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História Mais que um sonho - De volta ao início


Escrita por: Maethril

Capítulo 8 - De volta ao início


xXxXx

Os segundos passavam tão lentamente que era como se ela pudesse ouvir o tilintar dos ponteiros do relógio acima do quadro ressonando como badaladas de um sino em uma imensa catedral em uma tarde silenciosa.

Menos de dez minutos, Vampira pensou. Menos de dez minutos e estaria livre da escola por aquele dia. Ela olhava fixamente para o relógio como se assim pudesse fazer os ponteiros andarem mais rapidamente. Sobre o seu rosto, uma expressão de aborrecimento; tinha o queixo apoiado nas mãos e os cotovelos na carteira, uma das pernas sobre a outra, ambas esticadas à frente. 

“Alguém sabe a resposta correta?” perguntou a professora à classe. Um garoto chamado John no fundo da sala ergueu a mão.

Vampira nem sequer ouviu a pergunta. Mais cinco minutos. Ela estava mais ansiosa que o normal naquele início de tarde, assim como esteve a manhã inteira. Ela não conseguia se focar. 

Não era difícil imaginar onde estava sua cabeça. 

Como todos os dias, ela estava sentava na terceira carteira, na primeira fileira perto da janela que dava para a frente do colégio. Não era raro Vampira se perder observando o mundo lá fora, interessada no que acontecia. Seja lá o que fosse, sempre pareceu ser mais interessante que o que ela fazia. E como em tantas outras manhãs, seus olhos deixaram o relógio por alguns instantes e distraidamente se voltaram para além da janela, como se atraídos sem motivo, procurando por algo, por alguém.  Vampira sorriu inconscientemente ao avistar Remy parado na calçada em frente do colégio. 

Ela nunca desejou tanto que o tempo passasse como naquele momento. 

O sinal finalmente soou. Fez-se grande estardalhaço. Vozes e risadas, cadeiras sendo arrastadas preguiçosamente, livros e cadernos sendo fechados e jogados dentro de mochilas, o zunir dos zíperes. Todos pareciam estar sempre apressados, menos Vampira. Ela procurava ser sempre a última a deixar a sala, odiava corredores aglomerados; mas desta vez não foi esse o motivo. Ela se perdeu enquanto continuava a olhar através janela até que dezenas de alunos bloquearam o alvo de seus olhos. 

Vampira finalmente se levantou, guardou suas coisas, jogou a mochila em um dos ombros e saiu caminhando sem pressa. A cabeça baixa, os olhos dando para seus tênis e cabelos sobre o rosto disfarçando um sorriso inocente que contrastava com suas roupas e maquiagem escuras.  

***

Gambit a procurou em meio a tantas pessoas, mas sem sucesso. Chegou a pensar que a deixara escapar de vista. Ainda assim, esperou pacientemente, recostado sobre sua moto, com os braços cruzados, vestido completamente de preto, com óculos escuros, jeans, camiseta e jaqueta.   

Minutos mais tarde, finalmente a viu descer os degraus e caminhar em sua direção. Quando Vampira ergueu os olhos, Gambit acenou. No mesmo instante uma garota de cabelo castanho longo e rosto arrogante passou por Vampira e esbarrou nela propositalmente. Olhou-a por cima dos ombros com desdém e um sorriso debochado. Saiu cochichando com a garota loira do seu lado. 

“Não olha agora,” disse a morena, alto o suficiente para que Vampira ouvisse “mas eu acho que aquele cara lindo ali acabou de acenar pra gente.” 

“É claro que foi” disse a outra. “Para essa esquisita aqui atrás é que não seria” as duas riram. 

Vampira rodou os olhos. Sentiu como se estivesse em um filme adolescente de segunda categoria. Era como se aquelas duas gostassem de ser estereótipos ambulantes.

As duas garotas seguiram evidentemente na direção de Gambit. Ele passou por elas, fingindo não vê-las. Não ouvira o que elas disseram de Vampira, mas percebera que alguma coisa acontecera.

“Ei, chère, eu acenei para você” disse assim que se aproximou. “Não me viu?” 

As garotas se afastaram com os rabos entre as pernas. Vampira sorriu por dentro. As caras de derrota delas foram impagáveis. Não podia negar que adorou a sensação. 

“Desculpa, eu estava distraída” ela disse com um sorriso. “Então... aonde vamos, Han Solo?” 

Gambit riu, aproximou-se. “Pra onde você quiser. Eu sou o novato aqui. Você me diz para onde ir.”

