

Só bola fora, hein Catra...

Nós nos juntamos ao resto da galera, fomos as últimas a chegar. Estão aqui Mermista, Halk (diz ser amigo da Mermista, mas tenho certeza que rola mais que amizade), Lonnie, Perfuma, aqueles dois amigos da Adora que estavam no bar e mais um pessoal aleatório.

Ficamos horas bebendo e conversando.

Até que consegui me divertir um pouco.

- Bora jogar verdade ou desafio! - Grita Glitter e a animação da galera é absurda.

Menos a minha. Detesto esse jogo! Sempre rola coisas constrangedoras. Mas quem disse que irão me deixar de fora... Entrapta agarra meu pulso e todos nós vamos para os fundos da casa de Adora, onde tinha uma pequena área de lazer, com churrasqueira e uma piscina. Nos sentamos no chão formando um círculo grande, em volta de uma garrafa de vodka.

Glitter, que deu a ideia do jogo, gira a garrafa primeiro, parando em Perfurma.

A loira pede desafio logo de cara e é desafiada e virar três shots de tequila de uma vez, sem sal nem limão.

Cara, esse jogo não vai acabar bem.

Quando, infelizmente, a garrafa aponta para mim, girada por Lonnie, eu peço verdade.

- É verdade que você não toma banho? Seus braços são tudo sujo, credo.

Meu rosto ferve de raiva.

- Claro que tomo banho! Isso são marcas de nascença.

Todos riem e eu fico emburrada.

Depois de algumas rodadas, a garrafa para em mim mais uma vez, girada por Mermista, e sou obrigada a pedir desafio. Maldita regra que não permite pedir verdade duas vezes seguidas...

- Te desafio a ficar 30 segundos passando a mão na barriga da Adora.

- Que???? - Eu posso infartar agora ou depois? - Ah, para... Jogo sem graça, mano.

- Bora, Felina! Sem chorar! Bora! Eu sei que você quer.

- Quero porra nenhuma não, cala sua boca! Vai constranger a menina!

- Relaxa, Cat. - Adora fala calma. - Tudo bem, pode vir. - Diz, se debruçando para trás e levantando a camisa, mostrando os malditos gominhos perfeitos. Ela está corada, mas não sei se está com vergonha ou é só a bebida mesmo. Ai, pai... Meu coração não vai aguentar.

- Anda, Felina. O povo quer jogar. - Insiste Mermista.

Solto um suspiro pesado e me aproximo da loira. Ela me encara e sorri largamente, mostrando os dentes. Presenciar essa menina bêbada é impagável.

Mas vamos lá, concentração.

Estico a mão e toco a ponta dos dedos da barriga dela.

- É com vontadeeee! - Mermista empurra meu braço, apertando minha mão contra a pele de garota.

Meu rosto vira um pimentão, Adora dá risada, como se estivesse fazendo cócegas.

Mermista me solta e puxa uma contagem regressiva junto com a galera.

Me concentro em não morrer, enquanto acaricio gominho por gominho daquela barriga sarada. Meu Deus, segura seus pensamentos, Catra. Não é hora para pensar que gostaria de estar fazendo esse carinho com a boca. Merda de bebida alcóolica!

Desvio o olhar para os olhos da loira, e puta que pariu!!! O olhar que eu encontro quase me fez cair para trás! É a bebida, eu sei. Tanto em mim, quanto nela, mas mano... Parece que ela está me olhando com tesão, quase me comendo com os olhos, e ainda sorrindo com o canto da boca.

Me encontro incapaz de desviar o olhar para qualquer outro lugar, fixando em seus olhos, enquanto ela me encara sem o menor pudor. Se eu pudesse definir em palavras, diria que ela está me deixando nua só com esses malditos olhos incrivelmente azuis.

- Dá pra vocês pararem? A gente já terminou de contar! - Lonnie me puxa para longe de Adora.

Ela abaixa a camisa enquanto me afasto, sem desviar os olhos dos meus. Depois, morde a boca.

Nossa senhora da bicicletinha sem freio...

Queria falar nada não, mas molhei.

Logo depois, ela volta sua atenção para Perfuma, dando risada de alguma coisa que não faço a menor questão de saber o que era.

Eu estou completamente imersa no que acabou de acontecer.

Minha mão está pegando fogo. Minha virilha também.

Mais algumas rodadas se foram e finalmente caiu na Adora pela primeira vez. A Glitter que girou e Adora pediu desafio.

- Te desafio a dar um mergulho na piscina agora. - Já deve ser mais de meia noite e está um pouco frio.

Adora ri e tira os sapatos.

- Isso nem é desafio para mim. - Se levanta e vai em direção a piscina.

