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História Marcados pelo fogo - Uma noite


Escrita por: Hypnoss_

Notas do Autor


Bem... uma semana. Não demorou tanto... Se bater uma vontade de me matar durante o cap. leiam as notas finais... falo mais lá.. Ah, me desculpem pelos erros, também ^^

Capítulo 2 - Uma noite


Por: Naruto

A noite tinha chegado sorrateiramente. Archotes foram acesos na praça central da vila e muitas pessoas caminhavam para lá e para cá. Bandeirolas vermelhas com alguns símbolos antigos se dependuravam de fios que cruzavam a praça principal de forma numerosa.

As casas de madeira também se iluminaram, mas por dentro. Observava de longe, depois de um breve banho no rio perto do trigal, dirigindo-me ao local. As estrelas e a lua brilhavam em seu costumeiro tom celeste e o céu estava limpo. Marte parecia se esconder traiçoeiramente atrás de Vênus como se dois deuses brincassem de “pega-pega” na abóbada celeste.

Havia mais pessoas que o normal na vila pacata. Muitas carruagens acabavam por passar a noite na vila e, diferente do que se esperaria no trato com refugiados, tínhamos o prazer em, sempre que havia um volume grande destes, oferecer um pouco do excedente de produção.

Tocavam uma música animada e vi pessoas dançando no mesmo ritmo. Não reconheci a melodia e, por tal, deduzi que algum dos forasteiros que estava tocando o acordeão e cantando. O som era estranho, não feio, mas definitivamente estranho.

Assustei-me quando Kiba, sem que eu notasse, se aproximou por traz e, em simultâneo, segurou minha cintura com ambas as mãos e sussurrou no meu ouvido:

— Surpresa, loiro!

Eu dei uma cotovelada por reflexos e o ouvi tentar recuperar o ar. Ri quando percebi quem era:

— Quer outro, doçura? — Provoquei.

— Não, acho que já foi carinhoso demais por hoje… — Ele respondeu ainda com a voz embargada com um pouco de dor.

Gargalhei alto enquanto continuava andando. — E você ainda não aprendeu que eu não gosto que peguem na minha cintura, idiota.

— Claro que aprendi! — Ele respondeu num tom quase indignado. — Mas você não imagina quão divertido é te irritar…

— Fala sério… — Disse preguiçosamente. — Você já foi mais criativo.

— Ora, ainda sou muito criativo!

— Querem parar de discutir, imbecis? — Disse chegando Sakura de supetão. Ela parecia irritada (mais que o normal). — Escutem vocês dois. Dá para fazer o favor de pegar um barril para mim? — Eu ia responder quando ela continuou. — Que bom que podem. Adoro quando vocês são tão prestativos. Está no celeiro atrás da casa de Kiba. Agora vão!

Ela saiu andando tão rápido quanto chegara e eu fiquei parado ainda meio perplexo. — Percebeu que ela não falou qual barril? — Disse o moreno me tirando do transe no qual tinha entrado por um momento.

— Não… Não percebi. — Falei e senti meus pelos se eriçarem. — Estou com um mau pressentimento desde ontem…

— Deixa de coisa, vamos logo…

Ele se virou e eu o segui tentando ignorar aquela sensação. Olhei para o céu mais uma vez e resolvi que deveria confiar menos em instintos e eu me aprouvera* ao perceber o cheiro doce de muitos ômegas se espalhando pelo ar e misturado também o cheiro forte de alguns alfas.

Ouvira de um homem do Sul, certa vez, que nascer ômega, beta ou alfa poderia determinar toda sua vida em alguns lugares. Não sabia se era verdade, mas não era assim naquele lugarejo isolado da civilização. Ali todos eram irmãos. Era óbvio que sua aptidão para determinadas coisas seria maior de acordo com sua classe, mas não era como uma barreira intransponível…

Ele corria a frente e continuei andando. Aparentemente ele tinha pressa para chegar ao celeiro e eu ia ficando cada vez mais para traz. Suspirei cansado. O dia tinha sido um pouco demais para mim, mas finalmente, após quase um mês inteiro de trabalho, havíamos acabado de colher todo o trigal. Ainda demoraria um tempo para começar o plantio, então a partir de amanhã não haveria trabalho nenhum (ou quase nenhum).

Sorri ao pensar em acordar às três da tarde e pensei em chamar o pessoal para irmos ao rio. Seria divertido fazê-lo depois de quase um mês sem tal possibilidade. Entrei no celeiro quase dois minutos depois de Kiba e recebi nas mãos um pesado barril que parecia guardar vinho pelo cheiro.

— Tem dois aqui… — Respondeu Kiba analisando o outro recipiente. — Aqui é cerveja. E o seu?

