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História Mais uma chance para o amor - Parte XXI


Escrita por: CarolMillsHood

Notas do Autor


Olá resilientes queridas! 👑🏹🖤

Demorei mas cheguei! Acho que agora vai ser assim, um por semana! Meu trabalho está me exigindo muito assim como a história, estamos chegando em partes muito importantes e nem eu acredito que já estamos aqui! Meu coração tá ansioso! Obrigada por estarem comigo e com eles, vocês são maravilhosas. Espero sempre superar as expectativas de vocês. Eu sei que estão muito ansiosas assim como eu. Boa leitura!

Um suave bater de asas.
Carol Mills Hood 🍎

Capítulo 21 - Parte XXI


Fanfic / Fanfiction Mais uma chance para o amor - Parte XXI

"O guerreiro da luz aprendeu que Deus usa a solidão para ensinar a convivência. Usa a raiva para mostrar o infinito valor da paz. Usa o tédio para ressaltar a importância da aventura e do abandono. Deus usa o silêncio para ensinar sobre a responsabilidade das palavras. Usa o cansaço para que se possa compreender o valor do despertar. Usa a doença para ressaltar a benção da saúde. Deus usa o fogo para ensinar sobre a água. Usa a terra para que se compreenda o valor do ar. Usa a morte para mostrar a importância da vida."

Paulo Coelho - O Manual do Guerreiro da Luz

Terra do Nunca

Tinker chega afobada em sua cabana, joga suas coisas no sofá e corre pela pequena casinha chamando por sua amiga:

"Senhora Bruma? Senhora Bruma, onde está?" Ela sobe até seus aposentos, mas não a encontra "Senhora Bruma?" tenta ela mais uma vez e por fim escuta a voz doce vindo do cômodo onde Robin repousava:

"Estou aqui, meu bem" responde a mais velha. Tinker então adentra a sala e encontra sua amiga de pé ao lado do corpo de Robin. Ela se aproxima e ambas trocam um rápido abraço. Bruma podia ver a aflição através dos olhos da pequena Fada. O fardo que ela vinha carregando começava a mostrar seu peso e o cansaço era visível no rosto delicado da mais nova.

"Eu escapei de Regina com a desculpa de que viria buscar uns livros para pesquisarmos sobre suas inconstâncias. Me diga, Senhora, alguma alteração com Robin? Como estão as coisas por aqui?"

"As coisas estão correndo bem, querida. Tudo se encaminhando como você deixou. Quanto a Robin, ouve uma pequena alteração quanto à luz que irradia em seu coração. Ela está muito mais forte, veja por si mesma" e ela se afasta para que Tinker possa constatar o que ela diz. A luz agora cobria quase todo o peitoral de Robin. Tinker então se aproxima colocando a mão sobre o sarcófago de vidro, bem em cima de onde o coração ainda sem vida de Robin, se encontra.

"Algo está acontecendo e eu não faço idéia do que seja. Essa luz, o sonho de Regina... Eu vou explodir a qualquer momento, sinto meu coração acelerado de ansiedade e minha magia da mesma forma. Por favor me diga que o feitiço de preservação continua funcionando?"

"Não se preocupe, o feitiço continua intacto, eu mesma verifiquei. E sua protegida, como está?" pergunta Bruma. Tinker solta o ar de forma pesada, deixando que toda sua preocupação transpareça em seu rosto.

"Ela está bem, fisicamente falando. Mas a cabecinha dela está um caos. Ela está muito confusa com os sentimentos e desconfiada também. Mas a parte que me alivia é saber que ela mesma não tem idéia do que desconfia. Está atirando para todos os lados, querendo procurar em tudo que puder. Seu filho mais velho está empenhado na biblioteca e aquele menino é muito inteligente. Não me espantaria se agora mesmo ele estivesse em frente à ela lhe mostrando tudo sobre essa loucura toda. Qualquer coisa que ele achar vai charmar a atenção dela. Se isso acontecer, Regina vai ligar os pontos, ela não é burra. Faltou muito pouco para eu não abrir minha boca e contar tudo para ela. Estou sofrendo pela minha omissão, mesmo sabendo que é o melhor a se fazer por enquanto"

"Isso é normal, pequena. Por mais que sua cabeça saiba que você está agindo certo, seu coração não tem a mesma frieza. Eu tenho certeza de que Regina irá entender tudo quando for a hora" diz Bruma.

"Eu realmente espero que a Senhora tenha razão. Eu não suportaria perdê-la novamente" choraminga a Fadinha. Bruma se aproxima e a acolhe em seus braços:

"Isso não vai acontecer. Por tudo que você já me confidenciou sobre vocês, Regina evoluiu muito como pessoa. Ela jamais seria incompreensível à esse ponto, ainda mais com você e sobre o que se trata. Eu sei que está cansada, minha pequena, mas não perca suas forças agora. Esse fardo não é só seu mais. Seus amigos estão arriscando suas vidas no submundo por eles também e eu estou aqui por você. Não precisa carregá-lo sozinha, como vinha fazendo à quase um ano. Fale comigo" os pequenos soluços já podiam ser sentidos enquanto Bruma deixava um leve carinho sobre as costas de Tinker durante o abraço. A mais nova então levanta sua cabeça para encontrar os doces olhos azuis que sempre lhe trazem paz:

"Acho que estou perdendo minhas forças, Senhora Bruma... Regina teve um sonho muito interessante com Robin onde ele pediu à ela que a esperasse. Posso estar dizendo besteira, mas penso que ele, de alguma forma, também não desistiu de voltar para ela. Eu não sei como tudo isso pode estar acontecendo, mas eu acredito que esteja. Não pode ser somente coisa da imaginação traumatizada dela, ainda mais depois desse sinal de luz de Robin e da jornada que se iniciou. Já fazem dois dias que suas Outras partes estão no submundo e ainda nem sinal deles, eu não sei o que se passa naquele lugar horrível repleto de criaturas repugnantes e sem vida. Não soube nem oferecer uma palavra de conforto para minha protegida quando ela mensionou o sonho, a única coisa que fiz foi mentir que procuraríamos uma solução nos livros... Eu estou cansada de não fazer nada e apenas esperar. Estou me sentindo uma inútil por não poder agir. Tudo que eu faço agora é omitir coisas e aguardar... Acho que estou perdendo a minha fé em tudo..."

