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História Mansão Arpini - O Bilhete para Júllya


Escrita por: BiggestBlueGirl

Notas do Autor


Então... Eu sei que faz muito tempo e peço mil desculpas, mesmo que não tenha explicações... Eu sei... Nada justifica, mas aconteceu muita coisa e precisávamos de tempo e, bem, estamos fazendo o possível para atualizar... Também a falta de comentários, incentivos, críticas, favoritos e elogios nos deixam chateadas e desanimadas, mas eu prometo que vamos nos esforçar para que a fic continue e tenha um fim e desenvolvimento maravilhoso! DÊ-NOS SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE E TAMBÉM NÃO DESISTA DE NÓS PORQUE NÃO DESISTIMOS DE VOCÊS <3 Boa leitura e desculpem os erros!

Capítulo 8 - O Bilhete para Júllya


Dylan Arpini -POV's

Um arrepio percorre meu corpo enquanto troco de roupa. Coloco um terno. “Bem chique para uma festa de quinze anos” penso. A festa seria em pouco mais de meia hora e eu ainda teria que pegar Keylan, Jibby e Calissa em casa. Penteio meu cabelo, passo perfume e me olho no espelho. Geralmente eu me arrumo menos quando vou para festas. Dessa vez não convidei nenhuma garota para ir comigo, talvez por não querer muito a companhia de alguém além de Keylan. Teria sido uma boa oportunidade, mas é melhor ainda passar com um melhor amigo, já que ele também não vai levar ninguém. Bem, estou pronto. Pego as chaves do carro que estão sobre a mesinha. Terei que lembrar Elisa que só voltarei mais tarde. Passo pelo corredor e a vejo. A porta de seu quarto está aberta e a observo falando ao telefone, ela dizia palavras como “Isso mesmo, Ed. Especial vegetariano. Meu favorito”, Elisa estava pedindo comida por telefone, de nosso restaurante preferido e como era vegetariana e levava a sério o sentido da palavra, estava fazendo seu pedido de sempre. Assim que ela desliga me aproximo e pigarreio da porta.

_ Éli, vou sair e volto tarde, então, não espere por mim! - Declarei.

A garota da meia volta e me encara da outra extremidade do quarto.

_ Aonde você vai? Pretende me deixar sozinha? - Elisa cruzou os braços indignada.

_ Bem… Talvez em uma festa?!

Ela nem se surpreende.

_ Ah, uma festa… - A morena revira os olhos - Á de quinze anos da Monet?

_ Viu como você sacou rápido?! - Eu dou uma piscadinha.

_ Ah, sério? Como se o assunto não tivesse percorrido toda a escola. Vai levar quem dessa vez? - Ela se virou, sem mostrar real entusiasmo, e se aproximou da escrivaninha, em frente a cama - Espera, deixa adivinhar… Larissa? Não, ela já é passado… Britanny? Roberta? - A morena levantou uma sobrancelha enquanto debochava de mim.

Respondi calma e confiantemente.

_ Vou levar o Keylan.

Ela parecia descrente.

_ O que?! Mas por quê?! Você nunca vai sem ninguém.

Essa era uma pergunta que eu realmente não queria responder. Na verdade nem tinha pensado no assunto. Resolvi ser irônico.

_ Que isso?! Eu sou tão perfeito que só a minha companhia por si só ilumina a festa. Além disso, o capacho Keylan também não vai levar ninguém - Enfatizei na palavra “capacho”.

_ Ah… Não me importo com isso… Peraí, então, o Keylan não vai levar ninguém? Quer dizer, ele não tinha ninguém para levar? - A morena questionou. À princípio ela não demonstrara nenhum interesse até o momento em que algo lhe chamou a atenção e não consegui entender o porque se tratava de Keylan.

_ Não sei, não me importo, só to feliz mesmo porque vamos ficar juntos.

Ela assentiu e sorriu levemente, antes de mudar completamente de assunto. Talvez ela realmente não estivesse afim de saber sobre nossos relacionamentos e festas, uma vez que não era a sua praia. Ela preferia passar a noite revirando um livro.