— Vinho. — Respondi meio fora do lugar e ajeitei o barril nas mãos para que ficasse mais fácil de carregá-lo.

— Então vamos? — Perguntou, mas não parecia querer ir.

Eu sorri à luz rubra da lamparina que iluminava o lugar escuro. Fora do centro a cidade tinha um tom quase macabro. As casas pequenas e bem construídas se estendiam pelo prado que era daquela região, cada uma com pequenos jardins onde se plantava qualquer decoração ou temperos como coentro e hortelã. Era comum usar pés de café como planta decoração assim como lírios e papoulas.

Embora fosse uma visão bela e bucólica à manhã, quando havia festejos à noite, tudo ficava escuro longe do centro. Nem mesmo uma lamparina acesa nos interiores das casas ou nos pequenos jardins. Só seriam acesas muito mais tarde. Era também um bom refugio para alfas e ômegas no cio… o escuro escondia aos amantes e a distância ao barulho.

— Quer ir? — Perguntei me sentindo quase insultado ao sentir o cheiro de Kiba adentrar em meu corpo. Sabia que não era o cio do mesmo, ele era um beta, mas seu cheiro era bastante agradável apesar disso.

— Não exatamente. — Falou sem graça e me olhou do mesmo modo.

— Poderíamos ficar... — Falei me lembrando de algo importante. — Mas, se levarmos mais de meia hora para isso, Sakura arrancará nossas cabeças.

Ele riu em concordância. — Tudo bem, agora vamos. Aliás, leve esse também, assim aproveitamos para beber o que ela não quiser…

Fomos ao centro e aparentemente Sakura pedira apenas o barril de cerveja e nós não ouvíramos. Resolvemos não discutir por motivos óbvios.

Kiba tivera um ideia extremamente maluca e fora inevitável que cerca de uma hora depois o barril de vinho estivesse quase pela metade e nós com sorrisos ébrios no rosto num morro afastado do centro. Tínhamos pendurado um candeeiro num dos galhos da árvore e seu brilho meio rubro-amarelado deixava as peles com um tom estranho e pouco saudável, por tal, ele constantemente zombava de mim me chamando de “amarelão”.

O estado alterado de consciência nos fazia raciocinar mais lentamente e esquecer coisas básicas como… como a ressaca desgraçada que todo aquele vinho deixaria ou quão irresponsável tinha sido aquela ideia. De longe podíamos ver o centro e de lá ainda ouvia-se baixinho a música ritmada e animada tocada com acordeão e agora cantada por um homem de voz grave.

Ele se levantou sorrindo e me puxou pela mão. Pude jurar que o mundo tinha começado a se mover sob meus pés. Ele riu ainda mais quando tive que me apoiar em seu ombro para não cair. — Já dançou isso?

— Nunca. — Confessei.

— Primeira vez? — Falou levantando a mão que segurava na minha e esticando esse braço.

— Por que não? — Falei e ele conduziu minha mão que estava em seu ombro à sua cintura.

Os passos eram tão ritmados quanto à música que escutávamos baixinha com toda aquela distância entre nós e eles. Com o silêncio do moreno pude ouvir o som de um triângulo e um pandeiro ressoando no ar. As músicas falavam, em sua maioria, sobre a vida dum camponês e achei-as agradável de ouvir.

Dançávamos distraidamente, ou eu dançava assim. Kiba aproximava seu corpo cada vez mais do meu. Já não mais fazia questão alguma de me controlar, logo, meu cheiro emanava do corpo e percebi isso mais claramente quando o ouvi cheirar avidamente a curva de meu pescoço.

Nossos pés se embolaram quando por um momento eu me distraí da dança e olhei para a cidade. Nós caímos ainda abraçados na grama sob a árvore com o moreno sobre mim.

— Você dança muito mal, Naruto! — Ele falou rindo com a queda e eu automaticamente emburrei o rosto do que pareceu ele achar graça. — Fofo… — Comentou como quem não quer nada.

— Só isso que tem a dizer? — Provoquei, já era costume fazermos aquilo um com o outro.

— A dizer? Sim. Já a fazer… — Até onde ele iria com aquilo daquela vez?

— Pois faça…

Estar ébrio deixa a cabeça lenta, mas deixa o coração rápido. E ao que parecia isso também valia para ele, pois momentos depois de estarmos nos encarando caído e ele ouvir o que pronunciei o mesmo investiu num selinho. Meus próprios instintos mandaram ceder espaço e ele intensificou o selinho para um beijo profundo.

Sua boca tinha gosto de vinho e, embora o motivo fosse óbvio, não podia deixar de achar aquilo engraçado. Senti sua mão ir da minha cintura à minha nuca e segurar meus cabelos, mas sem os puxar. Era um gesto gentil enquanto ele movia seu corpo lascivamente sobre o meu. Ambos estávamos de olhos fechados e o vento gélido do morro corria em nossa pele.