"Minha pequena, ouça-me com atenção. Uma mulher muito sábia uma vez disse: A força mais potente do universo é a fé. Eu acredito piamente nela e você também deveria, pois foi a sua fé que te trouxe aqui. Desde quando o pobre Robin foi morto a sua fé te levou a passar por cima de todos os obstáculos mais absurdos por acreditar, sem nenhuma dúvida, de que seria capaz de trazê-lo de volta. Não estamos falando de alguém que foi embora simplesmente, estamos falando de alguém que morreu. Olha o tamanho da sua fé, Tinker! Sua fé no amor é tão imensurável que te levou a começar tudo isso. Você poderia ter pensado como todos os demais, que foi uma pena e uma fatalidade terrível ele ter morrido, mas que a vida deveria seguir seu curso, conformada com o que aconteceu. Mas você não é como os demais. Você violou todas as regras existentes e inexistentes dessa realidade por conta de sua fé e confiança de que poderia dar certo... Você é dona de um coração tão puro e bom, Tinker! Está apenas cansada e sobrecarregada, mas jamais estará perdendo sua fé, porque ela é infinita" diz a Senhora, acolhendo mais uma vez a pequena em seus braços "agora pare de chorar e vá descansar um pouco, aposto que não dormiu nada esta noite. Tenho certeza que Regina ficará bem por algumas horas sem você, como vem fazendo todo esse tempo antes de lhe chamar. Enquanto isso, vou preparar algo para comermos antes de você partir novamente para o Castelo" finaliza Bruma. Sem nem mesmo pensar em recusar, Tinker deixa um beijo carinhoso na bochecha da mais velha e sobe para os seus aposentos. Ter a presença de Bruma em sua vida era uma benção ao qual ela agradecia todos os dias. Ao contrário de tantas que lhe julgaram louca, a Senhora bondosa fora a única que lhe acolheu sem duvidar de seus amores e temores. Bruma à permitia ser ela mesma, com seus acertos e suas falhas, sempre tinha um conselho sábio pra passar e uma paciência absurda para ensinar. Era um privilégio dividir a existência com ela e Tinker sabia disso. Tirou os pequenos sapatos e caiu em sua cama do jeito que estava mesmo. Com o coração mais calmo, mal teve tempo de formar um pensamento antes de ser arrastada ao mundo dos sonhos.

XXX

Floresta Encantada Reino I

"Mamãe! Mamãe!" grita correndo o pequeno Roland pelos corredores do Castelo à procura de Regina. Ele mal podia conter a animação e precisava logo mostrar à sua mãe o que Henry havia descoberto. Por falar nele, o mais velho vinha correndo logo atrás com um livro nas mãos. Quando finalmente alcançou o pequeno, colocou sua mão em seus ombros e o fez parar e olhar para ele por um instante.

"Roland, espera! Nossa mãe está em reunião com o conselho, não podemos atrapalhar agora." Ele diz, já vendo a expressão de afobamento tomar conta de seu irmão mais novo. Será que ele era assim tão empolgado com as coisas também quando era criança?

"Mas Henry a mamãe PRECISA saber que você descobriu que o cachorro de três cabeças é de verdade!" reclama o pequeno.

"Eu não disse que ele é de verdade, eu disse que existe uma lenda sobre ele" tenta amenizar Henry sem sucesso, quando sente as pequenas mãos do irmão lhe tomar o livro das mãos e colocá-lo aberto no chão na página onde uma imagem inteira de Cérbero estava desenhada.

"É claro que é de verdade verdadeira, Henry! Se não fosse de verdade como alguém ia saber como desenhar ele? Olha aqui ele desenhado igualzinho no meu sonho" diz ele apontando para a figura freneticamente "O que tá escrito Henry? Lê pra mim por favor eu ainda não sei juntar todas as letras" pede o menino eufórico. Henry se vê numa enrascada. Se ele não tivesse berrado pra si mesmo na biblioteca que tinha encontrado o cão, se esquecendo de que Roland brincava logo ao lado no chão, eles não estariam nessa situação agora. Pensando rápido, ele resolve mexer no ponto fraco do irmão:

"Vamos fazer o seguinte: eu e você vamos escondido na cozinha, roubamos o que sobrou do sorvete de ontem e comemos lendo histórias enquanto a reunião do Conselho não acaba. O que acha?" Roland parece pensar. Ele se dirige a Henry e pergunta:

"Mamãe não vai nos deixar de castigo por isso?"

"Não se ela não descobrir. Tio Jhon me contou como você está sendo incrível nas missões, tenho certeza de que o filho de Robin Hood pode roubar um pote sorvete e comer escondido sem que a mamãe saiba" diz ele, sabendo que está mexendo com o ego do pequeno de maneira certeira e se sua mãe descobre isso ele estaria muito ferrado. Os olhinhos de Roland estão brilhando e um sorrisinho safado e de covinhas aparece. Ele fecha o livro, o que faz Henry suspirar de alívio.

"Eu vou precisar de um parceiro" diz Roland muito sério, o que faz Henry querer rir de como ele realmente estava levando aquilo à sério "eu não alcanço a máquina que faz gelo onde mamãe guarda o pote e se eu precisar pegar um banco vai demorar muito e chamar atenção" finaliza o pequeno. Henry não pode deixar de admitir que ele é ligeiro para pensar.

