História Make Me Wanna Die - Interativa - Piloto

O dia começa com uma bela nuvem carregada de tragédias e magoas do passado. Aliás, todos os dias eram assim. Não sabia me acostumar naquela minha nova vida, uma vida estranha e sem total nexo. Todos tem uma história para estar naquele lugar, já eu, simplesmente nasci assim. Uma menina anormal, uma aberração como muitos julgam, nascida para correr da morte, sem descanso, sem pausa, apenas eu, sozinha, tentando se unir ao que é real e ao sobrenatural. 

Eu não estava sozinha, não ainda, havia mais de nós para chegar, mas eu já me acomodava com mais 3 meninas: Heather, Lisa e Jennie. Elas foram trazidas para cá 2 dias antes de mim, eu não perguntei como e nem o porquê, embora eu tivesse curiosidade. As únicas com quem eu conversava era com Kyle, o mordomo, ele me ajudava a simpatizar com os demais. Foi mais fácil saber falar um "Oi" ou "Bom dia" assim. 

— Cordelia mandou te chamar. — Lisa entra no quarto sem ao menos bater na porta. 

Confirmo com a cabeça e desço as escadas. Era para o café da manhã.

— Saiu do quarto? — Heather 

— Se está a vendo aqui, é porque saiu. — Jennie diz em um tom agressivo.

Eu a invejava por ser assim, direta e otimista, Jennie não se importava com os demais em sua volta, nem o que diriam, Cordelia gritaria por sermos grossas, ou diria "Peça desculpas a Heather", coisas que uma mãe diz quando brigamos com nossos irmãos. Todos sabemos que ninguém diria nada, apenas ficaram calados, como se ninguém ainda tivesse iniciado um assunto naquela mesa. 

— Bom dia. — Digo me sentando.

— Bom dia Meg. — Cordelia abriu um enorme sorriso no rosto. 

Geralmente sempre ficávamos calados durante nossas refeições matinais, era um hábito que estava sendo desfeito, só nos requer tempo para podermos desfazê-lo por completo e começarmos o dia com uma linda manhã em "família", ou pelo menos queriam que pensássemos assim. Cordelia assegurou que somos uma família, e que uma protege a outra. Era mais uma segurança, sabemos o que acontece com uma bruxa que mata outra igual a ela.... Devem saber o fim disso... Uma razão eu tinha, ninguém gostaria de ser queimado vivo enquanto todos assistiam com uma pipoquinha, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, como se fosse ir ao cinema ou levar alguém a um passeio. Eu achava aquela prática maldita, mas era o "certo" a se fazer quando fazemos coisas erradas, pagamos por nossos pecados. 

— Como devem saber, daqui a pouco chegam novas pessoas para nossa casa. Pessoas cujo o destino foi feito antes mesmo de nascer, pessoas iguais a nós... — Cordelia é interrompida.

— Tem algum menino bonito? — Heather pergunta. 

— Caramba, você é uma cópia barata da Madison. — A conselheira Queenie diz na maior descrição de deboche.

— Quem? — Perguntamos em uma só voz.

— Madison, ela era uma bruxa, ela foi embora e disse que ia colocar esse lugar abaixo, mas na verdade ela sumiu. — Zoe explica.

— O que é bom para nós. Ele era uma vaca. — Queenie. 

— Precisamos que sejam abertas a novas pessoas que entrarem aqui, que as ajudem a se fixarem nesse novo mundo... — Cordelia novamente era interrompida, dessa vez, pela campainha.

Depois de uns minutos Kyle aparece a sala de jantar. 

— Já chegaram. — Kyle. 

Todas nós nos levantamos e fomos em direção a sala. Estava nervosa, mas talvez quem iria nos conhecer poderia estar mais nervosa ainda, saber que de agora em diante estranhos serão sua nova família me deu arrepios. Uma das coisas que Cordelia disse e que era totalmente verdade, era sobre o fato de sermos fadados a viver esse miserável destino. 

Quando chegamos a sala todos estavam com uma verdadeira postura para nos receber, os olhares se perdiam na enorme sala de estar. A sala era realmente grande e vibrava energia, talvez pelos retratos das supremas nas paredes, ou pelo lindo tapete no chão que pisavam. 

— Olá, sejam bem-vindos, sou a Cordelia, a suprema. — Cordelia os cumprimenta. — Essa é Queenie e Zoe, são as novas conselheiras... — Cordelia. 

— O que aconteceu com as antigas? — Pergunta um garoto magro e alto segurando um gato.

— Bom... — Cordelia fica tímida ao tentar explicar. 

— Qual o nome de vocês? — Zoe retira aquela nuvem de negatividade da sala com outro assunto. 

— Sou Alex Swan, esse é Salém. — Se apresenta, e apresenta seu mascote peludo de 4 patas. 

— Elizabeth Phillips — Uma garota pálida e com bochechas rosadas diz bem rápido, como se tivesse bastante envergonhada. 

— Christine Hannings — Uma menina magra e baixa termina. 

— Soube um pouco da história de vocês... Por enquanto vocês terão que divirdir seus quartos com as meninas. — Cordelia comenta sobre a instalação. 

Antes de todos reclamarem, ou fazer alguma contradição, Cordelia disse como ia funcionar, apenas eu e Lisa dividiríamos os quartos com as novatas, Jennie e Heather ficariam juntas, assim, Alex ficaria sozinho em um dos quartos. O que logo gerou minutos de discussão, Jennie não gostava da Heather e vice-versa, mas depois de longos minutos de discussão, Queenie falou mais alto e elas tiveram que aceitar a proposta de Cordelia. 

— Bom, então, podem se acomodar, estarei aqui se precisarem. — Termina Cordelia. 