Separamo-nos quando perdemos o fôlego quase por completo e ele me olhou num tom apaixonado que me deixou um tanto assustado. Não podia compreender ele me olhando daquele modo. Sempre havíamos sido bons amigos, mas ele era um beta e eu um ômega e não só isso: não era daquele modo que amava Kiba. Engoli em seco e ele desviou os olhos dos meus.

Levei minha mão ao seu rosto:

— Podemos conversar sobre, ok?

— Não é…

— Não fale mais, você nunca foi bom com palavras quando nervoso. — Sorri.

Por: Sasuke

Desde que foram proibidas as bebidas as noites tornavam-se mais e mais entediantes.  Não havia com quem conversar, nem havia com quem se enturmar.

O costume de beber até que caíssem de entorpecidos tinha morrido e substituiu-se ele por duelos. Ouvi os urros vindos de uma roda onde, no centro, dois homens do tamanho de montanhas se esmurravam. Eles gritavam um para o outro sem palavras, como se a calma das palavras não pudesse comportar sua imensidão de raiva.

De outro canto do lugar vinha o barulho de uma música alta e pouco melodiosa. As pessoas cantavam forte para cima e pareciam bêbados sem beber.

— Aposta em algum, General? — Falou oficial que passava ao me observar sentado olhando para o nada. Talvez ele tivesse achado que eu prestava atenção naquela briga.

Movi os olhos tempestuosamente e foquei o oficial sem dar espaço a quaisquer expressões de amizade até que percebi quem era. Sorri de canto com certo desdém. — No que parece um porco.

— Mas os dois parecem… — Ele retrucou. “Gostava” de Sasori, pois era um dos poucos oficiais que jamais se intimidava, mesmo com meus olhares mortais.

— O que parece mais com sua mãe, Tenente. — Respondi debochado.

— Então deve ser Natus… — Ele riu. — Permissão para me sentar aqui, senhor?

— Percebo que ainda tem algum juízo, não? — Disse o olhando de lado e voltando meu olhar para nada. — Permissão concedida.

— Animado para a separação de amanhã? — Sentara-se.

— Não… — Dei de ombros. — Deveria gostar de ser expulso da coluna principal?

— Deveria gostar da ideia de não passar fome… — Respondeu tentando ser paciente, mas era um adjetivo tão bom para descrevê-lo quanto para me descrever.

— Vamos marchar direto sobre uma aldeia indefesa do interior… — Eu comentei num quase rosnado. — Não é muito honroso, Tenente…

— Honra e glória são só palavras até o fim de uma guerra, General… Se ganharmos não importa o que tenha feito: terá ambas; se perdemos, não importa também: não terá nenhuma.

— Isso parece o tipo de coisa que eu diria, Sasori…

— Convívio, General…

— Ainda corto sua língua. — Falei apreciando a ideia.

— Sugiro que se for cortar algo, corte aquela briga, General! — Disse irônico.

Olhei em direção ao círculo e os urros continuavam, mas vi um rubro no meio da multidão. Levantei-me de supetão e, ao passar entre os soldados, a maioria se afastava. Empurrei aqueles que não saíram de caminho e percebi Sasori me seguir. Agora nossos cheiros transpiravam pela pele ameaçadoramente e a maioria se afastava automaticamente.

Cheguei ao meio do círculo e ambos tinham feridas e barras de metal nas mãos. — O que foi dito sobre esses duelos, soldados? — Gritei num voz que era claramente uma ordem.

Emergiu do público frase pronunciada em uníssono: “Sem sangue, sem morte”. Ouvi, ou melhor dizendo, parei de ouvir os instrumentos para notar mais vozes se juntando ao coro de “Sem sangue, sem morte”. Esperei que eles cessassem.

— O que devo fazer com aqueles que desobedeceram à ordem? — Perguntei ainda a gritos sorrindo sadicamente.

Várias respostas retumbaram do público. Os dois grandalhões haviam largado o metal e pareciam, ambos, balbuciarem alguma coisa. Os gritos começaram a se unificar em uma sonora repetição da palavra “tronco”.

— Amarrem-nos, Tenentes! — Ordenei com um grito retumbante e, enquanto Sasori se dirigia a um dos dois, observei o brilho sádico no olho de cada soldado do Império Novo.

Homens embrutecidos por massacres… Havia muitos meninos. Jovens de dezesseis ou dezessete anos que serviam como soldados. Embora eu mesmo possuísse dezoito eu era um Uchiha e habilidoso como um… Cabia-me uma posição de honra e destaque.

