Jennie
Acordei em meio a lençóis brancos e sentindo meu corpo completamente relaxado. Por alguns segundos fiquei perdida no espaço e tempo sem saber onde estava até finalmente recordar da maravilhosa noite com a surfista da praia. Sentei na cama e percebi que meu corpo ainda estava despido. Certo, onde minhas roupas ficaram? Provavelmente fui carregada até ali quando acabei adormecida em algum momento. Mas onde estava a garota? A cama estava bagunçada, sinal que eu não havia sido a única a dormir ali, mas havia acordado sozinha. Pra ser sincera, tudo o que eu quero fazer neste momento é continuar a dormir, mas no momento é impossível. Preciso voltar pra casa e dar fim ao que começou ontem.
Antes que eu pudesse definitivamente me levantar e ir atrás de minhas roupas, Lalisa apareceu pela porta do quarto carregando uma badeja com algo que supus ser o meu café da manhã, me pegando totalmente de surpresa. Atenciosa, isso é bom. A surfista usava uma regata de corte masculino longa, chegando até metade de suas coxas torneadas que, céus, são um pecado. O tecido caia perfeitamente naquele corpo que poderia dar inveja a qualquer modelo profissional. Linda, talentosa, um bom sexo. Lembrei-me do jantar que ela havia feito na noite anterior e para uma estudante, ela já cozinhava maravilhosamente bem, então sequer cogitei a ideia de dispensar aquele café da manhã que tinha uma aparência apetitosa demais e um aroma melhor ainda.
— Pra uma estudante, você até que cozinha perfeitamente bem. – externei meu pensamento, sendo sincera com a garota assim que ela sentou ao meu lado, posicionando a badeja entre nós e me presenteando com o seu sorriso costumeiro.
— Agradeço ao elogio, mas ainda tenho muito a aprender. — e me mostrando que era possível, o sorriso aumentou em seu rosto. — Mas vamos lá, tome o seu café e depois você pode escolher o que faremos no dia de hoje. — incentivou com energia suficiente para preencher o ambiente. Como ela consegue? E como assim escolher o que faremos? Ela está mesmo pensando que ficarei o dia todo com ela?
Não, não, não, não.
Uma noite já foi suficiente. Me mantive calada e hesitei demoradamente em pegar uma das fatias de torrada disposta ali. A ouvi expirar pesado, levantou da cama e saiu do quarto. Acabei pegando o copo com suco, que identifiquei ser de morango, tomei dois goles generosos antes de me levantar da cama e enrolar o lençol em meu corpo, ignorando a xicara de café disponível para o meu desjejum. Minhas roupas, era preciso achar minhas roupas de uma vez.
Antes de sequer chegar à porta do quarto que esteve aberta durante sua ausência, a surfista reapareceu com minhas roupas dobradas em sua mão. Manoban não olhava para mim, seus olhos estavam presos em suas mãos e revezavam com os pés descalços no chão coberto por um tapete felpudo. Eu não queria ter aquela conversa exatamente agora, não despida, não no meio do quarto que provavelmente era dela, não quando ela demonstrava interesse demais.
— Acho que você só quer ir embora, certo? — sorriu pequeno, de canto.
Ah, por favor! Não.
— Isso, — comecei apontando para mim e depois para ela. — nem deveria ter passado da noite de ontem. Não sou do tipo que sai transando com qualquer pessoa na primeira vez que a vejo. — certo, essa é uma mentira, mas era precisa no momento. — Preciso zelar pela minha vida particular, me dar ao respeito como uma mulher ou logo tudo cai na mídia e minha reputação vai pro lixo. Veja bem, estou sempre sendo perseguida pelos paparazzis que me infernizam dia e noite, vim pra cá pra fugir de tudo o que tenho vivido em São Francisco, para me reencontrar, dar um tempo de qualquer coisa. Eu disse isso a você.
Mesmo que ele já fosse mínimo, o sorriso em seu rosto se perdeu. Seus olhos ganharam uma tonalidade escura, o brilho havia realmente desaparecido. Ela me fitava séria e analítica, como se pudesse ler tudo em mim e, naquele momento eu poderia acreditar que realmente pudesse, mas seria demais, só nos conhecemos a algumas horas, por mais que nossa química durante o jantar tivesse me dado a impressão de que nos conhecíamos a anos.