_ Dylan, a propósito, o papai mandou te lembrar que tem aquela reunião com alguns colaboradores da empresa, uma vez que você será o sucessor dele - Declarou enquanto observava suas unhas recém pintadas de dourado.

_ Ah, claro… - Minha voz saiu mais desanimada do que estava esperando. Eu não quero ser o sucessor do meu pai! Alguém diz para ele! Tenho outros planos. Odeio só pensar nisso. Odeio a pressão.

_Hum… - Elisa pareceu perceber o meu desânimo, embora ele não fizesse ideia do que se passava em minha mente - Bem, então, está avisado - Ela parecia já ter terminado, pois estava se virando para mim, quando de repente se voltou de uma só vez - Ah, espera! Vai me deixar sozinha? Já que a mamãe e o papai estão viajando… Dá para… - Éli normalmente não parecia estar com muito medo ou perturbada, porém talvez fosse apenas porque eu estava por perto, ou nossos pais e ela não se sentia só - Ligar o alarme antes de sair? Só por precaução… Eu vou dormir mais cedo hoje também, apenas algumas sessões de ‘Cidade dos Etéreos’ e minha cama será a próxima parada - Ela finalizou estendendo o livro de capa em preto e branco em minha direção.

_ Tá certo, então…

Bati a mão direita na porta e sai.

~*~

O carro estaciona em frente a uma casa com um rapaz impaciente na porta. Ele apressa os passos em direção ao carro se distanciando da linda casa de dois andares com um lindo jardim de arbustinhos verdes. Ele segurava algo em suas mãos. O garoto deixa a casa com a luz acesa e abre a cerquinha preta pisando no passeio.

_ Então… Como estou? - O loiro começa a ajeitar e mexer freneticamente em seus cabelos e franja em frente ao meu conversível vermelho, até perceber que estava parecendo paranóico e tentar se recompor - Quer dizer, ainda temos que pegar a Calissa… -

_ Relaxa, Jibby. Vai dar tudo certo, pensa: você tá levando a garota que você gosta para uma festa, vocês vão passar um tempo juntos e… Pera, isso é um buquê?! - Dei uma olhada de cima embaixo e notei flores em suas mãos. Percebi que depois do meu comentário o garoto ficou desconfortável, tentei consertar - Nossa, cara! Parabéns… quero dizer… eu com certeza preciso adicionar isso na minha lista - Ele entra no carro mais apreensivo que o normal.

_ Você acha que ela vai gostar?

Eu não fazia ideia.

_ Claro! Que tipo de garota não gostaria… - Disse a mim mesmo que durante o caminho tentaria não falar sobre isso.

Nesse momento as rodas do carro começam a girar no asfalto.

~*~

Estacionei em frente a uma casa com um grande quintal na frente, repleto de plantas e flores, contornada por uma grade prateada e haviam duas grandes janelas de madeira branca. Estavam abertas, apesar de possuírem cortinas creme, que impediam de observarmos a casa por dentro. No alpendre havia dois bancos ornamentados e brancos com uma mesinha de centro de vidro, sustentando um vaso branco com rosas brancas, provavelmente falsas. Jibby abaixou o vidro do banco do passageiro e se virou para mim, aparentemente muito nervoso. Ele segurava firme no caule das flores do seu buquê de lírios brancos e suas mãos suavam.

_ Dylan… Eu, eu não consigo…

Eu não acreditava no que ouvia. O cara tinha coragem para ajoelhar-se na frente da garota e degradar totalmente a sua imagem social e agora não conseguia simplesmente sair do carro e tocar uma campainha?! Ele era inacreditável mesmo. Mas por outro lado, eu entendia sua preocupação. Precisava botar um ponto final nisso.

_ Sabe, eu não quero te apressar, mas estamos muito atrasados.

_ Dylan! Você não tá ajudando. Esse é aquele momento em que você me apoia e me diz palavras de incentivo!

