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História [Mandeich] Um Amor Nascido na Pandemia - Cloroquina


Escrita por: CapibaraWitchReserva

Capítulo 4 - Cloroquina


A situação anda tão difícil para Teich que Mandetta não deixou mais o apartamento funcional do ministro, ficando por ali direto. Já no dia seguinte daquela vergonhosa coletiva, o oncologista não parecia nada disposto a ir trabalhar, mas se levanta e vai, mesmo a contragosto, enquanto Henrique fica e passa o dia lendo as notícias sobre a pandemia e conversando com os amigos e funcionários do ministério, pra conseguir mais informações. Quando Teich retorna, tarde da noite, ele não está tão mal quanto no dia anterior, mas ainda parece exausto. Ele larga a maleta no chão, se desfaz dos sapatos, da máscara, do paletó e da gravata e se junta a Henrique no sofá, o abraçando e descansando a cabeça no ombro dele.


Mandetta: e aí, meu bem? Como foi seu dia?

Teich: hm... Bem, eu acho...

Mandetta: cê tá bem?

Teich: uhum, só estou cansado.

Mandetta: tem certeza?

Teich: tenho, não se preocupa.

Mandetta: ok, então... Quer que eu te prepare alguma coisa?

Teich: estou sem fome...

Mandetta: êê Nelson, já conversamos sobre isso! Saco vazio não pára em pé! (Risos) fica aí que eu vou preparar uns sandubão daqueles bem reforçados pra gente!


Ele levanta do sofá e depois de alguns minutos, retorna com dois sanduíches e dois copos de suco de laranja.


Teich: se continuar me mimando desse jeito, vou ficar mal-acostumado. (Risos)

Mandetta: vou correr esse risco. (Risos)

Teich: ... Henrique.

Mandetta: hm?

Teich: o que significa "fritar" alguém?

Mandetta: (risos) cê não sabe? É pegar uma pessoa e colocar num caldeirão de óleo fervendo!

Teich: tá, eu já sabia que você ia dizer isso. (Risos) mas é sério... Hoje eu passei no Palácio do Planalto pra falar com o presidente e... E eu escutei o Braga Neto comentando com o general Heleno que eu estou sendo "fritado" pelo presidente.

Mandetta: ...

Teich: o que isso significa?

Mandetta: ... (Suspiro) isso significa, Nelson, que o presidente está fazendo com você a mesma coisa que ele tentou fazer comigo. Já que ele não está satisfeito com os seus últimos posicionamentos em relação ao isolamento e principalmente em relação a cloroquina, ele agora está criando jeitos de se livrar de você sem ter que te demitir.

Teich: quê?? Como assim??

Mandetta: se o presidente te demite, ele vai ter que arcar com uma enxurrada de críticas e até uma repercussão negativa mundo afora por demitir o segundo ministro da saúde em menos de um mês no meio da pandemia. Como ele não quer esse ônus, ele está criando situações pra que você mesmo não aguente mais e peça demissão. Aí ele vai poder dizer "olha, não fui eu que demiti o ministro, ele que não aguentou e não quis mais".


Nelson o escuta em silêncio, percebendo que tudo isso faz sentido.


Mandetta: se você quer saber mesmo... Pra mim, aquela situação na coletiva de ontem foi proposital. Foi uma ação pra te constranger e te fazer querer desistir.

Teich: Deus... O que eu devo fazer?

Mandetta: ou você segue seus princípios e tudo o que você aprendeu sobre ciência e medicina... Ou você pode tentar salvar o seu cargo e dizer que cloroquina é a solução.

Teich: ...

Mandetta: posso te perguntar uma coisa?

Teich: claro.

Mandetta: por que aceitou ser ministro dele? Você com certeza acompanhou tudo o que aconteceu comigo, antes de eu ser demitido.

Teich: acompanhei sim... Eu assistia às suas coletivas todos os dias e lia toda notícia que vinha sobre a pandemia. Pra te falar a verdade, achei que todo o problema entre você e o presidente era disputa política. Então quando o presidente me convidou pra ser ministro, achei que eu não ser político seria um ponto a meu favor. Que isso e meu perfil mais discreto fariam o presidente confiar mais em mim e levar mais a sério as minhas posições.

