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História Marcados Pelo Sangue - Confissões e boatos - repostado com conteúdo adicional


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


Lembrando que essa narrativa acontece após os eventos de Olhares na Escola 3 e em algum momento deverá trazer personagens bem conhecidos para a trama.


Boa leitura. <3

Capítulo 5 - Confissões e boatos - repostado com conteúdo adicional


Fanfic / Fanfiction Marcados Pelo Sangue - Confissões e boatos - repostado com conteúdo adicional

A terça-feira havia começado. Levantei o mais cedo que pude e tomei um bom banho pra tirar a preguiça.

Estava me sentindo renovado e animado. Assim que desci, percebi que meu pai ainda não havia levantado.

Alguns minutos depois, ele virou a quina da parede da cozinha e ao me ver diz:

- Nossa! Que milagre. O que deu em você mocinho?

- Apenas acordei bem e descansado. Me sinto novo, apenas isso. E faz logo o café da manhã que eu tô louco pra ir pra escola.

- Você não tem medo de levar uma surra não, garoto?

- Não. O senhor me ama e nunca me bateria! – falei dando a língua, ele apenas riu.

- Você tem é sorte, sabia?

- Eu sei. Tenho o melhor pai do mundo!

Eu realmente pensava que tudo ia bem e acreditava que assim permaneceria pelo simples fato de eu ter acordado bem e estar animado para ver meus amigos. Naquele momento eu me sentia preparado para qualquer coisa que acontecesse, pelo menos era isso que eu estava pensando.

- Então vamos campeão. Hoje vamos tomar café da rua e de lá te deixo na escola.

 

 

Cheguei ao colégio quase meia hora depois e Bruna logo correu em minha direção. Lhe dei um forte abraço e um selinho, carregando-a em meus braços.

Assim que a deixei no chão e olhei pro lado, percebi que o Kauê olhava fixamente em minha direção. Eu peguei a Bruna e a chamei para dentro da escola. Nem dei muita importância para os olhares dele em minha direção.

- O que aconteceu contigo, Caio? Tá mudado hoje! – Bruna me olhava a cada segundo como se não entendesse como eu poderia mudar da água pro vinho.

- Apenas estou bem. Liguei o meu “foda-se” e me sinto renascido! – falei com um sorriso enorme no rosto.

A aula nunca tinha passado tão bem. Eu me sentia à vontade de novo desde o início do semestre. Realmente estava bem. Até aquele momento, não havia olhado uma vez para o garoto estranho.

O Intervalo veio e eu continuei na mesma. Eu estava diferente, me sentia novo. Acho que eu estava digerindo aos poucos a história com o Kauê.

A aula que teria o trabalho em dupla seria a última. Eu e a Bruna estávamos fazendo juntos. O Kauê havia escolhido a Amanda, com a qual conversava como se a conhecesse há anos.

Estávamos a dois minutos do sinal bater, quando a professora avisa:

- O trabalho poderá ser entregue pronto na quarta-feira, já que estamos sem tempo e não vai dar para entregar.

Assim que ela deu o aviso o sinal tocou. Todo mundo saiu correndo da sala, mas como Bruna e eu havíamos nos empolgado acabamos ficando sem arrumar o material. Kauê também estava arrumando suas coisas e já tinha se despedido da Amanda, eu estava fazendo a mesma coisa com Bruna.

- Olha eu já estou saindo tá, se quiser me esperar lá fora… – falei animado.

- Nem vai dar Caio, minha mãe vai me levar para escolher um vestido para a festa em família de sábado que vamos ter, tenho que ir.

- Então tá bom, se cuida tá? – falei desviando o olhar, sem jeito.

Me despedi com um selinho e continuei arrumando minhas coisas. Quando menos percebi, a sala estava completamente vazia.

Já tinha terminado de arrumar minhas coisas quando na saída, sinto alguém pegar no meu braço. Ao me virar, vi Kauê olhando fixamente para mim.

- O que você quer comigo, garoto? – disse olhando para ele, dessa vez de forma decidida.

- Caio, temos que conversar, e desta vez é sério.

- Mas eu não quero conversar com você moleque!

- Eu preciso colocar pra fora o que eu estou pensando, por que eu me sinto confuso, por favor, Caio me escuta! – disse o Kauê.

Desta vez o olhar dele que parecia sempre um olhar de envergonhado, de quem sempre fugia de mim ao olhá-lo, estava sincero, profundo, quente e compenetrado em mim.

- Caio, desde aquele primeiro dia de aula, desde que olhei pra você naquele primeiro minuto, algo mudou dentro de mim. Não consigo mais parar de pensar em você…

- PARA KAUÊ, PARA! – ordenei.

Todo aquele assunto entrava no meu ouvido cortando, mas ao mesmo tempo me sentia como ele. Era como se alguma coisa me ligasse a ele de uma forma forte, que eu não conseguia explicar.

