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História Marriage Issues - Capítulo 8


Escrita por: Anya321

Notas do Autor


Oi meus amores! Acabou q eu consegui terminar o cap beeeeem mais cedo e consegui responder vcs também, então pra q perder tempo né? Tá aí o cap novo!! Bom fim de semana pra vcs!!

Boa leitura!

Capítulo 8 - Capítulo 8


Flashback On

 

– E aí, quais são os planos para o 4 de Julho? – Naruto perguntou, enquanto alongava o próprio pescoço.

– Não sei. 

Ele estala a língua.

– Não me diga que vai ficar sozinho só porque a Sakura foi para Portland. – o loiro falou, irritado. – Credo, que dependência!

– O que você quer que eu faça, loiro idiota? O plano era passar com ela, e já que ela não está aqui, eu não tenho nada para fazer.

O Uzumaki arregalou os olhos azuis, como se a resposta fosse tão óbvia quanto a cor do céu.

– Você pode fazer o que quiser, cacete! – ele disse. – Ir a uma festa, sair com alguma garota. Coisas que você fazia antes de conhecer a Sakura!

Naruto e eu estávamos voltando da casa de Gaara a pé. O apartamento do ruivo não era muito longe da minha casa, e o loiro disse que ia passar o dia fora porque seus pais estavam recebendo umas visitas. Enquanto andávamos, víamos os trabalhadores públicos ornamentando a cidade para o desfile do 4 de Julho, com as cores da bandeira americana, bandeirolas e os chapéus do Tio Sam.

– Eu não entendo como vocês dois são tão grudados e nunca transaram. – Naruto continuou dizendo. – A Sakura é legal, mas você nunca foi assim com nenhum amigo. Nem mesmo eu!

Revirei os olhos.

– Qual é, não é como se ela fosse sua namorada. Você não vai morrer se passar um feriado sem ela. – disse ele. – Eu conheço um cara que vai dar uma festa super legal, com bebida de graça. O convite está dado.

Naruto até tinha razão, eu podia ir a uma festa. O feriado de 4 de Julho, para o pessoal da nossa idade, era como quatro dias no paraíso. Desde que nos mantivéssemos longe das áreas delimitadas para o feriado, poderíamos fazer qualquer coisa e a polícia não estaria nem aí. Eles tem muito trabalho a fazer no Dia da Independência.

A festa com certeza seria irada. Mas sem a Sakura, eu não conseguia imaginar a mim mesmo me divertindo. Eu queria saber o que ela estava fazendo, se estava se divertindo. Ir para uma festa, beijar outra garotas parecia… errado.

– Eu te aviso se eu for. – falei.

 

                               (…)

 

Naruto foi para casa logo antes das 16:00. Meus pais deixaram o churrasco para o segundo dia do feriado, então Itachi decidiu ir para algum outro lugar para passar o tempo. Provavelmente estava em alguma festa também, ou saindo com alguma garota.

O meu quarto ficava bem perto da sala de estar. As paredes não eram tão grossas e muito menos a prova de som, portanto eu podia ouvir tudo o que se passava do lado de fora, querendo ou não.

– Você nunca deixa nada para lá, né?! Para as coisas importantes, você não está nem aí, mas quando quer esfregar algo na minha cara, tem memória de elefante! 

– Não estou esfregando nada! Estou dizendo que você nunca me ajuda! Fica aí, com essa cara de indiferença, sem ligar para nada que eu ou seus filhos façam! Você não se importa com a sua família!

– Quem não se importa?! Você adora passar a mão na cabeça daqueles dois, sabendo que eles estão errados! Quanto tempo acha que o Sasuke vai morar com a gente, se não o expulsarmos?! Acha que ele vai sair por conta própria?! Você está prejudicando ele fazendo vista grossa!

– E o que eu farei se não fizer vista grossa?! É tudo o que posso fazer, com um marido que só pensa em futebol, bebida e trabalho! Se eu faço vista grossa para você, por que não farei com os meus filhos?!

– Lixo! Você é um lixo de mãe, é isso o que você é!

– E que belo pai, você é! Está sempre fedendo a álcool e brigando com todo mundo! Sou eu que cuido da casa e crio os nossos filhos! Você é um inútil!

– Sou eu que pago as contas! Eu…

Suspiro e tento cobrir meus ouvidos com o travesseiro. Sabia que isso ia acontecer. Era sempre isso que acontecia.

Peguei meu celular no bolso e mandei mensagem para a única pessoa que poderia me distrair daquilo.

Como está Portland? Tomara que esteja uma porcaria.

–S.U.

 

Está mesmo um inferno. E você? Se divertindo muito sem mim?

–S.H.

 

E muito. Você não sabe o que está perdendo, Haruno.

–S.U.

 

 

Sasuke POV

 

Eu não odiava ir à casa dos meus pais, mas não me lembro da última vez em que os visitei por livre e espontânea vontade. Não sabia dizer se simplesmente não gostava do ambiente, ou se era por causa do clima tenso que as vezes se instalava.

Estava dirigindo até East Harlem, onde meus pais atualmente moram, e sentia o olhar de Sakura sobre mim no banco do passageiro.

– Você não parece muito animado para ir. – ela comentou, nitidamente preocupada.

– Bom, eu nunca estou.

– A gente podia cancelar. 