"Eu posso ser o seu parceiro, Ro. O que acha? Será que eu levo jeito para fora da lei?" Diz Henry se ajoelhando na frente do irmão, resolvendo entrar na brincadeira. O menino apoia suas mãozinhas em seus ombros e diz olhando em seus olhos

"Será uma honra ter você como meu parceiro" Henry sorri pensando no quanto gostava daquele garotinho que já tinha passado por tantas coisas ruins na vida. Ele sempre quis ter um irmãozinho e Roland não podia ser mais perfeito. Às vezes ele se pega pensando em como seria ter crescido na companhia dele. Certamente sua mãe e seu pai seriam donos de muitos cabelos brancos hoje em dia. Ele volta sua atenção ao mais novo, que continua o olhando de maneira compenetrada "mas siga minhas ordens Henry, você não tem a minha experiência" dizendo isso, ele devolve o livro a ele e simplesmente se vira indo em direção à cozinha, fazendo um gesto com a cabeça para que o irmão mais velho o siga. Henry está mordendo a língua para não soltar uma gargalhada. Sua mãe tinha razão em uma coisa: o pequeno Hood era a cópia do pai em todos os sentidos, mas ela podia não estar enxergando o que ele estava testemunhando agora em sua frente: a personalidade dele, no entanto, era Regina todinha.

Eles "roubaram" o sorvete com sucesso, seguindo o plano infalível de Roland, que saiu da cozinha carregando o pote de sorvete como se fosse um saco de ouro. Henry, claro, lhe deu todos os créditos pelo sucesso da missão. Se deleitaram com a sobremesa enquanto Henry lhe narrava as mais fantásticas histórias, algumas inclusive, vivenciadas por ele e outras inventadas. Quando estava na quinta história, Henry percebeu que não estava recebendo nenhum questionamento sobre os fatos narrados e quando olhou, viu seu irmão dormindo com a cabeça apoiada em sua perna. A boca aberta toda lambuzada de sorvete o fez rir. Ele fechou o livro e com todo cuidado para não acorda-lo, se levantou, ajeitando o pequeno mais confortavelmente no sofá. Retirou os resquícios que denunciavam o roubo e por fim limpou a boca de Roland, que nem ao menos se mexeu, tamanho sono pesado no qual se encontrava. Sozinho novamente, Henry sentou-se no chão e voltou a estudar o livro sobre mitologia que havia encontrado mais cedo na biblioteca. Ele tinha que admitir que ficou surpreso com o que descobriu. Achava realmente que esses episódios estranhos e sonhos que estavam assombrando sua mãe e irmão fossem devido à falta que Robin fazia para eles. Henry mesmo sofria por isso. Robin foi o mais próximo de um pai presente que ele teve. Por mais que Hook preenchesse um pouco essa função hoje, ele tem Hope para se preocupar. Com Robin havia sido diferente. Ele nunca o tratou como uma criança, ele sempre foi um amigo e protetor. Conversavam sobre tudo de igual para igual, sem segredos ou pé atrás um com o outro. Isso deixava sua mãe com ciúmes, ele sabia. Mas era um ciúme bom, um ciúme de uma mãe que sempre teve que arcar com tudo sozinha e que agora estava se vendo na situação de ter que aprender a dividir a atenção e curiosidade de seu precioso filho com outra pessoa. Vez ou outra ele a pegava sorrindo para eles durante o jantar enquanto conversam empolgados sobre um dia no acampamento. Era um preenchimento diferente no coração, dele e de sua mãe. No começo ele também teve ciúmes dela, ainda mais depois que a viu com Roland de mãos dadas tomando um sorvete. Naquele dia ele teve um pouco de noção do que Regina deveria ter sentido ao vê-lo com Emma e seu coração doeu. Ele não deveria tê-la magoado tanto como fez...mas felizmente são águas passadas e ele foi sortudo o suficiente para ter uma segunda chance com ela, e ele não iria desperdiçar. Passou a amar Robin quando percebeu o quanto o amor dele por sua mãe era transformador, assim como o amor materno entre eles. Robin não a julgava por seu passado, tinha muita fé nela e em suas convicções, apoiando-a não importava o que acontecesse, além de fazê-la sorrir como ninguém. Ele nunca havia visto sua mãe tão leve com alguém que não fosse ele antes, mas com Robin e Roland isso parecia ser fácil. Não haviam barreiras que eles não transpassavam. Quando, na briga com Zelena, ele não se preocupou com nada a não ser resgatar e proteger o coração de sua mãe, ele soube que ele não era somente perfeito para ela, mas para ele também. Ele e Roland eram as peças que faltavam para a felicidade completa de ambos. Mesmo tendo os Encantados, Emma e Hook, ele queria ter esse fechamento com Regina também, e Robin veio para isso. Desde então não houve mais ciúmes pois ele não veio tirar nada e sim somar na vida de todos. Eles formavam uma linda e diferente família, o tipo preferido de Henry, sem rótulos, apenas eles. Quando Robin morreu, tudo isso foi arrancado deles de forma brutal. Henry enxuga uma lágrima saudosa que escapa. Ele não deve chorar, deve ser forte por sua mãe, e se algo estava acontecendo ele iria descobrir. Voltando sua atenção para o livro novamente, ele começa a ler sobre o Cérbero. Isso o levou ao Castelo de Hades, ao submundo...às almas.

"Não pode ser...ou pode?" Sussurra ele para si mesmo, espantado. Será que a alma de Robin estava realmente tentando se comunicar com sua mãe e Roland? Não havia outra explicação! Nem Regina e muito menos Roland sabiam da existência desse cão macabro antes desses sonhos, não teria como eles misturarem as coisas. E se esse Cérbero só existe no submundo, guardando o Castelo de Hades isso quer dizer que...