- Não chega nunca mais perto de mim Kauê, eu tenho medo e nojo de você! Eu… eu...

Nessa hora saí correndo e não ouvi os passos do Kauê atrás de mim. Eu estava abalado com tudo aquilo. E o pior é que não tinha ninguém por perto para me salvar daquela situação toda. Parecia até que o Kauê tinha planejado tudo aquilo nos mínimos detalhes. É só podia ser aquilo, o Kauê tinha planejado aquele momento.

Quando cheguei na porta do colégio, entrei no carro do meu pai quase chorando, mas antes que ele percebesse, engoli o choro e fingi estar normal.

- E aí renovadão, como foi a aula? – disse meu pai em tom de sarcasmo.

- Tudo normal pai. Você pode ir rápido? Tô louco pra descansar! – disse meio desanimado.

- Xi, tô vendo que nem tudo foi normal. Quer falar sobre isso? – Nessa altura, meu pai havia percebido que ser evasivo não estava adiantando muita coisa.

- Não!

- Hum… você precisa dar um jeito de se manter ocupado, vive cansado, parece até que é mais velho do que eu! – ri meio forçado e não falei mais nada.

 

A tarde foi um tormento. Mil coisas passavam na minha cabeça. Nem o computador no meu quarto eu liguei. Meu celular tocou umas dez vezes, todas as ligações ou do Beto ou da Bruna, que eu deixei de atender.
Agora vocês devem estar pensando: “Bom não pode ficar pior do que já está!”, mas vocês estão enganados.

 

 

A quarta-feira prometia ser pior ainda e eu estava morrendo de medo do que poderia estar por vir, pois não sei como o Kauê reagiria ao que eu fiz, meu medo era dele aparecer com um buquê de flores e se ajoelhar à minha frente a qualquer momento, ou que alguém tenha visto o que aconteceu na sala de aula no dia anterior.
Para ser sincero, eu tava mesmo era afim de não ir para a escola naquela quarta, ou talvez nunca mais, mas o trabalho em dupla havia ficado comigo e eu precisava, pelo menos deixa-lo com Bruna para que ela terminasse, já que a entrega seria na segunda.

O caminho para a escola foi mais uma vez silencioso. Eu não estava afim de me abrir com meu pai e nem poderia, seria vergonhoso demais.

 

 

Assim que cheguei na escola, Bruna e Beto me abordaram.

- Nossa Caio, o que aconteceu? Você não atendeu nossas ligações! – Disse Bruna preocupada.

- Eu apenas não estava bem. Dormi a tarde toda. – Menti.

- Cara você tá meio abatido! – O Beto de novo me olhava como se eu estivesse em uma consulta médica com ele, pois ele passava a mão em toda a parte do meu rosto olhando as bolsas que estavam abaixo dos meus olhos denunciando mais uma noite mal dormida.

- Cara, me larga e vamos entrar logo! – falei meio irritado.

No caminho vimos algumas garotas numa roda. Todas eram da nossa sala. Elas comentavam as coisas e riam muito. A Bruna e eu ficamos intrigados com aquilo. O Beto como sempre estava distraído demais para perceber, mas também, como ele ia perceber algo que somente meninas percebiam?

 

Bruna falou baixinho no meu ouvido que depois iria ver o que estava acontecendo e obter mais informações.

Quando chegamos na sala, Kauê não estava lá. Pelo menos isso estava acontecendo de bom naquele dia.

Eu sinceramente não via a hora do intervalo chegar, pois durante a aula, todas as meninas ficavam rindo e olhando para todos os meninos da sala. Aquilo me deixava ainda mais intrigado sobre o que elas poderiam estar falando.

Assim que bateu o sinal, saí correndo para o pátio.

Sentei na mesa de sempre na cantina e o Beto me acompanhou. Enquanto terminávamos o lanche, Bruna chegou cheia de novidades:

- Gente, gente o maior babado tá acontecendo! – disse a Bruna eufórica.

- Calma Bruna, respira. O que tá acontecendo? – disse Beto, procurando acalmá-la, pois estava sem fôlego.

Eu apenas a observava. Os olhos dela brilhavam:

- A Amanda espalhou pra geral que tem dois gays na sala, mas não tá querendo falar quem é! Imagina o problema que isso vai causar se for verdade, ainda mais com esse decreto maluco!

Depois que ela disse isso, as últimas palavras que escutei foram:

“Caio, você tá bem? Caio... gente... desmaiou... alguém... enfermaria...”

 

 

- Ai... onde estou? – disse olhando pros lados, onde só encontrava a cor branca à minha volta.

Demorou alguns segundos até aparecer alguém na sala em que eu estava. Uma enfermeira com certa idade veio me ver:

- Ah! Você acordou. Que bom. Ficamos todos preocupados! – disse a senhora enfermeira, enquanto puxava uma lanterna.

