– Eu tenho provas contra ele. – diz o alfa, fazendo Jem arregalar os olhos e focar em suas palavras agora, não mais em seus machucados.
– O que disse? – perguntou, não acreditando. – Vo-Você conseguiu? – perguntou e Will acenou positivamente. – Como?
Jem voltou seus olhos para os ferimentos de William, entendendo de onde havia saído aquilo.
Alec olhava tudo paralisado no mesmo lugar. Não fazia nem ideia do que o casal estava falando. Será que havia passado tanto tempo longe dos amigos assim?
– Eu tenho a palavra dele gravada, Jem. – confessou o alfa, rindo. – Eu tenho tudo gravado, amor.
– Do que vocês estão falando? – perguntou Alec, um pouco confuso.
O casal olhou para ele e suspiraram.
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– Então, Jon realmente matou seu pai? – perguntou Alec, triste, para Will.
– Sim. – suspirou o alfa. – Ele confessou pra mim a um tempo e eu realmente não quis acreditar nisso. Ele me ameaçou e foi por isso que me afastou de Jem. Algo entre meu pai, ele e Elena.
– Nossa, isso é... – Alec não sabia o que dizer, ainda mais quando vira a presença de Gabriel, parado na porta da cozinha e olhando para todos com os olhinhos assustados.
– M-meu avô... é do mau? – perguntou o pequeno alfa, fazendo James se levantar lentamente e sem saber o que fazer.
O ômega se ajoelhou em frente ao filho e pegou em sua mãe.
– Filho, seu avô é... – olhou para Alec e Will, pedindo apoio. E nos olhos de Will encontrou. – Seu avô machucou a mim e seu pai Will. – o menino olhou para Will. – Não posso te dizer o que ele fez, mas quero que saiba que eu e o papai vamos ficar bem. Não vamos deixar que ele machuque você. Faremos de tudo para te proteger. – sorriu ao acariciar a bochecha do filho.
– M-mas e vocês? – perguntou o menino, com os olhinhos marejados. – Vão ficar bem?
– Claro que vamos, filho. – quem respondeu foi William. Aproximou-se dos dois e se ajoelhou ao lado de Jem, puxando o corpo dos dois menores e acolhendo-os em um abraço apertado.
Alec apenas os observou e sorriu ao vê-los juntos.
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Magnus está no hotel com os filhos, almoçando com eles e passando um tempo agradável. Eles estão sentados e conversando sobre tudo que aconteceu desde que eles se mudaram de Medan para Nova York.
– E então, crianças, o que vocês acham de seu pai Alexander? Vocês estão felizes por estarem participando da vida dele e ele da vida de vocês? – pergunta Magnus, curioso e com uma ponta de preocupação.
Quando Magnus fala sobre Alec ele imediatamente percebe o sorriso no rosto de Sophie, mas também percebe que Tyler ficou meio triste.
– Eu estou adorando morar aqui em Nova York e o papai Alec participar de minha vida e eu de sua vida. – cantarola Sophie com os olhos brilhando e um sorriso animado em seu rosto.
– Que bom, minha filha. – Magnus lhe dá um sorriso e acaricia sua bochecha arredondada. Seus olhos vão em direção a Tyler, que ainda não havia se pronunciado sobre o assunto. – O que aconteceu, Tyler? Você não está gostando? Saiba que se algo estiver lhe incomodando, pode me dizer qualquer coisa. – diz, dando um sorriso para o pequeno ômega.
Tyler nem mesmo levanta o olhar, mas Magnus percebe o beicinho formado.
– Papai Alec é bastante ligado com a Sophie e isso faz com que eu fique meio de lado e sinta que eu não sou amado por ele. – diz Tyler com um beicinho.
Magnus suspira e puxa Tyler para seu colo, lhe olha bem em seus olhos e diz:
– Meu pequeno, seu pai ama muito você e a Sophie. Ele não tem distinção entre um e outro, mas ele é apegado na Sophie porque ela foi mais solta, é mais solta... – riram enquanto a menina soltava um som de indignação. – Tenho certeza que se você se aproximar dele, ser mais solto, ele irá se apegar a você também. – o ômega diz com um sorriso pequeno e beija a bochecha do filho.
Tyler dá um sorriso e assente com a cabeça. Iria conquistar o pai aos poucos, assim como a irmã.
