Neville respirou fundo antes de entrar na casa de número 4 em Privet Drive. Ele tinha adiado esse encontro pela última semana, mas não podia mais fazê-lo. Ao caminhar até a sala, ele viu James e Lily Potter sentados juntos e conversando em voz baixa. Ao vê-lo, porém, o casal parou e a ruiva disse limpando a garganta:
— Eu vou chamar a Alice e o Frank.
— Obrigada, senhora... — Lily saiu sem olhar para ele e Neville franziu a testa, ligeiramente divertido — Potter.
— Então — disse James visivelmente desconfortável — você é Neville Longbottom, filho da Alice e do Frank desse mundo?
— Sou — confirmou Neville com um pequeno sorriso retorcendo em seu rosto. Era tão óbvio que ele queria perguntar de Harry — e você é James Potter e está morrendo de vontade de me perguntar alguma coisa.
James foi pego de surpresa e Neville ofereceu-lhe um sorriso gentil. O homem hesitou, mas perguntou:
— Harry é sempre tão... Autruísta?
Neville riu com gosto.
— Quantos anos da nossa vida vocês viram até agora? — perguntou em vez de responder.
— Apenas o seu primeiro ano em Hogwarts.
Neville se impediu de continuar a rir e balançou a cabeça com um grande sorriso.
— Ele é pior que o que você viu nas memórias e pessoalmente, James — disse o garoto — vocês não viram nem a metade.
Antes que o Potter pudesse continuar, Alice e Frank apareceram na sala. Ao que parecia, a mãe [de outro mundo] de Neville correra até ali para vê-lo, porque ela respirava pesado ao se aproximar cautelosamente e acenar, sem jeito.
— Oi — disse, acanhada e Neville sorriu calmamente para ela, acenando com a cabeça e mantendo as mãos trêmulas fechadas em punhos nos bolsos das calças.
— Oi — ele devolveu para os dois enquanto via James sair dali pelo conto do olho — Harry disse que queriam falar comigo.
— Ah, sim — disse Frank também sem saber o que fazer — nós... Ouvimos que você cresceu com a minha mãe.
Neville sentiu as costas enrijecendo à menção da avó. Sentia saudades dela, mas quando o orgulho de Augusta Longbottom era ferido, não havia viva alma capaz de fazê-la voltar atrás em uma decisão. E a decisão de deserdá-lo parecia ter sido tomada pelo que lhe dissera o berrador que recebera uma noite atrás.
— Sim, eu fui — ele confirmou sentando no sofá depois que Alice e Frank o fizeram.
— E que nós... — Alice começou e então tentou achar uma expressão mais branda para falar o que queria. Todos faziam isso, Neville já estava acostumado.
— Estão no St.Mungus até hoje, sim — ele confirmou mais uma vez, assentindo e pensando no último encontro que tive com os dois.
— Crescer com a minha mãe não deve ter sido fácil — disse Frank com um meio sorriso que pendia entre o acanhamento e a diversão — e ela piorou muito depois que meu pai morreu.
— Sim, a minha avó é uma figura única — disse Neville com outro sorriso, relaxando um pouco contra o sofá. Houve um silêncio estranho até que Alice pareceu tomar coragem para falar o que realmente queria.
— Neville, eu e Frank conversamos muito. E meio que chegamos a uma conclusão sobre você.
Neville esperou pelo resto, levantando os olhos para Alice, que sorriu para ele levemente, fazendo com que o garoto se desconcentrasse um pouco. Aquele era o sorriso de sua mãe. O sorriso que sua mãe lhe daria se tivesse sanidade para fazê-lo.
— Nós gostaríamos de conhecê-lo melhor — disse Frank pela esposa — chegamos a conclusão de que...
— Poderiamos saber como nosso filho iria ser através de você — disse Alice mordendo o lábio, perguntando-se se aquilo parecia muito insensível para o rapaz. Soava assim para ela. Neville ficou um tempo em silêncio antes de assentir, suspirando.
— Eu também pensei nisso — disse ele sem olhar para o casal — em relação aos meus pais, eu falo.
— Sim, nós entendemos — disse Frank.
— Sentimos muito pelo que aconteceu com seus pais aqui — disse Alice em um sussurro.
— Foi há muito tempo — disse ele sem olhá-los dando a resposta de praxe.
— Mas não apaga a dor — Frank disse suavemente, ganhando um sorriso triste em troca.
— Não — Neville concordou — não mesmo.
⚡⚡⚡
Neville aparatou nos jardins da escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. A nova diretora, Minerva, tinha autorizado a aparatação nos terrenos da escola para quem quisesse ajudar na reconstrução. Ele, no entanto, queria ficar sozinho antes de entrar, por isso se dirigiu ao lago.
— Neville? — pouco tempo depois ele ouviu uma voz chamá-lo e Hannah Abbott se sentou ao lado dele, deitando a cabeça em seu braço — está tudo bem?
Eles tinham ficado próximos depois que os Carrow o tinham punido um pouco mais severamente e os lufanos cuidaram dele. Suspirando, Neville começou a contar sobre o que tinha acontecido com sua avó e com os Longbottom.
— O que você acha? — ele perguntou por fim para ela. Hannah pareceu pensar por um momento e disse, cautelosa:
— Eu acho que sua avó está errada, mas que mesmo sabendo disso, você está se sentindo culpado — era verdade, por isso Neville esperou que ela falasse mais — e acho que você deveria se dar uma chance de conhecer seus pais, Neville.
— Mas isso está custando a minha avó — disse ele ainda que quisesse mais do que tudo fazer o que ela falara.
— Eu sei — Hannah mordeu o lábio e olhou para ele com uma expressão sofrida — mas ela não pode mandar na sua vida, Nev. Ela precisa ver que você não é mais apenas o neto dela.
Hannah o abraçou, ajoelhando-se por trás dele e Neville fez carinho em suas mãos unidas. Eles continuaram em silêncio por um longo tempo, apenas observando o lago imóvel ao lado do castelo semi destruído.
— Como está tudo aqui? — perguntou Neville depois de um grande silêncio. Hannah respondeu suavemente:
— Bem, a Enfermaria foi quase toda reconstruída.
— Alguma notícia de Dino e da AD? — perguntou Neville e sentiu a moça ficar tensa atrás dele — Hannah?
— Dino me mandou uma mensagem há uma hora atrás — ela disse em voz baixa — ele quer falar com você. Disse que é urgente e necessário. Parece que tem alguma coisa a ver com Simas e uma descoberta do século.
— Ah — disse Neville rindo silenciosamente enquanto se deixava relaxar — o idiota percebeu que estava apaixonado pelo melhor amigo.
— Provavelmente — Hannah riu atrás dele e então suspirou, olhando para o lago — é tão estranho receber notícias como essas, não é? Normalmente estamos sempre preocupados com a morte ou a tortura ou o sequestro de alguém. E quando recebemos uma mensagem assim... É estranho, mesmo quando não deveria ser.
— É, eu sei exatamente do que você está falando — Neville suspirou e ficaram ali, apenas observando o lago, sentindo a presença um do outro.
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