Vampira então lhe contou sobre o restaurante sulista que costuma frequentar e Gambit pareceu gostar da ideia.

“E a Babe não deu mais nenhum problema?” ela perguntou enquanto caminhavam em direção da moto.

Non. Está nova em folha” acrescentou com um sorriso indecifrável: “Você tem que me contar qual é o segredo.”

Vampira deu de ombros com modéstia. “Eu não sei, aprendi sozinha, acho” respondeu; seus olhos viajando pela moto. 

“Tá a fim de pilotar?” ele perguntou ao perceber o olhar dela.

Vampira o fitou com expressão de surpresa. “Sério? Tipo, o Logan nunca me deixou chegar nem perto da moto dele. E não foi por falta de pedir.”

“Pode usar a Babe quando quiser.”

Vampira sorriu e sem hesitar subiu na moto. Com as mãos nos guidões, observou detalhes, tentou se familiarizar. Girou a chave que já estava na ignição. Ela fez uma careta quando Gambit lhe entregou um capacete, dando de ombros, e o vestiu. Odiava aquela coisa. Gostava mesmo do vento batendo forte no rosto. Dizia para si mesma que um dia cairia na estrada seguindo para onde fosse. Assim que fosse livre, mesmo aquela palavra sendo vaga demais. 

Gambit guardou os óculos no bolso, colocou o outro capacete, fechou o zíper da jaqueta e subiu. Apenas a mochila nas costas dela os separava. 

Vampira acelerou. “Está pronto, bayou boy?”

“Sempre, chère” ele respondeu com um sorriso.

Vampira pegou o caminho mais longo propositalmente; apesar disso, chegaram ao seu destino em poucos minutos.

Gambit abriu a porta de vidro do restaurante e fez um gesto para que Vampira entrasse na frente. Ela seguiu para uma mesa ao fundo como que por hábito. Eles se sentaram um de frente para o outro. Gambit apanhou o cardápio, abriu-o, deu uma olhada rápida e o colocou de lado. Olhou para Vampira. 

“O que me sugere?”

“Que tal...” disse ela quase de maneira pensativa, alongando a última palavra. “O jambalayadaqui é o melhor que eu já provei fora de Nova Orleans” disse com autoridade. Parecia saber a longa lista do cardápio de cor, pois nem o tocara.

“Leu meus pensamentos, chère. Estou morrendo por um bom prato cajunhá semanas.”

Vampira franziu as sobrancelhas de leve. “Está longe de casa há quanto tempo?” perguntou ela, puxando conversa.

Gambit olhou para o lado. Não respondeu como se tivesse sido uma pergunta retórica.Viu a garçonete se aproximando, o que foi o pretexto perfeito para mudar de assunto. Temia que ela fizesse perguntas que ele não estava disposto a responder. 

Alors...” disse Gambit, acomodando-se assim que a garçonete se retirou com seus pedidos.  “O que vocês fazem por aqui para se divertir?”

Ela riu da pergunta. “Depende do tipo de diversão” respondeu ambiguamente. Gambit respondeu com um sorriso travesso. “Não são muitas, mas nós temos algumas opções de diversão em Bayville. Tem alguns lugares legais aonde o pessoal costuma ir pra dançar” então ela se aproximou levemente, inclinando-se um pouco sobre a mesa e diminuiu a voz. “Só que o melhor deles fica quase fora da cidade e é só pra maiores de idade.” 

“Deixa eu adivinhar” disse Gambit com um sorrisinho, também se aproximando. “Você tem uma carteira de identidade falsa.”

Ela sorriu como alguém pego em flagra. “Quem não tem?” perguntou retoricamente com um sorrisinho que sumiu assim que ela voltou a falar.  “Eu fui lá apenas uma vez e pra ser honesta não curti muito. Cheio demais” completou com um fundo de melancolia. 

“Você é bem diferente à luz do dia” Gambit disse quase em tom de brincadeira após alguns segundos de silêncio. 

“Vou encarar o seu comentário como um elogio, cajun.” 

A garçonete voltou, trazendo o prato principal e as bebidas. Gambit a agradeceu com um enorme sorriso e se voltou para Vampira. Eles passaram boa parte da refeição jogando conversa fora, sem nunca tornar a conversa séria ou íntima demais. Até que Gambit tocou em um assunto delicado. 