— Você tem um pensamento antiquado e moldado por conceitos machistas. — soltou me tirando do sério. Quem ela pensa que é pra me julgar dessa maneira?
— O quê? — oh sim, minha voz saiu algumas oitavas acima do normal. Eu geralmente não me irrito fácil, todavia, Lalisa está insinuando coisas que não faz a mínima ideia.
— Ah, por favor! Esse seu pensamento de não transar na primeira vez que conhece uma pessoa e blábláblá. Que precisa se dar ao respeito, que a mídia sufoca e etecetera.
— Como ousa? Sua insolent...
— Você é livre pra fazer o que quiser, Jennie. Se aconteceu algo ou não, isso é problema seu. Mulheres com pensamentos machistas assim acabam, em sua maioria, frustradas sem sequer aproveitar a vida com tudo o que ela pode oferecer, ou muito pior. Você é dona da sua vida. O ponto da questão é se valorizar e disso você sabe. Mas o que não parece saber é que, se você souber quem você é, ninguém jamais terá poder sobre sua vida, sobre você ou suas escolhas, muito menos de opinar sobre algo. As fofocas nunca vão parar, você as evitando ou não, mas a escolha de ignorar, fingir que nunca aconteceram, é totalmente sua. A escolha de viver uma vida de mentiras apenas para aparecer bem em capas de revistas é totalmente sua, mas é infeliz. – bufei irritada. Irritada com ela, irritada comigo por ter me enfiado nessa situação por atração sexual. — E não adianta ficar brava comigo. É a segunda vez que você me diz o quanto isso te sobrecarrega. Ter que viver uma vida regrada, que você fugiu pra cá por causa disso.
— Você não sabe nada sobre mim! Ou sobre meus valores, muito menos sobre minha vida. — acusei alterada, segurando o lençol contra o meu corpo tremendo de raiva.
— Então me permita saber. Eu passei a noite toda falando de mim e você me deu apenas migalhas, coisas que por ventura acabei lembrando. Lembro das palavras estampadas na revista que vi. “Arrogante, mas talentosa”. “Jennie Kim é vista em uma balada LGBT acompanhada de duas de suas modelos. Seria a queridinha da Chanel, gay?”. — Lalisa falava sem parar, passando por mim e depositando minhas roupas em cima da cama. Sua voz era suave, em momento algum ela se mostrou tão fora de controle quanto eu estava ficando. — Pra na semana seguinte passar pela mesma banca e ver outra capa estampada com uma foto sua e algum modelo parisiense saindo de outra balada. Foi até mesmo engraçado pra falar a verdade — ela riu, mas nenhum pouco divertida. — Lembro até mesmo que cheguei a pensar: Nossa, quero ser como essa garota um dia. E Jennie, pra quem não quer fofocas, você parece não se importar com coisas assim quando está envolvida no trabalho ou sabe-se Odin o que mais. Então por que está me dizendo essas coisas?
Ela tinha razão. Ela tinha completa razão. Ouvir isso de uma desconhecida era como levar um tapa na cara. Um tapa merecido, doloroso.
— Admita Jennie, admita apenas para você, que adorou a nossa noite. Admita que precisa viver sem todas essas preocupações idiotas e mandar essas fofocas todas pra bem longe. Você já é bem grandinha pra fazer o que quiser, é bem sucedida, Deuses, você trabalha pra uma empresa mundialmente conhecida, tem a carreira completamente estruturada e já não dá satisfações aos seus pais. Então o que te impede?
Eu nada disse, apenas peguei minhas roupas de cima da cama, olhei em volta em busca de algum lugar em que pudesse me trocar, a garota de pele dourada notando minha busca, deduziu o que estive procurando e se adiantou.
— Segunda porta a esquerda. — e saiu do quarto, me dando mais liberdade para fazer o que tinha que fazer para sair dali.
