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História Marcados Pelo Sangue - Perguntas e incertezas


Escrita por: WilkensOficial

Notas do Autor


Alguns capítulos precisaram ser repostados, pois senti a necessidade de incluir algumas falas e informações que servirão como ponte para NAS PROFUNDEZAS DO DESESPERO e para ONE4....

Bom, espero que gostem deste capítulo e não deixem de comentar.

Boa leitura. <3

Capítulo 8 - Perguntas e incertezas


Fanfic / Fanfiction Marcados Pelo Sangue - Perguntas e incertezas

O feriado prolongado havia finalmente chegado.

Para aproveitar ainda mais, eu tinha faltado um dia antes na escola para viajar com antecedência até uma casa que meu pai mantinha em Ilha Nova, ilha essa que ficava mais ou menos próximo à Praia das Conchas, que por sua vez, ficava a algumas centenas de quilômetros da cidade de Braga.

Como a empresa do meu pai não fecharia nesses dias, eu estaria sozinho por todo o final de semana e nos dias a mais que se sucederiam.

Iria tirar aquele tempo para pensar na vida, e entender por que um simples beijo tinha mudado tanto as minhas atitudes e meus pensamentos.

- O caseiro vai tomar conta da casa e de tudo que você precisar. – dizia meu pai já se despedindo.

- Pode deixar pai. Eu vou chamá-lo se precisar. – disse descontraído.

Já havia ficado várias vezes sozinho na casa de praia desde que meu pai havia comprado ela, então ele e eu estávamos acostumados a isso, mas sempre que podíamos, ficávamos juntos lá.

Como havia chegado um pouco depois do almoço daquela quinta, resolvi passear um pouco e pôr os pés na areia, sentir a umidade, pegar um sol.

A primeira coisa que eu fiz foi deixar os chinelos em um dos quiosques que tinha por ali e saí correndo em direção às águas. Eu me joguei cheio de vontade e nadei durante algum tempo. Depois saí e sentei na areia, simplesmente pensando em nada.

A praia até que tinha um punhado de gente.

 

Foi observando as pessoas na praia que eu percebi que havia alguém conhecido em meio às pessoas que ali andavam.

Era a última pessoa que eu gostaria de ver: Kauê.

Eu era muito azarado! Nem quando me retiro para pensar e relaxar um pouco, consigo me livrar daquele garoto estranho! Porque ele me atormentava tanto? Ou seria apenas uma ilusão minha? Juro, eu cocei os olhos como quem quisesse acordar e quando abri, ele ainda estava lá.

Eu ainda tentei disfarçar e sair dali sem que ele me visse, mas quando cheguei no quiosque, senti uma mão me cutucar pelas costas:

- Você por aqui Caio? – a voz era do Kauê. Eu evitava olhá-lo.

- O que que foi? – falei totalmente sem vontade, como quem preferisse ignorá-lo.

- Coincidência, não acha? – disse querendo puxar assunto.

- Infelizmente. – disse pouco me importando com as palavras.

- Todo esse ódio. É por que gosta muito de mim né? – dessa vez ele estava me tirando do sério. Além de abusado, era metido!

- Olha aqui garoto… – enquanto eu tentava argumentar com ele, ele colocava a mão em minha cintura, me deixando sem jeito. Ao mesmo tempo em que aquilo era envolvente, me sentia repugnado pelo que acontecia.

- Eu sei que você quer isso tanto quanto eu! – disse cada vez se aproximando mais de meu rosto.

Num movimento rápido saí dos braços dele.

Sem dizer nada, corri. Dessa vez percebi que ele deu um salto e veio atrás de mim:

- Caio, me espera, por favor, Caio! – dizia ele aos berros. Eu já estava chorando de raiva. Corri tão rápido que em segundos, ninguém à minha volta existia.

Eu sentia a brisa no meu rosto enquanto as lágrimas escorriam incessantemente. Eu corria tanto que em minutos eu estava na minha casa. Subi correndo para o quarto. Lá fiquei engasgando em soluços. Minha sorte era que o caseiro não entrava na casa quando eu ou meu pai estávamos lá.

 

 

Ao anoitecer, sentado na varanda do quarto, fiquei me perguntando o que ele estava fazendo ali. Era muita coincidência pra alguém que era novato na cidade.

