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História Malamente (Yoonkook) (Em Revisão) - Temporada 1. (Sin Inocencia). Prólogo


Escrita por: ThalyArmy

Notas do Autor


Olá! ^ ^

Se vc acabou de conhecer essa fic, por favor, de uma lidinha no primeiro "capítulo" postado com o título "Malamente". São os avisos sobre o conteúdo da obra, muito importantes para o seu entendimento e para evitar possíveis desagrados...

Se você já leu, é só continuar. Boa Leitura!

Capítulo 2 - Temporada 1. (Sin Inocencia). Prólogo


Fanfic / Fanfiction Malamente (Yoonkook) (Em Revisão) - Temporada 1. (Sin Inocencia). Prólogo

"Certamente, o lugar mais inseguro e sombrio de todo ser humano é a mente. Tão pouco explorada quanto os mares, algumas são belas e transparentes. Enquanto outras, escuras e assustadoras. E... assim como os oceanos, pouco se sabe sobre suas profundezas e os monstros que nela habita"

- Thaly 

 

Capítulo 1

 

Poderia ser apenas mais uma manhã qualquer daquele mês chuvoso de fevereiro de 1995, ou, quem sabe apenas, mais uma tentativa frustrada, como todas as outras, de realizar um sonho antigo: o sonho de obterem uma família grande e feliz. Mas, apesar de, até o momento, nada ter ocorrido como desejavam, mantinham acesa a esperança em seus corações calejados de que, na hora certa, tudo finalmente aconteceria.

Rosa tinha 32 anos e um casamento dos sonhos com Thomas, um grande amigo de infância que se tornou algo mais quando finalmente entenderam melhor o que sentiam um pelo outro. Logo então, após as trocas de alianças, os dois se mudaram para uma casa confortável na mesma cidade calma e pequena em que cresceram juntos, vivendo longos 13 anos repletos de alegria, amor e cumplicidade. Mas, apesar de tudo isso, sentiam que algo lhes faltava. Foi quando decidiram aumentar a família.

Contudo, ter pequenos pezinhos correndo pela casa e quintal aos poucos foi se tornando um sonho de longa data do casal, que com o passar dos anos, aliado as inúmeras tentativas sem sucesso, começaram a cogitar a possibilidade de que algo estivesse errado com eles, iniciando uma busca implacável pelo motivo ou causa de suas aflições, passando por alguns hospitais da cidade e por diversos exames até chegarem a conclusão de que “o problema” não estava na saúde de nenhum dos dois. 

— Então, o que pode ser, doutor? — Rosa choramingou, confusa e desanimada, mantendo seus olhos cheios diante do médico a sua frente, sem soltar mais um exame negativo de gravidez em suas mãos enquanto ao seu lado, Thomas acariciava seus ombros em uma tentativa frustrada de conforta-la, mesmo estando também em pedaços. 

— Tenha paciência... — O médico pediu. Mantendo seu tom de voz calmo do outro lado da mesa. Devolvendo a ela um olhar cheio de experiência que não surtiu efeito mediante ao semblante entristecido a sua frente. — Sua hora vai chegar.  

Ao ouvir suas palavras, Rosa fechou os olhos decidindo calar. Sua mente nublada já não a permitia acreditar mais no que ouvia. Estava cansada de se decepcionar, sentindo insuficiente como mulher, mesmo que os exames a provassem o contrário. Temia chegar à idade avançada e tudo em seu corpo se tornar perigoso para gerar seu sonho, reduzindo ainda mais suas poucas chances. 

Com tudo isso, o trajeto de volta foi silencioso como todas as outras vezes em que saíram sem as respostas que desejavam daquele consultório, não obtendo um clima diferente ao chegarem a casa, deixando Thomas sem mais alternativas quando Rosa se dirigiu a pequena sacada em seu quarto, desejando ficar um pouco sozinha, buscando acalmar a grande tempestade que existia em seu coração, não demorando muito a sentir o perfume suave de seu esposo, denunciando sua aproximação.  

