Malcriado
- Ele está se comportando?
Emma perguntou enquanto o namorado a acompanhava até em casa, havia se passado algumas semanas desde que Mikey estava vivendo com o maior. Ela não tinha ido o visitar com medo dele reagir mal.
- Está sim, acabou sendo mais fácil do que eu esperava.
Não negaria que o loiro era teimoso, contudo, não era nada com que não conseguisse lidar.
- Que bom, não sei como agradecer pelo que está fazendo.
- Sem problemas, ele é meu primo também, afinal.
- Espero que ele não esteja tão chateado comigo por isso...
- Ele está bem pelo que parece.
- Obrigada por cuidar dele.
- Sem problemas.
…
- Que droga. - o rapaz de cabelos loiros resmungou ao acordar durante a noite.
Queria passar mais tempo na cama, no entanto, estava com fome. O menor caminhou a passos lentos até a cozinha, se perguntando o que iria pegar para comer.
Bocejou com sono.
- ... Mikey?
- Hm? - soltou abrindo os olhos que tinham sido apertados com a ação antes de parar abruptamente.
O menor congelou ao olhar para o moreno alto, as bochechas rapidamente ficando vermelhas.
- Que porra é essa?
- Eu estava indo buscar a toalha.
- Pervertido do caralho!
Mikey deu as costas ao outro para não o ver completamente sem roupas.
- Deixa de drama.
- Drama?! Ainda por cima é sem vergonha!
Acusou. Se arrependia de ter levantado.
- Nunca viu um pau na vida?
- Pervertido imundo.
- Eu estou indo me vestir.
- Então anda!
- Tá.
O moreno resmungou caminhando de volta para o quarto.
- Tarado...
O loiro resmungou com o rosto vermelho quando já podia abrir os olhos.
- Já pode, pirralho.
- Hum…
- Superou a crise de menino virgem?
- Vai se foder.
- Não, obrigado.
- Nojento. - se virou para ir pegar o alimento que estava atrás antes.
- Fresco.
- Eu vou começar a andar pelado pela casa também, vê se você acha legal. - resmungou.
- Eu não quero ver a sua bundinha pálida.
- ... - o menor jogou um biscoito na cabeça do maior.
- Ei, eu trabalho com sinceridade.
- Eu vou dizer pra Emma que você fica andando pelado pela casa.
- Uhum, me dá um biscoito.
- Não.
- Me dá.
- Compre os seus, passa fome.
- Eu quem comprei esses.
- Não perguntei.
O maior se aproximou para tentar pegar a embalagem, mas o outro correu.
- Volta aqui, pirralho.
- São meus!
- Me dá!
Mikey riu quando o homem tropeçou e quase caiu durante a perseguição.
- Idiota.
- Quando eu te pegar... - o maior soltou antes de passar a correr atrás do loiro.
- Você é velho, não aguenta correr!
- Veremos.
Demorou, mas no exato momento em que o menor vacilou, tinha o policial agarrado nele tentando tomar o biscoito de suas mãos.
- Para, tem outros no armário!
Gritou quando acabou caindo no sofá, o outro ainda insistindo em tentar pegar a embalagem.
- Esse já está aberto.
- É meu! Eu tô com fome!
- Você não come ele todo e você sabe.
- Você tá de implicância comigo.
- Não estou, você quem não quer me dar biscoito. – Draken negou o que era obviamente uma birra de sua parte.
- São meus, se quiser eles, me pague.
- Pirralho, é muita ousadia da sua parte.
O homem parou seus avanços para rir da fala do menor.
- Eu sou um homem de negócios.
Manjiro falou aproveitando para ajeitar melhor o biscoito que o outro antes quase pegava. Ele - no entanto - se viu levemente em choque ao ver o sorriso do maior.
Talvez, só talvez, o moreno fosse muito bonito quando sorria.
- Dois reais pelo saco.
- Além de negociador, eu sou caro.
- Fica com os biscoitos, Virgem de Calcutá. – o policial apenas desistiu.
- Como é?!
- São todos seus, virjola.
- ... Qual é o seu problema?!
- Só falando.
- Eu não sou virgem!
- Pessoas não-virgens não dizem isso.
- Cala a boca!
- Também não ficam putas quando são confrontadas sobre isso.
- Eu não estou puto.
- Tem certeza?
- …
- Viu?
- Mas você é chato, hein.
- Boa noite, Mikey.
Passou a mão pelo cabelo loiro, bagunçando os fios.
- Hum... - o menor apenas resmungou emburrado.
Dessa vez poderia comer em paz.
…
Draken suspirou ao chegar cansado do trabalho, quase caindo de sono de tão exausto que estava.
- Boa noite, velho. - o garoto o cumprimentou sentado no sofá.
O mais velho apenas pousou os olhos desinteressados nele antes de caminhar até o sofá, suas pálpebras pesavam de sono, não estava com disposição o suficiente para ir tomar banho e deitar na cama depois do turno da noite que teve.
- Ei!
Mikey reclamou quando o maior deitou no sofá, apoiando a cabeça em seu colo.
- Estou cansando.
- Quem disse que isso é problema meu?
- ... - o maior apenas o ignorou se ajeitando.
- Sai, vagabundo!
- Eu passei a noite trabalhando.
- Mas isso não é...
O menor suspirou frustrado ao perceber que o moreno já havia pego no sono. Revirou os olhos enquanto tentava não se mexer muito.
Ainda que sem querer muito, deixou o moreno dormir ali enquanto voltava a assistir o filme, diminuindo um pouco o volume da televisão.
…
Ken se mexeu inquieto antes de acordar, notando que estava sozinho no sofá.
- Ei, palhaço. - ouviu a voz baixa de Mikey.
- Hm? - soltou preguiçoso, levando os olhos ao rapaz que tinha uma expressão emburrada lhe oferecendo uma caneca.
- Bebe isso.
- O que é?
- Chá. - resmungou - Bebe e vai tomar um banho, você tá fedendo.
- O que você botou aqui? - olhou desconfiado, se sentando no sofá.
- Nada, mas agora estou com vontade de derramar.
- Obrigado, pirralho.
O maior resmungou enquanto levava a xícara aos lábios.
- Não foi nada.
Ryuguji se viu surpreso por um momento, quando - de fato - a bebida estava boa e sem nenhuma "surpresa". Pôde enfim tomar tranquilo, reparando no garoto que esperava para pegar a caneca de volta.
- Obrigado.
Agradeceu de novo ao entregar a caneca vazia, sorrindo antes de deixar que seus olhos percorressem a pequena estrutura do loiro.
- Agora sobe e vai tomar banho. - o menor “pediu” antes de seguir até a cozinha.
Não tinha notado o olhar do homem sobre as coxas fartas, que o acompanhou até que sumisse na porta do outro cômodo.
O maior levou a mão ao rosto, esfregando o local com força como forma de repreensão por lançar tais olhares na direção do menino.
- Eu realmente preciso de um banho. - resmungou para si mesmo.
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