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História Marotos 1977 lendo Harry Potter. - 22. Detenção com Dolores


Escrita por: maraudzrs

Notas do Autor


OLÁ PESSOAS!!

desculpe a demora, mas aí está o capítulo, boa leitura e leiam as notas finais por favor!

Capítulo 28 - 22. Detenção com Dolores


– Detenção? – Lily exclamou logo olhando para o filho que corou sorrindo envergonhado.

– Ele é um maroto, ruiva – Sirius riu sacana recebendo um tapa de Lily.

– Silêncio cachorro pulguento – ela falou rindo.

– O que você fez pra levar detenção bambi? – Remus perguntou e Harry sorriu com o apelido.

– Ele meio que gritou com Umbrigde no meio da aula falando que Voldemort tinha voltado – Rony riu – Foi incrível.

– Esse é o meu filho – James falou orgulhoso.

Não só ele estava mas sim toda a Ordem, o garoto era mesmo leal a Dumbledore e aos seus princípios.

– Al, pode ler – Hermione indicou ao sobrinho que assentiu se aconchegando em Scorpius e começou a ler.

O jantar no Salão Principal àquela noite não foi uma experiência agradável para Harry. A notícia sobre o seu torneio de gritos com Umbridge se espalhara com excepcional velocidade, mesmo para os padrões de Hogwarts. Ele ouviu cochichos a toda volta enquanto comia, sentado entre Rony e Hermione. O engraçado é que nenhum dos colegas que cochichavam parecia se importar que ele ouvisse o que diziam a seu respeito. Muito ao contrário, pareciam esperar que ele se zangasse e recomeçasse a gritar, para poder ouvir a história em primeira mão.

– Ninguém tem o que fazer não? – Marlene grunhiu indignada.

– Aparentemente não – Alice suspirou.

– Ele diz que viu Cedrico Diggory ser assassinado...

– Ele acha que enfrentou Você-Sabe-Quem...

– Ah, qual é...

– Quem é que ele acha que está enganando?

– Nem vem...

– Ninguém aguentaria um minuto no lugar dele – Remus defendeu.

– Eles são hipócritas – Ginny falou enraivecida – Depois que Voldemort voltou todo mundo parecia querer lamber o chão que Harry passava – ela bufou e o marido riu a beijando na bochecha.

– Mas ela não mentiu, eles ficaram do lado do Harry só quando a situação se agravou – Ron suspirou e Harry olhou para as mãos preocupado, até onde teria que ir para ser levado a sério? 

– O que não entendo – disse Harry, com a voz vacilante, descansando a faca e o garfo (suas mãos tremiam demais para segurá-los com firmeza) – é por que todos acreditaram na história há dois meses quando Dumbledore a contou...

– A questão é, Harry, que não tenho muita certeza de que acreditaram – disse Hermione muito séria. – Ah, vamos sair daqui.

– Como assim? – Lily franziu o cenho.

Ela bateu com os próprios talheres na mesa; Rony olhou cobiçoso para a torta de maçã quevainda não terminara, mas acompanhou-os. As pessoas ficaram olhando os três saírem do salão.

– O que quis dizer com essa história de não ter certeza de que tenham acreditado em Dumbledore? – perguntou Harry a Hermione, quando chegaram ao patamar do primeiro andar.

– Olhe, você não entende como foi depois que a coisa aconteceu – explicou Hermione em voz baixa. – Você chegou no meio do gramado segurando o cadáver do Cedrico... nenhum de nós viu o que aconteceu no labirinto... Só tínhamos a palavra do Dumbledore de que Você-Sabe-Quem tinha retornado, matado Cedrico e lutado com você.

– Ele não iria mentir sobre isso – Lily falou indignada e James segurou em sua mão. Snape trincou o maxilar com a cena, como Lily podia ser tão burra em ficar com alguém como James?

– Ela sabe Lils, mas as outras pessoas devem ter achado estranho – Remus apontou – Fora que o ministério está contra Harry.

– O que é verdade! – disse Harry em voz alta.

– Eu sei que é, Harry, por isso será que pode, por favor, parar de se enfurecer comigo? – pediu Hermione, cansada. – Só que antes de poderem assimilar a verdade, todos foram embora, passar as férias em casa, lendo durante dois meses que você é pirado e Dumbledore está ficando senil!

A chuva martelava as vidraças enquanto voltavam, pelos corredores vazios, à Torre da Grifinória. Harry teve a sensação de que seu primeiro dia havia durado uma semana, mas ainda restava uma montanha de deveres para fazer antes de deitar. Uma dor latejante começou a se fixar sobre seu olho direito. Ele espiou pelas janelas, lavadas de chuva, os terrenos da escola, agora escuros, antes de virar para o corredor da Mulher Gorda. A cabana de Hagrid continuava apagada.

Todos — menos Lucius, Snape e Peter — olharam o menino com uma certa pena. Por mais que tivesse os amigos e o padrinho, ninguém iria o entender de verdade.

Lily e James se entreolharam e num suspiro se entenderam, os dois desejavam estar com o filho em momento assim, desejavam o escrever cartas falando sobre como tudo daria certo, desejavam ao menos dar um beijo e um abraço no garoto. Porém estavam tendo essa chance e fariam de tudo para mudar o futuro.

– Tudo vai dar certo meu bem – Lily falou doce o abraçando de lado.

– Estamos com você, sempre – James falou sorrindo – E mesmo quando voltar, lembre que aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade.

Harry ergueu os olhos e sorriu ao notar a mesma frase que ouvira do padrinho no futuro.

Alvo sorriu de leve e com um aceno do pai continuou a ler.

– Mimbulus mimbletonia – disse Hermione, antes que a Mulher Gorda pudesse perguntar.

O quadro girou, expondo o buraco que ocultava, e os três passaram.

A sala comunal estava quase vazia; a maioria dos alunos ainda jantava no salão. Bichento se desenroscou e deixou a poltrona para ir ao encontro deles, ronronando alto, e quando

Harry, Rony e Hermione se acomodaram em suas cadeiras favoritas, diante da lareira, ele saltou com leveza para o colo da dona e se aconchegou ali como uma almofadinha laranja e peluda. Harry pôs-se a contemplar as chamas, sentindo-se vazio e exausto.

– Como Dumbledore pôde ter deixado isso acontecer?! – exclamou Hermione de repente, fazendo Harry e Rony se sobressaltarem. Bichento pulou do colo dela, parecendo ofendido.

Ela socou os braços da poltrona, furiosa, fazendo pedacinhos do enchimento escaparem pelos puídos. – Como é que ele pôde deixar aquela mulher horrível dar aulas para nós? E justamente no ano em que temos de prestar os N.O.M.s?

– Tia Hermione problems – Jay riu recebendo um revirar de olhos da tia e um gargalhar do tio, dos pais e dos primos.

– Eram coisas importantes – ela falou e sua versão mais nova concordou.

– Não estamos aprendendo nada em DCAAT esse ano – Mione bufou e Remus suspirou.

– Vocês precisam mudar isso, com Voldemort a solta não podem se dar ao luxo de não saberem se defender – Lupin apontou e Sirius concordou.

– Logo comensais da morte vão começar a agir, fora que provavelmente vai ter fuga em Azkaban – Sirius concluiu e Lucius franziu o cenho – Os dementadores vão pro lado das trevas sem precisar de muito.

– Bom, nunca tivemos grandes professores de Defesa Contra as Artes das Trevas, tivemos? – disse Harry. – Você sabe qual é a situação, Hagrid nos contou, ninguém quer o cargo, dizem que está azarado.

– É, mas daí a empregar alguém que se recusa a nos deixar praticar magia! Qual é a do Dumbledore?

– E ainda por cima está tentando convencer as pessoas a espionarem para ela – disse Rony sombriamente. – Estão lembrados de quando ela disse que queria que a gente fosse contar se ouvisse alguém dizendo que Você-Sabe-Quem voltou?

– É claro que ela está aqui para espionar, isto é óbvio, por que outra razão Fudge iria querer que ela viesse? – retorquiu Hermione.

– Não comecem a discutir outra vez – disse Harry, cansado, quando Rony abriu a boca para revidar. – Será que não podemos... vamos só fazer os deveres, tirá-los do caminho...

– Todo mundo quando Lily e James começam a discutir – Frank riu vendo o rubor no rosto dos amigos.

– Só ela que discute, o Prongs fica babando – Sirius da de ombros.

Eles apanharam as mochilas a um canto e tornaram a sentar nas poltronas diante da lareira. As pessoas estavam voltando do jantar agora. Harry manteve o rosto desviado do buraco do retrato, mas ainda assim sentia os olhares que estava atraindo.

– Vamos fazer o do Snape primeiro? – perguntou Rony, mergulhando a pena no tinteiro. – “As propriedades... da pedra da lua... e seus usos... na preparação de poções” – murmurou ele, escrevendo as palavras no topo do pergaminho, ao mesmo tempo que as enunciava. – Pronto.

Ele sublinhou o título, depois ergueu os olhos para Hermione, cheio de expectativa.

– Então, quais são as propriedades da pedra da lua e seus usos na preparação de poções?

Mas Hermione não estava ouvindo; tinha os olhos apertados, tentando ver o canto mais distante da sala, onde Fred, Jorge e Lino Jordan estavam sentados no meio de um grupinho de calouros de ar inocente, todos mastigando alguma coisa que parecia ter sido tirada de um grande saco de papel na mão de Fred.

– Eu chamo isso de obsessão Fred – Jorge apontou.

– É uma obsessão forte Jorge – Fred completou irônico.

– Não, sinto muito, mas agora eles foram longe demais – disse ela se levantando com um ar decididamente furioso. – Vamos, Rony.

– Eu... quê? – perguntou Rony, procurando visivelmente ganhar tempo. – Não... vamos, Hermione... não podemos repreender os caras por estarem distribuindo doces.

– Você sabe perfeitamente bem que são pedaços de Nugá Sangra-Nariz ou... ou Vomitilhas ou...

– Fantasias Debilitantes? – sugeriu Harry em voz baixa.