— Não fique assim, meu amor. — Ele sussurrou em seu ouvido, depositando um beijo demorado na pele fria de seu rosto alvejado pelos ventos gelados da noite que chegava lentamente, acomodando-se no espaço livre da poltrona ao qual ela estava antes de fixar seus olhos nela durante alguns segundos de reflexão. — E se... tiver de ser apenas nós dois? Não será feliz ao meu lado?  

Aquela pergunta a deixou ainda mais pensativa do que já estava, roubando as possíveis palavras de sua boca enquanto seus olhos continuavam distantes observando o quintal a sua frente, com suas belas plantas espalhadas pela pequena propriedade. Tudo era tão lindo, mas vazio e silencioso. Um cenário que a fazia questionar para quem deixariam tudo o que lutaram para conquistar, com quem mais fariam memórias, com quem as compartilhariam?  

A vida passava assustadoramente diante de seus olhos, fazendo com que temesse não ter muito tempo para desfrutar dela da forma como desejava. 

Respirando fundo, virou o rosto na direção do esposo encontrando seus olhos por mais alguns instantes de silêncio em que desejou ler sua mente e descobrir o que se passava dentro dela, mesmo acreditando que no fundo, assim como ela, ele também ainda desejava ter uma família ao seu lado. Mas, depois de tantos anos e tantas tentativas, temia que já não fosse mais o mesmo. 

— Consegue se imaginar em um fim de semana no “chalé da família” com nossos filhos? — Perguntou, sôfrega. Sua voz, quase em um sussurro enquanto mentalmente sonhava acordada com a cena ao qual descrevia. — As crianças brincando entre as árvores, correndo sobre a areia úmida e fazendo castelinhos à beira da cachoeira...   

Thomas permaneceu calado diante de suas doces e amargas palavras, mergulhado em seus olhos ao imaginar um cenário tão perfeito quanto o que ela narrava. Mesmo em silêncio, ele também desejava o mesmo, também tinha diversas fantasias como essas e, em seu coração, ainda desejava ter quantos filhos pudessem. Porém, depois de tantas noites sofridas escutando seu choro escondido, ele começou a temer “alimentar” os desejos quase inalcançáveis de seus corações, optando apenas por guardá-los para si.

Mas Rosa não, ela continuou...  

— Um fim de ano, a casa cheia... – Um pequeno sorriso atravessou seus lábios, o olhar ainda muito distante. — Uma linda árvore de natal rodeada com presentes...  

A cada palavra dita, seus olhos enchiam, não demorando a transbordar em lágrimas. Lágrimas essas que Thomas foi rápido em recolher, acariciando seu rosto molhado.  

— Eu sou feliz ao seu lado. – Ela afirmou, de repente. Voltando a mirar seus olhos apaixonados. — Mas... sinto que posso ser ainda mais completa.  Você consegue me compreender?  

— Sim, querida, eu compreendo. – Devolveu o pequeno sorriso, tranquilizando seu pobre coração ao menos um pouco, mesmo que aquela conversa já tivesse acontecido antes, milhares de vezes na verdade, mas nunca como agora, com toda essa sinceridade e com tamanha intensidade que os deixou sem palavras por longos minutos em que apenas trocaram carinhos, compreendendo que, no momento, era tudo o que precisavam.  

— Thomas...  

— Sim, meu bem?  

— Eu serei feliz para sempre ao seu lado. – Rosa afirmou com doçura, mantendo a voz baixa em uma tentativa de não transparecer a dor que ainda sentia. — Mesmo que seja só nós dois, eu ainda serei feliz.    

Diante do que ouviu, um grande sorriso surgiu nos lábios de Thomas, reconhecendo sua força em apenas proferir aquelas lindas palavras, se perdendo em seus olhos negros antes de beijá-la.   

— Eu te amo. – Sussurrou entre os beijos.   

— Também te amo.                     

♠♥•♥♠

 

Apesar do desejo ainda eminente de gerar um filho, Rosa permaneceu forte durante os dias que se sucederam desde sua última visita que fizeram ao seu médico particular, quando após isso, tanto ela, quanto seu esposo, decidiram simplesmente não tentar mais. Não que isso tenha significado o fim de seus sonhos. Não. Eles apenas aceitaram deixar que a vida tomasse o rumo que quisesse, optando apenas por se permitirem serem levados pelo que o destino havia reservado para cada um deles.

