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História Maniac. - Nostalgia


Escrita por: Eustakiah

Capítulo 10 - Nostalgia



Parecia que aquele momento não teria fim. Tomioka queria chorar, mas não conseguia. Tomioka queria correr, mas o corpo não mexia. Seu peito pesava. Nem podia manter as pálpebras fechadas, pois sua curiosidade masoquista lhe fazia permanecer obeservando atentamente aquela cena no armazém de itens esportivos. 

Mas, em compensação a sua dor, a face de Shinobu era genuinamente linda, enfeitiçante daquele ângulo, ainda mais repleta de luxúria. E os sons que sua boca deixavam escapar, tão saborosos que alimentavam a mente fértil do jovem. Imaginou-se no lugar daquele babaca do Douma, dando prazer a sua amada. Sim, seria perfeito ouvir a voz dela clamando por seu nome arfante perto do ápice.

Poderia, mesmo sendo tão errado, se tocado ali e naquela hora, aceitando a consequente culpa depois da ação — Contudo, sua fantasia acaba antes de começar, quando Shinobu se põe a chorar. Douma para o ato, limpando a boca, pergunta o que tinha de errado. Shinobu se senta, encolhendo e abraçando as pernas próximas ao corpo. 

"E-eu não posso continuar com isso. É errado." Ela chora.

"O quê? Por quê?" Douma pergunta, se afastando da garota.

"Não importa… Só... me deixa em paz."

"Foi algo que eu fiz, não é? Ei, Shinobuzinha..." O rapaz tenta tocar o rosto da menina, mas é detido quando ela vira a cabeça.

"Eu só preciso de um tempo sozinha, será que dá pra entender?!"

"Cê quem manda." Douma pega suas coisas e deixa a garota só. Saindo pela porta, se depara com Tomioka espionando "Ih, eu não sabia que tínhamos plateia. Gostou do show, esquisitão?" O loiro empurra Tomioka, e ri toscamente antes de se retirar do local.

Kocho permanece sentada no meio do armazém, chorando encolhida, sofrendo sem ter no mínimo um ombro amigo para lhe ajudar. Tomioka sentiu seu peito apertar, no entanto não tinha coragem de ir até lá consolá-la. Tinha sido babaca com ela, um verdadeiro canalha. Por que achou que um simples pedido de desculpas resolveria tudo?  

Seu racional sabia que caso se revelasse alí iria piorar a situação. Sim, não ia dar certo, era melhor sair dali. Sempre foi covarde e vai continuar sendo assim, não importa o que aconteça, né Tomioka? Se sim, então porque seus pés se moviam porta à dentro? Espera, repense, você não quer fazer isso! Ainda há tempo, dê meia volta, dê meia volta!

"Huh? Tomioka? O-o que você tá fazendo aqui?" Shinobu percebeu a presença do rapaz parado em pé próximo da porta.

"Ko-kocho, oi, eu…" Tomioka se aproxima, ajoelhando-se frente à garota.

"Espera, você tava me espionando?"

"Não, Não! Eu tava procurando por você e--"

"Seu doente!" Shinobu tenta dar um tapa  na face do rapaz, com olhos vermelhos e encharcados e rosto rubro de vergonha, mas Tomioka para-lhe o pulso antes de conseguir.

"Kocho!.. Me… me escuta!" O rapaz fala.

"EU NÃO QUERO FALAR COM NINGUÉM! MUITO MENOS COM VOCÊ!" A menina dos cabelos escuros tenta novamente o acertar, e como da primeira vez, o rapaz consegue detê-la "O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? ME SOLTA, SEU IDIOTA TARADO!" Shinobu se debate na expectativa de se libertar, mas Tomioka a imobiliza pondo seus pulsos contra o chão, posicionando-se sobre ela.

"KOCHO, POR FAVOR--"

"EU NÃO QUERO OUVIR PORCARIA NENHUMA QUE VOCÊ TEM A DIZER!"

"ME DESCULPA!" Giyuu grita, o que faz a jovem o olhar espantada.