Entrei no banheiro remoendo dentro de mim tudo o que havia escutado. Lalisa sequer me conhece, mas falou coisas que realmente me fizeram perder algum tempo pensando. A garota Manoban estava certa em muitos pontos, mas em outros ela sequer faz ideia de como é realmente difícil lidar, de simplesmente jogar tudo para o alto. Definitivamente, não posso me dar a esse luxo.
Depois de um banho rápido, feito uma higiene bucal improvisada e devidamente vestida, encontrei Lalisa sentada no sofá da sala onde havíamos tido momentos muito prazerosos na noite anterior e só o fato de recordar novamente o que havia acontecido, meu corpo inteiro esquentou. A meia hora atrás estava dispensando a garota e agora estava aqui, lembrando do prazer vivido e do quanto estava surpreendida com a quão relaxada ela me fez sentir.
— Te levarei em casa. — informou, me tirando do mundo dos pensamentos. Tentei não parecer muito desconcertada por ser pega a observando depois da conversa acalorada no quarto da garota.
Assenti positivamente e no segundo seguinte Lalisa subiu correndo rapidamente as escadas para trocar de roupa. Quando estava pronta nos encaminhamos para a garagem da casa e embarcamos no automóvel que definitivamente, era perfeito para ela. O caminho de volta para Malibu foi em um silencio desconfortável, nem sequer a música que tocava no rádio conseguiu me distrair do burburinho em minha cabeça. O sol lá fora estava forte, busquei as horas no visor no rádio do carro e notei o quão tarde já era. Eu realmente havia dormido demais na casa da garota, eu realmente tinha ultrapassado todos os limites do aceitável para apenas um caso de uma noite. Talvez por esse motivo ela tenha considerado a ideia de que manteríamos contato.
Abri completamente o vidro da janela e tentei me concentrar na paisagem do lado de fora, sentindo o vento que entrava e brincava com meu cabelo, me fazendo fechar os olhos em alguns instantes, apenas apreciando. Lalisa se mantinha séria e concentrada na estrada, o visual despojado me chamava atenção, não mentirei. Mesmo com uma calça folgada, que mais parecia comprada em um brechó do que em uma loja de confecção em um shopping, uma camisa duas vezes maior que o tamanho que consideraria adequado para ela, tudo parecia cair perfeitamente em seu perfil esguio e jovem.
Ao entrarmos no bairro de classe alta onde minha casa estava localizada, Lalisa diminuiu a velocidade e virou-se rapidamente em minha direção.
— Por favor, me guie. Nunca estive por aqui antes. — pediu.
— Não é necessário Lalisa.
— Por favor, eu insisto. Não seria justo deixa-la aleatoriamente pelo bairro.
— Tudo bem. — concordei.
A surfista e comprimiu os lábios ao fazer a curva levemente fechada daquela rua e rapidamente, levou a mão direita até a franja, afastando um pouco os fios de seus olhos. Minhas instruções eram mais coisas como: continue reto, dobre a direita, continue reto, mas ela parecia entender perfeitamente sem precisar de muitas explicações para aonde deveria seguir, portanto não demoramos para chegar até a entrada que levava as casas que tinham acesso diretamente a praia.
Manoban fez questão de me deixar em frente ao portão alto de madeira da casa de minha mãe. Quando saltei do jipe Jimny Suzuki amarelo da garota, uma ideia estava martelando em minha cabeça. Afinal, não seria de todo mal levar em consideração um pouco daquilo que ela havia dito, então antes de fechar a porta do carona, apoiei minhas mãos na porta aberta e no banco do qual havia acabado de descer, busquei sua atenção e quando a recebi, notando que ainda não havia fechado a porta, Lalisa soltou as mãos do volante e se pôs a me olhar, com as sobrancelhas levantadas, levemente confusa diante do meu silencio e por ainda estar ali parada. Não julgo, levando em consideração que praticamente quis fugir da sua casa mais cedo.