Dessa forma, mais dois anos se passaram, chegando mais um aniversário de Rosa onde ela completaria 34 anos de idade. Para a sua surpresa, ela recebeu um presente mais que inesperado de seu querido esposo...   

- Adoção? – Ela perguntou, abismada, sem muitas reações diante do misto de sentimentos que circularam em sua mente naquele instante. Em suas mãos estava um documento entregue por Thomas segundos atrás, se concentrando em ler mais algumas linhas após receber dele um sorriso como incentivo para que continuasse. — ... um bebê? – Ela perguntou em voz alta, pondo a mão livre nos lábios abertos em um sorriso emocionado, carregado de lágrimas que se apressaram em cair diante de tamanha alegria.

Ainda não conseguia acreditar na atitude linda de seu esposo, o trazendo para um abraço apertado, mesmo sem palavras a serem ditas que expressassem sua alegria e alivio por finalmente encontrarem uma solução para a dor que os atormentava durante todos aqueles anos. Um alívio que aos poucos transbordou em um choro emocionado, quando por diversas vezes havia pensado no assunto, mas nunca teve coragem de propor tal ideia por sentir-se insegura quanto ao que ele poderia pensar. Tinha medo da rejeição.   

Fora que, no fundo, ainda mantinha a esperança de que ambos conseguiriam por si só gerar um filho. Mas, depois de tanto tempo, isso havia se tornado algo tão distante... por isso, sua atitude lhe era tão preciosa.  

— Obrigado... — Ela sussurrou entre as lágrimas, ainda agarrada carinhosamente ao seu corpo.   

— Não foi só por você, querida — Ele a respondeu, docemente. Arrumando uma pequena mecha de seu cabelo antes de beijar delicadamente seus lábios. — ... foi por nós.  

 [...]

 

Alguns meses depois... 

 

Para Rosa e Thomas, os dias pareciam não passar enquanto a papelada para a adoção corria, decidindo ocupar o tempo livre com os ajustes que precisariam fazer na casa para acomodar seu bebê com conforto e segurança. Logo então, juntos, desfizeram o quarto de “bagunças”, no segundo andar e redecoraram tudo para seu pequeno, colocando também proteções nas janelas, portas, escadas, saindo as compras quando acabaram, escolhendo inúmeros conjuntinhos de roupinhas e calçados, alegres e sorridentes, como se estivessem vivendo um sonho que finalmente se tornou realidade.  

Algum tempo depois, foram autorizados a fazerem a primeira visita ao abrigo onde puderam vê-lo de longe, já que, de acordo com as supervisoras, não seria ideal que as crianças criassem laços antes de tudo estar certo para a adoção. Em suas palavras, algo poderia dar errado e ambos os lados sofreriam. Mas para Rosa, estar ali, mesmo que do outro lado daquela janela de vidro, observando seu pequeno em um berçário, dormindo serenamente, já era o suficiente. Afinal de contas, havia esperado muito por um momento como aquele. 

— Ele é lindo, se parece com você. — Thomas afirmou carinhoso, a fazendo sorrir pela comparação inesperada, mesmo que improvável.   

Ainda assim, por mais improvável que fosse, realmente havia certas semelhanças entre eles, como por exemplo, o mesmo tom negro de cabelo, os lábios finos e desenhados, os olhos escuros e arredondados. Bem diferentes de seu esposo, que eram “puxados” e pequenos.    

— Isso se chama: desejo de mãe. — Rosa respondeu, entusiasmada. Recebendo um lindo sorriso como resposta ao que disse.  

Nos minutos seguintes, ambos ficaram em silêncio, apenas admirando o bebê a sua frente, curtindo a sensação de alegria e realização, apesar de ainda se compadecerem dos outros tantos pequeninos ao redor.

Pobres crianças com passados sombrios, nenhum deles merecia estar ali, pois nem todos teriam a mesma sorte.  