Um a um, como se uma marreta invisível tivesse acertado uma pancada na cabeça deles, os calouros começaram a desmaiar nas poltronas; alguns escorregaram direto para o chão, outros caíram por cima dos braços da poltrona, com as línguas penduradas para fora. A maioria dos colegas que observavam a cena ria; mas Hermione aprumou os ombros e marchou diretamente para onde estavam Fred e Jorge agora em pé, pranchetas na mão, observando atentamente os calouros. Rony fez um esforço parcial para se levantar da poltrona, hesitou um instante e em seguida murmurou para Harry:

– Ela está controlando a situação. – E afundou na poltrona o máximo que os seus ossos compridos permitiram.

– Já basta! – disse Hermione com autoridade a Fred e Jorge, fazendo os dois erguerem a cabeça ligeiramente surpresos.

– É, você tem razão – disse Jorge, confirmando com a cabeça –, essa dosagem parece bastante forte, não é?

– Eu disse a vocês hoje de manhã que não podiam testar suas porcarias nos estudantes!

– Nós estamos pagando a eles! – respondeu Fred, indignado.

– Pelo menos tem uma pessoa responsável aí – Molly esbravejou para os filhos e Mione sorriu orgulhosa.

– Não me interessa, isso pode ser perigoso!

– Bobagem – disse Fred.

– Calma aí, Hermione, eles estão bem! – tranquilizou-a Lino, enquanto ia de calouro em calouro, enfiando doces roxos em suas bocas abertas.

– Eu achava que um de vocês namorava o Jordan – Draco falou fazendo alguns rirem.

– Até poderíamos, mas Jorge é cadela da Angelina e eu..

– Fred tava querendo uma grifana do último ano mas ela deu um fora nele – Jorge riu do irmão que revirou os olhos

– E a gente nem fica sabendo disso – Rony comentou com Gina.

– E vocês ainda ficam me cobrando de falar sobre o Michael – a ruiva riu, o que ela não percebeu foi Harry fechando um pouco a cara.

– Você não tem moral pra falar sobre meu ciúmes com a Cho – Ginny sussurrou risonha a Harry que revirou os olhos.

– Estão sim, olhe, estão recuperando os sentidos – disse Jorge.

Alguns dos calouros estavam de fato voltando a si. Vários deles pareciam tão chocados de se ver caídos no chão, ou pendurados nas poltronas, que Harry teve a certeza de que Fred e Jorge não lhes explicara o efeito dos doces.

– Está se sentindo legal? – perguntou Jorge carinhosamente a uma menininha de cabelos escuros caída aos seus pés.

– Acho... acho que estou – respondeu ela, trêmula.

– Excelente! – exclamou Fred muito feliz, mas, no segundo seguinte, Hermione arrebatara de suas mãos a prancheta e o saco de papel com Fantasias Debilitantes.

– NÃO, não é excelente!

– Claro que é, eles estão vivos, não estão? – respondeu Fred, zangado.

– Você não pode fazer isso, e se tivesse deixado os garotos realmente doentes?

– Não vamos deixar ninguém doente, já testamos os doces em nós mesmos, isto é só para verificar se todo o mundo reage igual...

– Se vocês não pararem com isso, eu vou...

– Nos dar uma detenção? – perguntou Fred, em tom de quem diz quero-ver-você-tentar.

– Mandar a gente escrever frases? – perguntou Jorge, debochando.

Todos os que acompanhavam a cena estavam rindo. Hermione se empertigou; seus olhos se estreitaram e sua cabeleira densa pareceu estalar de eletricidade.

– Não – disse, com a voz tremendo de raiva –, mas vou escrever para sua mãe.

– Aí ela apelou – James fez uma cara dolorida e colocou a mão no peito exageradamente.

– Hermione você foi longe demais – Sirius dramatizou.

– Aí você tá querendo matar os marotos – Remus suspirou fazendo os amigos rirem.

– Até você Remus? – Alice riu.

– Eu ainda sou um maroto querida Lice – ele piscou.

– Você não faria isso – disse Jorge horrorizado, recuando um passo.

– Ah, faria, sim – confirmou ela, séria. – Não posso impedir vocês de comerem essas porcarias, mas vocês não vão dá-las aos calouros.

Fred e Jorge ficaram aterrados. Estava claro que, em sua opinião, a ameaça de Hermione era um golpe muito baixo. Com um último olhar de ameaça aos gêmeos, ela atirou a prancheta e o saco de Fantasias Debilitantes nos braços de Fred e voltou à sua poltrona junto à lareira. Rony agora se enfiara tão no fundo da poltrona que seu nariz encostava nos joelhos.

– Obrigada pelo apoio, Rony – disse Hermione causticamente.

– Você resolveu a situação muito bem sozinha – murmurou ele.

– Ainda são assim – Rose deu de ombros.

Hermione olhou por alguns segundos para o pergaminho que deixara em branco, depois disse, nervosa:

– Ah, não adianta, agora não consigo mais me concentrar. Vou me deitar.

Ela abriu a mochila com violência; Harry pensou que fosse guardar os livros, mas, em lugar disso, tirou dois objetos de lã informes, colocou-os cuidadosamente sobre a mesa junto à lareira, cobriu-os com alguns pedaços de pergaminho amarrotados e uma pena quebrada e deu alguns passos atrás para admirar o efeito.

– Em nome de Merlim, que é que você está fazendo? – perguntou Rony, observando-a como se temesse que a amiga estivesse perdendo o juízo.

– São gorros para os elfos domésticos – esclareceu ela, animada, agora enfiando os livros na mochila. – Fiz durante o verão. Sou uma tricoteira bem lenta, sem magia, mas agora que estou de volta à escola vou poder fazer muitos mais.

– Você vai deixar gorros para os elfos domésticos? – perguntou Rony vagarosamente. – E vai cobri-los com lixo?

– É – respondeu Hermione em tom de desafio, atirando a mochila às costas.

– Isto não é direito – disse Rony zangado. – Você está induzindo-os a apanharem os gorros. Está liberando os elfos sem saber se eles querem ser liberados.

– Eu concordo sobre libertar os elfos mas desse jeito que está fazendo é perigoso Mione, muitos podem entrar em choque – Lily falou e Alice concordou.

– Tipo Monstro, se você ameaçar libertar ele é capaz do coitado morrer – Regulus apontou – Vem muito de uma cultura deles que a gente precisa mudar.

– Menino Regulus até que você não é um Black estragado – James riu e o mais novo sorriu revirando os olhos. Narcisa apenas olhou para as mãos, ao olhar pra cima de deparou com um olhar doce de Astória, isso a acalmou um pouco.

– Claro que eles querem ser liberados! – respondeu Hermione na mesma hora, embora seu rosto começasse a corar. – Não se atreva a tocar nesses gorros, Rony!

Ela saiu da sala. Rony esperou até Hermione desaparecer pela porta que levava ao dormitório das garotas, depois tirou o lixo de cima dos gorros de lã.

– Eles precisam ao menos ver o que estão apanhando – disse com firmeza. – Em todo o caso... – e enrolou o pergaminho em que escrevera o título do trabalho para Snape –, não tem sentido tentar terminar o dever agora, não sou capaz de fazê-lo sem a Mione. Não tenho a menor ideia do que se deve fazer com pedras da lua, e você?

Harry balançou a cabeça, reparando, ao fazer esse movimento, que a dor em sua têmpora direita piorava. Pensou no longo trabalho sobre as guerras dos gigantes e sentiu uma pontada forte. Sabendo perfeitamente que, quando amanhecesse, iria se arrepender de não ter terminado os deveres, empilhou os livros e os guardou na mochila.

Lily e James franziram o cenho preocupados, essa dor não era uma coisa boa.

– Vou me deitar também.

Passou por Simas a caminho da porta para o dormitório dos garotos, mas não o olhou. Harry teve a impressão fugaz de que o colega começara a abrir a boca para falar, mas ele apressou o passo e alcançou a paz reconfortante da escada circular sem ter de suportar mais nenhuma provocação.

O dia seguinte amanheceu tão escuro e chuvoso quanto o anterior. Hagrid continuava ausente da mesa dos professores durante o café da manhã.

– Mas, do lado positivo, hoje não teremos Snape – disse Rony para animar.

O citado revirou os olhos enraivecido, não sabia onde estava com a cabeça para aceitar dar aula, odiava pessoas.

Hermione deu um enorme bocejo e se serviu de café. Parecia bem satisfeita com alguma coisa, e quando Rony lhe perguntou qual era o motivo de tanta satisfação, ela respondeu simplesmente:

– Os gorros desapareceram. Parece que os elfos domésticos afinal querem ser liberados.

– Eu não confiaria nisso – disse Rony, em tom cortante. – Talvez não contem os gorros como roupas. Eu não achei que parecessem gorros, pareciam mais bexigas de lã.

Hermione não falou mais com ele o resto da manhã.

Aos dois tempos de Feitiços, seguiram-se outros dois de Transfiguração. O Prof. Flitwick e a Profª McGonagall passaram os primeiros quinze minutos de suas aulas falando à turma sobre a importância dos N.O.M.s.

– Feitiços – desdenhou Válter – Deveriam aprender algo útil como Matemática.

– Mas nem isso foi capaz de ensinar pro seu filho – Harry rebateu, já tinha aguentado desaforos de seu tio por muito tempo.

– O que vocês precisam lembrar – disse o pequeno Prof. Flitwick, com sua voz de ratinho, encarrapitado como sempre em uma pilha de livros para poder ver por cima do tampo da mesa – é que esses exames podem influenciar o seu futuro durante muitos anos! Se vocês ainda não pensaram seriamente em suas carreiras, agora é o momento de o fazerem. Entrementes, receio que iremos trabalhar com mais afinco que nunca, para garantir que vocês possam provar o que valem!

Depois dessa introdução, eles passaram mais de uma hora recordando os Feitiços Convocatórios, que, segundo o Prof. Flitwick, cairiam com certeza nos exames, e ele arrematou a aula passando a maior quantidade de deveres de Feitiços que seus alunos já haviam recebido. Em Transfiguração, foi igual, se não pior.

– Eu amo transfiguração – Sirius e James suspiraram.