“Sabe,” ele disse agora em tom mais sério, deixando seu prato de lado. Não era tão bom quanto ele esperava “tem uma coisa que não sai da minha cabeça, Vampira.”

Ela ergueu os olhos, de repente receosa ao ouvir a seriedade na voz dele. “O que é?” perguntou, baixou os olhos novamente, deu uma garfada grande para se manter ocupada. 

“Quando você disse que me conhecia, na noite em que nos encontramos. O que você quis dizer? Falava sério?”ele perguntou, fitando-a no rosto. 

Pega de surpresa, Vampira permaneceu com o garfo na boca por tempo mais que necessário. Então o colocou de volta no prato e o afastou. Perdera a vontade de terminar o prato. Ela engoliu em seco, desviou o olhar, respirou fundo e quando voltou os olhos para ele tentou mantê-los neutros. Mostrou todos os mesmos indícios de quando Remy tinha certeza de que ela mentia. 

“Eu acho que estava delirando” ela respondeu, quase nervosa, claramente incomodada. “Na verdade eu nem me lembro de ter dito algo assim.”

Gambit manteve os olhos impenetráveis, fixos nos dela por alguns instantes, deixando-a desconfortável. “Por que está mentindo, Vampira?”

Ela arregalou um pouco os olhos sem perceber. “Não estou mentindo” afirmou com convicção, porém sem olhar diretamente nos olhos dele.

Desta vez foi mais difícil para Gambit deixar o assunto morrer, mas conseguiu. No fundo sabia que não poderia exigir a verdade dela depois de tão pouco tempo. E além do mais ele não revelara absolutamente nada sobre si mesmo. Definitivamente Remy não tinha o direito de lhe fazer perguntas e exigir respostas quando tinha certeza de que se Vampira perguntasse algo sobre seu passado, ele não pensaria duas vezes antes de mentir.

“Talvez eu tenha mesmo me enganado” não importava, disse para si mesmo. Perguntou apenas por curiosidade; nem sabia como ainda se lembrava daquilo.

Vampira ergueu os olhos para ele com confusão. Sentia um misto de alívio e vergonha. Mas ela não poderia simplesmente lhe dizer que sonhara com ele, implicaria em revelar muito mais. Era melhor guardar para si. Pelo menos por enquanto. Era um medo pequeno que se encontrava no fundo de seu coração que a fazia achar que essa verdade poderia afastá-lo.

Como ambos pareciam ter perdido o apetite, resolveram que era hora de ir. No fundo, os dois se sentiam aliviados porque o clima estranho que os ameaçou não resistiu.

Vampira foi em direção da moto. Lançou um olhar pidão na direção de Gambit. “Posso?”

Ele fez um gesto cavalheiresco com o braço e curvou de leve o corpo indicando que sim. 

Prontamente, Vampira subiu na moto mais uma vez e colocou o capacete com a viseira levantada.“Achei que não ia querer repetir a dose, cajun. Estou impressionada.”

Gambit também se sentou. “Quanto mais adrenalina melhor, chère” disse antes de colocar seu capacete. “Que jeito melhor de passar para a próxima vida do que na garupa de uma femme jolie.”

“Espero que isso não tenha sido mais uma daquelas suas analogias indecentes” ela afirmou. Gambit sorriu, sem responder. 

Ela acelerou.

***

Vampira estacionou na garagem da mansão habilidosamente. Retirou o capacete e virou o rosto para trás com um sorriso enorme. Por cima dos ombros, viu Gambit fazer o mesmo. 

Ela se sentiu mais do que aliviada por não mais encontrar em Gambit o olhar triste do dia anterior. Vampira mordiscou o lábio inferior de leve, sem desfazer o sorriso. Quando os olhos de Gambit foram parar em seus lábios, ela voltou para frente e se levantou rapidamente. 

Como se entrando em um personagem, com as mãos na cintura e o quadril inclinado levemente para um dos lados, esperou por Gambit. 

Ele se aproximou lentamente, quase cauteloso. Vampira enrijeceu, cruzou os braços e segurou a respiração quando ele tornou a aproximação grande demais ao quase encostar o seu corpo no dela. Gambit percebeu o desconforto que causou, mas não recuou. 

“Eu poderia passar o resto do dia com você, mas não posso” ele disse, distraído. Seus olhos se moviam pelo rosto dela; pálpebras semifechadas.

Vampira meneou a cabeça de leve. “Eu sei. Vai se encontrar com o doutor McCoy.”