— Agora, é apenas questão de tempo. — Thomas suspirou, aliviado. — Em breve, receberemos a ligação que mudará nossas vidas para sempre. — Finalizou, apertando-a em seus braços antes de deixar um beijo em seus cabelos, certos de que tudo isso ocorreria mais rápido do que imaginavam. Contudo, o tempo parecia realmente não estar a favor do casal, fazendo com que mais alguns meses se passassem. Como se não bastasse, não fora permitida outra visita desde então, tendo de suportar também a falta de notícias sobre o andamento dos processos para a aprovação final.

Diante de todos esses acontecimentos, o fim daquele ano chegou rapidamente, faltando apenas uma semana para as festividades natalinas. Ainda assim, Rosa se encontrava triste e aborrecida por desejar estar com seu bebê durante essas datas comemorativas, como sempre havia sonhado, tornando toda a espera ainda mais dolorosa, ansiosa ao ponto de sequer conseguir comer ou dormir direito, deixando Thomas preocupado, apesar de entender seus motivos.  

— Querida, você não pode ficar assim. — A aconselhou ao aproximar-se dela, que naquele momento, estava concentrada em fazer uma pequena lista de compras para a ceia, mesmo não muito animada para o evento. — Você vai acabar passando mal se não se alimentar direito.  

— Não estou com fome. — Respondeu ríspida, sem sequer direcionar seus olhos a ele.

Aborrecido por isso e pela a falta de responsabilidade para consigo mesma, Thomas apenas respirou fundo, não insistindo no assunto apenas para evitar discursões, se retirando após pegar a lista de suas mãos, deixando um breve beijo em seus lábios. Tinha em mente a ideia positiva de que, talvez, lhe dando um pouco de espaço, pudesse se acalmar. Mas, infelizmente, não foi bem isso o que aconteceu quando ela se encontrou só, caminhando pelos cômodos vazios e silenciosos da casa até parar no quarto de seu esperado filho, passando horas ali dentro, acariciando as roupinhas que, vez ou outra tirava, do armário para arrumar e reorganizar melhor. Mesmo que no fundo, não precisasse já que tudo estava limpo e em seu devido lugar. No fundo, sabia bem que toda essa inquietação era apenas seu coração apertado de ansiedade.  

Horas depois, ao anoitecer, Thomas chegou da rua, surpreendendo-se por encontrá-la adormecida entre os ursos enormes que haviam sobre o tapete azul e felpudo no chão do quarto do bebê. Em parte, sentiu-se aliviado em vê-la mais calma, descansado serenamente, mesmo conhecendo bem as tempestades que a levaram até ali.  

Decidindo deixá-la dormir um pouco mais, desceu as escadas cautelosamente caminhando até a cozinha onde planejava preparar algo bom para que comessem. Alguns longos minutos depois, quando pronto, arrumou tudo em uma bandeja para levar até onde ela ainda estava, parando no meio do caminho ao ser surpreendido por uma ligação não identificada que não demorou muito a reconhecer ser dos responsáveis pela adoção.

Enquanto escutava cada palavra atentamente, Thomas segurava o celular com firmeza apesar das mãos trêmulas, sentindo tudo dentro de si explodir em alegria ao receber finalmente a notícia de que a papelada de aprovação e liberação estava pronta. Ou seja, naquele momento eles estavam a apenas a uma assinatura de distância do seu tão desejado filho, e se tudo corresse bem, no dia seguinte, o teriam em seus braços.

Quando a chamada foi encerrada, ele não teve outra reação se não a de subir as escadas correndo, quase tropeçando nos próprios pés rumo ao quarto onde agora, sem cuidado algum, acordou a esposa com beijos e sorrisos fazendo com que ela despertasse confusa e assustada, não demorando a retribuí-lo da mesma forma eufórica após receber a grande notícia, se colocando de pé para pegar seus documentos, chaves e agasalhos caminhando juntos até a garagem onde seguiram até o local combinado.  

No caminho, uma fina garoa começou a cair sendo ignorada pelos dois enquanto apenas tentavam acalmar um ao outro iniciando uma conversa...  

— Quero meus dois sobrenomes e um seu. — Rosa afirmou de repente, escutando a risada debochada do marido em resposta. 

— Claro que não. — Negou divertido, sorrindo grande mesmo sem tirar os olhos da pista. — Um seu e um meu.  