– Então, vamos nos arrumar? – pergunta Magnus, já se levantando da mesa e retirando os partos e levando a pia por costume. Sempre se esquecia de que ainda morava no hotel.
– Mas e a sobremesa, pai? – perguntou Sophie, fazendo um biquinho lindo com seus lábios rosados.
– Nós estamos indo na casa do seu pai. – respondeu. – Lá vocês comem uma sobremesa bem gostosa.
Sophie riu e saiu correndo para seu quarto se arrumar.
Tyler foi logo em seguida, já que ainda não tinha terminado de comer os legumes que seu pai lhe obrigava a comer.
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Assim que o carro de Magnus se aproximou da casa, o ômega já foi capaz de sentir o cheiro de tensão dos lobos que se encontravam ali.
Todos estavam muitos nervosos e preocupados.
Magnus se alarmou e olhou para os filhos, por extinto de proteção.
Tyler e Sophie ainda não conseguiam diferenciar os cheiros, mas sabiam quando seu pai estava preocupado.
– O que houve, pai? – perguntou Sophie, já querendo retirar o seu cinto quando o pai estacionou o carro.
– Espere! – pediu Magnus, impedindo que ambos retirassem seus cintos e saíssem do carro. – Eu já volto.
Magnus rapidamente saltou do carro e correu até onde James estava, na varanda, falando ao telefone. O ômega foi capaz de escutar a voz de Alexander e William do lado de dentro.
– Vocês estão bem? – pergunta Magnus, assim que se aproxima de James e o mesmo abaixa o celular.
O outro ômega, de cabelos platinados e um pouco caídos sobre os olhos, da um suspiro pesado.
– Estamos, apenas... – sorri. – Entre, Alec e Will podem lhe contar. Eu estou falando com minha mãe agora.
Magnus, confuso, assenti e busca as crianças. Pelo menos, nada estava em risco ali. Estavam apenas tensos, mas não nervosos. Não era arriscado levar seus filhos para dentro.
– Está tudo bem, pai? – perguntou Tyler, agora.
– Está sim, querido. – beija a cabeça do filho.
Os três entram em casa, mas não sem antes Magnus escutar James falando com a mãe sobre ir a delegacia e pedir uma ordem de restrição contra Jon.
Jon? Magnus se lembrava do nome. Era o pai de James. Mas por que o ômega queria uma ordem de restrição contra ele? Era por isso que estavam tão tensos ali?
Sophie, quando enxerga seu pai, corre e se joga em seus braços. Alexander abre um sorriso para ela e lhe abraça de volta.
Tyler chega depois de Sophie e abraça o pai timidamente. Magnus dá um olhar para Alexander, que entendeu, basicamente, no mesmo instante.
O alfa puxa o pequeno ômega para o seu colo e o enche de cosquinhas e beijo no rosto, o que faz com que Tyler fique rindo alto e Magnus feliz por ver que seu filho assim, se divertindo com o outro pai.
Gabriel logo aparece com um semblante triste, mas ainda sim querendo brincar com os dois novos amigos. Principalmente Tyler. Amava a presença de Tyler.
As crianças ficam brincando no quarto de Gabriel e Magnus vai cumprimentar os outros adultos que estão na casa. O ômega cumprimenta Will e Alexander que lhe olha amorosamente. O alfa não consegue dizer nada, só fica encarando o seu ômega e seus corações batem aceleradamente com os olhares que eles trocam.
Will, sacana como sempre, claramente percebe a tensão sexual que ambos exalam e que tem entre os dois, com isso, o alfa sorri maliciosamente.
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– Eu não estou acreditando nisso. – diz Maryse, apertando aquelas folhas impressas.
Havia ido ao banco pessoalmente e conseguido a informação que tanto queria.
Não fora uma ou duas vezes que Robert havia feito transferência de dinheiro para o Brasil.
Já eram incontáveis vezes e há vários anos. Já eram mais de vinte anos com Robert, seu marido, seu alfa, fazendo essas transferências escondido.
Não foi apenas por uma conta, claro. Foram em varias contas.
Mas o que ela ainda não entendia o porquê dessas transferências estarem sendo feitas.
Robert devia algum dinheiro?
Mas deveria por quê?
Ele nunca comprou algo que precisasse de tanto dinheiro assim.
A mulher andava de um lado para o outro.
Não queria ter pensamentos demais.
Mas obviamente, não podia evitar pensar que o marido poderia sim ter uma família em outro país.