– Também é a única aula que vocês não dormem – Remus retrucou rindo com Marlene.

– Vocês não podem passar nos exames – disse a Profª McGonagall muito séria – sem se aplicarem seriamente ao estudo e à prática. Não vejo razão alguma para alguém nesta classe deixar de passar no N.O.M. de Transfiguração, se trabalhar como deve. – Neville fez um muxoxinho de descrença. – E você também, Longbottom. Não há nenhum problema com o seu trabalho a não ser sua falta de confiança. Então... hoje vamos começar a estudar os Feitiços de Desaparição. São mais fáceis do que os Conjuratórios, que normalmente vocês não experimentariam até os N.I.E.M.s, mas estão incluídos entre as mágicas mais difíceis que serão exigidas nos N.O.M.s.

Alice e Frank se entreolharam, sabiam que a falta de confiança de Neville tinha sido causada por Augusta e a família de Frank, por mais que fossem a família do garoto eles sempre colocaram muita pressão nele.

McGonagall tinha toda razão; Harry achou os Feitiços de Desaparição dificílimos. No final do segundo tempo de aula, nem ele nem Rony tinham conseguido fazer desaparecer as lesmas com que estavam praticando, embora Rony anunciasse, esperançoso, que achava que a dele ficara um pouco mais pálida. Por outro lado, Hermione fez desaparecer, com êxito, a sua lesma, na terceira tentativa, ganhando, da professora, dez pontos para Grifinória. Foi a única pessoa que não recebeu dever de casa; todos os outros receberam ordem de praticar o feitiço e se preparar para uma nova tentativa com as lesmas na tarde seguinte.

Agora, ligeiramente em pânico com a quantidade de deveres de que precisavam dar conta, Harry e Rony passaram a hora do almoço na biblioteca, pesquisando os usos das pedras da lua no preparo de poções. Ainda zangada com a calúnia de Rony sobre seus gorros de lã, Hermione não os acompanhou. Quando chegaram à aula de Trato das Criaturas Mágicas, à tarde, a cabeça de Harry voltou a doer.

O dia se tornara frio e ventoso, e quando desciam o gramado em direção à cabana de Hagrid, na orla da Floresta Proibida, sentiram pingos de chuva no rosto. A Profª Grubbly-Plank aguardava a turma a uns dez metros da porta de entrada de Hagrid, em pé diante de uma longa mesa de cavalete cheia de gravetos. Quando Harry e Rony chegaram mais perto,bouviram grandes gargalhadas às suas costas; ao se virarem, viram Draco Malfoy, que vinha em sua direção, cercado pela gangue de sempre de colegas da Sonserina. Obviamente, dissera algo muito engraçado, porque Crabbe, Goyle, Pansy Parkinson e os demais continuaram a rir gostosamente ao se reunirem em torno da mesa, e, a julgar pelo modo insistente de olhar para Harry, ele não teve muita dificuldade em adivinhar quem era o alvo da graça.

Vários ali reviraram os olhos, Malfoy e sua companhia eram desagradáveis em uma proporção inimaginável. Astória bufou ao ouvir sobre Pansy.

– Vocês eram um pé no saco – a mulher reclamou para o marido que riu.

– Eu amo você com ciúmes – Draco piscou e Scorpius fez cara de nojo.

– Na minha frente não, por Merlin.

– Todos presentes? – perguntou em tom seco a Profª Grubbly-Plank, quando os alunos da Sonserina e Grifinória finalmente chegaram. – Vamos começar logo, então. Quem é capaz de me dizer o nome dessas coisas?

A professora indicou o montinho de gravetos sobre a mesa. A mão de Hermione se ergueu. Atrás dela, Malfoy fez uma imitação dentuça de Hermione dando pulinhos de ansiedade para responder a perguntas. Pansy teve um acesso de riso que se transformou quase num grito, quando os gravetos sobre a mesa saltaram no ar e revelaram se parecer com minúsculos diabretes de madeira, cada um com nodosos braços e pernas marrons, dois dedos de graveto na ponta das mãos e uma cara gaiata e achatada que lembrava cortiça, em que brilhavam dois olhinhos de besouro.

– Puta merda que pessoal chato – Sirius soltou num resmungo.

Narcisa olhou para o filho duramente, também não gostava de nascidos trouxas, mas nunca havia atrapalhado alguma aula.

– Uhhhhh! – exclamaram Parvati e Lilá, irritando Harry completamente. Qualquer um pensaria que Hagrid jamais mostrara às duas outros seres impressionantes; confessadamente, os vermes foram meio sem graça, mas as salamandras e os hipogrifos tinham sido bem interessantes, e os explosivins talvez até demais.

– Por favor, falem baixo, meninas! – disse a Prof.ª Grubbly-Plank energicamente, espalhando um punhado de algo parecido com arroz integral entre os bichos-gravetos, que imediatamente atacaram a comida. – Então... alguém sabe o nome desse bichos? Srta. Granger?

– Tronquilhos – respondeu Hermione. – São guardiões de árvores, em geral vivem em árvores próprias para varinhas.

Remus, Lily, Alice e Molly aplaudiram a menina, eles amavam o quão inteligente ela era.

– Hermione você é brilhante – James elogiou e a menina corou rindo.

– Cinco pontos para a Grifinória – disse a Profª Grubbly-Plank. – São tronquilhos, como disse corretamente a Srta. Granger, em geral vivem em árvores que fornecem material de qualidade para varinhas. Alguém sabe o que eles comem?

– Bichos-de-conta – respondeu prontamente Hermione, o que explicava por que aquilo que Harry pensara serem grãos de arroz integral estava se mexendo. – E também ovos de fada, quando conseguem encontrá-los.

– Muito bem, garota, fique com mais cinco pontos. Portanto, sempre que precisarem da madeira de uma árvore em que há um tronquilho alojado, é bom levar um presente de bichos-de-conta à mão para distrair ou aplacar seu guardião. Eles podem não parecer perigosos, mas, se forem irritados, tentarão arrancar os olhos da pessoa com os dedos, que, como vocês veem, são muito afiados e nem um pouco desejáveis perto dos olhos. Então, se vocês quiserem se aproximar um pouco mais, apanhem uns bichos-de-conta e um tronquilho. Tenho aqui o suficiente para dividi-los por grupos de três, vocês podem estudá-los com mais atenção. Quero que façam individualmente um esboço com todas as partes do corpo identificadas, até o final da aula.

A turma avançou para a mesa. Harry intencionalmente deu a volta por trás, de modo a terminar ao lado da Prof.ª Grubbly-Plank.

– Aonde foi o Hagrid? – perguntou ele, enquanto os outros escolhiam os tronquilhos.

– Não é da sua conta – respondeu a professora, reprimindo-o, a mesma atitude da última vez que Hagrid não aparecera para dar aula. Com um sorriso afetado espalhado pelo rosto pontudo, Draco Malfoy debruçou-se por cima de Harry e apanhou o maior tronquilho que havia.

– E lá vai ele – Regulus suspirou cansado, não sabia o de a prima havia errado na educação do filho, mas não estava certo.

– Quem sabe – disse Malfoy a meia-voz, de modo que somente Harry pudesse ouvi-lo – aquele retardadão não acabou se machucando pra valer?

– E depois você se perguntava por que a gente não gostava de ti – Ron falou ao Malfoy mais velho que revirou os olhos. O mais novo no entanto não conseguiu conter de se remexer desconfortável, não queria ser alguém que os outros repudiavam, queria amigos de verdade.

– Draco, depois precisamos conversar – Draco falou para o garoto que concordou sério. Lucius não havia gostado daquilo, seu filho não poderia se unir com sangues-ruins e traidores do sangue bruxo.

– Quem sabe o que vai lhe acontecer se não calar a boca? – respondeu Harry pelo canto da boca.

– Vai ver ele anda se metendo com coisa grande demais para ele, se é que está me entendendo.

Malfoy se afastou rindo, por cima do ombro, para Harry, que repentinamente se sentiu mal. Será que Malfoy sabia de alguma coisa? Afinal, o pai dele era um Comensal da Morte; e se tivesse informação de que algo sucedera a Hagrid, e que ainda não chegara ao conhecimento da Ordem? Ele tornou a dar a volta à mesa depressa e foi se juntar a Rony e Hermione, que estavam acocorados na grama a alguma distância, tentando persuadir um tronquilho a parar quieto, tempo suficiente para poderem desenhá-lo. Harry puxou o pergaminho e a pena, agachou-se ao lado dos outros e contou, aos sussurros, o que Malfoy acabara de falar.

– Dumbledore saberia se alguma coisa tivesse acontecido ao Hagrid – disse Hermione na mesma hora. – Mostrar preocupação é fazer o jogo do Malfoy; é dizer a ele que não sabemos exatamente o que está acontecendo. Temos de ignorá-lo, Harry. Tome aqui, segure o tronquilho um instante, para eu poder desenhar a cara dele...

– É – ouviram a voz clara e arrastada de Malfoy no grupo mais próximo –, papai esteve conversando com o ministro há uns dois dias, sabe, e parece que o Ministério está realmente decidido a agir com rigor para acabar com o ensino de segunda classe desta escola. Por isso, mesmo que aquele retardado supernutrido reapareça, ele provavelmente será despedido na hora!

– AI!

Harry apertara o tronquilho com tanta força que quase o partira, e o bicho acabara de revidar, golpeando-lhe a mão com os dedos afiados, produzindo dois cortes longos e profundos. Harry largou-o no chão. Crabbe e Goyle, que já estavam dando gargalhadas com a ideia de Hagrid ser despedido, riram com mais vontade ao ver o tronquilho disparar em direção à floresta, um homenzinho de graveto, logo engolido pelas raízes das árvores. Quando a sineta tocou ao longe, ecoando pelos terrenos da escola, Harry enrolou o seu desenho manchado de sangue e foi para a aula de Herbologia, com a mão enrolada no lenço de Hermione, o riso zombeteiro de Malfoy ainda ressoando em seus ouvidos.

– Se ele chamar Hagrid de retardado mais uma vez... – disse enfurecido.