— Desce também. – sugeri e ela me olhou por mais alguns segundos antes de notar que eu estava falando sério. Desligou o carro retirou o cinto de segurança. Desceu dando a volta no automóvel rapidamente. Caminhou até mim e pôs suas mãos no bolso de trás da calça jeans de lavagem clara, que escondiam quase completamente o tênis que usava, esperando por mais detalhes. – Eu vou trocar de roupa, fazer algumas ligações necessárias... Por que você não faz algo delicioso pra gente almoçar no deque, de frente para a praia, hm?
Lalisa parecia realmente surpresa com o que saiu de minha boca. Novamente, não a julgo. Ela concordou imediatamente com a ideia de cozinhar para nós uma segunda vez, acredito que, pelo brilho que ganhou os olhos expressivos, a garota havia ficado feliz de receber aquele convite. Ao entrarmos em casa, a surfista ficou admirando a decoração do lugar com uma carinha de espanto que quase me fez rir alto, mas me contive, estava longe de cogitação deixa-la desconfortável naquele momento. Minha casa, ou melhor, a casa de minha mãe, diferente da casa de Lalisa, exibia muito luxo. Um luxo exagero, mas característico da senhora Kim, algo que nunca fui fã. Para mim, um lar deveria ser leve, sem extravagancias e principalmente aconchegante. Mesmo conhecendo pouco de interiores, sabia que a casa de praia de mamãe era carregada demais para o proposto.
Antes de ir a minha suíte caminhei até Lalisa, a puxei pelo colarinho de sua camisa e selei nossos lábios em um selinho significativo. Ela precisava entender que as coisas aconteceriam, mas depois seria necessário dizer a jovem Manoban exatamente como as coisas seriam. Assim evitaríamos situações como a que aconteceu antes de voltar para Malibu, e convenhamos, era quase impossível resistir aquela boca depois de prova-la uma vez, principalmente quando ela se mostrava tão interessada em continuar com a nossa sessão de ontem à noite. Sendo assim, vamos aproveitar por mais um dia. Não faria mal algum. Certo? Certo.
Segurei em seu queixo, exigindo com que ela me olhasse diretamente nos olhos sem se afastar. Bom, muito bom. Ela sabia responder a comandos mudos.
— A cozinha fica por ali, a esquerda. Tem algumas coisas na geladeira e espero que encontre algo que esteja no nível do jantar que fez para gente. E precisamos conversar seriamente após a refeição. — Manoban apenas assentiu e com um meio sorriso, piscou para mim se afastando logo depois.
Levei um tempo considerável procurando uma roupa que me permitisse aproveitar o sol, mas que também me deixasse confortável para o momento que consistia em um almoço com minha parceira sexual. Resolvi de última hora, fazer uma higiene melhor do que a rápida feita na casa de Lalisa, então acabei demorando consideravelmente para efetuar as ligações que eram necessárias. Precisava relembrar Andy e Gab, minhas assistentes, que os tecidos novos chegariam amanhã pelo cair do dia e que deveriam ser transportados diretamente para o galpão de costura. Precisava deixar avisado também que a pasta com o nome dos modelos, os quais eu possuía interesse, estava em meu apartamento e que era necessário que todos fossem contatados com antecedência, contratos escritos redigidos e enviados até o final daquela semana para a central analisar e enviar aos escolhidos.
Sim, no mundo da moda é preciso ser rápido, trabalhar com antecedência, providenciar parcerias e contratos da noite para o dia, para que assim pudéssemos ter exclusividade. Trabalhar em conjunto com uma agenda mundial que nunca pode ser alterada, era motivo das minhas maiores dores de cabeça. Modelos sempre acabam presos em campanhas por tempo demais, algumas vezes são trabalhos rápidos, mas que podem atrapalhar completamente todo o planejamento de palco, desfile de uma coleção, projetos de marketing e suas divulgações.