De repente, uma bola voou na minha direção e me acertou na testa. Eu caí e cambaleei por alguns instantes até que uma voz gritou:

- Ei moço, poderia me passar a bola?

Olhei em volta e vi que um rapaz de cabelos cacheados, sem camisa, apenas de bermuda jeans olhava na minha direção pedindo a bola.

Ainda meio tonto, olhei ao meu redor e fiquei meio paralisado com o nada, até que aquele rapaz perguntou:

- Tá tudo bem? A tua testa tá vermelha! – disse ele se aproximando da varanda.

- Eu tô bem, tirando o fato da sua bola quase arrancar minha cabeça!

- Sério? Me desculpa, eu sinto muito mesmo! – ele ficou meio pensativo e então deu uns dois passos para a frente – posso ir até você?

- Lógico que não! Vem fazer o quê aqui? Você pode ser um assassino!

- Eu tenho um curso básico de primeiros socorros. Só quero ajudar!

Eu nada respondi, e isso foi o suficiente para que ele se achasse no direito de se aproximar.

Então ele escalou algumas pedras até conseguir chegar à varanda.

Depois de um pulo, o rapaz já estava a um metro de mim.

- Meu Deus! – disse ele com uma das mãos na boca, como se tivesse visto algo assustador.

- QUE FOI? – perguntei com a mão na minha testa, preocupado.

- Você é uma gracinha! – disse sorrindo.

- Era só o que me faltava! – exclamei baixinho – você não tem curso de primeiros socorros coisa nenhuma, né?

- Não, mas como eu tava sozinho ali, resolvi tentar fazer amizade… não foi da melhor forma possível, mas acho que estou conseguindo.

- E você tem o costume de agredir as pessoas pra conseguir amigos? Aposto que você é bem solitário.

- Bom eu… - ele riu meio sem graça, se abaixando para não ter que me olhar de cima para baixo – nem sempre a bola atinge o alvo onde quero. Sou péssimo de mira.

- Porquê estava sozinho? Cadê seus amigos? – falei, ainda sentado ao chão, olhando para aquele estranho que tinha um olhar de curiosidade para mim.

Ele baixou o olhar e começou a falar, como se me conhecesse desde sempre.

- Eu não tenho muitos amigos, quer dizer, eu tenho um amigo, mas ele está com tantos problemas quanto eu. — o garoto fez uma pausa, me olhando discretamente e então prosseguiu — Vim passar esses dias aqui com meus pais, mas acho que amanhã já tô indo embora.

- Porquê?

- É que eu não me dou muito bem com os meus pais, sabe… é complicado. Prefiro voltar pra casa e ficar um pouco sozinho pra não estragar o feriado deles.

- Sei, sei. E qual o teu nome? – perguntei sem demonstrar interesse.

- Eu sou Fernando, mas pode me chamar de Nando!

- Hum… Nando? Você não é daqui, é?

- Não, não. Eu venho de Braga… quer dizer, eu morava em Novo Progresso, depois fui morar em Braga com meus pais, mas eles vivem viajando e é um inferno viver com eles. Eles me discriminam por quem eu sou.

- E quem você é?

- Eu sou gay. Algum problema pra você?

Fiquei com a cara no chão quando ele disse isso.

- Algum problema pra você? – perguntou novamente.

- Não, não. Nenhum. – gaguejei — Mas você não deveria andar por aí fazendo esse tipo de revelação, não depois do decreto federal.

— Ah sim, o decreto… acredito que tudo faz parte de uma grande conspiração.

— Que tipo de conspiração?

— Não sei exatamente, mas tudo está ligado ao vírus MLC e provavelmente algum tipo de dominação global. — segurei o riso quando ele disse isso.

— Ham… acho que você anda vendo muito filme de ficção.

— Tem tanta coisa acontecendo pelo mundo. Uma doença dividindo as pessoas e você acha que eu sou louco?

— Não te chamei de louco.

— Mas pensou! — Nando suspirou e olhou para as estrelas — Pra piorar, tem a droga dos meus sentimentos que nem nesse paraíso deixam eu relaxar.

— Porquê?

— O cara que eu gosto agora está numa cadeira de rodas, em Londres, tentando um tratamento alternativo.

- Nossa! Isso deve ser tenso.

