Depois de todo aquele rolê que deu, Mark e Haechan começaram a morar juntos.
Já ia fazer quase duas semanas, e sinceramente? Mark não poderia estar mais feliz. Motivo? Bom, existem dois. Primeiro, Mark havia conseguido um emprego bom e sustentável, o que isso significa que ele, além de conseguir ajudar seu amigo, também conseguiria comprar melancias. E segundo, ele e Donghyuck estavam aproveitando muito esses dias juntos.
O coreano ficava a manhã inteira fora, e só voltava no meio da tarde, já Mark, ficava a tarde inteira fora e só voltava no começo da noite. Confuso, não? Pois é, aqueles horários eram uma confusão para ambos, mas já estavam se acostumando. E é exatamente por esse motivo, os horários, que Mark e Haechan aproveitavam tanto.
Mas, naquela noite em específico, Mark estava mais animado ainda. Donghyuck disse para si que iria trazer um presente, e o canadense não poderia estar mais ansioso. Estava tão ansioso que não parava um minuto seguer, ele já estava começando a ficar tonto de tantas voltas que já deu pela sala.
Para se acalmar um pouco, Mark resolveu ver algumas fotos antigas, ou melhor, ver um álbum de fotos da época em que Mark e Haechan ainda estavam na escola.
Quanto mais fotos ele passava, mais sentia falta daquela época. Era uma época tão boa. Era feliz, e nem sabia disso, não se esforçava para ser feliz, apenas era.
Mark nasceu e morou no Canadá até seus seis anos, logo depois se mudou para Seoul, na Coréia do Sul. Foi lá que conheceu seu primeiro, e único, amigo, Lee Donghyuck. Os dois, no começo, se odiavam, mas depois, começaram a criar um laço tão forte, que ninguém separava. Obviamente tiveram outros amigos, mas foram poucos os que restaram.
Depois que Mark deixou a escola, teve que enfrentar a faculdade sozinho, já que Donghyuck era um ano mais novo que si. Foi um saco, mas ele conseguiu superar.
Mark tem vinte e três anos agora, e não, ele não tinha acabado a faculdade.
Depois de uma briga que teve com sua mãe, Mark ficou sem ter dinheiro o suficiente para pagar a faculdade, o aluguel e, ainda mais, comprar coisas totalmente necessárias para si no dia a dia. Sua mãe ajudava com uma boa quantia finaceira nessa parte. Ela pagava sua faculdade, com o dinheiro que guardará para esse dia tão especial, mas ela não contava que seu filho iria sair do armário, e também não contava que ficaria tão furiosa assim.
Mark havia se descoberto gay no último ano escolar, quando, em uma festa de despedida, beijou um garoto, e simplesmente foi a melhor coisa que Mark já fez, se sentiu livre.
Era libertador ser quem você era, mas, ao mesmo tempo, era assustador os olhares que recebia, as palavras duras que eram jogadas na sua cara. Mark não desejava aquilo para ninguém.
O canadense sempre pensou que sua mãe lhe aceitaria muito bem, por isso, em uma das viagens que a mãe de Mark vez, indo visitar seu filho na Coréia, tomou total confiança para contar a sua mãe que, na verdade, ele era gay. Pensou que receberia apoio, mas a única coisa que recebeu, foram palavras duras o suficiente para deixar Mark pra baixo durante um bom tempo.
Obviamente, Donghyuck percebeu, já que seu amigo sempre foi muito sorridente, mas naqueles tempos, ele parecia um morto vivo.
Mark perdeu as contas de quantas vezes Haechan lhe perguntou o que havia acontecido, mas não queria contar para o amigo a verdade. Mesmo confiando em Donghyuck, Mark não queria correr o risco de se machucar novamente.
Não ser aceito pela sociedade é uma coisa que faz nós ficarmos fortes, mas não ser aceito pela própria família, deixa a gente com vontade de desistir de tudo.
Mas, enquanto passava as fotos do álbum, uma foto em si lhe chamou a atenção. Era de Mark e Haechan, crianças, tinham em cerca de sete ou oito anos. O canadense estava vestido de marido, enquanto o coreano estava vestido de esposa. Dava para ver que aquela foto foi tirada na época de Halloween. Mark não se lembrava daquele dia, mas, de qualquer maneira, não deixou se sorrir assim que viu a foto.
Ele também percebeu que, quando se é criança, você não vê nada de errado nas coisas. Tudo fica mais simples, mais ingênuo. É uma coisa linda, se for parar pra pensar.
Depois de ver o álbum inteiro, ele pegou o celular para vê o horário, e percebeu que logo Donghyuck chegaria, por isso, foi tomar banho, não poderia ficar com aquele cheiro quando seu amigo chegasse.
[...]
Enquanto Mark se trocava, ouviu um barulho vindo da sala, supôs que seria Donghyuck chegando, então, começou a se trocar um pouco mais rápido.
- Mark? Você tá aqui? - Conseguiu ouvir Haechan falar da sala, obviamente tentando achar Mark.
- Não, Hyuck, ele saiu. - Respondeu para Haechan, ainda no quarto. Ouviu passos dele se aproximando.