Sou conhecida pelo meu trabalho de dar rosto a cada peça da coleção, não é à toa que quando uma peça é lançada, cada modelo da Chanel ganha o seu nome associado ao modelito em que desfilou. O mais vendido da penúltima coleção foi o modelito que a modelo Gizele Oliveira, usou. Confesso que o calendário e sua agenda com a Victoria’s Secret, quase fodeu com o meu próprio calendário, mas no final, escolhe-la causou tanto burburinho e vendas na América do Sul e demais Países, que toda a dor de cabeça valeu a pena. Eu literalmente humanizo meus sketchs, então cada modelo escolhido é essencial para dar continuidade ao trabalho. Ok. Eu não deveria estar fazendo ligações de trabalho quando tinha viajado até Malibu justamente para me afastar disso, mas era jogo rápido, um mal necessário para que meu estado de espirito pudesse ficar completamente zen pelo resto do tempo que ficaria por aqui.
Levei ainda algum tempo secando meu cabelo de forma adequada e o escovando. Passei rapidamente uma maquiagem básica, nada exagerada, apenas o suficiente para enfrentar o resto do dia e ficar ainda mais desejável, se é que isso fosse possível. Afinal, sou uma grande gostosa.
Sorri pra minha imagem refletida no espelho e ao levantar meus cabelos para prende-los em um coque desleixado prevendo que seria melhor no calor da tarde, pude notar duas marcas singelas que por hora não estavam roxas, mas tinham um tom levemente avermelhado. Os fleches com lembranças do momento em que ela os fez, me causou um frio intenso na espinha, um arrepio gostoso que levou ao meu baixo ventre uma deliciosa pontada. Sorri ainda mais aberto com a percepção de que, sim, eu queria muito transar com Lalisa outra vez.
Inferno!
A desgraçada até quieta e sem dizer nada consegue o que quer. Nunca o ditado “comer calado” fez tanto sentido na minha vida.
Quando cheguei a entrada da cozinha, o aroma de que tomava conta do espaço era delicioso. Manoban realmente tem talento para a coisa. Caminhei silenciosamente até ficar atrás do seu corpo, mas sua atenção estava voltada para a missão de vasculhar a geladeira atrás de algo que eu sequer fazia ideia. Envolvi minhas mãos em sua cintura e senti o corpo de Lisa tencionar assustada, ao notar que se tratava de mim, relaxou, fechou a geladeira em um movimento desleixado e virou o seu corpo de frente ao meu. O sorriso confiante que quase nunca deixava seu rosto estava presente. Envolveu seus braços por cima dos meus, me deixando rendida, levando os meus próprios para repousar em seus ombros. As mãos grandes e quentes, pousaram em minha cintura. Seus olhos me estudavam cuidadosamente para saber exatamente o próximo passo que deveria tomar enquanto os meus tentavam, ao máximo, deixar explicito que ela não deveria pensar demais. Nosso tempo era curto. Aproveite, Lalisa Manoban!
Quando capturou meus lábios nos seus, um gemido consideravelmente alto escapou de ambas. O encaixe era perfeito, os lábios doces e macios, suaves, ganhavam os meus com facilidade, mas meu corpo estremeceu e minhas pernas quase cederam, quando a língua de Lalisa invadiu minha boca explorando, em sua dança sensual, arrancando todo o resto de sanidade que me restava naquele instante. Um beijo profundo, intenso, lento, quente como ela.
Me afastei brevemente, com muita dificuldade, tentando recuperar um pouco de ar. Minhas mãos percorreram seu ombro largo e subiram diretamente para a sua nuca, embrenhando meus dedos nos fios escuros e sedosos que estavam soltos, agarrando firme por ali, ganhando em troca um gemido baixo, gostoso que acendeu ainda mais todo o meu corpo. Sua testa repousando na minha, os olhos fechados e quando menos esperei o contato foi perdido ao que fui suspensa e colocada sobre a bancada da cozinha em um único movimento. Lalisa se postou entre minhas pernas e o beijo que antes era lento se tornou voraz, preciso.
— Eu... preciso sentir você. – confessei excitada assim que nossos lábios se separaram em busca de ar novamente.
Um sorriso pervertido ganhou proporções naquela boca deliciosa, os olhos da garota queimavam sobre mim. Senti minha intimidade se contrair, o efeito que a surfista causava em mim não era novidade a essa altura do campeonato, mas ainda me deixava assustada. As mãos habilidosas buscaram desamarrar os cordões do short de corte simples que estava usando naquele momento. Prevendo o que iria acontecer, tratei de ajudar no processo de me livrar da roupa em meu corpo segurando o sorriso safado que ganhou o meu rosto ao que Lalisa quase grunhiu ao perceber que, por baixo do tecido, não havia roupa intima.