- Muito mesmo. — a expressão dele rapidamente mudou e seus olhos se concentraram novamente em mim — Mas e você. Como se chama?

- Eu sou o Caio. – falei mais sem graça ainda. Acho que aquele era meu primeiro contato direto com um rapaz assumidamente gay, o que quebrava todos os conceitos que eu tinha em minha mente de achar que todo gay é oferecido e vai querer te agarrar, ou que todo gay precisa ficar desmunhecando e requebrando escandalosamente pra ser gay.

Nando era diferente, ele… era um garoto inteligente e muito bom com as palavras, além de ser muito bonito.

Esse nosso primeiro contato pode parecer meio estranho, mas seria o começo de uma grande amizade.

Ficamos conversando por horas e durante essas horas, percebi que ele tinha o dom de me fazer sorrir e esquecer dos problemas.

Ele falava muito e eu adorava ficar escutando as histórias dele, era tudo fascinante.

Passado algum tempo, o caseiro bateu à porta, avisando que o jantar estava pronto.

Foi só Nando ir embora e me deixar sozinho que todas as minhas frustrações voltaram. Fiquei emburrado, estressado e com a cara fechada o tempo todo.

 

Jantei, tomei banho e deitei. Fiquei chorando por séculos até que o sono veio e eu dormi.

 

Na manhã da sexta-feira, acordei mais tranquilo, mas mesmo assim meio perturbado pelo que aconteceu no dia anterior comigo. Na frente de todo mundo o Kauê não teve medo de me pegar, de demonstrar o que sentia por mim, o que me deixou ainda mais perturbado.

Depois que tomei o café da manhã, fui para a praia relaxar, mas eu ficava toda hora olhando para ver se o Kauê não estava por perto. Acho que aquilo estava virando doença ou algum tipo de transtorno psicológico.

Para a minha sorte, quando a manhã terminou e fui pra casa tomar banho e não tinha visto o Kauê ainda.

Quando eu cheguei na casa, o caseiro, muito prestativo, já estava me aguardando:

- Vai querer o que pra almoçar hoje, Caio? – disse educadamente.

- Hoje não vou comer aqui. – disse rapidamente – Vou apenas tomar um banho e vou até o restaurante da Ceci. Faz um tempão que não passo lá.

 

Subi, separei uma roupa e a levei para o banheiro. Lá tomei uma ducha rápida e então me troquei ainda no banheiro. Desci voando. O restaurante da Ceci era um dos primeiros lugares que fui em Ilha Nova e eu realmente gostava de lá.

 

Cheguei alegre e fui logo cumprimentar a dona Ceci:

- Nossa! Quanto tempo Ceci! – disse com os braços abertos, como quem pede um abraço.

- Verdade, Caio a última vez que você esteve aqui estava menorzinho. Como você cresceu! – disse retribuindo meu gesto.

Ceci era conhecida por fazer comidas regionais. Tinha a típica cara de vovó que cozinha bem. Mais baixa que eu. Deveria ter 1,60. Já deveria ter seus 60 anos. O sorriso reconfortante era uma de suas características mais marcantes.

- O que tem hoje pra comer, hein? – disse mostrando com as mãos e massageando a barriga indicando a fome que eu passava.

- Tem aquele arroz carreteiro que você ama! – disse ela com um sorriso meigo.

- Então prepara um pratão que eu vou comer!

 

Fui me sentar alegremente.

O prato chegou e eu comecei a comer com gosto. Fazia muito tempo que eu não comia aquela comidinha caseira que eu tanto amava. Enquanto eu estava me deliciando, senti alguém me cutucar. Quando me virei, não vi ninguém, mas quando eu olhei para a frente, vi que tinha alguém sentado:

- VOCÊ AQUI?! – falei perplexo e irritado.

- Caio, por favor, vamos conversar? – Disse o Kauê, decidido.

- Não tenho nada para falar contigo, mano! – disse irritado, largando o garfo com raiva no prato.

- Olha, eu juro que não vou te agarrar, que não vou fazer nada contigo, por que sei que esse não vai ser o jeito que eu vou te conquistar. – disse o Kauê.

Aquela fala dele me intrigou. Será que aquilo poderia realmente dar certo? Mas o que eu estava pensando? Eu não podia pensar aquilo!