"Robin não foi para o céu. A alma dele está presa no submundo...Meu Deus, mamãe não pode saber! Ela vai enlouquecer de tristeza! Não posso contar isso à ela, não posso deixá-la passar por isso de novo" diz Henry desolado. Como ele esconderia isso de sua mãe? Que além de dar a vida por ela, Robin nem mesmo conseguiu sua paz e descanso eterno como eles cansavam de repetir para Roland? Ele sabia que a primeira coisa que sairia da boca do irmão quando acordasse seria a tal novidade sobre a descoberta do cão e sua mãe facilmente ligaria os pontos. Maldita hora em que foi pensar alto! Olhando para o irmão ainda em sono profundo, Henry se levanta carregando o livro consigo. Ele fecha a porta atrás de si e se direciona ao seus aposentos. Está perdido e sem saber o que fazer, gostaria de poder confiar suas idéias à alguém. Por um instante ele pensa em contar à todos e pedir por ajuda, mas alarmar toda sua família menos sua mãe não era um plano muito inteligente. Uma hora isso chegaria aos seus ouvidos. E ele ainda teria que pensar o que fazer com a empolgação de Roland. Nervoso, ele esconde o livro debaixo do colchão de sua cama e sai em direção à biblioteca. Precisava fingir procurar algo mais quando a reunião do conselho acabasse e sua mãe fosse ao seu encontro. Estava quase chegando quando uma luz verde adentra pela janela do palácio e Tinkerbell se materializa na sua frente.

"Olá, Henry!" Diz ela sorrindo. Era isso! pensou Henry. Se tinha alguém que poderia ajudá-lo sem fazer alarde esse alguém era Tinker. Sem mais delongas, ele segura uma das mãos da fada e a puxa pra dentro da biblioteca, sem dar tempo dela reagir.

"Pelo amor de Aine, Henry! O que foi isso?" Diz a fada com os olhos arregalados. Henry fecha a porta da biblioteca e a olha do mesmo jeito.

"Tinker eu preciso de sua ajuda"

"O que houve? Regina está bem? Você está bem?"

"Calma, estamos todos bem, pelo menos por enquanto, mas se mamãe descobrir o que eu descobri, ela não vai ficar..."

"Ai minha santa fada, o que você descobriu garoto?" O coração de Tinker estava batendo na garganta, ela podia sentir. Ela sabia, que cedo ou tarde, Henry encontraria alguma coisa. Era sempre assim em relação à ele.

"Eu estava na biblioteca procurando algo que pudesse ajudar minha mãe, como prometi à ela. Peguei vários livros sobre vários temas: magia, bruxaria, povos antigos, sonhos e enfim, mitologia"

Tinker prende a respiração, ela se aproxima da poltrona mais próxima e senta, evitando assim levar o tombo que certamente viria. Ela fecha os olhos, toma ar e pede para que Henry prossiga.

"O livro sobre mitologia, Tinker...eu encontrei algumas coisas por lá. O cão de três cabeças está lá e você não vai acreditar" diz ele fazendo drama. Tinker tenta se preparar para o que vai vir em seguida. Tudo que sua mente processa no momento é no quão enrascada ela está. Henry prossegue "esse cão guarda o Palácio de Hades no submundo. DE HADES! VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE ISSO SIGNIFICA, TINKER?"

Sim, ela tem. Se tem alguém que tem noção ali esse alguém é ela! Deus, as coisas estão desmoronando em cima de sua cabeça. O que ela vai fazer? Optando por não responder, apenas espera a conclusão de Henry para que enfim, ela se declare lascada.

"SIGNIFICA QUE A ALMA DE ROBIN NÃO ESTÁ DESCANSANDO NO CÉU. ELE ESTÁ PRESO NO SUBMUNDO TINKER E ESSES SONHOS...ELE ESTÁ VINDO AVISÁ-LOS, EU TENHO CERTEZA ELE ESTÁ PEDINDO AJUDA! MINHA MÃE VAI MORRER DE TRISTEZA!" dizia ele alterado.

"Acalme-se Henry, ninguém vai morrer mais, chega de morte, pelo amor de Aine! Olha, tudo isso que você encontrou é realmente impressionante e com certeza tem um fundo de verdade..."

"Tem? Como você sabe?" Rebate o menino na mesma hora. Tinker fica branca, tentando disfarçar ao máximo ela diz:

"Bom, eu acho, né? Seria muita coincidência esses sonhos e essa criatura no mesmo lugar que Robin se não fosse não é?" Ela está se ajudando ou se afundando mais? Ela já não sabe dizer. Henry continua seus questionamentos:

"É o que eu penso! Acho que Robin precisa de ajuda para se libertar e ir para o céu, ter paz finalmente. Temos que ajudá-lo, Tinker! Mas como não falar com a minha mãe sobre isso? E como se ajuda uma alma?"

"Não falar com a sua mãe sobre o quê, Henry?" Pergunta Branca, assim que entra fechando a porta da biblioteca. Tinker quer chorar, isso não poderia estar acontecendo, pensa ela enquanto se agunda ainda mais na poltrona. Ela olha para Henry, que está paralisado olhando para a avó sem saber que atitude tomar. Branca insiste:

"O que sua mãe não pode saber, Henry? Se é com Emma eu posso chamá-la agorinha mesmo..."

"Não é com ela vovó, é com minha outra mãe" ele diz derrotado, por fim. Branca leva as mãos à boca em uma expressão preocupada. Tinker observa a interação entre eles, sem forças para sair do buraco em que se enfiou.