– Harry, não vá brigar com Malfoy, não se esqueça de que agora ele é monitor e poderia fazer sua vida muito difícil...

– Grandes merdas – Sirius resmungou.

– Sirius, pare de influenciar meu filho a arrumar brigas – Lily rebateu – Eu sei que ele é filho de um maroto e sobrinho de dois mas por Merlin..

– Me senti ofendido – James falou zombeteiro.

– Você se sentiu ofendido?? Eu me senti ofendido de ser comparado a vocês dois – Remus riu.

– Eu achava que seu pai era mais sério – Vic sussurrou a Teddy.

– Antes de morrer ele era, mas acho que foi causada por vários fatores, uma guerra, a morte de três melhores amigos, acho que foi um combo – o azulado sorriu de leve – Eu fico feliz de ver ele assim.

– Uau, como seria uma vida muito difícil? – perguntou Harry sarcasticamente. Rony riu, mas Hermione franziu a testa. Juntos, eles foram andando pelos canteiros de hortaliças. O céu continuava incapaz de decidir se queria ou não chover.

– Eu só gostaria que Hagrid não demorasse a voltar, nada mais – disse Harry em voz baixa, quando chegaram às estufas. – E não me diga que a tal Grubbly-Plank é melhor como professora! – acrescentou em tom de ameaça.

– Eu não ia dizer – respondeu Hermione calmamente.

– Porque ela nunca vai ser tão boa quanto o Hagrid – afirmou ele, muitíssimo consciente de que acabara de presenciar uma aula exemplar de Trato das Criaturas Mágicas, e estava absolutamente aborrecido com isso.

A porta da estufa mais próxima se abriu e alguns alunos do quarto ano saíram, inclusive Gina.

– Oi – disse ela, alegremente, ao passar. Alguns segundos depois, saiu Luna Lovegood, atrás do resto da turma, o nariz sujo de terra e os cabelos amarrados em um nó no alto da cabeça. Quando viu Harry, seus olhos salientes pareceram se arregalar de excitação, e ela traçou uma reta até ele. Muitos colegas de Harry se viraram curiosos para olhar. Luna inspirou profundamente e anunciou, sem sequer dar um alô preliminar: – Acredito que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado retornou, e acredito que você lutou com ele e conseguiu fugir.

Luna e Harry se entreolharam e ela assentiu sorrindo. Não se conheciam a muito tempo mas Harry tinha a sensação de que seriam bons amigos.

– Ela parece mesmo a tia Luna – Jay falou distraído.

– Porque ela é a tia Luna imbecil – Alvo rebateu e Lilu riu alto.

– Eu sou oprimido nessa família – o mais velho dos Weasley-Potter fingiu sofrimento.

– Tadinho do macho oprimido – Rose fingiu limpar uma lagrima fazendo Scorpius e Hugo rirem.

– Calem a boca – Alvo riu e pegou o livro continuando a ler.

– Hum... certo – disse Harry, sem jeito. Luna estava usando brincos que pareciam rabanetes cor de laranja, algo que Parvati e Lilá pareciam ter notado, porque davam risadinhas e apontavam para as orelhas dela.

– Insuportável – Mione reclamou baixo fazendo Gina rir.

– Nada mudou – Harry comentou com Ron que revirou os olhos 

– Podem rir – disse Luna, erguendo a voz, aparentemente sob a impressão de que Parvati e Lilá estavam rindo do que ela dissera e não do que estava usando –, mas as pessoas achavam que Blibbering Humdinger e Crumple-Horned Snorkack também não existiam.

– Ora, e tinham razão, não? – perguntou Hermione, impaciente. – Não havia Blibbering Humdinger nem Crumple-Horned Snorkack.

Luna lançou-lhe um olhar de secar planta e foi embora, com um movimento de impaciência que fazia os rabanetes balançarem loucamente. Parvati e Lilá agora não eram as únicas a cair na gargalhada.

– Você se importa de não ofender as únicas pessoas que acreditam em mim? – pediu Harry a Hermione a caminho da aula.

– Ah, pelo amor de Deus, Harry, você pode arranjar gente melhor que ela. Gina me contou tudo sobre a Luna; pelo jeito, ela só acredita nas coisas quando não há provas de sua existência. Bem, eu não esperaria outra coisa de alguém cujo pai edita O Pasquim.

– E é por isso que Hermione não iria pra Corvinal – Remus apontou fazendo muito o olharem confuso, Hermione sorriu de leve já sabendo onde ele iria chegar – Para ser da Corvinal você precisaria ter mente aberta, Hermione é inteligente mas acredita apenas em livros e nunca busca algo além dos fatos comprovados.

– Inteligente – Sirius falou parecendo estar hipnotizado e Lene riu.

– Rems vai precisar de água depois da secada que o Six deu nele – Marlene sussurrou para Alice, Frank, James e Lily, esses que riram alto.

– Péssima, Marlene – Lily sussurrou ainda rindo.

Harry pensou nos sinistros cavalos alados que vira na noite da chegada, e em Luna lhe dizendo que também era capaz de vê-los. Seu ânimo minguou ligeiramente. Será que ela mentira? Mas, antes que pudesse dedicar muito tempo ao assunto, Ernesto Macmillan se aproximara dele.

– Eu quero que você saiba, Potter – disse alto e bom som –, que não são apenas os excêntricos que apoiam você. Eu, pessoalmente, acredito em você cem por cento. Minha família sempre se manteve firme ao lado de Dumbledore, e eu também.

– Gostei dele – James apontou fazendo Snape bufar.

– Hum... muito obrigado, Ernesto – disse Harry, surpreso mas satisfeito. Ernesto podia ser pomposo em ocasiões como aquela, mas Harry estava disposto a apreciar profundamente um voto de confiança de alguém que não usava rabanetes pendurados nas orelhas.

As palavras do colega sem dúvida apagaram o sorriso do rosto de Lilá Brown e, quando Harry se virou para falar com Rony e Hermione, ele vislumbrou a expressão no rosto de Simas, que parecia ao mesmo tempo confusa e desafiadora.

– Eu gostava tanto do Simas – Sirius resmungou chateado.

– Relaxa ele vai pedir desculpas – Ron falou despreocupado e gemeu dolorido ao receber um tapa da esposa.

– Vai? – os olhos de Harry e Rony brilharam.

– Continuem a ler – Hermione falou mandona.

Não foi surpresa para ninguém que a Profª Sprout começasse a aula fazendo uma preleção sobre a importância dos N.O.M.s. Harry gostaria que todos os professores parassem com aquilo; estava começando a sentir ansiedade e contorções no estômago cada vez que se lembrava da quantidade de deveres que tinha a fazer, uma sensação que piorou dramaticamente quando a Profª Sprout passou para os alunos mais um trabalho no final da aula. Cansados e exalando um forte cheiro de bosta de dragão, o adubo favorito da professora, os alunos da Grifinória marcharam de volta ao castelo, sem querer muita conversa; fora mais um longo dia.

Como Harry estava faminto, e teria sua primeira detenção com Umbridge às cinco horas, rumou direto para o salão, sem deixar a mochila na Torre da Grifinória, na esperança de engolir alguma coisa antes de enfrentar o que ela lhe reservara. Mal alcançara a entrada para o Salão Principal, porém, ouviu uma voz zangada berrando:

– Ei, Potter!

– Que é agora? – murmurou, cansado, e ao se virar deu de cara com Angelina Johnson, que parecia estar barbaramente irritada.

– Vou lhe dizer o que é agora – disse, caminhando decidida ao seu encontro e metendo o dedo com força em seu peito. – Como foi que você arranjou uma detenção para as cinco horas na sexta-feira?

Jorge suspirou e Fred imitou uma cara engraçada para o irmão.

– Jorge sendo o significado de "gosto de apanhar de mulher bonita" – Fred riu alto fazendo o irmão revirar os olhos sorrindo.

– Ela parece ser incrível – Alice sorriu.

– Ela é – os do futuro responderam juntos.

– Quê? Por que... ah, sim, os testes para goleiro!

– Ah, agora ele se lembra! – vociferou Angelina. – Eu não avisei que queria fazer um teste com o time completo, para escolher alguém que se ajustasse com todos? Eu não avisei que fiz reserva especial para o campo de quadribol? E agora você decidiu que não vai comparecer!

– Eu não decidi que não vou comparecer! – defendeu-se Harry, mordido com a injustiça daquelas palavras. – Recebi uma detenção daquela Umbridge, só porque disse a ela a verdade sobre Você-Sabe-Quem.

– Muito bem, pois pode ir direto a ela e pedir para dispensar você na sexta-feira – disse Angelina com ferocidade –, e não quero nem saber como vai fazer isso. Diga a ela que Você-Sabe-Quem é produto de sua imaginação, se quiser, mas dê um jeito de estar lá!

Angelina se afastou enfurecida.

– Sabe de uma coisa? – disse Harry a Rony e Hermione ao entrarem no Salão Principal. – Acho que é melhor a gente checar com o União de Puddlemere se o Olívio Wood por acaso morreu durante um treinamento, porque a Angelina parece que está encarnando o espírito dele.

– Angelina, James e Wood, qual o pior? – Sirius brincou.

– James! – os do passado responderam juntos deixando o Potter boquiaberto.

– Complô – ele apontou – Eu sou tranquilo, fala pra eles Lírio.

Lily reprimiu uma risada — Continue Alvo.

– Você acha que tem alguma probabilidade da Umbridge liberar você na sexta-feira? – perguntou Rony, cético, quando se sentaram à mesa da Grifinória.

– Menos que zero – disse Harry deprimido, virando umas costeletas de cordeiro no prato e começando a comer. – Mas é melhor eu tentar, não é? Vou me oferecer para cumprir mais duas detenções ou outra coisa assim, não sei... – Ele engoliu a batata que enchia sua boca e acrescentou: – Espero que ela não me segure muito tempo hoje à noite. Você tem consciência de que temos de escrever três trabalhos, praticar os Feitiços de Desaparição para a McGonagall, treinar um contrafeitiço para o Flitwick, terminar o desenho do tronquilho e começar aquele diário idiota de sonhos para a Trelawney?

Rony gemeu e, por alguma razão, ergueu os olhos para o teto.