_ Tá! É… Palavras de incentivo… Não tá meio tarde para você ligar para o que ela pensa de você?! Seja homem cara! Ela tá na sua. Se não, não teria aceitado. Você é autoconfiante! Você tá no controle, irmão. Agora sai e faz a sua humilhação pública e a nossa expectativa valer.

Ele respirou profundamente e, finalmente, saiu do veículo. Pareceu-me que o que lhe disse ajudou em algo. O loiro caminhou em direção a porta da casa e tocou o interfone. Em segundos, uma voz foi ouvida e Jibby me olhou de relance ainda um pouco nervoso.

_Oi? - Era certamente Calissa.

_Oi… Ahn, é o Dylan. E o Jibby… Digo, eu - Ele gaguejou no início, mas depois se saiu muito bem, menos com a parte do Dylan, claro. Isso tinha sido estranho.

_Ah, já vou sair - A loira completou.

Ela não ficou horas terminando de se arrumar ou escolhendo o sapato perfeito. Quando passou pela porta e caminhou até nós, estava bastante simples e ainda sim, muito bonita. A maquiagem era leve e clara, embora fosse noite. Trajava um vestido estampado branco e preto, até a altura dos joelhos. E em seus pés estavam apenas tênis pretos, elegantes e levemente rendados, mas tênis. Seus cabelos estavam naturalmente ondulados e com as pontas esverdeadas, como sempre, apenas havia uma coisa de diferente neles, ela prendera duas mechas atrás da cabeça com uma presilha prateada.

Jibby sorriu bobo para ela, quando a garota fechou a porta atrás de si e ficou a sua frente:

_Uau… Você está muito bonita - Disse e, logo, se lembrou das flores, por isso se atrapalhou um pouco, porém estendeu-as a ela - Para você.

Calissa boquiabriu-se levemente. Acho que ela realmente não esperava por algo tão formal quanto aquele gesto. Em seguida, sorriu de leve para ele e apanhou o buquê. O garoto ainda sorridente se virou para o carro e caminhou em direção a porta de trás, por onde apertou na trava para abri-la, contudo estava trancado e ele se desesperou tentando de alguma forma destravá-la. Logo, percebi o seu desespero e me estiquei para puxar a trava da porta. Jibby, finalmente, abriu-a para que Calissa entrasse e sorriu sem graça para ela, que o fez.

_Obrigada, Jibby - Ela agradeceu.

Eu e Jibby sorrimos, um, um pouco sem graça e o outro um pouco entediado com a demora da situação. Dessa forma, todos entraram dentro do carro, o silêncio tomou conta do automóvel, dei a partida antes que a situação ficasse ainda mais constrangedora e como sabia que seria um silêncio quase sepulcral liguei o rádio em um canal suave.

Jibby Roriz - POV's

Assim que Dylan estacionou em frente ao salão da festa, descemos e caminhamos em direção a música, que explodia pelas caixas de som. Quando entramos no salão nossos olhos foram invadidos por flashes de luz refletidos por um globo de luz sobre a pista de dança. No canto direito havia um palco por onde um DJ tocava as músicas, sendo a maioria eletrônica. Algumas mesas com petiscos e guloseimas estavam próximas as paredes, e no canto inferior duas portas indicavam os banheiros.

Estendi o braço para que Calissa entrelaçasse o dela, a loira sorriu levemente para mim, e hesitou de início, porém logo o fez. Caminhamos por um tempo, até que notamos alguns garotos com copos de refrigerante em mãos. Eles sorriram ao nos ver. Eram Bryan, Keylan e restante dos jogadores do Rugby. Dylan dirigiu-se até eles e todos o cumprimentaram com toquinhos de cerrar os punhos ou hi-5, além de referirem a ele como ‘o rei da festa’:

_E ai, Dylan? O rei da festa chegou pessoal! - Enoch exclamou e roubou a atenção de todos para Dylan.