"Oh meu Deus o que houve com Regina agora? Pobre mulher, ela não tem paz nessa vida..." Diz Branca, olhando para Henry com aqueles olhos dramáticos típicos de princesas encantadas que conversam com passarinhos enquanto passeiam pela floresta. Henry não deixa escapar o pensamento que se Regina estivesse aqui e presenciasse isso, estaria rolando os olhos sem nenhuma paciência. O pensamento lhe faz rir. Ele então decide contar tudo o que tinha contado para Tinker para a avó. Ao final da história, Branca se senta pesadamente na poltrona ao lado de Tinker, que permaneceu calada por todo aquele tempo, tentando organizar suas idéias. Enxugando uma lágrima, Branca se volta para a fada e pergunta:

"O que faremos, Tinker? Será que precisaremos ir até o inferno novamente para ajudá-lo? Ou será que podemos procurar um feiticeiro que possa se comunicar com os mortos? Eu queria poder sugerir para acendermos a vela negra para nos comunicarmos com o espírito dele, como fizemos com Cora, mas é preciso que o assassino esteja presente e nesse caso o assassino também está morto... Será que chamamos Rumpelstiltskin? Tenho certeza que ele e Emma, que é a Salvadora, podem resolver isso sem envolver Regina e..."

"TUDO BEM, JÁ CHEGA!" grita a fada, assustando Branca e Henry, que agora também se senta. Tinker levanta-se da poltrona onde estava e começa a andar em círculos pelo lugar. Ela não tem escolha, a situação chegou num ponto em que ela não vai mais conseguir lidar sozinha. Ela vai precisar de aliados, pois se uma palavra sobre isso chegar aos ouvidos de Regina todo seu esforço para manter segredo sobre a jornada terá ido por água a baixo. Ela respira fundo e olha para os dois sentados no sofá com olhares assustados.

"Muito bem, já que você foi tão inteligente à ponto de chegar até aqui Henry, não me resta outra alternativa a não ser lhe contar o que realmente está acontecendo. E já que você ouviu o que não devia - diz ela olhando para Branca - vou permitir que fique e escute também. Mas quero deixar bem claro para ambos que o que for dito aqui não sairá daqui. E isso inclui David, Branca. Se você não quer guardar um segredo dele, é melhor que saia agora"

"Eu não sou mais uma criança inocente e linguaruda que sai dando com a língua nos dentes por aí, Tinkerbell. Pode confiar em mim, Regina é minha amiga, eu não quero prejudicá-la" Diz ela um pouco ofendida.

"Ótimo, pois eu não vou permitir que isso aconteça novamente. Regina além de ser minha amiga é minha protegida, e eu não vou deixar que ela sofra mais por causa de inconsequências alheias. E não me olhe assim, você já estragou tudo uma vez, não me culpe por verificar. Fui clara?"

"Como um cristal" responde Branca. Ela nunca havia visto à fada tão séria e direta assim "fique tranquila".

"Muito bem, então me ouçam com atenção e por favor sejam discretos..." Tinker se senta de frente para eles e começa a narrar todos os acontecimentos desde a morte de Robin até o dia de hoje. Cada vez que a palavra "morte", "roubo de cadáver" e "alma" era dita por ela, uma Branca quase infartava, enquanto Henry ouvia tudo fascinado. Ao final da história, ela mesma estava exausta ao ter que repetir tudo pelo qual passaram até o presente momento. Estava distraída e nem viu quando a Princesa se aproximava. Branca a abraçou com carinho enquanto dizia:

"Você é extraordinária em todos os sentidos, Tinker. Isso que você fez... não existem palavras o suficiente para mensurar o tamanho da gratidão e do amor que isso envolve. Meu Deus, eles estão resgatando a alma dele para devolverem o Robin para ela...Parece um absurdo quando dizemos isso em voz alta, mas é tão maravilhoso ao mesmo tempo!" Diz Branca.

"Eu bem sei" diz Tinker para ela, com um pequeno sorriso.

"Regina vai ficar exultante quando souber" fala a princesa e na mesma hora é cortada por Tinker.

"Ela não vai saber. Não enquanto não for real. Fiz tudo isso, omiti todas as coisas para protegê-la e é isso que vamos continuar a fazer. Enquanto eu não tiver notícias do Submundo e sobre o status da missão, nada disso será revelado. Isso está claro?"

"Sim, é claro" responde Branca. Henry então se dirige a fada pela primeira vez desde que a mesma terminou sua história.

"Eu não sei como te agradecer, Tinker. Você está tentando trazer meu pai de volta - ele nem percebe como se referiu à Robin, mas as duas outras mulheres presentes sim - e nada nunca será o suficiente para mostrar minha gratidão à você. Obrigada." Ele pega a mão da fada e deixa um beijo casto nela. Tinker sorri com o gesto delicado dele e quando seus olhos se encontram ela diz:

"Você não tem que me agradecer. Apenas seja bom para sua mãe e seu irmão, os apoie em todos os momentos, independente se isso der certo ou não. Seja esse filho maravilhoso que você tem sido e que ela merece sempre" termina ela, recebendo um sorriso e um aceno positivo do adolescente. Virando-se para ambos ela diz:

"Agora vamos sair daqui antes que alguém desconfie ou que Regina saia daquela reunião. Henry, me leve até Roland. Eu tenho um feitiço que pode modificar algumas memórias. Vou usá-lo em Roland apenas para que ele pense que sonhou com o livro onde a figura do cão estava. Só não deixe que ele o encontre, está certo?"

"Pode deixar comigo" responde Henry, tranquilo por já haver escondido o livro em seu quarto.

"Vamos dizer à Regina que encontramos o livro sobre interpretação de sonhos e que podemos começar por lá. Com certeza o tópico cão de três cabeças não estará disponível e ganharemos mais um tempo" Branca e Henry concordam com a fada "e por favor, sejam discretos. Pela primeira vez na vida de vocês, coloquem Regina e seu bem estar em primeiro lugar. Ela sempre fez isso por todos, está na hora de fazerem por ela agora".

XXX

Submundo - Palácio de Hades

"Robin... Regina... vocês têm a minha permissão para irem em busca da alma de Robin nos Campos Elísios"

"O que você disse?" questionou Regina, achando que tinha escutado demais. Perséfone se aproxima deles e repete o que havia dito:

"Eu disse que vocês têm minha permissão para tentar resgatá-lo, Regina" Sem pensar, Regina se aproxima e segura as duas mãos da Deusa, elas trocam olhares sinceros e calmos pela primeira vez desde que se conheceram.