– E parece que vai chover.

– Que é que isso tem a ver com os nossos deveres de casa? – perguntou Hermione, erguendo as sobrancelhas.

– Nada – disse Rony na mesma hora, as orelhas corando.

Às cinco para as cinco, Harry despediu-se dos amigos e rumou para a sala da Umbridge, no terceiro andar. Quando bateu na porta, ouviu uma voz melosa:

– Entre. – Ele entrou cautelosamente, olhando a toda volta.

– Eu odeio essa mulher mais do que eu posso explicar – Ginny bradou bufando.

Harry olhou para o pulso rapidamente, a cicatriz dos acontecimintos ainda pairava ali, tinha medo da reação de seus pais mas não se arrependia da razão a qual o levou a receber aquilo, faria tudo de novo.

Conhecera essa sala à época dos seus três ocupantes anteriores. Quando Gilderoy Lockhart a usara, tinha as paredes cobertas de fotos dele sorridente. Quando Lupin a ocupara, parecia que a pessoa ia deparar com alguma fascinante criatura das trevas em uma gaiola ou em um tanque, se aparecesse para visitá-lo. 

Remus e Sirius se entreolharam sorrindo, aquilo era bem a cara de Lupin.

Na época do Moody impostor, a sala se enchera de instrumentos e artefatos para a detecção de malfeitos e dissimulações.

Agora, porém, estava completamente irreconhecível. As superfícies tinham sido protegidas por capas de rendas e tecidos. Havia vários vasos de flores secas, cada um sobre um paninho, e, em uma parede, havia uma coleção de pratos decorativos, estampados com enormes gatos em tecnicolor, cada um com um laço diferente ao pescoço. Eram tão hediondos que Harry ficou mirando-os, paralisado, até a Profª Umbridge tornar a falar.

– Boa-noite, Sr. Potter.

– Gin, você tá bem? – Harry questionou com um sorriso divertido ao ver a mulher revirar os olhos toda vez que havia uma fala de Umbrigde.

– Eu odeio essa mulher – ela resmungou fazendo alguns rirem.

– As ruivinhas são bravas – Sirius murmurou para os amigos recebendo um tapa de Lily.

Harry se assustou e olhou para os lados. A princípio não a notara, porque ela estava usando vestes de flores de tons pálidos que se fundiam perfeitamente com a toalha de mesa sobre a escrivaninha às suas costas.

– Noite, Profª Umbridge – respondeu Harry formalmente.

– Muito bem, sente-se – disse ela, apontando para uma mesinha forrada com uma toalha de renda, junto a qual ela colocara uma cadeira de espaldar reto. Havia sobre a mesa uma folha de pergaminho em branco, aparentemente à sua espera.

– Hum – começou Harry sem se mexer –, Profª Umbridge. Hum... antes de começarmos, eu... eu gostaria de lhe pedir um... favor.

– Não custava tentar – James saiu na defensiva do filho quando viu alguns olhares indignados para ele – Otimismo sempre é bom.

Lily reprimiu uma risada ao ver como o Potter estava agindo, não parecia o mesmo James dos anos anteriores, ela estava apaixonada e era fato.

Os olhos saltados da professora se estreitaram.

– Ah, é?

– Bem, eu sou... eu sou do time de quadribol da Grifinória. E eu devia participar dos testes para escolher um novo goleiro às cinco horas na sexta-feira e eu estava... estava pensando se poderia faltar à detenção nessa noite e cumprir... cumprir outra noite... trocar...

Ele percebeu muito antes de chegar ao fim do pedido que não ia adiantar.

– Ah, não – disse Umbridge, dando um sorriso tão grande que parecia ter acabado de engolir uma mosca particularmente suculenta. – Ah, não, não, não. Este é o seu castigo por espalhar histórias nocivas, maldosas, para atrair atenções, Sr. Potter, e com certeza os castigos não podem ser ajustados para atender à conveniência do culpado. Não, o senhor estará aqui às cinco horas amanhã, depois de amanhã, e na sexta-feira também, e cumprirá as suas detenções conforme programado. Acho muito bom o senhor estar sendo privado de alguma coisa que realmente queira fazer. Isto irá reforçar a lição que estou querendo lhe ensinar.

– QUE MULHER DESGRAÇADA, EU VOU FAZER UMA VISITINHA PRA ELA – Marlene exclamou vermelha.

Válter sorriu, havia começado a gostar dessa tal Umbrigde.

Harry sentiu o sangue afluir à cabeça e ouviu um tambor tocando nos ouvidos. Então ele contava histórias nocivas, maldosas, para atrair atenções, era?

– Calma, não fale nada ainda – Remus sussurrou preocupado.

A professora o observava com a cabeça ligeiramente inclinada para um lado, mantendo o largo sorriso no rosto, como se soubesse exatamente o que ele estava pensando, e esperasse para ver se ele recomeçaria a gritar. Com um esforço concentrado, Harry desviou os olhos dela, largou a mochila ao lado da cadeira de espaldar reto e se sentou.

– Pronto – disse a professora com meiguice. – Já estamos começando a controlar melhor o nosso gênio, não estamos? Agora o senhor vai escrever algumas linhas para mim, Sr. Potter. Não, não com a sua pena – acrescentou, quando Harry se curvou para abrir a mochila. – O senhor vai usar uma especial que tenho. Tome aqui.

– O gênio dele é muito o gênio de James, me admira ele ter controlado – Sirius arregalou os olhos de leve.

– Então é da genética – Ginny suspirou olhando pros três filhos que sorriram marotos – Lilu é mais tranquila, acho que os genes Weasley fizeram isso mas Al e Jay são ácidos igual Harry, isso rende algumas detenções.

– Poderia falar pra vocês que os dois são os próximos marotos, quando eles se juntam ao filho e a filha de Jorge ninguém consegue segurar – Harry riu com os marotos e logo recebeu um beliscão de Ginny que indicou os gêmeos com a cabeça.

– Filhos? – os olhos de Jorge brilharam.

– Você vai ter filhos! – Fred exclamou animado balançando o irmão – Qual o nome deles? – os dois se viraram para os do futuro.

Ginny e Hermione se encararam e a mais velha assentiu.

– O mais velho é o Fred II e a mais nova a Roxanne, eu poderia dizer que eles terminaram de deixar os cabelos de Mcgonagall brancos – Ginny falou deixando um sorriso de leve sair.

Molly não deixou de sorrir grande, seus menininhos formariam famílias.

– Os seus filhos e os meus vão derrubar aquela escola Jorgie – o ruivo falou sorrindo sendo acompanhado do irmão.

– Isso eu não tenho dúvidas Freddie – eles se abraçaram.

O que não perceberam foi que os olhos de Ginny e Ron lacrimejaram rápido, Harry apertou a esposa ao próprio corpo querendo a passar conforto enquanto Ron se apoiava em Hermione que o beijou no rosto.

Alvo ao receber um assento positivo voltou a ler.

E lhe entregou uma pena longa e preta, com a ponta excepcionalmente aguda.

O que James e Sirius não entendiam era o porquê da pena não ter sido a própria de Harry, a escola não dava penas especiais em detenção.

– Quero que o senhor escreva: Não devo contar mentiras – disse a professora brandamente.

– Previsível – Regulus riu.

– Quantas vezes? – perguntou Harry, com uma imitação bastante crível de boa educação.

– Ah, o tempo que for preciso para a frase penetrar – disse Umbridge com meiguice. – Pode começar.

A professora foi para sua escrivaninha, se sentou e se debruçou sobre uma pilha de pergaminhos que pareciam deveres para corrigir. Harry ergueu a pena preta e afiada, e então percebeu o que estava faltando.

– A senhora não me deu tinta.

– Ah, você não vai precisar de tinta – disse ela, com um leve tom de riso na voz.

Harry encostou a ponta da pena no pergaminho e escreveu: Não devo contar mentiras. E soltou uma exclamação de dor. As palavras apareceram no pergaminho em tinta brilhante e vermelha. Ao mesmo tempo, elas se replicaram nas costas de sua mão direita, gravadas na pele como se tivessem sido riscadas por um bisturi – contudo, mesmo enquanto observava o corte brilhante, a pele tornou a fechar, deixando o lugar um pouco mais vermelho que antes, mas, de outra forma, inteiro.

Um silêncio foi ouvido na sala, muitas cabeças viraram para encarar Lily e James, esses que ficaram vermelhos de raiva.

– QUEM ELA PENSA QUE É? O MEU FILHO É UMA CRIANÇA E ESSA VAGABUNDA TA TORTURANDO ELE? – a ruiva gritou se levantando, ela estava possessa e James não estava muito diferente.

– ONDE DUMBLEDORE ESTÁ ENQUANTO ISSO ACONTECE? – o Potter exclamou.

Todos estavam indignados, até mesmo Narcisa que pensava que aquilo era uma prática medieval.

– Essa sim é boa – Válter disse numa risada, só se pode ouvir o soco que havia levado de Remus que estava com o lobo irritado, afinal era seu sobrinho ali.

– Cale a boca Dursley – ele grunhiu e se sentou ao lado de Sirius que sorria abobado.

Harry virou a cabeça para olhar a Umbridge. Ela o observava, a boca rasgada e bufonídea distendida em um sorriso.

– Pois não?

– Nada – disse Harry em voz baixa.

– Desgraçada – Molly murmurou indignada.

Ele tornou a voltar sua atenção para o pergaminho, tocou-o com a pena, escreveu Não devo contar mentiras, e sentiu a ardência nas costas da mão pela segunda vez; e de novo as palavras cortaram sua pele; e, de novo, sararam segundos depois.

O mais velho dos Potter suspirou olhando a mão, fazia anos mas o relevo da cicatriz ainda jazia em sua mão. Nunca havia contado essas histórias para seus filhos e devia ser por isso que Alvo estava com os olhos arregalados, Jay olhando para o nada e Lilu com um olhar protetor, todos uma mistura perfeita com Ginny.

