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História Make me feel like I'm living - Am I lying?


Escrita por: Britomartis

Notas do Autor


Peço mil mil mil desculpas pela demora/sumiço. Nas últimas semanas comecei dois cursos, dois estágios, mais o emprego e faculdade. Se tive algum minuto para respirar, foi muito. Entrei aqui algumas vezes e pensava "Que droga, eu sou péssima e aposto que vou ser abandonada. Bem, merecido". Mas aqui está mais um capítulo e uma notícia de consolação: escrevi os próximos três capítulos, assim, se a rotina apertar de novo, tenho atualizações prontíssimas para não deixar o espírito da coisa morrer. Estão prontos? Ok, vem comigo.

Capítulo 11 - Am I lying?


Eu conhecia o protocolo dos hospitais. Embora Jerome não fosse me dar permissão para levá-lo a um hospital, não considerei que ele estava em condições de fazer exigências. Uma das poucas coisas que ele conseguiu falar conforme ia acordando era que viera com o carro - o mesmo que eu queria pegar para fugir dele horas antes. E foi com esse carro que eu levei Jerome às pressas para um hospital discreto e pouco frequentado. Como o acidente tinha acontecido tão recentemente, eu sabia que não teríamos problemas com papelada nem documentos. O primordial seria examinarem Jerome dos pés a cabeça. E várias vezes na cabeça, com risco de quaisquer sequelas pós-inconsciência. Os médicos não fizeram muitas perguntas a ele, se dirigindo mais a mim. Contei o que eu podia, sem entrar em muitos detalhes - apenas o necessário para que o avaliassem direito.

    Nunca passei tanto tempo sentada em uma cadeira de metal quando fiquei no corredor esperando por ele. O perigo tinha passado, certo? Não. Os exames ainda podiam apontar alguma espécie de sequela corporal devido à agressão. Eu só torcia para que tudo corresse da melhor forma possível. E assim, quando o médico abriu as portas para avisar que aparentemente estava tudo bem e que Adam (um rápido nome falso que providenciei) só precisava de um pouco de descanso, usei de um pouco do meu conhecimento em medicina para discutir com o médico a possibilidade de levar Jerome para casa. Não era o adequado, nem de longe, mas o hospital era pequeno, com baixa renda e precisava de espaço para novos pacientes. Como Jerome não estava em risco e eu sabia os cuidados necessários, não enfrentei problemas nessa decisão.

    Estacionei o carro no meio do mato que levava a casa, soltando um suspiro ao ver os contornos do imóvel de novo. Achei que nunca mais colocaria os pés ali. E como era de se esperar, eu estava errada nisso. Jerome cochilava com a cabeça cochilada na porta do carona. Não tinha como eu arrastá-lo para dentro de casa. Arrisquei balançar um pouco seu braço até que ele abriu um pouco os olhos, verificando os arredores. Para uma pessoa que havia ficado inconsciente, ele despertou bem rápido. Acho que esse era o preço a pagar por viver uma vida de fugitivo. Não que ele ligasse.

- Que bom que não acordei amarrado no porão - ele fez graça, sem me olhar no rosto. Não consegui sorrir com essa e continuei olhando para o volante. - Essa é a hora em que você diz “Você mereceu”.

- Eu não diria isso.

- Bem, deveria. - Jerome aquiesceu, ainda com um sorriso nos lábios. - Se eu acordasse amarrado no porão, provavelmente estaria merecendo.

- É sério que você acabou de acordar e já está dando duro pra me tirar do sério? - perguntei, dando um tapinha no volante.

- É parte do show - ele respondeu com um aceno de mãos, dando os ombros. - Agora eu acho que seria melhor deitar e descansar por tempo indeterminado.

- Não acabamos aqui - resmunguei, trancando as portas.

- Talvez eu devesse usar meu direito de ir e vir…

- Você me seguiu até lá. Por quê?

Jerome deu de ombros e não respondeu.

- Se você não responder, eu não vou destrancar esse carro - me virei no banco para encará-lo. - Por que você se deu o trabalho de me seguir até lá?

- Sabia que não ia conseguir se virar sozinha - resmungou.

- Besteira! - disparei.

    Ficamos em silêncio. Passei as mãos no rosto, tentando recobrar a paciência.

- Eu quase morri, sabe?

    Ele meneou a cabeça e então sorriu, o ar de deboche e desprezo (não por mim) se manifestando com prontidão.

- Que tal cortar o drama, Anne? - meu nome saiu de uma forma estranha, meio cuspida. - Você soube cuidar bem deles até onde eu sei.

- Não estava falando disso - balancei a cabeça para ele. - Jerome, você quase morreu. E eu achei que

- Sério, é melhor pararmos - pela primeira vez ele me olhou, erguendo uma das mãos na minha direção para me fazer calar a boca. Não calei.

- Acha que se morresse, eu ficaria bem? Seguiria minha vida? - tamborilei os dedos no volante, voltando a me acalmar.