"Obrigada" agradece Regina. Perséfone apenas acena positivamente com a cabeça. Soltando as mãos de Regina, ela começa a andar em círculos novamente pela sala enquanto fala:

"Se quiserem passar a noite e partirem amanhã fiquem à vontade. Acho que já perceberam que não sou uma ameaça"

"Agradecemos sua grande generosidade em todos os sentidos, Alteza, mas creio que já esperamos demais" responde Robin, indo de encontro a Regina e unindo suas mãos.

"Robin tem razão. Não há porque esperarmos mais. Existem pessoas lá em cima que certamente estão preocupados conosco" diz Regina.

"Entendo perfeitamente. Como disse à vocês, para chegar aos Campos Elísios será necessário que atravessem o rio Lete. Não contem com Caronte para isso, ele apenas tem permissão para chegar até essa margem"

Eles não contavam com esse incoveniente, estavam certos de que após receberem a autorização, seria apenas chamar Caronte e partir. Parece que nada era fácil naquele lugar quando não se era bem vindo.

"E também não contem comigo, eu não irei. Existe uma ponte muito antiga que corta o rio, ela sai de uma trilha pelos fundos do castelo, se não possuírem nenhuma embarcação esse será o único meio para atravessa-lo. Mas não se deixem enganar, é no silêncio mais profundo de si mesmo que as verdades se mostram. Almas evoluídas não passam por essa ponte, mas mortais não têm escapatória. Eu desejo que vocês realmente tenham tudo que é preciso para essa travessia e esse resgate. Acredito que não há mais nada que eu possa fazer ou dizer para ajudá-los. A partir de agora estão por sua conta. De todo coração, lhes desejo sorte" finaliza a Deusa.

"Por quê Vossa Alteza não irá conosco?" pergunta Robin. Perséfone se vira para ele sutilmente antes de responder:

"Eu não saio do Palácio. Essa é uma condição que eu mesma impus à mim. Ao contrário de Hades, eu não possuo frieza em meu coração. Deixar as dependências do Palácio acabaria com minha sanidade e com minha saúde mental. Eu sou uma Deusa justa, já me basta o fardo imposto à minha condição de Rainha do Submundo de deter o poder de cortar o fio da vida dos que aqui chegam. É o máximo ao qual eu permito me envolver. Apesar de ter sido muito apaixonada por Hades, sua essência cruel e fria nunca me envolveu, pois eu conhecia o outro lado dele. Mas me entristece o fato de que minha essência benevolente nunca foi capaz de surtir certa influência nele, como é o caso de vocês, que vejo aqui em minha frente. Ambos possuem escuridão em suas almas e corações, eu posso vê-las. Mas, de certa forma, vocês dois juntos exalam outro tipo de luz. Luz essa que só é possível de ser vista quando estão juntos. Isso é algo muito especial e raro, que eu gostaria muito de ter vivido"

"Não se deixe ser vencida apenas por uma história que não deu certo, Perséfone - Regina tinha a ousadia de lhe chamar pelo nome, nunca como 'Vossa Alteza" ou "Rainha" - nós podemos ser surpreendidos quando menos esperamos. Eu achei que era o fim da minha vida e quando me dei conta estava parada de frente para Robin, começando uma história totalmente diferente e nova. Cada dia que nasce é um mistério e temos que estar atentos à todos os detalhes para que a mínima oportunidade não se perca em meio ao nosso próprio caos. Talvez se você se permitir olhar um pouco além do que vê, você consiga descobrir e se permitir coisas extraordinárias. Enxergar é muito diferente de ver, e desde quando eu passei a enxergar, eu tenho experimentado uma felicidade que eu jamais achei possível. Não se feche dentro do que a vida impôs à você, encontre um meio de pular a janela sempre que necessário. Nunca se sabe o que nos aguarda logo à frente" finaliza Regina. Perséfone, visivelmente emocionada, questiona:

"Tem certeza de que vocês são a parte escura dessas almas?" O casal ri para ela "eu não os conheço, mas para que a parte 'ruim' deles seja assim como vocês são, a parte boa deve ser extraordinária" diz ela.

"Eles são!" completa Regina. Robin se aproxima da Deusa e, fazendo uma reverência, toma uma de suas mãos e leva aos lábios:

"Foi uma honra conhece-la, Alteza. Espero que encontre sua merecedora felicidade."

"Obrigada, Robin. O prazer foi meu" diz ela. Regina então se aproxima, elas ficam frente à frente uma com a outra, os olhares mais uma vez se enfrentando, mas com nada além do que respeito e admiração.

"Eu espero que vocês tenham sucesso, Regina. Nada vale mais a pena do que devolver o amor à alguém que acha que ele está perdido para sempre" diz Perséfone. Regina lhe dá um casto sorriso e responde:

"Obrigada. E eu espero que essa nossa jornada te inspire a fazer o mesmo por você. Você não merece menos do que um amor que saiba valorizá-la por toda sua riqueza interior" ela diz "Foi uma honra"

"Igualmente para mim, Regina"

O trio se despede. Perséfone indica uma saída aos fundos do Palácio para que, no final da trilha, encontrem a ponte que atravessa o temido rio. A Deusa então se encaminha para dentro enquanto os dois a observam, até que a Rainha do Submundo suma de suas vistas. Regina e Robin unem suas mãos e começam a descer a trilha. Ficaram em silêncio por alguns minutos. Essa jornada estava sendo um misto de emoções para ambos e, apesar de estarem ali um para o outro, a intensidade de sentimentos era gigante. Vinte minutos depois de caminharem, o início de uma ponte envelhecida mas firme, pôde ser vista logo à frente. Regina avança em direção à ela, mas Robin a impede, se colocando na frente. Ele segura os dois braços dela e olha profundamente em seus olhos, mas nada diz.