Lisa sempre foi a mais alegre e extrovertida, logo com um sorriso enorme no rosto foi se dirigindo até Elizabeth e a convidou para se instalar em seu quarto. Ficou apenas Alex e Christine na enorme sala. 

— Posso levar suas coisas ? — Kyle se dirige a Alex

— Claro, claro. — Diz e logo solta Salém no chão. 

O gato logo toma a liberdade de se perder ao passar do corredor. Eu olho para Christine e logo peço para me acompanhar até o quarto, confirma com a cabeça e me segue até o nosso destino. 

Chegando no quarto eu entro primeiro e ela observa da porta detalhadamente o quarto cheio de livros espalhados. Eu começo a pegar eles tentando os arrumar na prateleira que tinha no quarto, coloco desorganizadamente, mas consigo tirá-los todos os livros que estava no chão.

— Você... Estuda muito? — Pergunta se assentando na cama.

— Os livros são de magia, leio para estudar o controle. — Respondo. 

Ela passava sua mão na cama. Eu a observo por um tempo, ela parecia cansada, tinha olheiras, seu cabelo era curto como de um garoto, mas isso fazia ela ter um jeito "agradável". Eu não a fiz perguntas, aliás, nunca faria tão facilmente, perguntar o seu motivo de estar aqui, geralmente isso tem uma história melancólica e traz tragédias horríveis. 

— Está com fome? — Pergunto a pequena garota que ainda estava analisando sua cama. 

— Não. — Diz. — Posso lhe fazer uma pergunta? 

Eu confirmo com a cabeça, esperava ela perguntar o porquê de minha presença naquele lugar, mas não foi isso.

— Não consegue controlar seus poderes ainda? — Me olha duvidosa. 

Eu me sento na cama para explicar. 

— Vê as luvas que uso? — Mostro minhas mãos e tiro as luvas — Elas impedem de eu ter visões ao tocar nas pessoas, Cordelia tinha esse poder quando era cega, ela me explicou algumas coisas, mas ainda tenho medo, só consigo ver o que tem de pior nas pessoas, consigo ver o tanto que sua alma grita, suas lembranças mais obscuras. — Visto novamente as luvas — Também estudo novos poderes e telecinese.

Ela me encara e depois olha pros livros e fica em silêncio. 

— Quando descobriu seus poderes? — Pergunto 

Ela me olha e eu sinto uma nuvem negativa no ar, acho que não deveria ter perguntado aquilo, não agora, não temos intimidade. 

— Desculpe, vou deixar você descansando. — Pego 2 livros e saio do quarto em direção ao jardim. 

[...]

Estava em meio seres mortos, literalmente, o jardim não tinha vida desde que cheguei aqui. Tentei molhar algumas vezes, mas foi um total fracasso tentar alguma vida naquele lugar. Estava tentando me levitar, mas conseguia só um pouco além do chão. 

— Salém! — Um grito veio da porta, o que fez eu me desconcentrar e cair. 

Era apenas Alex procurando seu amigo peludo. 

— Não o vi. — Me ajeito.

— Nossa, que jardim mais caído. — Disse vindo mais a frente.

— Já molhei hoje. — Digo 

— Você não sabe de nada garota. — Ele ri. 

Eu o olho, ele parecia concentrado, em fração de segundos, o jardim estava criando vida. Dava uma coloração positiva, trazendo em si harmonia e pureza naquele local. 

— Agora vou procurar Salém, odeio sol. — Sai passando a mão em seus cabelos.

Eu fico boquiaberta com que acabo de presenciar, nada é novo em um mundo sobrenatural, nem mesmo isso. O que ele fez foi realmente incrível, mas se sentiu vitorioso por si só, não vamos rotulá-lo. Gosto de ter boas impressões das pessoas, Alex não é quieto ou muito tímido, insegurança acho que não existe em seu vocabulário. 

Depois da queda decidi ir para meu quarto, mas parecia ter uma discussão na direção oposta do meu quarto. 

— Só o mantenha longe Alex. — Lisa parecia calma. 

— Inacreditável, deixo meu gato livre e vocês vem reclamar. — Diz Alex com seu gato no colo. 

— Ela disse que tem alergia. — Lisa

Christine ficava calada, longe do gato, logo conclui que ela que tinha a alergia. Levantaram uma discussão quase infinita, não esperava que me metesse. Salém não estava ligando para aquele barulho, se sentia confortável nos braços e nos meios de carinhos que recebia de Alex. 

— O que está acontecendo aqui? — Queenie chega. 

Todos ficam em silêncio.

— Salém não é só um gato. — Alex afirma. 

— Olha, aqui não é permitido gatos, passa o bichano pra cá. — Queenie tenta afrontar Alex.

— Não vou dar meu gato a você, pode comê-lo. — Disse Alex bufando e revirando o rosto.

A discussão ficava cada vez mais intensa, agora com Queenie, achei que se mostraria mais madura por ser conselheira, mas na verdade não a conhecia direito. Eu olhei para Elizabeth, e ela estava mordendo seus lábios, parecia  nervosa por conta dos gritos.

— Chega! — Heather aparece e com um grito todos se acalmam. — Não consigo ter meu sono de beleza, sou uma bruxa, devo me cuidar, você fica com um gato, e vocês saiam daqui. — Queenie ia dizer alguma coisa, mas ela fecha a porta.
Todos se olharam e saíram do local.

[...]

Tivemos um dia bastante agitado e cheio de confusões. Talvez pro primeiro dia foi um pouco demais, o fato de todos não se conhecerem direito, só aumentavam as indiferenças. 

— Tudo bem. — Cordelia desliga o telefone.

— Aconteceu alguma coisa? — Zoe

— Está vindo uma nova bruxa para cá. — Termina