Dylan foi se aproximando da rodinha e todos os meninos pararam o que estavam fazendo para comprimentá-lo. Quando nos perceberam não hesitaram em encarar minha acompanhante e, logo, foram comprimentá-la também. “Poxa, Jibby. Dessa vez você não só se contentou em trazer uma mina como trouxe uma muito linda. O que eu tenho que fazer para conseguir isso?! Me ajoelhar na frente da escola? Será que eu devo pedi-la em casamento também?!” Um dos presentes na roda disse, deixando-me totalmente envergonhado. “Muito engraçado”. Retruquei. Calissa pareceu um pouco deslocada em estar próxima dos meninos. Ela passou o olhar por todo o local enquanto segurava na barra do vestido com uma mão e com a outra, o celular Moto G branco com uma capinha transparente com desenhos dos Minions. Passou várias coisas a minha mente enquanto tentava de alguma forma distraí-la para que não se sentisse excluída ou envergonhada, quando de repente duas garotas se aproximaram de nós. Eram as irmãs Monet, Tiffany e Steffany. As duas usavam saltos gigantescos, maquiagem exagerada e escura, os cabelos em cachos volumosos e os vestidos longos e repletos de detalhes. A mais velha estava de azul e a aniversariante rosa e creme.

_ Bem-vindos meninos! - Tiff sorriu para nós, especialmente para Dylan - Fico feliz que vieram.

_ Fiquem à vontade - Steh sorriu estonteante e, logo, se virou para mim - Ah, vejo que trouxe alguém dessa vez Jibby. Quem é sua amiguinha?

Senti uma imensa vontade de chamá-la de mais que uma simples amiga, contudo a loira me interrompeu antes que pudesse sequer pensar no que dizer.


_ Calissa Abreu.

_ Ah, você não é a garota que estão todos falando? - Tiff comentou e mexeu nos cabelos - Àquela por quem o Jibby se ajoelhou na frente da escola toda?

Mordi o lábio. Não imaginei que fossem falar sobre isso. Eu sabia que todos estavam sabendo. Os assuntos voavam naquele colégio, mas nunca imaginei que fosse ser a primeira coisa que falariam com Lissa. Ela parecia bastante desconfortável, quando desviou o olhar, então, Steh arregalou os olhos parecendo se lembrar de alguma coisa e começou:

_ Sabe quem amaria estar aqui? A Júllya Bencatel. Ela amava ir em festas. Com certeza todos sentimos falta dela - A garota falou com um tom que se podia perceber o cinismo - Mas pensando bem, se ela estivesse aqui, ela tentaria roubar a minha atenção. Ela A-MA-VA isso! Você é bem amiga dela?

Senti um arrepio na espinha. Como aquela situação poderia estar se tornando pior do que eu poderia imaginar? Calissa nunca mais iria aceitar sair comigo. Suspirei e segurei no pulso da loira, precisava tomar uma atitude e tirá-la dali. Ela estava encarando o chão e, talvez, estivesse com os olhos cheios d’água? Difícil afirmar com certeza. Não tinha muita luz ambiente. Porém quando comecei a caminhar em direção ao outro lado, ela soltou o braço de mim e se virou para as irmãs. Encarando-as.

_ Era - Jogou as palavras sobre elas. Frias e cruas - E quanto a ela só querer atenção, acho que o que você precisa ganhar de aniversário é um espelho. Ninguém nunca poderia ser mais superficial do que isso.

Calissa finalizou mostrando com os braços o salão enorme. Repleto de mesas e cadeiras com enfeites de vidro e toalhas de mesa cor de rosa e cremes, assim como a roupa da debutante. Rosas salmão por toda parte e inclusive uma porta de vidro próxima ao palco, por onde éramos capaz de notar uma enorme piscina com pétalas jogadas sobre a água, além de balões e flamingos cor de rosa por toda a parte. As irmãs se entreolharam sem dizer nada, elas pareciam levemente ofendidas, e depois voltaram a atenção para a loira, que lhes deu as costas e caminhou até o lado de fora. Ela passou pelas portas de vidro e respirou fundo assim que entrou em contato com o oxigênio.