— Você....
— Sim, eu já estava com a ideia na cabeça quando vim encontrar você. – falei a interrompendo.
Menos conversa, mais ação, Manoban!
Nos buscamos ao mesmo tempo. Mãos avançaram em minhas coxas, dedos ágeis arranhavam e apertavam com força os lugares certos, intensificando a necessidade que sentia de tê-la de uma vez por todas dentro de mim. Estremeci quando Lalisa chegou até onde eu ansiava desesperadamente por seus toques. Os movimentos das pontas dos seus dedos sobre meu clitóris estavam me deixando mole, gemendo de olhos fechados, completamente entregue. Sua boca caiu sobre a curvatura do meu pescoço e junto as mordidas, vieram os rastros de saliva, beijos quentes que só me faziam arrepiar e puxa-la contra o meu corpo, gemendo miseravelmente contra ela e para ela.
— Isso, geme pra mim. Geme gostoso pra mim, Jennie! — pediu, a voz sensual e afiada causando ainda mais prazer e sensações indescritíveis ao meu corpo.
Eu estava tão molhada que Lalisa não encontrou dificuldade em escorregar dois dedos para dentro de mim quando se sentiu satisfeita em me torturar com as massagens em meu clitóris. Revirei os olhos rendida. Abri ainda mais minhas pernas para ela que enquanto mantinha um ritmo delicioso em suas estocadas, gemia baixinho ao pé do meu ouvido. Não demorou pra sentir aquele formigamento no ventre tão conhecido. Entrei em êxtase quando a sensação tomou conta do meu corpo e desmanchou-se em um gozo necessitado, aliviando todo o meu ser.
Recebi seus lábios sobre os meus em um beijo calmo, molhado e atencioso para lentamente se retirar de dentro de mim. Lalisa reconhecia até mesmo o quanto eu ficava sensível por ali após um orgasmo. Suspirei quando seus dedos saíram por completo. Eu realmente queria mais daquele contato, mas Manoban cessou o beijo, levou os dedos que havia usado para me foder até a boca e os degustou. Merda! Essa garota com toda certeza vai foder não só com o meu corpo, mas com todo o meu juízo.
— Preciso terminar de fazer nosso almoço. Vá descansar, quando estiver tudo pronto levo até você, okay? — perguntou retoricamente, arrumou alguns fios do meu cabelo que escaparam do meu penteado desleixado, colocando-os atrás de minha orelha, o polegar desenhando a linha de minha bochecha e maxilar delicadamente. — Você é incrível Jennie e merece viver a vida da maneira que quiser. — sussurrou antes de se abaixar e me devolver o short caído no chão.
Eu realmente apreciava a maneira como ela tentava sempre me mostrar que haviam outras formas de viver a vida. Apreciava o fato dela ser atenciosa com minhas necessidades e principalmente por me proporcionar momentos como o que acabamos de dividir nessa bancada. Mas Lalisa precisava saber que sim, eu me valorizava e que era justamente por isso e por realmente não ter tempo para algo a mais em minha vida, que nenhum dos meus casos passavam de apenas uma noite nos últimos dois anos. O fato dela ser jovem, poderia ser um fator realmente valido para que ela não enxergasse o mundo como enxergo ou que não entendesse a posição a qual me encontro no meio em que trabalho. Mas de uma coisa ela estava certa, eu sou incrível e eu mereço viver a vida da maneira que quiser.
Apenas sorri para a garota, balançando a cabeça positivamente, evitando entrar naquele assunto outra vez. Não era hora. Desci da bancada com sua ajuda e a observei me dar as costas para lavar as mãos e voltar ao que fazia anteriormente. Caminhando para o deque da casa, olhei vagamente por cima do ombro em direção a cozinha de onde agora só se ouvia barulho de panelas sendo, sem dúvidas, manipuladas com maestria.
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