"O-o quê?"

"Eu só queria… precisava pedir desculpas. Eu fui um babaca com você. Eu... estava confuso, chateado. Mas não justifica eu ter te tratado daquela forma! Ninguém deveria ter os sentimentos desconsiderados assim…" Durante a fala, Shinobu para de se agitar. O rapaz, como consequência, diminui a força nos pulsos da garota "Eu sinto muito por ter te magoado." Giyuu a encara nos olhos, profundamente, esperando uma resposta, ou qualquer reação dela. Depois de demorados segundos, Shinobu abre a boca:

"Você acha que você pode simplesmente vir aqui que eu vou te perdoar e as coisas vão ser como antes?" 

"...sim."

"Como você consegue ser tão cara de pau." Shinobu puxa suas mãos de volta para si. "Mas…" Ela continua, se pondo de pé e enxugando o rosto "Eu não consigo permanecer com raiva de você. Também queria que as coisas voltassem ao normal entre a gente." As palavras saiam com dificuldade da boca da garota, tendo que se esgueirar por uma brecha de humildade diante de seu gigantesco ego. Tomioka sorri espontaneamente. "Não pense que eu já lhe perdoei. Eu ainda te odeio." Shinobu se levanta, oferecendo sua mão de apoio para o rapaz levantar.

"Meio contraditório. Mas acho que é típico seu-- OUCH" Shinobu soca o braço dele.

"Contraditório é sua cara. Por isso ninguém gosta de você." 

"Sabe Shinobu, eu estou começando a achar que a gente realmente não daria certo."

"O quê? Por quê?"

"Porque você é doida-- OUCH" Kocho dá outro soco no braço dele.

"Primeiro, eu não te dei liberdade de ser quem fica provocando. Segundo, você que é o stalker maníaco entre nós"

"Eu não estava stalkeando. Eu tava te procurando e eu te achei em um momento inconveniente"

"Me parece uma desculpa de stalker" Ela instiga, dando um peteleco de leve na testa do rapaz "Mas… No fim, acho que devo concordar com você. Nós somos pessoas muito diferentes. Nunca que nós daríamos certo mesmo."

Falar tal frase doeu, mesmo maquiada por um velho bom humor, machucou-lhe como se lhe rasgasse a garganta e despedaçasse seus sentimentos. Era algo que não queria admitir, mas foi necessário. Ardia mais ainda pois queria que fosse falsa afirmação, no entanto parte de si compreendia sua legitimidade — Eram fatos, afinal. E nisso, a garota ainda se martirizava, mas se negava lidar com tal, muito menos diante daquele garoto que lhe acompanhava. No entanto, ainda estava frágil e de cabeça cheia, seu orgulho e seu ego, agora tão firmes quando um fio de cabelo, eram as únicas colunas que a impediam de desabar novamente. Precisava fugir daquela situação o mais rápido possível. 

"Mas ei, será que você poderia guardar isso em segredo? De ter me visto com o Douma, de ter me visto chorando... Eu tenho uma reputação a ser mantida, sabe?" Ela fala, e Tomioka estranha o pedido, no entanto prefere não questionar e apenas respeitar o seu desejo.

"Claro, sem problema"

"Valeu." Diz, prestes a deixar o local.

"Ei, espera. Kocho… eu preciso saber" Acelerou Tomioka atrás dela, tocando em seu cotovelo.

"Huh?"

"Por que… Por que você estava chorando?"

A garota sente uma leve pontada no seu seio, um gelar que foi da sua mente até a ponta de seus membros. Shinobu se vira e fica frente à frente a ele. Mais um segundo nessa posição, com os gélidos, gentis, cerúleos e embriagantes olhos de Giyuu Tomioka preocupados lhe encarando, seu orgulho iria lhe trair e permitir que se abrisse para ele. Talvez não fosse uma má ideia, talvez ele devesse saber o que Shinobu estava sentindo, a verdade por trás das lágrimas da garota. Mesmo tendo se afastado recentemente, eram amigos, certo? Ele entenderia o que ela passava, entenderia que parte daquilo também era sua culpa. Seria difícil falar sobre isso olho no olho, não há dúvida, entretanto é melhor do que guardar aquilo em si durante anos, permitindo que lhe corroesse progressivamente.