E assim a tarefa prosseguiu. Repetidamente Harry escreveu as palavras no pergaminho, não com tinta, como logo veio a perceber, mas com o próprio sangue. E sucessivamente as palavras eram gravadas nas costas de sua mão, fechavam e reapareciam da próxima vez que ele tocava o pergaminho com a pena.

A noite desceu à janela da Umbridge. Harry não perguntou quando teria permissão de parar. Nem sequer consultou seu relógio. Sabia que ela o observava à procura de sinais de fraqueza, e ele não iria manifestar nenhum, nem mesmo se tivesse de se sentar ali a noite inteira, cortando a própria mão com aquela pena...

– Venha cá – disse ela, depois do que lhe pareceram muitas horas.

Ele se levantou. Sua mão ardia dolorosamente. Quando baixou os olhos, viu que o corte fechara, mas a pele estava em carne viva.

– Mão – disse ela.

– Você vai ver a minha mão na sua cara sua filha da puta – Marlene esbravejou fazendo Alice rir baixo.

Ele a estendeu. Umbridge a segurou nas dela. Harry reprimiu um estremecimento quando ela o tocou com seus dedos grossos e curtos, que exibiam vários anéis velhos e feios.

– Tss, tss, parece que ainda não gravou fundo o bastante – disse sorrindo. – Bom, teremos de tentar outra vez amanhã à noite, não é mesmo? Pode ir.

Sirius apertou os punhos ao ver aquilo, Harry era seu afilhado e ele não podia deixar que o fizessem mal desse jeito. Dumbledore estava confuso, porque não havia feito nada ainda?

Harry saiu da sala sem dizer uma palavra. A escola estava bem deserta; com certeza passara da meia-noite. Caminhou lentamente pelo corredor, então, ao virar um canto, e certo de que ela não o ouviria, saiu correndo.

Ele não tivera tempo de praticar os Feitiços de Desaparição, não escrevera um único sonho em seu diário e não terminara o desenho do tronquilho, tampouco fizera os trabalhos. Harry dispensou o café da manhã no dia seguinte para poder escrever uns dois sonhos que inventou para o diário da Adivinhação, a primeira aula do dia, e ficou surpreso de ver que um Rony desgrenhado lhe fazia companhia.

– Por que é que você não fez isso ontem à noite? – perguntou Harry, enquanto o amigo corria os olhos pela sala comunal, transtornado, à procura de inspiração. Rony, que estivera ferrado no sono, quando Harry voltou ao dormitório, murmurou alguma coisa como “estava fazendo outra coisa”, curvou-se para o seu pergaminho e escreveu algumas palavras.

– Vai ter de servir – concluiu, fechando o diário com violência. – Disse que sonhei que estava comprando sapatos novos, ela não pode encontrar nada esquisito nisso, pode?

Os dois correram para a Torre Norte juntos.

– E como é que foi a detenção com a Umbridge? Que foi que ela mandou você fazer?

Harry hesitou por uma fração de segundo, depois respondeu:

– Escrever.

– Eu ainda não entendo o porque ele decidiu que era melhor não me contar – Rony reclamou revirando os olhos 

– Só não queria preocupar ninguém – Harry se justificou.

– Ah por favor, você sabe que a gente sempre vai ficar do seu lado independente do que aconteça – Mione garantiu. Os gêmeos, Gina, Neville e Luna concordaram com um sorriso.

– Ele tem uma ótima família Prongs – Sirius sussurrou ao amigo que sorriu emocionado.

– Então não foi tão ruim, hein?

– Não.

– Ei... ia me esquecendo... ela liberou você na sexta-feira?

– Não.

Rony deu um gemido de solidariedade.

Foi mais um dia péssimo para Harry; um dos piores em Transfiguração, pois não havia praticado nenhum dos Feitiços de Desaparição. Teve de abrir mão da hora do almoço para terminar o desenho do tronquilho e, nesse meio-tempo, as professoras McGonagall e Grubbly-Plank passaram mais deveres que ele não tinha a menor perspectiva de terminar aquela noite, por causa de sua segunda detenção com a Umbridge. E, para coroar, Angelina Johnson foi procurá-lo outra vez na hora do jantar e, ao saber que não poderia participar dos testes para a escolha do goleiro na sexta-feira, disse-lhe que não estava nem um pouco impressionada com a atitude dele e que esperava que os jogadores que pretendiam continuar na equipe pusessem os treinamentos acima dos demais compromissos.

– Estou cumprindo uma detenção! – berrou Harry quando ela ia se afastando. – Você acha que eu prefiro ficar trancado em uma sala com aquela sapa velha a jogar quadribol?

– Pelo menos ela só lhe mandou escrever – disse Hermione, consolando-o, quando Harry afundou de novo no banco e olhou para o empadão de carne e rins, que já não lhe apetecia tanto. – Sinceramente, não é um castigo tão horrível.

– É eu não falaria isso amiga – Hermione riu da sua "eu" do passado fazendo alguns ali rirem.

Harry abriu a boca, tornou a fechá-la e concordou com a cabeça. Não tinha muita certeza realmente dos motivos para não contar a Rony e Hermione exatamente o que estava acontecendo na sala de Umbridge: só sabia que não queria ver os seus olhares de horror; isto faria a coisa toda parecer pior e, portanto, mais difícil de enfrentar. Sentia também, muito vagamente, que isto era entre ele e Umbridge, uma luta particular de vontades, e não ia dar à professora a satisfação de saber que se queixara do castigo.

– Parece que eu estou ouvindo a Lily falar – Alice falou dando um sorriso pequeno e a amiga corou levemente.

– Sua mãe sempre guardou tudo pra ela, foi difícil descobrir como ela estava se sentindo depois que.. – Marlene começou e olhou de esguia para Snape – Foi chamada daquela palavra horrível.

– Ela é uma das mulheres mais fortes que eu conheço – James piscou sorrindo.

– Tá bom chega, a ruiva vai morrer de vergonha – Sirius riu ao levar um tapa de Lily.

– Não consigo acreditar na quantidade de deveres de casa que temos – comentou Rony infeliz.

– Bem, por que você não os fez ontem à noite? – perguntou-lhe Hermione. – Afinal aonde é que você foi?

– Fui... me deu vontade de caminhar – disse Rony sonsamente.

– O que você está escondendo? – Arthur franziu o cenho, Rony era um péssimo mentiroso assim como ele.

– Acho que vai falar aí – Ron riu.

Harry teve a nítida impressão de que ele não era o único que estava omitindo informações naquele momento.

A segunda detenção foi tão ruim quanto a anterior. A pele nas costas da mão de Harry se irritou mais rapidamente, e dali a pouco estava vermelha e inflamada. Ele achou pouco provável que os cortes continuassem a sarar com tanta eficiência por muito tempo. Logo, o corte ficaria gravado em sua mão e Umbridge, talvez, se desse por satisfeita. Mas Harry não deixou escapar nenhuma exclamação de dor e, do momento em que entrou na sala ao momento em que foi dispensado, novamente após a meia-noite, ele nada disse além de “boa-noite” ao entrar e ao sair.

Narcisa olhou para Harry com uma certa pena no olhar, ele era tão novo e mesmo assim tinha que ser tão forte. Molly e Lily estavam da cor de seus cabelos, não aguentavam ter que ouvir aquilo.

– Me deu vontade de ir pro futuro só pra dar uma lição nessa mulher – Sirius falou sério, centenas de pegadinhas passavam por sua cabeça.

Até mesmo Lucius e Severus achavam aquilo um exagero, não estavam na idade média pra torturar alunos daquele jeito.

A situação dos seus deveres, no entanto, agora estava desesperadora, e quando ele voltou à sala comunal de Grifinória, embora exausto, não foi para a cama, mas abriu os livros e começou o trabalho de Snape sobre a pedra da lua. Eram duas e meia quando terminou. Sabia que não fizera um bom trabalho, mas não havia como remediar; a não ser que entregasse alguma coisa, sofreria, a seguir, uma detenção de Snape. Então respondeu rapidamente às perguntas que a Profª McGonagall passara para os alunos, improvisou alguma coisa sobre a forma correta de tratar os tronquilhos para a Profª Grubbly-Plank e se arrastou para a cama, onde se largou inteiramente vestido por cima das cobertas e adormeceu imediatamente.

A quinta-feira transcorreu em um atordoamento de cansaço. Rony parecia muito sonolento também, embora Harry não conseguisse imaginar o porquê. A terceira noite de detenção se passou do mesmo jeito que as duas anteriores, exceto que, depois de duas horas, as palavras Não devo contar mentiras não desapareceram das costas da mão de Harry, permanece ramali, escorrendo gotículas de sangue. A pausa no ruído da pena afiada fez a Profª Umbridge erguer a cabeça.

Ginny entrelaçou as suas mãos com as do marido como se o passasse segurança e ela de fato passava. Harry admirava o quanto a ruiva era forte e os passava segurança. Deve ser por ter sido criada com vários irmãos mas ela não deixava se abater com qualquer coisa e quase nunca chorava.

– Ah – disse ela brandamente, dando a volta à escrivaninha para examinar a mão. – Ótimo. Isto deve lhe servir de lembrete, não? Pode ir por hoje.

– Ainda tenho de voltar amanhã? – perguntou Harry, apanhando a mochila com a mão esquerda em lugar da direita dolorida.

– Ah, claro – disse a professora, com um sorriso tão amplo quanto antes. – Acho que podemos gravar a mensagem um pouco mais fundo, com mais uma noite de trabalho.

– Mais fundo? Ela quer o que? Chegar no seu osso? – Marlene soltou aterrorizada.

Petúnia olhou para o sobrinho, esse que olhava para punho ainda marcado, ela não podia imaginar tudo o que o garoto passara e ainda sofria seus maltratos em casa.

Harry jamais considerara antes a possibilidade de que poderia haver um professor no mundo que ele odiasse mais do que Snape, mas quando voltava para a Torre da Grifinória teve de admitir que encontrara uma forte concorrente. Ela é maligna, pervertida, louca, velha...

– Perdeu seu cargo de professor odiado Snape – James soltou rindo.

Mas ao invés de responder ácido e começar uma briga Snape apenas riu e revirou os olhos.

– Vou me esforçar mais – Severus respondeu.