Mas por que assim? Por que transferências tão altas e apenas uma vez por ano?
E por que o segredo?
Não conseguia achar mais respostas... Mas, o que fazer agora?
Enfrentá-lo ou deixar para lá toda essa história?
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– Já contaram a ele? – perguntou Jem, assim que entrou na casa e conferiu se as crianças, principalmente Gabriel, estavam em outro cômodo.
– Não... – Will disse, como uma voz divertida. – Eles apenas estão trocando olhares ardentes. – sorriu para Alec, que lhe repreendeu com o olhar.
O ômega platinado ri do que o seu alfa diz e se senta ao seu lado.
– É o seguinte – começa Jem. – Meu pai começou a ser rígido comigo desde o dia em que eu comecei a namorar com o Will. Nunca entendi o porquê, mas ele era. Parou de ser um bom pai e até mesmo um bom marido, aos meus olhos. Mas agora ele admitiu para Will o motivo disso tudo.
– Já faz alguns anos. – corrigiu William.
– Ele matou o pai de Will. – disse James, com dificuldade. Will apertou sua mão, levemente, buscando e dando força naquela situação. Já havia aceitado a morte de seu pai. Já havia aceitado que seu sogro havia o matado. Mas não conseguia evitar a dor de ouvir a voz James saindo de seus lábios como se fosse o culpado por tudo aquilo. Ele não era, de forma alguma Will o culpava por isso. Mas Jem não conseguia evitar.
– Os machucados... – Magnus sussurrou quando o casal ficou em silêncio. Estava sentado ao lado de Alexander e apenas isso já lhe dava forças o suficiente para escutar aquilo.
James olhou para o rosto de seu alfa a analisou os machucados, vendo que estavam melhores depois de algumas pomadas.
– Eu fui até a casa dele. – disse Will, atraindo o olhar de Magnus para si.
Alexander mesmo já escutado toda a história, ainda prestava toda a atenção no amigo.
– Meu pai acabou confessando novamente para o Will. – continuou Jem. – Acabaram novamente se enfrentando e Will ganhando esse olho roxo e um corte no lábio.
– Que ainda não foi curado com beijinhos. – disse o alfa, fazendo James rir timidamente e lhe dar um beijo rápido, mas que foi aprofundado por Will.
Magnus ficou extremamente constrangido que até virou seu rosto para o lado, mas acabou encontrando o olhar de Alexander, que o deixou ainda mais nervoso e com as bochechas coradas.
Alexander sorria docemente para Magnus.
Isso deixava o ômega ainda mais confuso. Não sabia se era o olhar ou o sorriso do alfa que lhe deixava daquela forma. Ou era os dois?
– Mas eu precisava fazer isso. – continuou Will, sem tirar o olhar de seu ômega. – Se eu não o enfrentasse e deixasse ele pensar que estava ali só para brigar, ele não iria confessar.
– Eu sei. – diz Jem, abaixando o olhar. – Mas não consigo aceitar a ideia dele te machucando.
– Apenas irá me machucar se ele tocar em você ou em nosso filho. – disse com a voz baixa.
O ômega lhe olhou novamente e o puxou para mais um beijo.
Era como se o casal realmente havia se esquecido dos outros dois ali no local.
Magnus novamente desviou o olhar, mas dessa vez sem olhar para Alexander. O ômega apenas se levantou e saiu do cômodo.
– Eles se esquecem que existem outros por aqui. – disse Alexander, chegando por trás de Magnus, que estava parado na varanda do fundo da casa.
– É bonito aqui. – disse Magnus enquanto olhava para a floresta.
Alexander olhou na direção que o ômega olhava.
– Sempre quis que a nossa casa fosse em um lugar assim, não é? – perguntou o alfa.
O ômega riu baixinho.
– Eu não sei bem. – respondeu. – Minhas ideias sobre nossa casa sempre mudavam. – olhou para o alfa, que já lhe olhava profundamente. – Só tinha a certeza que estaríamos eu e você nela.
O alfa prendeu a respiração, sem saber como mais soltá-la.
– Magnus, eu...
– Vocês sumiram de lá. – disse Will, arrastando James até onde os dois estavam.
Magnus sorriu e Alexander ficou frustrado.
– Eu estava pensando e acho que devem ir a delegacia o mais rápido possível. – disse Magnus, chamando a atenção dos dois. – Não conheço muito sobre a lei, mas tenho certeza que esses ferimentos em seu rosto ajudariam muito em uma ordem de restrição contra Jon.