Oui” ele respondeu lentamente, a palavra derretendo nos lábios. Ele retirou uma mecha branca do rosto dela; sua mão pairou sobre o seu rosto por alguns instantes. “Eu queria poder...” disse, o tom de sua voz caindo drasticamente “tocar o seu rosto.”

Vampira segurou a mão dele com suas duas mãos enluvadas e a afastou. “A última coisa que eu quero é machucar você” afirmou com a voz trêmula e dolorosa. 

“Quem sabe não vai” ele murmurou. 

Ela abanou a cabeça gravemente em desacordo.   

Sem dizer mais nada, Gambit a deixou ir.

***

Enquanto Hank mostrava a Sala de Perigo a Gambit, Vampira passava a tarde de maneira entediante. Desde que deixara de treinar com a equipe – há aproximadamente cinco meses –, sentia suas tardes vazias. E agora que encontrara motivos para querer seguir em frente, para voltar a lutar, as horas que passava sozinha pareciam mais entediantes do que nunca. 

Quando Vampira tentava evitar Kitty, esta parecia surgir do nada, nos momentos mais inoportunos. Hoje, que gostaria de conversar, Kitty parecia ter evaporado no ar. Vampira não a via desde cedo no café da manhã.

E assim se esvanecia mais uma tarde solitária, em meio a tarefas escolares enfadonhas. 

Vampira viu a noite cair pela janela e sorriu por dentro. Logo ela desceria para jantar com os outros. O jantar que era o momento de maior união entre os moradores do Instituto Xavier. Os cafés da manhã eram sempre uma bagunça; os almoços aconteciam onde e como cada um bem entendia; mas os jantares eram em família.  

Vampira deixou o seu quarto com a maior disposição dos últimos meses. Descer àquela mesma hora já estava se tornando rotina, porém não uma da qual ela podia se queixar. Era bom ter um pouco de estabilidade, para variar. Fazia-a se sentir segura saber que havia algo certo em seu dia, que nem tudo estava tão fora de controle assim. E, obviamente, havia ele

Vampira sorriu ao ver que Gambit já estava à mesa. Ele devia ter ido para a sala de jantar diretamente, pois além de estar vestindo as mesmas roupas de antes, Hank estava sentado do seu lado. Hank falava e fazia gestos animados com os braços com muita empolgação; Gambit prestava atenção e sorria. Contudo, foi só Vampira se aproximar que os olhos dele voaram em sua direção como que sentindo sua presença. Gambit sorriu para ela e fez um cumprimento com a cabeça. Ela retribuiu.

Infelizmente, Vampira não pôde se sentar perto dele, pois as cadeiras já estavam ocupadas. Kurt a chamou. “Eu guardei um lugar para você, meine schwester.”

Durante o jantar, Kurt tentou ao máximo mostrar à irmã o quanto estava feliz em tê-la com eles. Estava exaltante em saber que ela estava aos poucos voltando a ser o que era. Não, não o que era, mas sim uma nova pessoa. Uma mais disposta, mais alegre. 

Kurt obviamente não estava cego para as mudanças no comportamento e atitudes de Vampira nos últimos dias. Elas ainda eram pequenas, mas existiam. O que Kurt se recusava a acreditar era que isso tinha algo a ver com a chegada de Gambit ao Instituto. Kitty vinha tentando convencê-lo do contrário, mas aquele cajunarrogante não tinha lhe dado nenhum motivo para simpatizar com ele. E o fato de estar claro que ele estava tentando se aproximar de Vampira fazia crescer em Kurt um ciúme fraternal. Ele queria protegê-la, não importava de quem ou como. 

De frente para os dois, estavam Kitty e o rapaz russo que chegara naquela manhã, Piotr. Ele parecia estar completamente desconfortável. Mesmo com todo aquele tamanho parecia tímido e meigo. Kitty estava grudada nele, rindo e falando sem parar. Ela parecia ter mesmo se interessado nele. 

Vampira sentiu algo bom encher o seu peito. Todo o clima denso do dia anterior parecia ter dissipado naquela manhã, como se a luz do dia tivesse trazido um ar de recomeço. Olhando ao seu redor, percebeu que não se sentia tão bem há muito tempo. Tanto que o jantar pareceu acabar cedo demais.