Em contradição, ela respirou fundo cruzando os braços. 

— Tá... — Resmungou. — Mas, e o nome? Qual iremos escolher?  

Thomas pensou um pouco...  

— Que tal... Min Yoongi?  

Rosa torceu o nariz.

— É um nome muito sério pra uma criança... — Opinou. — Que tal... Jeon Jungkook?  

— Jeon Jungkook?? — Ele repetiu brincalhão, deixando escapar algumas risadas enquanto parecia pensar. 

— Qual é a graça? Eu acho um nome muito bonito.  

— É bonito. Só é... diferente.  

Rosa deu de ombros, puxando um outro assunto qualquer durante o trajeto até chegarem frente ao local onde estacionaram e desceram juntos trocando olhares e beijos até a recepção onde foram rapidamente atendidos e levados até os responsáveis pela finalização daquele processo.

Foram mais algumas horas de conversa onde escutaram todas as informações necessárias sobre a importância do passo em que estavam prestes a dar, não afetando em nada suas decisões já tomadas quando finalmente começaram a assinar a papelada.

Para finalizar aquela noite maravilhosa com chave de ouro, Thomas surpreendeu a esposa durante o preenchimento do último documento, o de registro, onde escreveu com sua linda caligrafia o nome “Jeon Jungkook” no formulário junto de seus sobrenomes. Um de cada. Como haviam combinado horas atrás.   

— Perfeito. — Ela suspirou, sorridente, se colocando de pé junto dele para que se despedissem de todos com apertos de mãos e agradecimentos por todo apoio que receberam até aquele grande momento, retornando juntos para o estacionamento, logo em seguida.

Agora a chuva caia mais forte, marcando aquele acontecimento com um toque especial enquanto se abraçavam e se beijavam apaixonadamente sem se importarem com o quanto ficariam ainda mais molhados caso não se apressassem a entrar no carro.

O caminho de volta não foi diferente enquanto sorriam anestesiados pela alegria que ainda resplandecia em seus rostos.

— Jeon Jungkook... — Rosa suspirou, sonhadora.  

— Gostou né? 

— Sim, eu amei. — Ela afirmou sorridente, se inclinado para beijar a bochecha do esposo, permanecendo próximo a ele, após isso.  

— Sabe querida, isso não é uma desistência. Muito pelo contrário, é apenas o começo. — Thomas a surpreendeu, mais uma vez, tirando mais alguns sorrisos de seus lábios antes de senti-la repousar em seu ombro, deixando mais alguns beijinhos carinhosos em sua pele. — Ainda seremos uma família grande e feliz. — Finalizou, encontrando rapidamente os olhos da amada antes de voltar a encarar a estrada a sua frente, sendo surpreendido quando em um milésimo de segundo, em meio àquela chuva forte, se assustou ao enxergar, bem à sua frente, o que parecia ser a silhueta de um jovem no meio da pista.  

— Meu deus! — Ele gritou apavorado. Espantando Rosa ao seu lado, que não teve tempo de entender o que estava acontecendo, mas apenas de se segurar como pode no instante em que ele girou o volante bruscamente na tentativa de evitar um impacto, seguido de uma tragédia devido à proximidade em que estavam.  Contudo, por conta da pista molhada ele perdeu o controle da direção, derrapando até cair na ribanceira onde o carro se chocou violentamente contra uma das muitas árvores que haviam no local.  

Naquele momento, a vida se tornou apenas... instantes. 

 

♠♥•♥♠

 

 

— Você pode me ouvir?

Uma voz distante ecoou nos ouvidos de Rosa enquanto ela lentamente abria os olhos pesados, sentindo-se confusa com o que havia acontecido e com onde estava, naquele momento. Olhando ao redor, ela buscou respostas as perguntas que ainda não havia feito a ninguém.  

— Se consegue me ouvir, faça algum sinal, por favor.  

A mesma voz ecoou outra vez, agora aparentemente mais próximo, fazendo com que ela finalmente enxergasse o homem de meia idade a sua frente, vestido de branco. 

— Onde estou? — Ela perguntou, levemente assustada, olhando mais uma vez ao redor antes de tentar se mover, sendo impedida pelo homem que finalmente se identificou como médico.