– Tem razão. – diz James. – Obrigado, Magnus.
Os dois agradecem e logo saem da casa, deixando Alexander e Magnus ali, cuidando das crianças.
===
As crianças acabam ficando no quarto de Gabriel, brincando enquanto Magnus e Alexander ficam na sala, lançando olhares um paro o outro e desviando também.
Em um dos levantares de Magnus para ir até a cozinha e evitar o olhar profundo e penetrante do alfa, o ômega percebe que a porta de um dos quartos está aberta e que está em construção. Sua curiosidade acaba batendo no mesmo instante.
– O que você vai fazer naqueles dois quartos ao lado do seu? Pois parece que eles estão em construção. – pergunta Magnus, se aproximando lentamente do quarto.
Alexander se levanta em um salto, envergonhado e com medo.
– São os quartos de Tyler e da Sophie. – Magnus para de andar. – Desculpe-me por não ter falado nada disso com você e nem ter pedido a sua permissão. – diz o alfa, constrangido e com as bochechas coradas.
– Está tudo bem, Alexander. – o ômega se vira, olhando para o alfa naquele estado tímido. – Não há nada de errado em você querer fazer isso para os nossos filhos. – diz Magnus, com um sorriso.
Alexander se aproxima com um sorriso e leva Magnus até o quarto das crianças e quando o ômega entra, ele vê as paredes pintadas nas cores preferidas de seus filhos e percebe que o quarto está ficando muito lindo.
– Está tudo muito lindo. Eles vão adorar. – diz Magnus, com um sorriso brilhante no rosto, o que faz o coração do alfa falhar uma ou duas batidas.
– Obrigado. – diz o alfa, sorrindo para Magnus. – Mags, eu gostaria que você e as crianças viessem morar comigo. – arrisca Alexander, nervoso e mordendo o lábio inferior de nervosismo.
Acabou perdendo o controle da situação quando Magnus sorriu daquela forma.
Magnus gaguejou, não sabendo o que responder e nem mesmo se devia sem pensar por um tempo. Mas foi isso que seu coração respondeu por si:
– Tudo bem, eu virei. Mas apenas depois que os nossos cios passarem. – olha rapidamente para o alfa.
– Combinado. – diz Alexander, assentindo com a decisão do ômega.
Um sorriso tímido no rosto de ambos ficou, mesmo sem deixar nem um e nem o outro ver.
===
James e Will chegam à delegacia e rapidamente são atendidos.
Magnus tinha razão. Os ferimentos no rosto de Will ajudaram muito, até mesmo para serem atendidos pelo delegado o mais rápido possível.
Will quem falou na maior parte das vezes.
Fez o boletim de ocorrência e logo pediu a ordem de restrição, principalmente para James e Gabriel, o que foi uma surpresa para Jem, que não interferiu, mas ficou em choque no momento.
O alfa mostra a gravação para o delegado, que registra tudo e faz mais de uma cópia daquela gravação, ao mesmo tempo em que pergunta se William fez cópias também, o alfa assenti.
Logo eles são encaminhados para o fórum.
– Você está bem? – pergunta Will para James.
O carro estava parado em frente ao fórum da cidade e James parecia um pouco tenso demais. Will sentia.
– Estou. – diz o ômega. – Apenas nervoso.
– Não fique apavorado. – diz Will. – Tudo está dando certo agora.
– Está sim. – sorri James, recebendo um beijo rápido de Will em sua bochecha gelada. – Agora, só falta a anulação do casamento forçado. – Jem ri, fazendo Will lhe beijar mais uma vez.
– Quando iram dar entrada na papelada? – pergunta o alfa, acariciando a mão de James.
– Não sei ainda. – confessa o ômega. – Mas tenho certeza que é o mais rápido possível. Alexander também quer isso cancelado. Ele não se importa mais com o que seu pai quer. Tenho certeza que dessa vez ele lutará por Magnus, não importa o que acontecer, vão estar lutando juntos agora.
– Mas eles não estão juntos, certo? – perguntou o alfa.
– Mas vão estar. – diz o ômega, confiante e com um sorriso iluminado em seu belo rosto.
– Nossa, como você é lindo. – elogia William, vidrado em seu ômega que sorri timidamente.
O alfa segura em seu rosto e toma seus lábios lentamente.
Tudo estava se endireitando.
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