Mas, infelizmente aqueles segundos, que fariam toda diferença a longo prazo, não foram suficientes, e Shinobu tão somente sorriu sem esforço como retorno, apenas com as maçãs roseas do rosto.

"Não é da sua conta, Tomioka" Disse rispidamente.

"Entendo… Desculpe." Giyuu passa a mão atrás da cabeça, procurando outro assunto para falar "Então, você e o Douma né… Quem diria?"

"Eu acabei de falar que não é da tua conta, mané"

"Ah, tá certo, tá certo. Foi mal"

Um constrangedor silêncio os acompanhava conforme iam lado a lado embora da quadra — e nenhum dos dois iria fazer nada para mudar isso. Por mais esquisito estivesse sendo o momento, estavam satisfeitos, pois era bom estarem andando juntos de novo. Jamais assumiriam que ficaram aliviados depois que finalmente se resolveram, claro que não, logo esses jovens tão presunçosos? Seguravam-se até para não sorrir de bobos e denunciar como se sentiam. 

Havia uma fina intuição em comum, como um fio de esperança secreto, de que um dia pudessem sim dar certo. Mesmo contra os fatos, mesmo com todas as diferenças entre eles. Se podem no agora estar lado a lado novamente como amigos, talvez isso signifique que há possibilidade de uma segunda chance. Mas, por enquanto, talvez devessem contentar com estar tudo bem no momento, sendo só amigos.

Tomioka sente o calor da mão de Shinobu ralando na sua enquanto andavam, e tudo o que quis naquela hora era poder segurá-la e não soltar mais. Claro que não faria isso, talvez devesse ser mais cauteloso com suas atitudes de agora em diante nessa sua suposta segunda chance, pensar antes de agir, se possível manter certa distância. No entanto, lhe doía esse conflito interno de não poder tocá-la, de não poder andar com o braço em volta dela. 

Enquanto isso, ironicamente, Shinobu questionava-se por que o rapaz não segurava sua mão, tão próxima e tão quente. Espera, por que quer que ele segure sua mão? Não me diga que…? Não. Não pense nisso Kocho, ele foi um merda com você. E a fila já andou, o Douma tá doidinho por ti. Precisa seguir a vida, saia dessa situação constrangedora, quebre esse silêncio atormentador com qualquer frase, provocação, fato aleatório, qualquer coisa!


"Ei, Tomioka. Você ficou sabendo da festa do Sanemi?"





//


Talvez tivesse sido ali quando começaram com toda essa mania, com expectativas falsas e orgulho em demasia.

Foram memórias agridoces que insistiam voltar a tona após tanto tempo. Era… nostálgico, mas não do tipo bom nem ruim, apenas ambígua saudade que dominava o pensamento. Não influenciavam nem minimamente na decisão que já estava feita, só provaram que já havia passado hora de dar um ponto final nisso tudo. Talvez tivesse alguma função aliás: esclarecimento. Passavam agora por um cenário paralelo, onde tinham que decidir o futuro de sua relação. O que lhes faltava era somente maturidade como naquele dia da quadra, que foi a única vez que Tomioka teve coragem de lidar com sentimento alheio, e também a única vez que Shinobu se permitiu esquecer o passado. 

Nessa cena de hoje, contudo, precisava ter outro desfecho, pelo bem de ambos. No passado, perdoaram-se e voltaram a ser amigos — não entendiam que as coisas jamais seriam como antes. Atualmente, como já têm mais experiência, sabem que só há uma forma eficiente de lidar com tal problema. Iria doer com certeza, mas prometeram-se que seria uma decisão mútua que mesmo extrema, não haveria arrependimentos.

