História Malamente (Yoonkook) (Em Revisão) - Temporada 1. Capítulo 08

∞O∞ 

Assim que desceram do carro, Rosa pegou na mão do filho antes de caminharem juntos até recepção da clínica. Tendo o horário da consulta já marcada, não demoraram a ser atendidos, logo sendo levados até a sala do psicólogo que já os aguardava.   

O jovem profissional, que se apresentou como Daniel, foi carismático em rapidamente os acomodar em sua bela sala, pedindo que se sentassem no pequeno sofá ao lado de sua poltrona.  

Rosa assim fez, colocando Jungkook ao seu lado.  

Inicialmente, ele fez algumas perguntas simples a Rosa, apenas para iniciar suas anotações e preencher seus formulários. Após saber tudo o que precisava para começar sua sessão, a surpreendeu por pedir que o deixasse sozinho com Jungkook. 

A princípio, Rosa não gostou da ideia. Mas, ele a convenceu de que sua simples presença poderia influenciar nas respostas e também no comportamentos do filho, causando possíveis reações que poderiam atrapalhar a consulta.  

– A mamãe vai ao banheiro e já volta – mentiu, olhando nos olhos grandes do pequeno Jeon, fixos em si. – Você vai ficar bem quando eu sair? 

Balançando a cabeça para cima e para baixo, fez que sim, tranquilizando a mãe o suficiente para que finalmente saísse. Quando a sós com o psicólogo, Jungkook ainda permaneceu imóvel, olhando apenas para a porta.   

- Oi. Me chamo Daniel. – Com um pequeno sorriso, se apresentou. Quebrando o silêncio que já durava alguns minutos na tentativa falha de chamar sua atenção. - E você, como se chama? 

Parecendo não ter escutado nada, Jeon continuou da mesma forma, sem piscar, ainda encarando apenas a porta. Alguns segundos depois, começou a mover os dedos, puxando as mangas longas da blusa antes de apenas brincar com elas. 

O psicólogo o observava atentamente... 

– Soube que gosta do homem de ferro, é verdade? – Insistiu na interação, vendo lentamente seus olhinhos escuros virarem em sua direção, ainda com pouco interesse. – Eu também gosto muito dele. É o meu favorito. 

Jeon juntou levemente as sobrancelhas antes de baixar os olhos para as mangas que ainda mexia.  

– Eu gosto de desenhar, você também gosta? – Daniel o perguntou, sendo o mais amigável possível. Mas, dessa vez ele não demonstrou reação alguma.  – Na verdade... eu trouxe umas folhas e alguns lápis de cor. Se quiser, podemos desenhar algo.  

De forma ainda desconfiada, o pequeno Jungkook voltou a olhar em seus olhos por longos segundos antes de lentamente assentir.  

Então, sem movimentos bruscos, o psicólogo se levantou, pegando o que prometera antes de espalhar os materiais sobe a pequena mesa no centro de onde estavam. Logo depois, se sentou no tapete, pegando para si uma folha e alguns dos lápis de cor.  

Enquanto fingia estar completamente concentrado nos rabiscos que fazia, Daniel era observado com atenção pelo pequeno antes de finalmente vê-lo se achegar, pegando também uma folha para si e não demorando a se perder mentalmente nos desenhos que começou a fazer... 

O psicólogo deixou que passasse o tempo que quisesse em suas artes para só depois de alguns minutos decidir tentar iniciar uma outra conversa.  

– Eu tenho 34 anos e você, quando anos tem? – O perguntou, mantendo sua voz ainda calma e amigável, sorrindo pequeno quando o menino lhe exibiu cinco dedos bem abertos antes de voltar ao que fazia. – Que legal... e, você tem algum irmão? 

Com os olhos fixos na folha, Jungkook apenas assentiu.  

– Que bom. Eu não tenho irmãos, mas queria ter. – O psicólogo continuou sua conversa tranquila, fingindo ainda estar mais concentrado em seus rabiscos enquanto o deixava confortável o suficiente para conseguir aos poucos sua confiança. – E... você vai à escola? 

Seus olhos se desviaram brevemente para Jeon, apenas para ver sua resposta, o observando assentir distraidamente antes de pegar uma terceira folha com a intenção de fazer outro desenho...  