_ Já estava sufocando com aquele excesso de fumaça daquela máquina em cima do palco…

Calissa confessou e me coloquei ao seu lado, passei os olhos por todo o jardim. Poucas pessoas estavam do lado de fora, talvez só meia dúzia. Parecia muito mais calmo e aconchegante. Percebi algumas cadeiras em uma extremidade próximas da grade. Estendi para lá com a mão.

_ Quer sentar? Digo… Para se acalmar, quer dizer… Desculpe pelo que as Monet disseram. Elas foram muito rudes e não é verdade.

_ Tudo bem… Não foi sua culpa - Ela disse e sorriu fraco para mim, então caminhou até uma das cadeiras brancas e se sentou com as mãos nos joelhos.

_ Ahn… - Encarei a água na piscina e tentei encontrar alguma coisa para dizer - Quer uma bebida?

Ela deu de ombros, dessa forma, mordi o lábio. O silêncio era perturbador. Queria conseguir falar com ela. Dizer o quanto era especial e que não devia se importar com as palavras de duas invejosas. Queria que ela curtisse a festa, que passássemos um tempo ótimo juntos, todavia não sabia o que fazer. As palmas das minhas mãos suavam quando me levantei e me virei para a garota sem graça a minha frente. Ela encarava os próprios tênis, mas levantou os olhos castanhos para me encarar.

_ Ah, vou buscar dois copos de água com gás com gelo e limão para gente - Foi a única coisa em que consegui pensar, especialmente porque era realmente obcecado naquele tipo de bebida e não podia ficar sem nem um dia sequer, e estava mesmo com sede pelo nervosismo que sentia se apoderar de mim a cada segundo.

Calissa apenas assentiu. Sorri sem graça e dei meia volta em direção ao lado de dentro da festa.

~*~

Observei as pessoas dançando ou, simplesmente, perambulando pelo salão enquanto esperava que o garçom trouxesse as águas com gás para mim e Calissa. Agora, as irmãs Monet estavam na pista juntamente de dois garotos do Rugby, sendo um deles Dylan, aposto que elas os tinham convidade e não o contrário. Keylan e Bryan estavam conversando em um canto, enquanto a maioria das pessoas se divertiam em frente ao palco. 

Não demorou muito e de repente uma garota às pressas apareceu a minha frente. Ela apoiou em meu ombro enquanto dava longas arfadas de ar. Encarei-a totalmente sem noção do que acabara de acontecer. O que a teria feito correr até mim? Não tinha perigo nenhum... Ou será que sim? Será que acontecera alguma coisa desde que deixara Calissa sozinha na piscina?

_Lissa? Você ta legal? Alguém... - Engoli as palavras antes de conseguir pronunciá-las - Aconteceu alguma coisa?

_Não... Eu To bem - Ela sussurrou - Quer dizer, eu encontrei uma coisa. Mas não uma coisa qualquer - Estendeu a minha frente uma folha de caderno amaçada - Encontrei isso.

Balancei a cabeça extremamente descrente. O que um simples papel velho teria de tão importante? A loira revirou os olhos quando percebeu que estava sem reação alguma e, por fim, envolveu a mão ao redor do meu pulso e me guiou até uma parte afastada do salão, próxima da saída do banheiro feminino.

_Escuta - Falou tão baixo que quase não consegui ouvi-la - Isso aqui é da Júllya. Mas não é qualquer papel... É um bilhete...

_Mas como pode ser dela? Ela não veio a festa Calissa... Não tem sentido nenhum.

_Calma. Vou te explicar - Ela respirou profundamente e desviou o olhar ao redor antes de continuar confiante - Há uns quatro meses mais ou menos a Jú deu uma festa aqui. Você não lembra? Todos do Rugby foram convidados. Aquela festa que o pai da Jú deu para inaugurar alguma coisa da empresa... Bom, o importante é que estávamos exatamente desse lado próximos de uma caixa onde colocavam os presentes - Então, ela deu uma pausa e riu - Ainda não entendo porque precisavam de presentes se não era um aniversário... Essa gente rica... Mas voltando ao assunto, a Júllya estava tentando descobrir do que se tratava cada presente. Ela queria ver se tinha algo importante para ela, quando um garçom se aproximou da gente e entregou-lhe um envelope cor de rosa. Ele disse que era um presente para ela.