Mandetta: hm... Tendi. Então, você me assistia, é? Todo dia? (pisca um olho)

Teich: (risos) não era só porque você é bonitão e tem essa voz de locutor de rádio não, tá?


Logo o assunto acaba morrendo e os dois médicos preferem passar o tempo abraçados e assistindo a "House". A distração e o contato físico com Henrique fazem Nelson esquecer dos problemas da pandemia e no ministério e se sentir em paz como não conseguia se sentir há um bom tempo.

Mais uns poucos dias se passam e chega o dia 14 de maio. Teich continua a ser ininterruptamente pressionado por Bolsonaro a assinar um novo protocolo autorizando o uso de cloroquina nos tratamentos de covid leve e moderada. Mas todos os estudos que o ministro havia encomendado a hospitais do país lhe mostram que o medicamento não tinha eficácia alguma e, pelo contrário, aumentava as chances de problemas no coração dos pacientes. Teich sabe que está ficando sem opções. Teria que acabar escolhendo entre sua reputação como médico e seu cargo de ministro. Mais tarde, deitado em sua cama com Henrique ao seu lado, resolve abrir seu coração ao novo amor.


Teich: Henrique, lembra quando você disse que iria me apoiar, não importando o que eu decidisse?

Mandetta: aham..

Teich: você estava falando sério?

Mandetta: é claro que sim! Sempre contigo, não importa o que aconteça!

Teich: ... Eu... Eu não aguento mais, Henrique.

Mandetta: ...

Teich: simplesmente não dá mais. Fora tudo o que eu vi nas visitas que fiz aos hospitais de Manaus e no Rio... Tanto sofrimento, tantas mortes, tantos médicos e enfermeiros esgotados... Eu já estava me sentindo impotente perante tudo isso, ainda ter que lidar com essa pressão absurda do presidente por algo sem evidência alguma... Eu vou pedir demissão amanhã.


Mandetta suspira aliviado. Isso era o que ele mais queria. Ele pôde ver claramente como Nelson estava mentalmente fragilizado nos últimos dias. Mais um pouco e sabe-se lá o que poderia acontecer com ele.


Mandetta: cê tá fazendo o certo, meu magrelo.

Teich: será mesmo? O que nossos pares vão dizer de mim? Com que cara eu vou sair do ministério em menos de um mês?

Mandetta: com a cara de quem manteve sua dignidade, o respeito à ciência e o juramento de Hipócrates!


O oncologista se convence com as palavras do outro e sorri, chegando mais perto para se aconchegar nos braços de seu amado.


Mandetta: eu tenho uma ideia, quer ouvir?

Teich: uhum.

Mandetta: quando você sair do ministério amanhã, eu te busco e a gente segue juntos pro aeroporto. Vamos embora de Brasília.

Teich: e ir pra onde?

Mandetta: ué... Pro Rio. Ou pra Campo Grande, e daí a gente segue de carro pra minha fazenda.

Teich: hm... Sabe, ver um pouco de verde e respirar ar puro seria muito bom pra nós.

Mandetta: também acho.


Decidem encerrar o assunto ali mesmo e apenas curtir o momento juntos, trocando beijos e carinhos. Saberiam o que fazer depois, no dia seguinte. A vontade de contato físico cresce em ambos, beijos não sendo mais o suficiente. Mandetta se sente nervoso de início, pois teme estar "se forçando" pra cima de Nelson, sabendo que esse desânimo dele pode deixá-lo sem vontade e sem libido. Mas não é o caso, e Teich deixa isso bem claro ao intensificar os beijos e grudar seu corpo ainda mais no de Henrique. Vendo então que tem o pleno consentimento e vontade do amante, Luiz se avança sobre ele com muita ousadia.

Terminam longos minutos depois, com seus corpos nus e suados e precisam de um momento para se recuperarem do momento intenso que tiveram. Especialmente Teich, agora mais cansado que o normal.


Teich: (suspiro) ai, Henrique... Isso foi tão...

Mandetta: maravilhoso? Incrível? Tudo de bom? (pisca um olho)

Teich: eu ia dizer algo assim, mas já vi que você vai ficar convencido. (Risos)


Cansado demais, o oncologista fecha os olhos e adormece rápido. Henrique se aproxima pra lhe dar um beijo na testa, e se levanta pra tomar um banho antes de voltar, se deitar atrás de Nelson e dormir de conchinha com ele.



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