- Espera aí, apressada. Eu não terminei. - Fala a baixinha, fazendo Adora parar a um passo de entrar na água. - É para mergulhar só de roupa íntima.

Caralho! Chego a engasgar com a bebida.

Todo mundo fica em silêncio e eu tossindo igual uma foca, até Scórpia dar umas batidinhas nas minhas costas e eu conseguir voltar ao normal.

- Ram, continua não sendo um desafio. - Diz a loira pouco antes de tirar a blusa exibindo um puta sutiã preto de renda, semitransparente, com um decote perfeito, marcando seus seios médios.

Meu irmão....

Sem condições...

Em seguida, ela abaixa a calça jeans e mostra uma calcinha que combina com o sutiã. Velho... Alguém chama uma ambulância? Catra está morrendo.

Todo mundo começa a gritar “gostosa” e a aplaudir.

Eu apenas fico caladinha, hipnotizada pelo corpo perfeito da menina enfeitado por delicadas peças de roupa que a deixam incrivelmente mais gostosa.

Adora leva a mão ao cabelo preso e puxa o elástico dos fios, soltando as madeixas e as balançando para os lados.

Meu queixo já alcançou o chão.

A loira olha para trás, por cima do ombro, em nossa direção. E solta uma piscadela seguida de um sorriso.

- Ai, mamãe. - Fala Lonnie, com a mão no peito. NOJENTA!

Adora dá um mergulho estilo “bola de canhão”, espirrando água em todo mundo.

- Ai Adora! - Grita Glitter, incomodada com seu “lindo vestido” sendo encharcado.

A loira dá risada, ainda dentro da piscina.

- Ninguém mandou me desafiar.

- Vem, vamos continuar o jogo. - Chama o namorado da Glitter. Descobri que se chama Bow.

Adora sai da piscina e pega uma toalha pendurada no varal por ali. Depois, pega suas roupas.

- Hey, quem disse que você pode se vestir? - Diz a baixinha.

- Você não falou nada que era pra eu ficar assim, cara. - Reclama a loira.

- Estou falando agora. Vai ficar sem roupa até o final do jogo.

- Mas estou com frio!

- Você não tinha falado que isso nem era um desafio para você? - Provoca a Glitter.

Adora cerra os olhos para a menina e se senta na roda, quase que a minha frente.

Nem preciso falar que tirar os olhos dela depois daquilo ficou impossível, né? Pois é. Ela está sentada com as pernas cruzadas e os braços abraçando o próprio corpo. Como eu disse, estava um pouco frio e ela parece estar tremendo.

Essa posição dela, com as coxas arreganhadas, me dá total e perfeita visão de sua... Meu pai, Catra. Para de beber.

Mas não tem como não reparar em como essa calcinha, ainda molhada por causa do mergulho, marca sua.... CARALHO, CATRA!

Balanço a cabeça e desvio o olhar para seu rosto. Ela está me olhando. Sorrindo.

Adora, do céu... Não faz isso comigo.

Ela movimenta uma de suas sobrancelhas para cima, de forma sugestiva. Oh porra!

Olho para o copo de gummy na minha mão.

- A culpa é sua, álcool filho da puta.

- Está falando sozinha, amiga? - Pergunta Scórpia ao meu lado.

- Estou falando com esse suco dos infernos que está me fazendo ver coisas! Tira isso de mim! - Scórpia estica a mão para pegar o copo, mas eu afasto não deixando ela o alcançar. - Não tira não porque, o que eu estou vendo, está muito interessante. - E viro o líquido em uma só golada logo em seguida.

- Já chega pra você, né, gatinha? Está doidona demais.

Scórpia é e sempre foi a sóbria do rolê. Nunca foi de beber e gosta de estar em seu perfeito estado para tomar conta dos amigos irresponsáveis, vulgo, eu.

Mas até que eu não estou tão mal assim. Tirando as alucinações com a Adora, ainda estou tranquila.

Mais algumas rodadas envolvendo tirar a roupa, danças sensuais, bebidas e selinhos, a galera já estava morta na farofa. Se contei direito, pelo menos, umas quatro pessoas, inclusive a Entrapta, já estavam apagadas ali no chão mesmo.

- Galera, está dando o meu horário. Só mais essa e eu e a Glimmer vamos meter o pé. - Diz Bow pouco antes de girar a garrafa.

Geral concordou e fazer uma última rodada para tomarem seus rumos.

A garrafa roda, roda, roda, roda e para apontando para Adora.

- Desafio! - Diz a moça animada. A pilha dessa mulher não acaba nunca.

- Hum.... Para fechar com chave de ouro... - Fala o rapaz. - Eu te desafio a dar um beijo na boca de cada uma das meninas acordadas desta roda.

...

QUE?????