História Marcas do Passado (em correção). - Tentando manter o controle.

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Passou-se  alguns dias desde que eu e Jon discutimos sobre a escravidão e eu estava furiosa, mesmo assim tive que me manter calma. Não era possível que meu filho fosse tão estúpido. Olho para o morto vivo, deitado em minha cama e tinha vontade de o matar com minhas próprias mãos. Ned sempre foi um imprestável. Não suportava quando ele defendia escravos, será que ninguém entendia que os negros eram apenas animais bons para o trabalho?

Eu jamais me importaria com eles. Por mim os negros poderiam passar semanas no tronco. Jon puxou o coração mole do pai e por isso teria que casar  com Ygritte o mais rápido possível, e faria qualquer coisa para isto. Não me importava em passar por cima de alguém para isso acontecer. 

Vou até à cama me sentando e observo Ned arregalar os olhos, enquanto eu o fitava.

—  Querido, não deixarei Jon me dar trabalho, amo meu filho,  mas nunca permitiria que esse amor ficasse acima dos meus interesses, o amor é uma fraqueza humana — falei fechado o cenho. — Vosmecê não sabe o quanto me sinto enojada por ter aquelas crianças horrorosas no meu jardim, mas por enquanto não farei nada, tenho que manter o controle sobre minhas emoções.

Estava raivosa demais, no entanto, vejo Ned quase pular da cama.

— Vou chamar Ygritte para nos visitar — disse e me atento com a respiração ofegante de Ned. — Vosmecê é um imprestável, mas gosto de conversar com vosmecê, pelo menos serve para me ouvir — falei calma gargalhando em seguida, Ned não poderia fazer nada para me impedir. — Vosmecê não sabe quantas noites eu sonhei com sua morte, eu já tenho o vestido perfeito para o seu enterro! —  afirmo. — Odeio vosmecê, com todo o meu coração. 

Caminho até uma cadeira e me sento, pego um papel e tinta, escrevendo uma mensagem para Ygritte, a convidando  para um chá da tarde amanhã. Terminando de escrever, desço as escadas e saio. Na passagem, presencio crianças negras trabalhando no meu jardim, respiro fundo para manter a calma procuro Drogo para ele mandar o mensageiro até a fazenda de Ygritte. O encontro perto da senzala e seu semblante não é dos melhores, mas não me importaria com isso, ele é só feitor. Eu o manteria aqui, pois no futuro ele poderia me ser útil. 

— Quero que mande alguém até a fazenda dos Giantsbane para entregar essa mensagem — disse séria, chegando perto do mesmo. Drogo abriu um sorriso cínico. O feitor não precisava fingir, ele sabia muito bem de tudo que eu era capaz. Ele era meu cúmplice. 

— Sim, senhora — ele fala pegando a carta da minha mão chamando um dos negros, enquanto eu me ausentava dali. 

Caminho de volta para casa indo para meu quarto, faço minhas derivadas rotinas colocando  uma chemise e um vestido na cor azul, por fim, elaboro um coque baixo em meu cabelo. No meu pescoço, deixo  um colar de esmeralda e em minhas orelhas, dois brincos e pérolas verdadeiras. Na hora da refeição desço e esbarro com Sansa e Arya. Ao corredor, juntas descemos. Movimentamos até a mesa, onde nos sentamos imediatamente, Robb chega e senta ao lado de Arya.

Jon é o último a chegar e se prostrar  ao meu lado da mesa. Na távola, a longa fartura fazia presença. Tinha arroz, feijão, porco assado, salada e suco verde para a sobremesa. 

Sirvo-me de tudo um pouco, levando a boca um pouco de carne, a qual estava macia e bem temperada. Durante a refeição, Daenerys e Yara ficaram em pé, em silêncio até a refeição acabar. Caso faltasse algo na mesa elas teriam que repor rapidamente. Jon estava meio aéreo a tudo que estávamos conversando. Meu filho não era assim. 