- Palhaço, tá se achando o engraçado agora é? - O coreano, assim que chegou na porta e a abriu, disse, mas logo se calou e ficou envergonhado quando viu que Mark ainda não tinha colocado sua camisa. - Meu deus, coloca essa merda de camisa logo, Mark.
Assim que o canadense viu que Donghyuck estava constrangido, soltou uma risada, alta. Ele não sabia, mas só aquilo já fez Donghyuck ficar ainda mais constrangido.
- Até parece que você nunca me viu sem camisa, Haechannie. - Enquanto falava, Mark ia em direção a sua cama, onde estava jogada sua camisa. Assim que chegou lá, tratou de logo colocá-la. - Pronto? Está melhor assim?
- Mil vezes. - Assim que disse isso, olhou para Mark, reparando que este estava usando uma camiseta de melancias. - As vezes eu me pergunto se você é um cara de vinte e três anos, ou se é uma criança com quatro anos. Olha a camisa que você usa, Lee.
Haechan saiu do quarto, indo em direção a cozinha. Mark estava logo atrás de si.
- Por acaso, tem preconceito com a minha camiseta? - Assim que os dois chegaram na cozinha, Mark perguntou, com aquele tom sarcástico e brincalhão na voz. Ele estava apoiado na bancada, vendo Haechan indo em direção a uma sacola que estava em cima da mesa.
- Na verdade, Mark Lee, não tenho, e é por esse motivo, que eu comprei isso. - Deu um pequena pausa para pegar o presente de Mark na sacola, tirando de lá uma melancia. - Eu sei o quanto que você gosta, e o tanto de tempo que estava com vontade de comer uma, por isso, comprei.
Mark não poderia estar mais feliz com aquilo, era uma melancia! Não comia uma a tempos.
- Nossa Hyuck, não acredito! - Disse indo em direção a seu amigo, logo lhe tanto um abraço. - Já disse que te amo?
Aquilo pegou Haechan de surpresa.
Obviamente era brincadeira da parte de Mark, mas, querendo ou não, aquilo tinha mexido bastante com ele.
Logo após Mark dizer isso, Donghyuck desfez o sorriso.
- Não.
Mark se afastou um pouco de Haechan, podendo ver seu rosto.
- Não? Não o que? - Claramente, Mark ficou muito confuso com aquilo.
- Você nunca me disse que me ama.
E, derrepende, aquela cozinha ficou com um clima pesado e triste.
Haechan, percebendo o que tinha feito e dito, falou:
- Esquece, você não vai entender. - Se afastou de Mark e pegou a melancia. - Vem, vamos comer.
- Não, me conta. Como assim?
Bom, Haechan já tinha feito merda. Era como aquela famosa frase, o que era um peido para quem já estava cagado?
- Okay, só me prometa uma coisa. Quando eu te falar, você vai fingir que eu não disse nada, e vamos comer essa melancia como se nada tivesse acontecido, okay? - Estendeu o dedinho para Mark, que logo se pós a enrolar seu dedinho também.
- Okay, prometido.
Haechan deu um longo suspiro, tomando coragem para dizer a Mark o que tanto te afetava.
- Bom, eu meio que gosto de você. - Donghyuck falou, claramente constrangido e olhando para baixo.
- Meio?
- É. Quer dizer, não. Eu gosto de você, Mark, desde quando a gente era apenas dois adolescentes idiotas aproveitando a vida. E eu nunca contei, pois eu tinha, e tenho, medo, é meio óbvio que você vai me rejeitar e tals. Talvez você prefira garotas...
Mark o cortou.
- Hyuck, eu sou gay.
Naquele momento, Donghyuck ficou confuso.
Foi o famoso deu pane no sistema.
- Epera aí, como?! - Haechan praticamente gritou, fazendo Mark ri, e logo falar:
- Eu sou gay, Hyuck. Por isso que eu e minha mãe brigamos.
Haechan estava perplexo.
Além de descobrir que seu amigo, a pessoa que gosta, é gay, descobrirá também que o motivo da briga entre Mark e sua mãe, era por causa disso. E o pior, Mark contava isso como se estivesse contando seu dia a dia.
- Espera aí, me conta essa história direito.
E, bom, Mark contou toda a história para Haechan, enquanto os dois comiam a melancia, sentados na mesa.
Mark também contou que sempre gostou de Donghyuck, só tinha medo de contar para o mesmo pois não queria que acontecesse a mesma coisa que aconteceu entre sua mãe e ele.
E não, os dois não cumpriram a promessa.
Na verdade, naquela noite, eles já não eram mais amigos, e sim duas pessoas que estavam ficando.
Haechan descobriu naquela noite que os lábios de Mark eram macios, e que tinham gosto de melancia, obviamente.
Também descobriu que sentir Mark por completo era a melhor coisa do mundo.
Estava livre, e o melhor, com a pessoa que amava.
E, bom, foi assim que a saga da melancia acabou, e foi assim que começou uma nova saga...
- Mark.
- Hm?
- Você sabe que eu te amo, né? - Haechan perguntou, ainda abraçando o tronco nu de Mark. Os dois estavam na cama, haviam acabado de sair do banho.
- É claro que eu sei, Hyuck. Também te amo.
...a saga do amor.
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