– E você tem muitos coleguinhas na escola? – Perguntou um pouco apreensivo, mas para sua surpresa o viu negar. – Hm... eu também não tinha muitos amigos. Mas, se você quiser, podemos ser amigos. 

Jungkook parou por um instante e o olhou...  

Inicialmente, Daniel fingiu não ter percebido até finalmente levantar o rosto e encontrar seus olhos escuros e profundos. Não desviando o olhar do dele, se manteve firme mesmo ele ainda estivesse completamente sério enquanto o encarava. 

Aquilo intrigou o psicólogo de uma forma inexplicável. Daria tudo para saber o que se passava em sua pequena mente naquele instante. Mas, decidiu apenas continuar seu plano ao sorrir para ele, quebrando o clima estranho antes de voltar seus olhos a folha que desenhava.  

Ele sequer percebeu que Jungkook ainda o encarou da mesma forma por mais alguns segundos antes de também baixar o rosto, voltando para seus rabiscos. Em seguida, Daniel disfarçadamente direcionou seus olhos novamente a ele, se surpreendendo por ver no canto de seus finos lábios desenhados, um minúsculo sorriso.  

Um sorriso que passava longe da inocência... 

O barulho de alguém batendo na porta chamou a atenção dos dois, fazendo o psicólogo se levantar e atender sua recepcionista que apenas passou o pedido preocupado de Rosa, perguntando se estava tudo bem ali dentro devido a demora...   

– Está tudo bem sim. Aproveite e avise-a que ela já pode vir pega-lo, por favor. – Sorridente, Daniel fechou a porta novamente antes de voltando-se para Jeon - que ainda desenhava - pegando sua folha e o exibindo. – Olha o que eu fiz! 

Por alguns instantes, Jungkook direcionou seus frios ao desenho feito pelo psicólogo antes de ter a atenção mais uma vez roubada por sua mãe abrindo a porta e adentrando a sala.   

Ao entrar, Rosa perdeu toda sua feição aflita e preocupada ao se deparar a cena dos dois em volta da mesa, com aqueles tantos papeis rabiscados e lápis de cor espalhados... Surpresa, ficou um pouco confusa diante do que esperava ter acontecido em sua ausência.  

– Estávamos desenhando um pouco... - o psicólogo lhe contou, abrindo um sorriso bobo em um pedido mudo que entrasse na onda dele. – Descobri que seu filho gosta de desenhar também, não é legal? 

Enquanto ainda raciocinava o que ocorria, Rosa apenas sorriu pequeno antes de pegar seu pequeno no colo, quando ele se lançou em seus braços.  

– Você desenhou, querido? – perguntou carinhosa, o observando esconder o rosto em seu pescoço antes de assentir. – Que bom...  

– Traga-o outra vez para fazermos mais desenhos. – Ainda amigável, Daniel a pediu. – Eu vou te esperar, tá bom?  

Jungkook permaneceu como estava por alguns segundos antes de fazer os dois sorrirem ao assentir mais uma vez.  

– Depois conversamos. – O psicólogo sussurrou para Rosa, deixando em suas mãos um cartão com seu número e e-mail pessoal antes de acompanha-los até a porta. 

Ele ainda se despediu alegremente antes de vê-los sair. Apenas quando o carro sumiu de seu campo de visão, fechou o sorriso imediatamente, retornando a sua sala.  

Ao se aproximar da mesa, pegou as folhas desenhadas pelo menino minutos atrás antes de analisa-las com calma. Não demorando a constatar que muito provavelmente seu diagnostico era exatamente o que pensava ser.  

[...] 

Ao chegar, Rosa não deu muitos detalhes a Bianca quando foi rapidamente a sua casa apenas pegar Yoongi, prometendo conversarem uma outra hora. Logo depois, levou seus filhos para tomar banho e se trocar, os deixando acomodados no sofá, assistindo algum desenho que gostavam enquanto preparava o almoço.  

Ainda aflita, enviou uma mensagem ao psicólogo, perguntando sobre a consulta, mas infelizmente não obteve dele uma resposta imediata. Então, apenas se concentrou em adiantar o que fazia para arrumar os meninos para a escola.  

Mesmo não desejando encontrar a diretora depois do ocorrido, sentia que precisava de um tempo sozinha para se acalmar. Por isso, após deixá-los na sala com a jovem professora, voltou para casa e se trancou no quarto com o notebook no colo, sentindo o coração acelerar ao ver que havia recebido um e-mail do psicólogo. 