— Amanhã Ygritte vem nos realizar uma visita — falei calma, vendo Arya e Jon fecharem o cenho. Sansa e Robb não esboçam nenhuma reação. — Ela vem para o chá e peço a presença de todos! — afirmo com sinceridade, Jon apenas a cena em concordância com a cabeça, mas parece não gostar da ideia.

Arya também parecia não gostar.

A refeição estava acabando, faço um prato para o homem quase morto e dou pequenos passos para fora da sala. Subo as escadas, indo para meu quarto onde entro no lugar e vou ao banheiro, onde limpo os dentes e depois volto para o quarto. Pego a comida e me sento na cama. Amasso todos os petiscos e enfio na boca de Ned sem me importar se estava quente ou frio. 

Parando de o alimentar, chamo Jon para banhar meu querido marido. Meu filho entra no quarto, pega o pai no colo e o leva para o banheiro. Ele retorna com Ned já limpo, o  vestindo e o colocando deitado na cama. Depois deixa um beijo na cabeça e sai. Vou até à cadeira, me sento e passo algumas horas lendo. Quando maneio minha cabeça, vejo que já está escuro, tomo outro banho e visto minha chemise e um vestido mais simples. Descendo para a refeição, observo a mesa e presumo ser um ensopado de frango com pães. 

Todos estavam na mesa, Jon e Arya continuam emburrados, pois mal conversam. De fato, isto não me incomodava, pois minha vontade era soberana e sempre prevalecia sobre as demais. Jon é o primeiro a partir da mesa. Sansa, Arya e Robb saíram logo depois. A última a sair, sou eu. Parto com um pequeno prato de sopa para Ned. Entro no quarto e os olhos dele se arregalaram de medo, sento-me na beirada da cama e enfio a comida em sua boca. A sopa parecia quente, mas não me importei e o alimentei mesmo assim. Alimentado mesmo contra o seu gosto. 

Limpo a boca do homem e assim que termino, desço as escadas. Ingresso na cozinha limpa e deixo a louça sobre a pia. Estava tudo lavado, Daenerys e Yara já haviam se recolhido para dormir. Nos meus aposentos, tiro o meu vestido e as joias que estavam em meu corpo.

Fico apenas de chamise.

Limpo os dentes e coloco um pano no chão para meu marido dormir. Me recusava a dormir ao lado dele. 

— O chão é o seu lugar Ned, vosmecê é um maldito inútil — falei, o olhando com desprezo, pois era só isso que sentia pelo meu querido marido. 

Jogo um lençol de qualquer jeito sobre ele, sem me importar se a noite estava fria.

Deitando-me na cama, durmo. Ao amanhecer, levanto-me e o observo no  chão, dormia profundamente. No caminho até a latrina, faço minhas higienes matinais e pulverizo os dentes com hortelã. Volto para o quarto mesmo contra o meu gosto, coloco Ned na cama.

Faria o papel de uma boa esposa. Feito isto, visto um vestido na cor vermelha, coloco um coque em meus cabelos e no pescoço apenas um colar simples de pérolas. Descendo para a sala, sento-me na mesa. Sansa e Arya chegam em seguida, elas me cumprimentam e se abraçam, assim  como Jon e Robb também. Noto que Jon está sério, mas logo esqueço  e me sirvo com um pedaço de torta, levando a  primeira garfada à boca, ainda bebo um pouco de leite de amêndoas.

Daenerys e Yara ficam em seus devidos lugares, cabisbaixas durante toda a refeição. Nunca me importei com os criados, elas não seriam a exceção. Trabalhavam em minha casa e eu poderia colocá-los para fora quando bem quisesse. Termino de comer, faço o prato de Ned e subo as escadas em seguida. Dou-lhe sua comida como de costume e quando termino de alimentá-lo, pego o prato sujo e o levo para a cozinha. Antes de ir, digo:

— Quero que façam uma torta de limão, suco verde e pães para o chá, pois teremos uma visita. Quero uma mesa farta — disse em tom calmo, mostrando-as que eu era soberana e não admitiria erros. Elas apenas acenaram. 