- O que aconteceu? – perguntei confuso.

- Você desmaiou durante o intervalo e bateu de cabeça no chão. Seus amigos lhe acudiram e você dormiu por duas aulas seguidas.

- Acho que só acordei por causa da dor que eu tô sentindo na cabeça. – admiti, ainda cansado.

- Olha, eu não sou médica. Já avisamos seu pai que está chegando na escola. Acho que o seu problema tem algo relacionado a estresse. Você anda estressado com algo? Tem passado algum problema contínuo de ordem psicológica ou alguma coisa tem te preocupado demais?

- Ai para falar a verdade tem sim...

- Deve ser isso então, vou fazer uma descrição do seu problema numa ficha para que o doutor que cuidar de ti saiba o que aconteceu. Seus amigos vivem passando aqui de dez em dez minutos para saber como você está. Daqui a pouco devem passar de novo!

A velha enfermeira foi interrompida por um estagiário que apareceu e cochichou algo em seu ouvido, então ela se direcionou a mim novamente.

- Seu pai chegou, vamos? Seus amigos já deixaram seu material aqui comigo.

A enfermeira fez questão de carregar meu material e ir me levando até meu pai. Quando ele me viu, agradeceu a enfermeira e foi me levando para fora do colégio.

Meus amigos de longe berraram para mim, então pedi que meu pai esperasse um pouco.

- Caio, Caio, você tá legal? – Perguntou o Beto de novo com aquela cara de médico de pronto-socorro.

- Tô sim, só me dói a cabeça. – Respondi.

- Manda notícias para a gente Caio, não se esquece da gente não! – Pediu Bruna.

- Claro, pode deixar. Tchau.

 

Em mais ou menos trinta minutos havíamos chegado ao Hospital Central, onde fui atendido pelo Clínico Geral e depois de horas fazendo exames e análises clínicas, eis a conclusão:

- Senhor Robson, o Caio está sofrendo de estresse intenso. Ele precisa de repouso e alimentação leve, refeições de três em três horas e alguns remédios relaxantes, calmantes bem fracos pela idade dele. Recomendamos também bastante exercício físico.

- Muito obrigado doutor, ele só anda dando dor de cabeça pra mim viu. Abraços! – disse meu pai se despedindo do médico.

No caminho para casa, passamos por uma farmácia. Enquanto meu pai comprava os remédios, eu ligava para a Bruna.

“Oi Bruna... Tô bem sim... Não. Não. O médico disse que era estresse em excesso... remédio e descanso apenas... Sim pode passar sim... você pode avisar aos professores que eu não vou nos próximos dias? Obrigado Bruna... Tchau... beijos...”

E assim que desliguei a ligação com a Bruna, Beto me liga todo preocupado e eu tive que usar o mesmo repertório… dizer que eu estava bem, que ficaria alguns dias em casa, etc.

 

- Tava falando com quem? – questionou meu pai assim que desliguei. Ele segurava uma sacolinha com três caixinhas de remédios.

- Com a Bruna e o Beto. – eu disse olhando para a sacolinha nas mãos dele – Será que eu vou ficar loucão com esses remédios?

- Para com isso Caio! Você sabe que esses remédios são apenas para ajudar você a relaxar!

Assenti e então seguimos para casa. Antes de chegar, adormeci no banco de passageiro e tive um sonho.

 

Durante o sonho, eu via o Kauê gigante na minha frente. Ele me olhava profundamente, sem dizer uma palavra. Quando percebi, estava na palma das mãos dele. Eu olhava ele com raiva e perguntava: “O que você quer de mim?” e ele permanecia em silencio, apenas me olhando. Antes de terminar o sonho eu dizia: “Eu não posso ser seu, eu não gosto disso, não posso dar esse desgosto aos meus amigos e ao meu pai!”, e a única vez que ele disse algo, foi: “Você já sabe o que você quer, apenas tem medo de sentir. Quando você acreditar que pode, você poderá ser de quem quiser…”
 

Acordei totalmente suado e ofegante. O relógio-despertador marcava três horas da manhã. De repente a porta de meu quarto abre e o meu pai me pergunta:

- Você está bem filho?

- Estou, foi apenas um pesadelo. – disse, ainda ofegante.

- Você estava falando algo sobre um tal Kauê. Quem é esse?

Meu Deus! O sonho tinha sido um pouco pior do que eu imaginava... eu deveria estar falando o sonho enquanto dormia e fiz meu pai conseguir escutar tudo!

- Deve ter sido apenas o sonho pai. Nem me lembro mais o que sonhei.

- Tá bom. Se precisar de algo, é só chamar.

Fiquei algum tempo acordado, pensando e falando para mim mesmo:

- Quando eu acreditar, poderei ser o que quiser. O que eu quiser…

 


Notas Finais




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