"O que há de errado, Robin? Por que paramos?" Pergunta Regina. Ele então se aproxima e a envolve em um abraço, enfiando o nariz em seus cabelos, trazendo-a para si o máximo que pode. Regina devolve o abraço, sentindo que ele está precisando dela. Não diz mais nada e o espera tomar seu tempo. Ela acaricia seus cabelos e costas com carinho, sentindo as batidas do coração que ela tanto ama.

"Eu não quero que sofra mais, Regina. Não quero que passe novamente pelo que passou no barco..." Ele diz enfim e seu coração transborda amor. Perséfone havia dito que a ponte seria mais uma provação e ele simplesmente queria protegê-la a qualquer custo. Ela o ama com cada particular de seu ser.

"Meu amor, eu ficarei bem. Você estará comigo, não estará?" ela diz

"Cada passo do caminho, eu sempre estarei com você" ele responde.

"Então eu nada temo" ela desfaz o abraço para olhar para ele "Robin não podemos evitar os problemas e obstáculos que aparecerão em nosso caminho. É um risco que corremos apenas pelo simples fato de estarmos vivos. Olha quanta coisa ruim já fizemos, olha como já fomos o obstáculo na vida de muitas pessoas também...estamos tendo nossa segunda chance e estamos fazendo tudo certo dessa vez. As cobranças pelos meus atos ruins, vez ou outra, irão bater na minha porta e, por mais que isso me magoe, eu não vou me importar com quem me julga digna de perdão ou não, sabe por quê? Porque quem realmente me importa é tão maravilhoso que é capaz de me amar mesmo com meu passado monstruoso. Você enxerga o melhor de mim, Robin, e isso é tudo que me basta. Se você estiver comigo eu enfrento o que for"

Robin a beija com paixão. Seu amor por Regina é algo que o assusta às vezes. Ela passou a ser o centro de seu mundo. Ele sabe que não pode mantê-la protegida de tudo, até porque a própria Rainha jamais se permitiria tal fraqueza. Ele reconhece isso, com muito orgulho e admiração, e ama ter uma mulher forte e independente ao seu lado, mas ao mesmo tempo ele gostaria de poder protegê-la de tudo e de todos que possa acabar com sua felicidade.

"Eu te amo tanto, querida! Aconteça o que acontecer nessa ponte, por favor, não se esqueça disso"

"Eu também te amo, querido! Eu jamais me esqueceria, pois você e seu amor são o meu bem mais precioso. Não tema por mim, esteja comigo e tudo ficará bem" diz Regina e o beija mais uma vez "logo iremos para casa, cumpriremos nossa missão e depois seremos só nós dois"

"Eu não vejo a hora" completa ele "eu estou muito feliz por estar aqui com você, mesmo nessas situações absurdas"

Ela ri e responde "Eu também. Não poderia escolher companhia melhor para um passeio ao Submundo do que você". Robin sorri, entrelaça seus dedos e beija a mão dela. Eles se viram para a ponte e param um minuto para admirá-la.

"Será que esse será o último desafio antes de finalmente encontra-lo? Estou tão ansiosa, Robin! Parece que já faz uma eternidade..."

"Eu sei querida, sinto o mesmo! Mas quando esse sentimento vem eu sempre penso em nossas Outras Partes e no quanto será gratificante quando finalmente cumprirmos nossa busca"

"Você tem razão. Tinker deve estar morrendo de preocupação...e Regina? Me dói o coração pensar em tudo que ela está sentindo sem ter o mínimo de noção sobre o que está acontecendo. Robin se nós falharmos, eu..." Mas ele leva seu indicador até os lábios carnudos de Regina a impedindo de continuar.

"Shiiii... não diga isso. Nós vamos conseguir. Aonde está aquela mulher cheia de esperança que fez um discurso lindo sobre o amor para Perséfone?" Diz ele enquanto vê Regina fazer um beicinho manhoso para ele

"Acho que ficou lá com sua amiguinha..." E logo em seguida faz o seu tradicional rolar de olhos. Robin gargalha e diz:

"Não seja tola, amor! Não deixe que o medo te atrapalhe. Estamos juntos e vamos conseguir. E pela milésima vez: ela não é minha amiguinha" e deixa um beijo casto em sua bochecha.

Eles começam a andar em direção à ponte. É tão extensa que não podem ver seu fim, pois ele se perde no horizonte. Logo no início podem já notar a diferença de ambientes. Já não era mais tão frio quanto o Castelo, e nem tão sombrio. Logo abaixo deles, o temido rio Lete corre forte. Sua águas cristalinas são lindas e tentadoras, qualquer um teria vontade de nadar em suas transparências caso não soubesse do perigo que nela habita. Uma brisa suave sopra sobre eles, fazendo com que Regina feche os olhos. Foi nessa hora que ela ouviu a primeira voz:

"Como consegue caminhar nessa paz sabendo de todas as vidas que tirou?"

Ela se assusta e pára no lugar.

"Algum problema, querida?" Questiona Robin, que apenas parou para observa-la.

"Não, querido. Pensei ter ouvido algo. Vamos continuar" diz ela, mas agora com sua mente atenta. Continuam em passos firmes e dessa vez foi com Robin que ela se manifestou:

"Olhe para você? Um mero ladrãozinho meia boca que não tem nem onde cair morto mais. Você acha que é o suficiente para ela?" 

Ele estanca no lugar e Regina percebe que ele também as ouvia.

"Você pode ouvir?" ela pergunta para ter certeza.

"Sim" responde ele. As vozes continuam.

"Olhe para ele, Regina. Ele não é como você. A escuridão no coração dele não chega nem aos pés da sua. Uma hora ele vai perceber que você não merece o amor..." 

Regina fecha os olhos fortemente e aperta sua mão na de Robin.