_E o que isso tem a ver com o papel? - Indaguei ainda confuso quando a loira me cortou.

_Não me interrompa.

Naquele momento uma garota de cabelos ruivos e sedosos atravessou por nós para adentrar a área dos banheiros. Ela ostentava um vestido esverdeado e grandes brincos pesados além de óculos com pedras que deixavam seu visual carregado. Era Annabella. Calissa fuzilou-a com o olhar enquanto passava, porém não entendi o porque.

_O que foi? Que tem a Bella?

_Nada. Ela só estava mentindo pelas minhas costas... Esquece. Não vale a pena. Mas sobre a Júllya. O que tem a ver é que começamos a zoá-la quando ela pegou o presente. Dizemos coisas como "tem um admirador?" e ela convencida como sempre deu total atenção e começou a abrir rapidamente o saquinho, que continha um batom preto dentro. Achamos estranho porque não tinha nada a ver com ela, porém Jú pareceu entender completamente do que se tratava e seu semblante desfaleceu... - Calissa mordeu o lábio inferior pensativa - Não demos importância e só perguntamos de quem era. Então, ela viu essa carta e saiu para a área da piscina lendo-a depois fechou e se virou para nós sorrindo novamente. Ela afirmou que se tratava de um dos filhos dos investidores do pai dela e que ele era caidinho por ela, então ela não podia deixá-lo com desfeita e apanhou o batom. Ela passou nos lábios e em seguida tirou o excesso beijando essa folha e sorriu estonteante pra nós. Em seguida, esquecemos completamente da carta a única coisa que ela fez sem que déssemos conta foi amaça-la e jogá-la fora, mas ela errou o alvo. Não caiu no lixo e, sim, no duto de ar do depósito, que fica do outro lado. Eu estava sentada ali e vi que tinha alguma coisa agarrada do lado de dentro da grade e reconheci na hora por conta da marca de batom.

_Mas porque me contou isso?

Indaguei. Ela estava confiando algo importante a mim. Eu tinha plena certeza disso. As palavras soavam seguras dos lábios dela e ela parecia cuidadosa em deixar com que apenas eu as soubesse. Me senti lisongeado.

_Porque isso tem a ver com a Júllya! Olha você mesmo... Ela não nos deixou ver isso, mas sabia do que se tratava, e aposto que tem a ver com o assassino dela.

Calissa me entregou o papel e eu o desamacei e comecei a ler atentamente. A cada palavra meus olhos se arregalavam mais e entendi o porque de a loira estar tão preocupada daquele modo.

"Minha querida Juliet,

Eu sei que não podemos nos encontrar na festa do seu pai e nem deixar nenhuma pista, mas eu precisava mesmo conversar com você. Aqui está o endereço daquele lugar que te levei no outro dia... Esteja lá amanhã a noite. Preciso muito te ver.

PS. Passe o batom se a resposta for sim. Você sabe que eu acho que você fica linda de preto.

Seu querido Romeo."

Depois da mensagem repleta de mistério continha realmente um endereço. Devolvi o papel para Lissa e ela me encarou tentando adivinhar o que se passava em minha mente, quando um homem apareceu ao nosso lado e estendeu uma bandeja em nossa direção. Era o garçom ao qual eu pedira as bebidas. Apanhei um copo e estendi outro a loira.

_Vamos voltar para lá fora - Ela sugeriu e dei um longo gole na minha água com gás antes de segui-la.

_Você acha que tem a ver com o assassino da Júllya? Eles tinham até apelidos... Isso parece mais um romance proibido - Perguntei quando chegamos na piscina.

_Ela escondeu até mesmo de nós... - Calissa parecia indignada - Mas não acho que tenha a ver com o assassino. Tenho certeza. Porque quando achamos aquele bilhete da sorveteria recebemos mensagens do celular da Júllya nos ameaçando e olha aqui. Eu me lembro bem. O J de Juliet é exatamente o mesmo J do Júllya que esse cara usou para escrever o bilhete. Ele faz uma curva linda e delicada. Só pode ser a mesma pessoa.