Vampira se virou para Gambit e ele retribuiu mais um sorriu. O mais discretamente possível, ele jogou a cabeça para o lado, em direção da porta, enquanto os movimentos de seus olhos e a elevação das sobrancelhas ajudaram a passar a mensagem. Vampira meneou a cabeça, também disfarçando. Pedindo licença, Gambit se levantou e se retirou. Vampira esperou alguns instantes até fazer o mesmo.

“Vamos lá para fora” sugeriu Gambit, assim que Vampira se aproximou. “Preciso de ar livre.”

Os dois saíram pela porta dos fundos e foram caminhando sem rumo, lado a lado. 

“Como foi com o Hank?” ela perguntou.

“Instrutivo. ‘Fascinante’” respondeu, imitando a habitual empolgação de Hank. Ela riu. “A Sala de Perigo é bastante... interessante” ele levou alguns instantes para encontrar a palavra certa. Não era impressionante porque ele treinara a vida inteira com equipamentos tão sofisticados quanto os que havia no Instituto. A diferença era que os quais ele estava acostumado a usar eram mais específicos, enquanto os da mansão tinham de dar conta de uma dúzia de poderes diferentes. 

Eles permaneceram alguns segundos em silêncio até que Gambit voltasse a falar. “Começo a treinar com a equipe esta semana”a esta altura eles se aproximavam da quadra de esportes. “Já não era sem tempo.”

“Os seus dias de tédio acabaram.”

Ele concordou com um aceno de cabeça. “É exatamente o que eu quero. Se eu fico entediado, me meto em problemas” afirmou com um sorrisinho.

“Não se preocupe com isso. Monotonia não faz parte do vocabulário dos X-Men.”

Gambit ia dizer que não era um X-Man, mas se segurou a tempo. Ele não precisava estragar a conversa com um comentário desnecessário. Mudou de assunto. “Quem não ficou feliz com isso foi o Wolverine. Você precisava ver a cara dele quando o Hank contou a novidade” Vampira riu. Não era difícil visualizar a cena. “Estou com a impressão de que o velho Wolvie vai querer arrancar o meu couro.”

“Ele é duro com todo mundo, acredite. Os treinamentos são puxados, às vezes. Mas é uma preparação que nós precisamos ter.”

“Isso quer dizer que as coisas não são tão calmas como parecem ser?” 

Ela respondeu que sim. “As últimas semanas foram estranhamente calmas.” 

“Bom ouvir isso. Estou precisando de um pouco de ação” fez uma pausa, antes de voltar a falar, agora em tom de ironia. “É claro que se as coisas começarem a ficar chatas é só eu te chamar para um passeio de moto com você no comando. D'ailleurs, onde foi que você aprendeu a pilotar daquela maneira?”

“Quando eu ainda morava em Caldecott County” ela respondeu. “Por ser interior, era um lugar meio parado, então quase todo fim de semana alguns dos rebeldes do condado se juntavam para apostar corrida” Vampira olhou para o chão ao perceber que chutara uma bola de basquete que fora esquecida. Apanhou-a, segurando-a por alguns instantes. “Que tal uma partida?” 

“Num mano a mano?”

Ela sorriu. Arremessou a bola, que quicou no chão antes de Gambit segurá-la firmemente com as duas mãos à altura do peito.  

“Só se você achar que está pronto para perder, cajun.”

Gambit sorriu mais um pouco. Entrou em posição de ataque; passou a bater a bola no chão. “Não vou perder, chère. “Mais la question est: o que eu ganho quando eu vencer?”

Vampira riu sarcasticamente. Também mudou de posição; preparando-se para tirar a bola dele. “Sevocê vencer, cajun. O que não vai acontecer” avançou, tentou fazê-lo perder a bola, mas não conseguiu. Preparou-se para tentar de novo. “Agora se eu vencer, quandoeu vencer. Eu quero a sua moto... por uma semana inteira” deu o bote mais uma vez. Desta vez, ele perdeu a bola. Vampira passou a brincar com ela.

“Fechado” ele disse. 

Vampira arremessou a bola. Ela rodou na argola, mas caiu para fora. Gambit a apanhou com impressionante rapidez. 

Bien, se eu vencer...” continuou ele “Eu quero um encontro... um de verdade” arremessou a bola e fez uma cesta. “1x0, chère.”

“Fechado” ela disse antes de lhe tomar a bola e fazer sua primeira cesta. “1X1.”

xXxXx

Glossário:

Alors – Então 

Femme Jolie – Bela mulher 

Meineschwester – Minha Irmã 

D'ailleurs – Aliás 

Mais la question est – Mas a questão é

Bien – Bom



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