Meus olhos estavam vermelhos e fundos, minha respiração acelerada, meus cabelos desarrumados e minha boca seca.
Olhei para baixa e vi dentro da pia de mármore os comprimidos. Não estavam jogados claro, estavam dentro de um porta-comprimidos rosa que eu havia ganhado de minha tia. Na hora fora uma coisa tão sem utilidade que eu achei que nunca iria usar, mas agora. Agora é o fim de tudo.
Lá fora caia a chuva. Eu sempre amei dias chuvosos, sempre amei o cheiro de terra molhada, o barulho das gotas caindo e batendo nos vidros das janelas.
Eu mudei tanto, e não me orgulho do que me tornei. Só queria voltar desde o começo e mudar tudo. Não queria ter ido para aquela maldita escola, não queria ter conhecido Hillary, nem Jazzy.
Só quero minha vida do Canadá de volta.
Eu não sinto nada, não sinto nada a bom tempo e eu só queria fazer isso parar, fazer toda essa ansiedade e essa angustia dentro de mim parar e quando eu penso em todos que posso machucar com essa decisão, eu simplesmente não consigo ligar.
E foi sentada junto a janela que engoli o último comprimido daquele frasco. E então eu apenas fiquei ouvindo as gotas d’água batendo na janela até que o sono veio.
E então eu me deixei levar por ele.
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