– O que acabou de acontecer? – Sirius sussurrou para Lily e Remus.

– Não sei, mas deixa assim – Lily sussurrou de volta.

– Rony?

Ele alcançara o alto da escada, virara à direita e quase colidira com Rony, que estava escondido atrás de uma estátua de Lachlan, o Desengonçado, agarrado à sua vassoura. Rony deu um grande salto, surpreso de ver Harry, e tentou esconder a nova Cleansweep Onze às suas costas.

– Então era isso que você estava escondendo, huh? – Sirius falou sorrindo

– Roniquinho ia entrar pro time de quadribol nas tava com vergonha de contar – Fred riu ao ver o irmão corando. 

– Que é que você está fazendo?

– Hum... nada. Que é que você está fazendo?

Harry amarrou a cara para ele.

– Anda, pode me contar! Para que você está se escondendo aqui?

– Estou me escondendo de Fred e Jorge, se é que precisa saber. Eles acabaram de passar com um bando de calouros. Aposto que estão testando coisas nos garotos outra vez. Quero dizer, eles não podem mais fazer isso na sala comunal, não é, não com a Hermione presente.

– Papai nunca soube mentir muito bem – Hugo fez uma careta e logo recebeu um tapa na nuca de um Ron que ria.

Ele falava rápido e de um modo febril.

– Mas você está carregando a vassoura, você não tem voado, tem? – perguntou Harry.

– Eu... bem... bem... tá bem, vou lhe contar mas não ria, tá? – disse defensivamente, e ficando mais vermelho a cada segundo. – Eu... eu pensei em fazer um teste para goleiro da Grifinória, agora que tenho uma vassoura decente. Pronto. Agora vai. Pode rir.

– Não estou rindo – disse Harry. Rony piscou os olhos. – É uma ideia genial! Seria realmente legal se você entrasse para a equipe! Nunca vi você jogar de goleiro, você é bom?

Lily e James olharam sorrindo para o filho, viam que mesmo tendo sido criado em uma casa com pessoas maldosas tipo os Dursley, o menino ainda tinha um bom coração e acima de tudo animava os amigos.

Ron e Harry se entreolharam sorrindo como irmãos, de fato eram. Os mais novos também não estavam diferente, sabiam que um sempre iria estar ali para o outro.

– Não sou ruim – respondeu Rony, imensamente aliviado com a reação de Harry. – Carlinhos, Fred e Jorge sempre me fizeram atuar de goleiro para eles, quando treinavam durante as férias.

– Então você está praticando hoje à noite?

– Toda noite, desde terça-feira... mas sozinho. Tenho tentado enfeitiçar umas goles para me atacar, mas não tem sido fácil e não sei se vai adiantar muito. – Rony parecia agitado e ansioso. – Fred e Jorge vão rir de se acabar quando eu aparecer para os testes. Ainda não pararam de curtir com a minha cara desde que fui nomeado monitor.

– Não vou negar que faríamos piadinhas, mas a gente te apoia em qualquer coisa que fizer Rony, tenha isso em mente – Jorge disse dando um sorriso para o irmão mais novo.

– Nunca deve ter medo de falar algo pra gente, tanto você quanto Gina, a gente vai estar sempre aqui – Fred completou.

Molly e Arthur sorriram emocionados, embora tivessem problemas com Percy a relação dos outros irmãos era ótima e era confortante ver que se apoiavam.

– Eu gostaria de estar lá – disse Harry amargurado, quando os dois saíram caminhando em direção à sala comunal.

– É, eu tam... Harry, que é isso nas costas da sua mão?

– Graças a Merlin ele viu – Lily suspirou aliviada apertando a mão de James.

Harry, que acabara de coçar o nariz com a mão direita livre, tentou escondê-la, mas foi tão bem-sucedido quanto Rony escondendo a Cleansweep.

– É só um corte... não é nada... é...

Mas Rony agarrara o braço dele e o erguera à altura dos olhos. Houve uma pausa, durante a qual ele ficou olhando fixamente as palavras gravadas na pele, com ar de náusea, e em seguida soltou o braço de Harry.

– Pensei que você tivesse dito que ela estava só mandando você escrever!

Harry hesitou, mas afinal de contas Rony fora sincero com ele, então contou-lhe a verdade sobre as horas que estava passando na sala de Umbridge.

– A megera velha! – exclamou Rony num sussurro de revolta quando pararam diante da Mulher Gorda, que dormitava tranquilamente com a cabeça encostada na moldura do quadro. – Ela é doente! Vai procurar a McGonagall, diga alguma coisa!

– Ele definitivamente tem um Padfoot – James falou sorrindo sincero.

– Todo mundo deveria ter um Pads – Remus falou sorrindo.

– Me sinto fabuloso – Sirius ergueu a perna em uma pose fazendo todos rirem, ele era a personificação de "drama queen".

– Não – disse Harry na mesma hora. – Não vou dar a ela a satisfação de saber que me atingiu.

– Atingiu? Você não pode deixá-la escapar impune!

– Não sei qual é o poder que McGonagall tem sobre ela – disse Harry.

– Mcgonagall tem poder sobre todo mundo – Teddy riu abraçando a namorada.

– As vezes eu tenho medo dela invadir o ministério e me bater caso eu faça algo de errado – Hermione falou fazendo uma leve careta.

– Dumbledore, então, conte ao Dumbledore!

– Não – disse Harry categoricamente.

– Por que não?

– Ele já tem muita coisa na cabeça – disse Harry, mas este não era o motivo verdadeiro.

Não ia procurar Dumbledore para pedir ajuda, se desde junho o diretor não falara com ele nem uma vez.

Alguns olhares julgadores foram para o diretor que apenas abaixou o olhar envergonhado. 

– Bom, eu acho que você devia – começou Rony, mas foi interrompido pela Mulher Gorda, que estivera a observá-los sonolenta, e agora explodia:

– Vocês vão me dar a senha ou terei de ficar acordada a noite inteira esperando que acabem de conversar?

A sexta-feira amanheceu sombria e encharcada como o resto da semana. Embora Harry olhasse automaticamente para a mesa dos professores quando entrava no Salão Principal, foi sem muita esperança de ver Hagrid, e ele logo voltou seus pensamentos para problemas mais urgentes, como a momentânea pilha de deveres que precisava dar conta e a perspectiva de mais uma detenção com a Umbridge.

Duas coisas o sustentaram naquele dia. Uma foi o pensamento de que já era quase o fim de semana; a outra era que, por mais horrenda que certamente seria sua última detenção com a Umbridge, ele teria uma visão do campo de quadribol da janela da sala e poderia, com sorte, ver alguma coisa do treino de Rony. Eram raios muito pálidos de sol, na verdade, mas Harry era grato por qualquer coisa que pudesse atenuar sua presente escuridão; nunca tivera uma primeira semana pior em Hogwarts.

Às cinco horas daquela tarde ele bateu à porta da sala da Profª Umbridge para o que sinceramente esperava que fosse a última vez, e ela o mandou entrar. O pergaminho estava preparado sobre a mesa com a toalha de renda, a caneta preta afiada do lado.

– O senhor sabe o que fazer, Sr. Potter – disse Umbridge, com um sorriso meigo.

– Sorriso meigo – Alice desdenhou.

– Mais fácil o Binns ficar suportável do que Umbrigde dar um sorriso meigo – Frank fez uma careta.

Harry apanhou a pena e espiou pela janela. Se empurrasse a cadeira uns três centímetros para a direita... sob o pretexto de ficar mais próximo à mesa, ele conseguiria. Tinha agora uma vista distante da equipe de quadribol da Grifinória, voando no campo para cima e para baixo, e havia meia dúzia de vultos escuros parados junto às três altas balizas, aparentemente esperando a vez de serem testados. Era impossível dizer qual era o Rony a essa distância.

Não devo contar mentiras, escreveu Harry. O corte nas costas de sua mão direita abriu e recomeçou a sangrar. Não devo contar mentiras. O corte ficou mais fundo, aferroando, ardendo. Não devo contar mentiras. O sangue escorreu pelo seu pulso.

Ele arriscou mais uma espiada pela janela. Quem defendia o gol agora estava fazendo um trabalho realmente medíocre. Katie Bell marcou duas vezes nos poucos segundos que Harry se atreveu a olhar. Desejando muito que o goleiro não fosse Rony, ele voltou sua atenção para o pergaminho pontilhado de sangue.

Sirius e Remus olharam preocupados para o sobrinho, desejando que tivessem com ele para evitar uma coisa assim.

Não devo contar mentiras.

Não devo contar mentiras.

Ele erguia a cabeça sempre que achava que podia arriscar: quando ouvia a pena de Umbridge arranhando ou uma gaveta se abrindo. O terceiro candidato foi muito bem, o quarto, terrível, o quinto se desviou de um balaço excepcionalmente bem, mas se atrapalhou com uma defesa fácil. O céu foi escurecendo e Harry duvidou de que pudesse ver o sexto e o sétimo.

Não devo contar mentiras.

Não devo contar mentiras.

O pergaminho agora brilhava com as gotas de sangue de sua mão, que queimava de dor. Quando ele tornou a erguer a cabeça, a noite caíra e o campo de quadribol já não era visível.

– Harry, me mostre sua mão – Lily falou um pouco rouca.

– Mãe.. – ele hesitou.

– Por favor, eu preciso ver – ela falou firme.

Harry suspirou e estendeu o braço para a mãe a mostrando o punho, este que continha a cicatriz perfeita de uma frase. Ainda estava vermelha pois não fazia tanto tempo que ocorrera.

– Eu vou matar ela – James falou furioso – Eu juro que vou fazer ela pagar por isso.

– Você não vai precisar passar por isso nunca mais querido – Lily secou uma lágrima, provavelmente de ódio, que descia sobre sua bochecha e o abraçou forte.

– Vamos ver se você já absorveu a mensagem? – disse a voz branda de Umbridge, meia hora depois.

Encaminhou-se para ele, esticando os dedos curtos e cheios de anéis para o seu braço. Então, quando ela o segurou para examinar as palavras gravadas na pele, a dor o queimou, não nas costas da mão, mas na cicatriz em sua testa. Ao mesmo tempo, Harry teve uma sensação extremamente peculiar na região do estômago.