"Preste atenção, Robin: ela é uma Rainha, você nunca chegará aos pés dela. Acha que paixão é o suficiente? Ela vai se cansar de você... você não tem nada a oferecer à ela. Nada." 

Robin devolve o aperto de mão de Regina. Eles continuam caminhando firme, em silêncio. Tentam apressar as passadas mas o ar é pouco e não o suficiente para que exijam mais do corpo. A ponte os obriga a ir devagar para que não possam fugir das vozes. O submundo é um lugar cruel e que sabe fazer suas feridas sangrarem...

"Henry nunca te amou como você o amava. Ele amava somente a parte boa de Regina, você sabe não sabe?"

"Você era patético, Robin! Sabia de todas aquelas famílias presas e o que fez? Esperou alguns deles morrer para então tomar uma atitude"

"O amor é uma fraqueza, Regina. Sua mãe sempre teve razão"

"Você é fraco, Robin"

As vozes continuam e estavam ficando insuportáveis. Regina estanca no lugar e solta sua mão da de Robin para levá-las ao ouvido e tentar, sem sucesso, bloqueá-las.

"Querida, venha, não podemos parar" insiste Robin "por favor Regina, pegue a minha mão e vamos" ela abre os olhos e agarra a mão dele com força mais uma vez. Aos poucos às vozes vão diminuindo até restar apenas uma. Uma voz melodiosa que ambos ouvem ao mesmo tempo:

"Vocês têm uma escolha. Para quê ficarem remoendo e se lamentando sobre seu terrível passado quando existe uma alternativa? Quem não gostaria de poder alterar suas memórias? Apagar aquilo que faz o coração doer? Esquecer de tudo que lhe causou dor e sofrimento? Pule. Mergulhe em minhas águas, mate sua sede em minha pureza..."

"NUNCA!" grita Robin para o além.

"Tem certeza, Robin? Pense bem, você se esqueceria do seu pai, de todas as vidas que você tirou e principalmente daquelas que não pode salvar... Eu te ofereço essa paz que você tanto busca" sussurra o rio.

"NOS DEIXE EM PAZ" grita Regina de volta.

"Em paz, Regina? E por acaso você sabe o que isso significa? Você nunca teve um momento de paz para desfrutar de sua plenitude, mas eu posso te dar tudo isso e muito mais. Uma nova vida sem as lembranças que te machucam. Eu posso apagar a parte escura do seu coração e te transformar em uma nova pessoa, sem o peso das milhares de mortes que você carrega em seus ombros, principalmente a do seu amado pai..."

"CALA A BOCA" ela começa a rodar em torno de si e a olhar para todos os lados. Os olhos em fúria em busca de algum lugar onde pudesse descontar sua raiva. Robin vê quando as pequenas faíscas de fogo começam a brotar de suas mãos e corre para impedi-la

"Regina, não! Não use sua magia, não há onde desconta-la, meu amor, olhe para mim, por favor..." Ela se vira para ele, a expressão furiosa, os olhos banhados com lágrimas não derramadas e a respiração desregulada mostrando toda sua raiva enjaulada. Ele prossegue, agora tendo sua atenção "apenas segure minha mão e vamos em frente. Lembra o que me disse agora à pouco? Não há nada que não possamos enfrentar juntos. Venha, minha querida, eu estou com você" Já não havia mais resquícios de fogo em suas mãos e sua respiração já estava mais controlada. Robin tinha esse poder maravilhoso sobre ela e suas emoções. Ela se joga nos braços dele que a recebe de bom grado. Ficam abraçados por alguns segundos até ouvirem novamente o som da voz que estava tirando a paciência de ambos.

"Vocês têm certeza sobre essa escolha? É a última chance de vocês para purificarem seus corações e deixar para trás todo seu passado sombrio. Abram mão de si mesmos agora, esqueçam tudo e refaçam suas vidas" sussurra o rio. 

Robin então responde:

"Deixar nossos passados para trás é abrir mão de nossa essência e de tudo que construímos até agora. Deixar nossos passados para trás significa renegar aquilo que somos. O que você não entende é que tudo o que somos e tudo que passamos até agora nos trouxe até aqui, nos trouxe um para o outro" ele diz isso se virando para Regina e segurando seu rosto próximo ao dele para olhar dentro de seus olhos castanhos que se encontram tão aflitos agora, para enfim dizer "e eu não mudaria uma vírgula de minha história somente para poder estar com ela em meus braços. Eu viveria mil vezes toda a escuridão do meu passado se isso significasse te encontrar, Regina" ele seca um lágrima que escapa dos olhos da Rainha, que o olha com profunda adoração "Então, fique com sua oferta de pureza, rio. Meu coração sombrio tem um outro coração sombrio para amar e isso é tudo que importa" então ela a beija profundamente. Regina corresponde ao beijo de forma apaixonada. Quando se desligam, ela diz:

"Eu também não mudaria nada do meu passado se isso significasse ter você em meus braços. Você é o meu futuro e eu te amo com toda sua escuridão, muito mais ainda por você amar a minha"

Eles trocam um roçar delicado de narizes antes de darem as mãos para seguir adiante. A voz não mais os encomoda agora e os portões dourados que guardam os Campos Elísios já podem ser vistos à frente. Caminham mais alguns minutos e, quando se aproximam, eles se abrem para eles.

"Chegamos, Robin! Nós conseguimos!" exclama Regina com um sorriso sem conter a felicidade que a acomete no momento.

"Você tem razão, querida: nós somos fantásticos juntos! Agora vamos procurar minha Outra Parte e cair fora daqui"


Notas Finais


AI MEU CORAÇÃO!
A frase que Bruma cita: A força mais potente do Universo é a fé - foi dita por Madre Tereza de Calcutá.
Gratidão por lerem! Quero muito saber a opinião de vocês sobre esse capítulo. Obrigada por tudo!


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