Com as mãos tremulas, abriu o corpo da mensagem e nela estava escrito: “Me diga o que vê”.  

Logo abaixo estavam anexadas as imagens dos desenhos feitos por Jungkook em seu consultório... 

Em um deles, achou ter reconhecido a figura do que pareceu ser o homem de ferro, sorrindo brevemente ao reconhecer seu personagem favorito. Já em outro, havia o desenho de um rosto pequeno, com a boca aberta e bochechas grandes... Suspeitou ser Yoongi e confirmou ao perceber os olhos puxados em forma de dois “risquinhos”. Novamente, as cores alegres enfeitavam sua imaginação em cada detalhe daqueles desenhos... 

Mas na terceira imagem, seu sorriso morreu ao avistar novamente a representação de Jungkook chorando em um quarto com cores escuras. Porém, mais uma vez a mesma figura do homem de olhos vermelhos estava presente. Só que agora, desenhado em cima de seu pequeno corpo. 

O coração de Rosa disparou. Nervosa, pegou o celular rapidamente, discando o número do psicólogo. Precisava ouvir dele que não era o que estava pensando. Precisava... 

– Recebeu as imagens? – O ouviu perguntar, assim que atendeu a chamada.  

– O está querendo insinuar?  

– Me diga você o que entendeu. 

- Se eu quisesse apenas me basear em minhas opiniões não estaria pagando a você por seus serviços.  

Se calando diante da resposta que teve, o psicólogo permaneceu em silêncio por alguns instantes antes de respirar fundo e tentar apenas compreender seu estado emocional. No fundo, lamentava por aquela situação.  

– Pode ser um pré-diagnostico precipitado da minha parte, já que tivemos apenas uma consulta. Mas, diante do comportamento de seu filho adotivo, do que já havia me contado a respeito dele e agora desse desenho...   

Daniel pausando a fala por alguns instantes enquanto Rosa fechou os olhos com força, temendo o que ouviria a seguir.   

– Suspeito que ele tenha sofrido abusado sexual.  

Abrindo bruscamente os olhos, Rosa se espantou com o que acabara de escutar, sentindo o peito doer de uma forma inexplicável.  

Aquilo seria impossível. Se recusava a aceitar e acreditar tal coisa.   

– Isso não faz sentido algum. Desde que o trouxe, um bebê, para minha casa, ele não teve contato algum com outra pessoa que não fosse eu ou o irmão mais novo. – Afirmou furiosa.  

– Tudo bem, mas e quanto ao passado dele, antes de adotá-lo?  

– Você ouviu o que eu disse? – o questionou, ainda ignorante, não se importando com a altura de sua voz. – Ele tinha menos de um ano! 

– Então, ele pode ter sofrido algum trauma antes de completar um ano.  

– Isso é ridículo...  

– Na verdade não. E... se deseja realmente ajuda-lo, precisa compreender a verdade que ele pode estar sofrendo. Então, sugiro que busque descobrir mais sobre o passado dele.  

Sendo um pouco mais duro por necessidade, o psicólogo a aconselhou, ouvindo seu silêncio diante das palavras sérias que a disse. Mas, infelizmente era tudo o que Rosa não queria ouvir.  

Nada daquilo era o que queria ouvir. Desejava apenas estar em um pesadelo que pudesse acordar a qualquer instante. 

– Mesmo que ele se recuse a falar, pode estar tentando se comunicar de alguma forma – Daniel voltou a afirmar suas teorias. - Eu gostaria de verdade que continuasse a traze-lo em meu consultório.  

Rosa permaneceu calada. Aquela frase horrível ainda rondava sua mente enquanto apenas deixava algumas lágrimas transbordarem de seus olhos cheios e rolarem por seu rosto pálido. Tinha tanto medo que fossem verdades. Não conseguia nem sequer imaginar que seu pequeno pudesse ter sofrido algo tão cruel...  

– Se quiser, eu me comprometo a ajudá-la, assumindo esse caso como minha prioridade. – O ouviu sugerir. – Podemos desvendar juntos o que está realmente acontecendo com seu filho. Mas, para que isso aconteça e dê certo, preciso que seja forte e me ajude a ajudar você, e juntos, o ajudaremos.