– A dor só devia acontecer caso Voldemort estivesse presente, não? – Remus questionou confuso.

Desvencilhou o braço das mãos da professora e ficou em pé de um salto, encarando-a. Ela o encarou de volta, um sorriso distendendo sua boca rasgada e frouxa.

– É, dói, não é? – disse baixinho.

Ele não respondeu. Seu coração batia muito forte e acelerado. Será que estava se referindo à mão dele ou sabia o que ele acabara de sentir na testa?

– Bom, acho que cheguei ao ponto que queria, Sr. Potter. O senhor pode ir.

– Desgraçada – Narcisa esbravejou. Molly, Petúnia, Alice e Marlene concordaram.

Lily ficou surpresa ao ver a sonserina com empatia por seu filho, afinal ele era mestiço e estava contra o mestre dela.

Harry apanhou a mochila e saiu da sala o mais rápido que pôde.

Fique calmo, disse a si mesmo, ao subir correndo a escada. Fique calmo, pode ser que não signifique necessariamente o que você pensa que significa...

– Mimbulus mimbletonia! – ofegou para a Mulher Gorda, que mais uma vez girou para a frente.

Uma gritaria o acolheu. Rony veio correndo ao seu encontro, o rosto radiante e derramando na frente das vestes a cerveja amanteigada do cálice que segurava.

– Harry, consegui! Entrei, sou o goleiro!

– PARABÉNS – Sirius gritou se jogando no Weasley que riu.

– Obrigado, cara – Rony falou num sorriso – Mas eu não sou bom.

– É sim, só te falta confiança parceiro – Ron garantiu para o seu eu mais novo.

– Quê? Ah... genial! – exclamou Harry, tentando sorrir naturalmente, enquanto seu coração continuava a disparar e sua mão, a latejar e doer.

– Tome uma cerveja amanteigada. – Rony empurrou uma garrafa para ele. – Nem posso acreditar... aonde foi a Hermione?

Rony e Mione coraram ao ver olhares maliciosos para o seu lado.

– Ali – disse Fred, que também bebia cerveja amanteigada, apontando para uma poltrona junto à lareira. Hermione estava cochilando, a bebida balançando precariamente na mão.

– Bom, ela disse que estava contente quando contei – comentou Rony, parecendo ligeiramente desapontado.

Mione o olhou arrependida, o garoto apenas assentiu sorrindo como se dissesse que estava tudo bem.

– Gado – Scorpius fingiu um espirro.

– Malfoy filho eu vou incorporar o Moody falso e te transformar em uma doninha – Ron falou em um tom falso de ameaça que arrancou risos de todos do futuro.

– Você nunca vai esquecer isso não é – Draco riu.

– Nunquinha, Malfoy pai – o Weasley negou.

– Deixe a Hermione dormir – disse Jorge, depressa. Somente uns momentos depois é que Harry reparou que vários calouros à volta deles traziam sinais inconfundíveis de sangramentos nasais recentes.

– Venha aqui, Rony, veja se uma das vestes antigas de Olívio cabe em você – chamou-o Cátia. – Podemos tirar o nome dele e colocar o seu no lugar...

Quando Rony se afastou, Angelina se aproximou de Harry.

– Desculpe se fui um pouco grossa com você hoje mais cedo, Potter – disse de chofre. – Essa coisa de administrar é muito estressante, sabe. Estou começando a pensar que fui um pouco dura com o Olívio, às vezes. – Ela estava observando Rony por cima da borda do cálice, com a testa ligeiramente franzida.

“Escute, eu sei que ele é o seu melhor amigo, mas não é fabuloso”, disse, sem rodeios. “Acho que com um pouco de treinamento ele vai ficar legal. Vem de uma família de bons jogadores de quadribol. Estou apostando que tem um pouco mais de talento do que demonstrou hoje, para ser sincera. Vitória Frobisher e Godofredo Hooper voaram melhor hoje à noite, mas Hooper é um chorão, está sempre se lamentando sobre uma coisa ou outra e a Vitória faz parte de tudo que é tipo de sociedade. Ela mesma admitiu que, se os treinos coincidirem com o Clube de Feitiços, o clube viria em primeiro lugar. Em todo o caso, vamos ter um treino às duas horas, amanhã, veja se dá um jeito de aparecer desta vez. E me faça um favor, ajude o Rony o mais que puder, o.k.?”

Ele concordou com a cabeça, e Angelina voltou para a companhia de Alícia Spinnet. Harry foi se sentar ao lado de Hermione, que acordou com um sobressalto quando ele descansou a mochila.

– Ah, Harry, é você... que bom para o Rony, não é? – disse ela com o olhar turvo. – Estou tão... tão... tão cansada. – E bocejou. – Fiquei acordada até uma hora da manhã fazendo mais gorros. Estão desaparecendo que é uma loucura!

– Hermione eu te amo mas isso já é loucura – Alic falou assombrada.

E sem a menor dúvida, agora que olhava com atenção, Harry viu que havia gorros de lã escondidos por toda a sala, onde elfos desatentos poderiam acidentalmente apanhá-los.

– Que legal! – comentou distraído; se não contasse a alguém logo, iria explodir. – Escute, Hermione, eu estava na sala da Umbridge e ela segurou o meu braço...

Ela o escutou com atenção. Quando Harry terminou, disse lentamente:

– Você está preocupado que Você-Sabe-Quem esteja controlando a Umbridge como fazia com o Quirrell?

– Inteligente – Regulus apontou.

– Mas eu acho que ela não está sendo controlada por Voldemort, acho que ela só é um pé no saco – Remus falou de cenho franzido – Mas também não explica o porquê da cicatriz doer.

– Bem – respondeu ele, baixando a voz –, é uma possibilidade, não?

– Suponho que sim – disse Hermione, embora não parecesse convencida. – Mas acho que não de estar possuindo a Umbridge do mesmo jeito que possuía Quirrell, quero dizer, ele agora está vivo de verdade, não está? Tem corpo próprio, não precisaria partilhar o de alguém. Mas suponho que pudesse ter dominado a Umbridge com a Maldição Imperius...

Harry observou Fred, Jorge e Lino fazendo malabarismos com garrafas vazias de cerveja amanteigada durante uns instantes. Então Hermione falou:

– Mas no ano passado a sua cicatriz doeu quando ninguém estava tocando você, e Dumbledore não disse que isso estava ligado ao que Você-Sabe-Quem estava sentindo naquele momento? Quero dizer, talvez isto não tenha nenhuma ligação com a Umbridge, talvez seja só uma coincidência que aconteceu na hora em que você estava com ela.

– Ela é maligna – disse Harry categoricamente. – Pervertida.

– Ela é horrorosa, concordo, mas... Harry, acho que você devia dizer a Dumbledore que sua cicatriz doeu.

Era a segunda vez em dois dias que alguém o aconselhava a procurar Dumbledore, e sua resposta a Hermione foi exatamente igual à que dera a Rony.

– É que essa é a ideia mais sensata Bambi – Sirius riu se jogando no sofá em cima de James.

– Saí daqui cachorro pulguento – o Potter começou uma breve lutinha com o Black o fazendo cair rindo.

– Rude – Sirius apontou.

– Não vou incomodá-lo com isso. Como você acabou de dizer, não é nada muito importante. Tem doído intermitentemente o verão inteiro... foi um pouco pior hoje à noite, só isso...

– Harry, eu tenho certeza de que Dumbledore iria querer ser incomodado com isso...

– É – respondeu antes que pudesse se controlar –, é a única parte minha com que Dumbledore se importa, a minha cicatriz, não é mesmo?

– Não diga isso, não é verdade!

– Acho que vou escrever a Sirius e ver o que ele acha...

– Isso, melhor me deixar informado que eu posso ajudar – Sirius falou com os olhos brilhando.

– Mas as cartas estão sendo interceptadas gênio, não podem mencionar algo assim – Marlene rebateu.

– Harry, você não pode mencionar uma coisa dessas numa carta! – disse Hermione alarmada. – Não lembra que Moody falou para termos cuidado com o que escrevemos? Não podemos garantir que as corujas não sejam mais interceptadas!

Marlene fez uma cara de "Eu avisei" para Sirius que revirou os olhos para a amiga, essa que riu dele.

– Tudo bem, tudo bem, então não vou contar a ele, tampouco! – disse Harry irritado. E se levantou. – Vou me deitar. Por favor, avise ao Rony para mim, sim?

– Ah, não – disse Hermione, parecendo aliviada –, se você está indo, então quer dizer que também posso ir, sem ser mal-educada. Estou absolutamente exausta e quero fazer mais gorros amanhã. Escute, você pode me ajudar se quiser, é bem divertido, e estou pegando prática, já sei fazer desenhos e pompons e todo o tipo de enfeites agora.

Harry olhou bem para o rosto da amiga, que irradiava felicidade, e tentou parecer que se sentia vagamente tentado pela oferta.

– Hum... não, acho que não vou querer, obrigado. Hum... amanhã não. Tenho montes de deveres para fazer...

E dirigiu-se lentamente para a escada do dormitório dos garotos, deixando-a ligeiramente desapontada.

– Me desculpe, Mione, eu só estava com a cabeça cheia de coisas – Harry falou arrependido para a amiga que sorriu de leve.

– Agora eu sei sobre o que tava passando, tá tudo bem amigo – ela apertou o seu ombro.

– Quem quer ler? – Alvo perguntou e logo entregou para o "namorado".

– A Armada de Dumbledore.


Notas Finais


E aí o que acharam? Críticas, sugestões, conselhos amorosos??

Primeiro quero agradecer a vocês por darem tanto carinho a essa fanfic, me deixa mais motivada a continuar.

Segundo, a Oneshot já foi postada no meu perfil no final de semana passado então espero que gostem da história.

Terceiro, já tenho novos projetos pra quando terminar essa fanfic, pretendo terminar Raised By Wolves e vou começar uma de universo alternativo com a Marauders Era, espero que acompanhem e gostem.

ATÉ A PRÓXIMA PESSOAL!!


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