- Não parei para pensar nessa parte exatamente. - Mais uma vez, ele fazia pouco caso da situação. - O quê? Eu devo um pedido de desculpas por apanhar pra cacete?  

- Não - preferi me calar e deixar passar. Destranquei as portas. - Pode ir.

    Apesar das portas abertas, Jerome não fez menção de sair do carro. Continuou sentado, esticando as pernas e cruzando os braços.

- Se eu tivesse morrido ali, pelo menos você teria conseguido fugir. Ou algo assim.

- Não seja idiota - murmurei.

- Eu não podia deixar algo acontecer com você, tá legal? - ele suspirou. Parecia cansado. - E de algum lugar, de alguma forma, eu ouvi um pouco.

- Ouviu o quê? - arrisquei olhar para ele, atenta, curiosa.

- O que… ah, aquilo. Depois - resposta evasiva, percebi.

    Entendi que ele se referia ao meu desespero e me calei de novo.

- Pensei que tinha perdido você - minha voz saiu muito calma. - Não pareceu justo. Não depois de tudo…

- Pelo amor, Anne! - ele gritou e bateu no painel do carro, me fazendo saltar do banco com o susto. - Eu a fiz de refém, te deixei inconsciente, te ameacei e te amarrei no porão. Como você ao menos consegue falar isso?

    Bem, porque eu… Meus pensamentos começaram a morrer. Copiei o gesto típico dele: dei de ombros.

- Sabe por que você age assim? - esperei uns segundos do silêncio dele para continuar. - Porque não faz ideia de como agir. A verdade é que em momento algum você quis que eu saísse por aquela porta e quando viu a droga que tinha feito, você

- Agora você sabe como eu penso? - Jerome disparou, irritadiço.

    Eu sabia o quão desconfortável ele ficava com isso. O assunto “sentimentos” não era a coisa favorita dele. Mas eu havia exposto os meus. Não deixaria que ele se safasse tão rápido.

- Por um tempo, eu não entendia e nem ao menos queria. Sua forma de agir é inconstante, impulsiva e absurda. Mas o problema nunca fui eu. Você não sabe o que sentir, Jerome - prossegui. - O que você sente simplesmente não bate com seus ideais. Então… você tem medo. E me repele. E então quer voltar atrás.

- É sério, é você quem está se esforçando para me tirar do sério.

- Estou mentindo?

- Ok, certo! - ele ergueu ambas as mãos em um sinal claro de rendição. - Eu estava preocupado com você e precisava garantir que estava bem. Satisfeita?

    As lacunas de silêncio começaram a ficar um pouco densas. O veículo parecia estar se fechando, roubando o ar.

- Nunca passei tanto tempo ao lado de alguém. Quando tentei, só estive perto de pessoas que batiam o diabo para fora de mim - falou, bem baixo. - Não foi assim com você. É normal que eu - Jerome parou, pensando e completou, olhando para o teto. - que eu goste disso. É diferente. Você tentou me entender. Ainda tenta. É claro que isso me assusta em alguns momentos e - continuou, misturando o desabafo inusitado com um pouco de irritação. - não posso deixar de pensar que estou te atrasando.

- Me atrasando?

- É, doutora - seu sorriso rasgado para mim não tinha nenhum traço de humor. - Se não estivesse aqui comigo, poderia estar trabalhando. Tendo uma família. Qualquer coisa que médicos fazem no tempo livre. Vivendo.

- Muito bem. - respirei fundo, soltando o ar e uma risada. - O que eu acho que você não entendeu bem é que eu escolhi você. Mais de uma vez. Definitivamente. Não deixei de viver. Finalmente estou vivendo como eu quero.

    Ele ergueu os olhos para mim, parecendo assombrado, incrédulo. Sorri em resposta.

- Ainda precisamos conversar sobre algumas coisas.

- Na cama.

    Arqueei uma sobrancelha, fitando-o sem entender. Como se fosse a coisa mais natural do mundo, ele sorriu para mim com uma inocência velada.

- Você sabe, como da última vez. Nos entendemos bem lá.

    Engoli um seco, compreendendo, sentindo o rosto todo arder e o corpo aquecer devagar.

- Vamos, doutora - com um movimento, ele abriu a porta e saiu do carro. - Apesar de ser algo altamente opcional, preciso de uma resposta aqui. Ou - dando de ombros novamente com uma expressão que fingia ainda mais uma inocência ausente, Jerome fechou a porta, caminhando para a casa e lançando as palavras atrás de si, abafadas pelo veículo. - eu posso mudar de ideia.

    Saltei do carro, sorrindo. Não era o tipo de proposta vinda dele que eu recusaria. Mas por que diabos ele precisava ser tão… irritantemente orgulhoso?

- Não consigo acreditar nesse cara. 


Notas Finais


Mais uma vez peço desculpas pelo atraso e fico grata pois SE VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI (O FINAL DO CAPÍTULO), então você é muito valioso(a). Aguardem, mas não muito dessa vez.


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