- Olha Kauê, acho nobre você brigar pelo que quer. – disse mexendo no garfo largado no prato – mas você está me deixando cada vez mais confuso cara. Eu não tô conseguindo raciocinar. Olha… você deveria procurar alguém que correspondesse você e não a mim. Eu sou só uma pessoa normal querendo fazer coisas normais!

Kauê me olhava atentamente, como se daquilo dependesse o nosso futuro.

A concentração dele era enorme:

- Olha, eu posso te mostrar que não sou esse monstro e posso tirar suas dúvidas se quiser. – disse Kauê, mostrando um lado dele que eu evitava de conhecer, com medo de gostar – eu sei que você anda confuso, mas… alguma coisa, desde o primeiro momento, me fez querer estar perto de você.

Eu fiquei quieto.

Resolvi deixar ele ali, me observando enquanto eu comia. Eu estava meio incomodado com aquilo, mas aos poucos estava me acostumando com a situação.

Quando terminei a comida, fui cumprimentar a dona Ceci e saí dali, com o Kauê me seguindo. Eu olhava para trás e ele fazia uma carinha de cão sem dono. Eu ficava sem saber o que fazer, até que falei algo que nem eu esperava:

- Tá bom. O que você quer, hein? – disse impaciente.

- Apenas conversar, te conhecer, mas eu só vou fazer isso quando você quiser. – disse ele, com a cara mais paciente e natural do mundo.

— Enquanto isso, vai ficar me seguindo pra todos os lados? — ele deu um sorrisinho da minha pergunta e deu de ombros. Revirei os olhos enquanto ele alargava o sorriso.

Fiquei meio desconfortável com aquilo. Não podia levar ele para a casa da Praia com medo dele me atacar, pois com toda a certeza ele não seria tão cavalheiro e comportado como Nando. Não podia ser um lugar muito movimentado, por que ele ia acabar me fazendo passar vergonha. Pensei um pouco e então disse a ele o que eu achava:

- Olha, melhor a gente se ver na praia mais tarde da noite. Vai estar mais tranquilo e você vai poder dizer o que quiser pra mim, okay?

- Nossa que romântico! – disse sarcasticamente.

- Ah, vai à merda! – dei as costas e fui saindo quando o Kauê gritou:

- Ei! Espera! Que horas a gente se vê por aqui?

- Umas oito e meia tá bom pra você?

- Acho que sim.

- Okay então! – Não tinha mais nada o que falar para ele. Dei as costas e fui em direção à minha casa, mas sempre olhando para trás para ver se o Kauê vinha me seguindo ou não.

 

Juro, nunca fiquei tão ansioso vendo as horas passarem devagar. Todas as minhas certezas já tinham caído por terra. Não sabia mais do que eu gostava e o que eu poderia esperar. Pensei em mil possibilidades. Minha cabeça já soltava fumacinha. Eu andava de um lado para o outro no quarto.

Eu deveria realmente ir? O que aconteceria se eu fosse? Eu estaria me aceitando gay? E por que no fundo me sentia como o Kauê? Por que todos esses sentimentos confusos ao mesmo tempo?

Eu estava me sentindo como um passarinho recém-nascido que, ao sair de seu ovo e olhar à sua volta, não vê nada além de folhas e árvores, e de tão desesperado fica piando sem parar. Não sabia a quem pedir ajuda, o que eu deveria pensar, como me comportar, o que fazer…

Pensei em não ir, afinal, como poderia eu conversar com um garoto que quer ficar comigo?

De repente, a cena do beijo no vestiário me veio à cabeça e um sentimento diferente foi aflorado. Enquanto eu lembrava o beijo, comecei a ficar excitado. Quando percebi que acontecia aquele volume na cueca, fiquei totalmente apavorado.

Eu nunca tinha me excitado daquele jeito, ainda mais pensando em alguém do mesmo sexo.

É, parece que estava mesmo na hora de conversar com ele e saber o que realmente estava acontecendo comigo.

Será mesmo que o Kauê tinha as respostas para essas perguntas? Eu esperava que sim.


Notas Finais


FAVORITE E ADICIONE ÀS SUAS LISTAS DE LEITURA MEU PRÓXIMO LIVRO:

NAS PROFUNDEZAS DO DESESPERO====>>>> https://www.spiritfanfiction.com/historia/nas-profundezas-do-desespero-23584896


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