Observei o papel mais uma vez atentamente. Não prestara muita atenção nos detalhes da outra vez e muito menos dessa. Não como Calissa. Ela era observadora e isso com certeza era uma das coisas que me faziam querer estar sempre próximo dela.

_Talvez seja... Mas o que fazemos? Mostramos aos outros?

_Não. Melhor sermos cautelosos. Vou guardar o papel por precaução, mas antes que desapareça como o outro, vou decorar o endereço... Algo me diz que vou precisar dele depois.

_O que quer dizer? - Perguntei levemente preocupado. Sabia que se alguma coisa aparecia na mente da loira não tinha como detê-la.

_Precisamos investigar, claro - Ela me encarou como se fosse o óbvio e apenas encarei-a de volta. Estava nervoso - Mas esquece. Você tem que curtir essa festa, não foi para isso que veio?

Calissa começou a bebericar sua água com gás e dei um enorme gole para terminar de vez com a minha, assim observei ao redor. Ainda não estava muito movimentado naquele lugar e isso deixava a situação menos constrangedora. A música estava um pouco mais lenta e explodia ferozmente das caixas de som chegando até a piscina e invadindo nossos ouvidos. Embora estivéssemos lidando com um crime e Calissa parecesse a mais preocupada de todos nós, ela precisava relaxar e eu havia vindo com ela por uma razão. Eu queria estar com ela. E queria que ela estivesse comigo.

_Hey, quer dançar? Você também precisa se divertir.

_Eu não sei dançar...

_A melhor amiga da Júllya Bencatel não sabe dançar? - Debochei e sorri. Ela deu de ombros.

_Bianca era a melhor amiga dela... Mas eu nunca me interessei por dança.

_É fácil. Só me acompanha... Não pode me deixar sozinho, você é minha acompanhante.

Ela revirou os olhos, mas em seguida concordou e estendeu a mão para apanhar a minha.

_Tem razão, sou sua acompanhante - Sorri ainda mais e apertei sua mão contra a minha - Mas... Só uma dança.

Colocamos nossos copos em uma mesa ao lado. Em seguida, rodopiei-a e assim que ela se aproximou de mim segurei em sua outra mão e comecei a guiá-la para frente e para trás ao ritmo da música enquanto sorria. Calissa sorriu fraco de volta e me acompanhou um pouco apreensiva. Ela parecia mesmo não ter certeza do que estava fazendo, porém logo foi pegando o jeito. Ela era mesmo talentosa em tudo que fazia. Não sei porque me encantava tanto. Uma garota tão diferente de todas as outras.

_Até que não é tão difícil... - Ela estava começando a se descontrair e desviou o olhar de seus pés para mim.

Encarei-a por um longo tempo. Ela era tão linda. Aquele sorriso me deixou abobado. Não conseguia acreditar que ela viera mesmo comigo, que aceitara ser minha parceira. Resolvi dizer alguma coisa e aquelas três palavras apenas escaparam de meus lábios. Verdadeiras e simples:

_Você é única...

Os olhos da garota a minha frente se arregalaram e seus passos cessaram enquanto ela começava a ficar tensa.

_Ahn... Obrigada - Ela pareceu bastante desconfortável, quando logo, se separou de mim e apanhou sua bebida.

A loira derramou de um gole só o restante de sua água com gás e, em seguida, me encarou com um sorriso amarelo. Sorri fraco de volta. Não entendi o porque de ela estar daquela forma e não quis de maneira nenhuma ofendê-la ou deixá-la desconfortável. Dessa forma, nos sentamos um ao lado do outro. Calissa encarava seus tênis brilhantes enquanto observava-a de relance, tentando não deixar a situação ainda mais constrangedora.  

 


Notas Finais


POSTAMOS O MAIS BREVE POSSÍVEL! VAMOS TENTAR SER O MAIS RÁPIDAS!

XOXO


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