Ele pediu que ela se acalmasse para que ele pudesse explicar tudo o que precisava saber, sendo ignorado enquanto ela concentrou sua atenção aos muitos “tubos” presos aos seus baços, sentindo o coração acelerar no instante em que sua mente liberou um sinal de alerta, trazendo uma breve lembrança de que algo muito ruim havia acontecido. 

 E então... seus olhos dilataram.  

— Thomas! — Chamou pelo nome do esposo, voltando a olhar ao redor, a sua procura.  

— Preciso que se acalme... — O médico se apressou em pedir ao ver sua agitação, segurando seus ombros quando ela tentou se erguer outra vez, agora com menos cuidado que antes.

Os sinais de algumas máquinas se tornaram irregulares, o deixando ainda mais preocupado com seu estado.

— Fique calma, por favor. — Ele pediu novamente, sendo mais uma vez ignorado por ela, visivelmente desesperada por respostas.

— Onde está meu esposo? — Ela o questionou, ainda mais angustiada, segurando seus braços enquanto o encarava com olhos grandes e cheios a espera de uma notícia que realmente acalmasse seu coração, se desesperando por ele permanecer em silêncio. Um silêncio que a enfraqueceu por dentro, mal percebendo o toque das mãos de uma das enfermeiras quando a mesma entrou na sala, lhe lançando um olhar de compaixão enquanto injetava algo em um dos tubos ligados ao seu corpo. Em poucos segundos, Rosa sentiu seus pés e braços começarem a formigar, sentindo algumas lágrimas escorrerem de seus olhos ainda fixos no médico a sua frente antes que tudo escurecesse, outra vez.     

[...]

 

Algumas horas mais tarde, Rosa finalmente conseguiu despertar, novamente, sentindo ainda muita confusão em sua mente, porém agora, ainda mais devido ao efeito dos remédios injetados em seu corpo e da noção eminente de que algo ruim realmente havia acontecido. Mas, teria de manter a calma ou poderia ser dopada outra vez.

Então, ela teve de ter muita paciência e ter alto controle para saber esperar até que o médico finalmente retornasse ao quarto onde ela ainda estava, ouvindo em absoluto silêncio cada palavra dita por ele quando lhe contou que ela havia saído milagrosamente ilesa de um grave acidente onde metade do carro ficou totalmente destruído. Infelizmente, apenas o lado onde Thomas estava. Fazendo com que ele falecesse no local.  

— Seja forte. — Com uma das mãos em seu ombro, o médico lhe incentivou carinhosamente, apesar da frieza da profissão.

— Não peça isso, doutor. — Rosa resmungou com a voz embargada pelo choro que subia lentamente por sua garganta.  

— Mas, você precisa... — Pegando uma de suas mãos, o médico continuou insistindo, mesmo recebendo dela um olhar que lhe partiu o coração. — Você agora tem um filho a caminho que precisa de você.  

Aquelas palavras foram bem fundo em seu peito, trazendo à tona o choro sentido e cheio de dor que ainda não havia sido liberado, quando por alguns instantes, havia esquecido desse fato.  

Soltando sua mão, Rosa escondeu o rosto molhado, questionando a si mesma em como enfrentaria tudo aquilo, quando agora, parecia tão impossível...  

— Era o nosso sonho, doutor... — Ela choramingou entre as lágrimas.  

— Eu sinto muito por isso.  

Fungando entre as lágrimas, ela continuou. — Ao amanhecer, nós iriamos juntos ao abrigo para finalmente leva-lo para casa.  

Diante de sua declaração, o médico ficou confuso, juntando as sobrancelhas antes de perguntá-la: 

– O que disse?

Seu questionamento a deixou tão confusa quanto, fazendo com que ela interrompesse o choro sentido para encontrar seus olhos a espera de um esclarecimento, mesmo não tendo perguntado nada. 

Diante de sua confusão, o médico compreendeu tudo, abrindo um grande sorriso surpreso ao se dar conta do que o destino havia planejado, mesmo em meio a todo caos.

Pegando novamente uma de suas mãos, ele declarou com alegria:  

— Você está grávida.



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