Voltando ao meu quarto, pego o livro e começo a ler. Ned me observava estranhamente, mas isto acaba quando escuto batidas na porta. Sigo em direção a abertura e me deparo com Daenerys. Dou-lhe um espaço para que ela entre. Ela vai direto ao banheiro e depois volta para o quarto. Começa a limpar os móveis, o chão e tudo que estava ali por encardido. Já terminando, caminho até perto do balde que está com água suja e finjo esbarrar nele derramando água no chão. 

— Daenerys, limpe de novo — disse calmamente, para que ela não percebesse que fiz de propósito. 

— Sim, senhora — ela diz  serena se ajoelhando na minha frente e enxugando toda a água. Sabia que ela precisava do trabalho, a mulher  jamais me desobedeceria. Era assim que gostava de ver criados, de joelhos. 

Logo Daenerys termina de limpar o quarto, se retirando do local. Ela vai embora em seguida  e eu vou até o banheiro, tomo um banho e visto minhas vestimentas. Depois de algumas horas me proporcionando, saio do quarto. Vejo Sansa sair do seu quarto lindamente em vestido azul e Arya que estava bem simples. Juntas descemos as escadas indo até à mesa, onde nos sentamos. 

Jon e Robb foram os últimos a chegarem. Jon sentou ao meu lado, sem expressões. Ele parecia chateado, pois nem sequer me cumprimentou. Robb me cumprimenta e se senta. Na mesa tem arroz, feijão, salada, carne de carneiro ao molho e suco. Sirvo-me de tudo um pouco e levo a salada à boca. Quando termino, faço um prato para Ned e subo as escadas. Entro, limpo os dentes e depois caminho para a cama, onde sento e amasso a comida, colocando na boca dele. Jon bate na porta para o banhar. Abro e o mesmo entra, indo até a cama, ele pega Ned no colo, o levando até o banho.

Era inegável o amor dele pelo pai. Voltando para o quarto, Nedd já estava banhado. Meu filho o veste e o coloca sobre a cama, beija sua cabeça e sai. Pego o prato e desço até a cozinha, onde o deixo sobre a pia. Seguindo de volta ao quarto, leio um pouco. Quando a hora do chá chega, coloco meu melhor sorriso, pois apesar de querer casar Ygritte com Jon, não podia negar o óbvio. Ygritte era um pouco irritante, mimada e fútil.

Respirando fundo, desço as escadas e caminharei até a varanda, onde será nosso chá. Sansa e Arya chegam. Sansa está impecável, já Arya com um vestido simples. Elas sentam, quando constato a charrete chegar, logo vou até à sala recepcionar Ygritte. Ela entra, e posso dizer que sua beleza era admirável. Extremamente bela. Seu vestido era branco da cor da  neve, e então, eu a abraço.

— Seja bem-vinda, querida — falei, com meu melhor sorriso. 

— Obrigado, senhora Catelyn. — ela falou educadamente

Pego o braço de Ygritte e caminho até a varanda.

Ygritte estava radiante. Quando chegamos na varanda, Sansa a abraça, já Arya nem sequer levantou.

Apenas a cumprimentou.

Jon e Robb são os últimos a bastar. Robb cumprimenta Ygritte e Jon também. Daenerys e Yara colocam a mesa e nós nos servimos. Falávamos sobre as festas de colheita, Jon ficava em silêncio, já Sansa era a mais animada, Arya também permanecia em silêncio, como se a conversa não a interessasse. Jon é o primeiro a se retirar cumprimentando a todos com “até mais''. Ele nem sequer beija a mão de Ygritte. Aquilo me deixou frustrada. Mas, não desistiria de casar Jon com ela.