Eles eram como uma família desestruturada. Sem pai e sem mãe. Era necessário lembrar-lhes de que havia uma autoridade a ser respeitada, vez em quando. Quando percebi que os homens posicionaram-se eu segui na direção dele.

“Tronco” era o nome que a punição recebia. Dois troncos paralelos e enfiados no chão numa distância grande o suficiente para que se amarrasse um pulso em cada tronco e o homem ficasse esticado entre os troncos (que eram montados sempre que o exército acampava). Cada mão fora assim amarrada num deles de forma não muito apertada.

Cada punido levaria dez chicotadas, mas se gritassem as cordas eram apertadas no pulso e encurtadas, obrigando a pessoa ficar com o peito cada vez mais aberto e os braços cada vez mais esticados entre os dois postes de madeira.

Eu recebi o chicote feito de pedaços de marfim trançados em fios de couro negro da mão de Sasori. Era uma arma feia e maligna, em sua extensão muitos resquícios de sangue coagulado se amontoavam. Era pesado de modo que era preciso de bastante força para empunhá-lo.

Deixei-o arrastar no chão fazendo com que ele marcasse a areia do acampamento como uma cobra, com um ruído enervador. Fez-se silêncio entre os soldados e eu anunciei:

— Soldado! Conte sua punição…

Segurei firme no punho da arma e descrevi uma curva no ar. Pude ouvir o ar formando um vácuo e quando o chicote atingiu a calça do primeiro homem esta se rasgou em muitos pontos e uns poucos cortes foram abertos. Ele respirou enquanto o público parecia se divertir e muitos “incentivos” vinham deles… Palavras carinhosas e de apoio como: “Grita!”, “Não aguenta cinco!”, “Devia ter apostado no outro”. Entretanto ele sabia o que lhe esperava se falasse o número em um grito.

— Conte! — Exigi novamente.

— Um! — Ele disse com orgulho intacto depois de se controlar.

Firmei novamente os pés e dei um passo para trás antes de levantar o instrumento e usar toda a força para atingir suas costas. A camisa já estava meio rasgada e o pano liso não resistiu ao golpe se esfacelando. Muito mais cortes foram abertos com aquele golpe que com o anterior. Algum sangue escorria deles enquanto o açoite ia ao chão. Ele tentou respirar “ovacionado” pelos gritos alvoroçados.

— Dois! — Dessa vez havia um toque de dor.

— Será que terá esse orgulha na décima vez que o acertar, soldado? — Perguntei sádico.

Enquanto me preparava para mais uma pancada pensei que era um tanto engraçada aquela cena: um General de dezoito anos punindo um Soldado muito mais velho. Eu era mais baixo e menos musculoso que o homem que parecia quase uma montanha… Talvez aquilo divertisse ainda mais os outros. Perdi-me em meus pensamentos até que ouvi a última açoitada.

— DEZ! — E seus braços foram esticados pelas cordas. Sua camisa estava empapada de sangue e, quando soltaram as cordas de seu pulso, este também estava muito machucado.

— Piedade, “milorde”! — Pediu o outro homem, que tinha quase o tamanho do outro, mas não tinha um décimo da honra, enquanto era carregado para ser amarrado pelos tenentes.

— Devo ser piedoso? — Perguntei me virando para os soldados que responderam “não” em coro.

— Tenha honra, seu covarde! — Acertei sua perna enquanto ainda amarravam seu braço e Sasori quase caiu com o impacto do chicote. — Essa não contou como uma das dez. Você contará sua punição também!

Por vezes aquela era uma punição de homens honrados… Eles não gritavam, nem derramavam lágrimas. Mas o exército não era apenas feito deles… Aquele não era um e desde a piedade que pedira sabia daquilo. Da primeira a décima ele gritara muito. Implorara para que parassem e por pouco seus braços não foram arrancados de seu corpo… Apenas não foram, pois ordenei aos Tenentes que esticavam as cordas do braço para que não esquartejassem o homem.

Quando cortaram as cordas o homem chorou:

— Levem essa escória daqui! — Disse sem olhar para ele e larguei o açoite no chão para que alguém pegasse. — Quero ele fora de meu regimento… — Saí caminhando do lugar enquanto as pessoas abriam espaço a minha frente e me observavam por trás.

Pus minhas mãos nos bolsos e sorri de lado. Odeio quando vermes gritam…


Notas Finais


Enfim, não, a fic não é Kibanaru ou Narukiba, nop. Mas tem uma traminha por aí ^^
Outra coisa: Não curto violência gratuita, logo, o Pov. do Sasuke vai ter um desenrolar bem mais tarde.
Inclusive... casais secundários? Ponho ou não?
Enfim... quase nunca falo muito por aqui, pois prefiro interagir nos comentários...
Favoritem e comentem, babies :v ^^


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