Pegam seus celulares, apagam seus números e deletam as conversas — todas elas sem exceção, as que contavam histórias, que marcavam encontros, que falavam assuntos importantes, de desabafos e até aquelas que continham coisas mais pervertidas. Excluem as fotos juntos ou do outro que possuíam no HD do celular, fotos essas que registravam momentos bons, românticos, cômicos — muitos momentos cômicos por sinal — e imagens deveras de explícitas e inapropriadas para se encontrar em tal hora. Por fim, para declarar oficialmente seu cyber divórcio, bloqueiam-se nas redes sociais.

Terminando a parte mais trabalhosa, só lhes restaria a despedida. Infelizmente, para o casal foi uma fase mais difícil ainda, pois não sabiam como realizá-la sem que se tornasse constrangedor. Mas, como era de se esperar devido a sua natural espontaneidade, a moça quebra o clima abraçando o rapaz vigorosamente, quase enterrando sua face naquele perfume masculino. Tomioka então descansa seu queixo no topo da cabeça dela, depositando em seu topo um suave beijo. 

— Adeus, Giyuu. Espero que seja feliz.

Tomioka não queria soltar o abraço. Queria que pudesse ficar mais tempo sentindo o cheiro de seu cabelo, aquele leve de tinta química misturado com xampu. Estava disposto a pedir desculpas de novo, implorar por mais uma chance. Entretanto, já sabia como terminaria. Precisava deixá-la ir.

— Você também, Shinobu — ele fala, soltando-se do envolver dos braços dela, e abrindo a porta do carro para garota.

Entrando no veículo, Shinobu sente um déjà vu. Aquela calçada, o táxi… Era uma situação consideravelmente parecida com quando tiveram sua última briga. Só que dessa vez, seu coração não doía. Não existia remorso, sequer mágoa. Olha pela janela do veículo, sendo capaz de enxergar aquele homem se distanciando enquanto acenava de maneira gentil. Shinobu sorri involuntariamente, grata pelo fim. 


"Fico feliz de termos nos entendido, Giyuu. Mas eu acho que vou sentir sua falta. Muita falta"


Uma súbita vontade de chorar toma conta o corpo de Shinobu. Não eram lágrimas lamentáveis, no entanto. O que sentia nesse instante se igualava a quando lembrara da memória de mais cedo. Era uma sensação vaga, paradoxalmente plena. Sem tristeza, sem felicidade, apenas nostalgia. 

Admitia que foi uma experiência emocionante em sua vida. Conhecer Tomioka, se apaixonar loucamente, fazer doideiras, tomar decisões terríveis… uma longa aventura que teve seus altos e baixos. Esquecer seria difícil, quem sabe até impossível. Mas Shinobu estava contente demais para pensar sobre isso...



Pois acabara de se libertar de sua mania.









Notas Finais


Oi turmaaaa
Eis me aqui novamente nas notas finais, dessa vez sem fatos Interessantes
Apenas despedidas e agradecimentos a serem feitos
Por mais que todas essas +40 curtidas, +700 views e +60 comentários sejam realmente incríveis, existem nomes que eu gostaria muito de destacar para demonstrar minha gratidão @Catapimbas2-0, que foi a primeira pessoa a comentar na história @Rayane_Gushiken, que foi a primeira pessoa a favoritar a história @Zezinhacontinua, que mais comentou na fic (uns 12 comentários no total só dela????) @Ookamisan1, @SolCesca, @DeathSquad, @Daniel3000, @littlereasons e @Tomiokinha que surgiram e vieram sempre comentando e dando reviews incríveis (no caso de @DeathSaquad, meio nonsense porém valeu mesmo assimkk)

E um destaque especial para @GhostMel e @marhux , outras duas pessoas maravilhosas e autoras incríveis de Giyushino que passaram a acompanhar a minha história. Recomendo DEMAIS se vcs estiverem a procura de algo interessante e emocionante para ler que dêem uma checada nas histórias delas ❤️❤️

É isso.
Sintam-se livres se quiserem me seguir para acompanhar novos projetos!
Muito, muito obrigada mesmo a todos por lerem até aqui
Até o epílogo!


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