Balancei a cabeça.

– Se cancelarmos, eles vão continuar ligando em outros dias. É melhor ir logo de uma vez, para termos paz por mais um mês.

Sakura não argumentou mais, então o resto do percurso foi silencioso.

Meus pais eram… complicados. Embora tivessem um casamento tão longo, eles frequentemente discutiam quando eu era jovem. Eu não sabia dizer se algum dos dois estava errado quando ouvia suas brigas, mas sempre soube que eles eram muito diferentes. Porém, eu também via o quanto eles tentavam ignorar suas diferenças e fingir que nada aconteceu no dia seguinte. Essa era uma das coisas que mais me incomodava naqueles dois.

Não demorou muito para chegarmos na casa deles. Não tinha quintal, mas ficava numa rua bonita e parecia aconchegante por fora. A fachada da frente abrigava um portão de metal ornamentado e, subindo alguns degraus, estávamos batendo em sua porta.

Meu pai atendeu.

– Oh, chegaram cedo. – ele disse, sem muito ânimo.

– Boa noite, sr. Fugaku. – Sakura sorriu simpática e deu um abraço de cumprimento em seu sogro. – Como o senhor está?

Ele sorriu fraco.

– Estou velho, minha filha. Mas bem, na medida do possível. 

– Que bom. 

Lutei internamente para não revirar os olhos.

– Cadê a mãe? – perguntei, finalmente capturando sua atenção.

– Está lá dentro, terminando de fazer o jantar. – Fugaku respondeu e abriu espaço para passarmos. – Venham, entrem.

– Com licença. – Sakura disse.

A nova casa dos meus pais não era grande. Antigamente costumávamos morar no Brooklyn, mas há poucos anos eles decidiram se mudar para um local mais perto de Sakura e eu. 

A sala de estar era pequena e, obviamente, um tanto antiquada, decorada no estilo dos anos 70. Um sofá extenso, de frente para uma televisão – presente meu e de Sakura em suas bodas –, um tapete esquisito e uma poltrona reclinável. A sala de jantar ficava logo ao lado, com uma mesa para seis pessoas e um lustre bem no meio.

Deixei Sakura e Fugaku conversando no sofá. No geral, meus pais gostavam dela. Em toda a minha vida, o mais perto que meu pai chegou de me elogiar foi dizer que eu tinha feito uma boa escolha quando me casei com a Haruno. Eu concordava, mas não me senti feliz por ele ter dito isso, não parecia exatamente um elogio destinado a mim.

Encontrei minha mãe na cozinha, mexendo em algo numa panela enquanto bebericava uma taça de vinho tinto.

– Oi, mãe. – chamei sua atenção.

Ela arregalou os olhos quando me viu e deixou o fogão de lado para vir me abraçar.

– Meu querido, que saudade! – disse ela.

– É, eu também. – falei.

Forcei um sorriso e ignorei o cheiro de álcool vindo dela.

Antes, o meu pai era quem bebia mais dentro de casa. Nos últimos anos, minha mãe vinha tentando roubar o primeiro lugar dele. Acho que a última vez em que a vi passar mais de um dia sem beber foi quando ela cuidou de Sakura depois do acidente.

– O que era tão urgente? – perguntei, colocando as mãos nos bolsos.

– Nada. – ela falou. – Eu simplesmente fiquei com vontade de ver o meu filho e a minha nora. Não posso?

Poderia, se não tivesse ligado no pior momento possível, pensei.

– Claro que pode. O que está fazendo?

– Chili com carne. – respondeu ela, com os olhos brilhando. – Também preparei um pudim de sobremesa, está delicioso.

– O papai odeia chili. – lembrei.

– Eu sei. 

– Então o que ele vai comer? 

Mikoto deu de ombros.

– Se ele não quiser chili, tem macarrão instantâneo na despensa.

Encolhi os lábios. Provavelmente haverá discussões na mesa hoje.

 

                               (…)

 

E então, o chili foi servido. E nós comemos, até mesmo meu pai, embora sua insatisfação fosse nítida. Eu pude perceber que meus pais tentavam ao máximo adiar suas discussões para quando estavam sozinhos.

Itachi não veio ao jantar. Meu pai sentava na ponta da mesa, minha mãe à sua direita, eu à sua esquerda e Sakura ao meu lado. Comíamos em silêncio, porém ele foi quebrado por Mikoto:

– Como está indo o trabalho, Sakura?

Sakura, que estava de cabeça baixa enquanto comia, arregalou os olhos ao ouvir seu nome ser chamado.

– Está indo bem. – respondeu ela. – A nova reitora do hospital está fazendo ótimas instalações. A chegada de maquinário novo está a todo vapor. Ela até contratou mais funcionários e médicos, então o trabalho até que diminuiu.

– Isso é ótimo! Eu nem imagino como deve ser cansativo dar plantões no hospital.

– É cansativo, mas a gente se acostuma. – Sakura sorriu.

Apesar de meus pais gostarem de Sakura, naturalmente ela se dava muito melhor com minha mãe. Mikoto, apesar do problema com meu pai, era simpática e tratava bem as pessoas. Já Fugaku fazia o tipo mais fechado, irredutível e frio. A única pessoa que conseguia fazê-lo expressar algum sentimento era a própria esposa.

– E como vai o escritório, querido? – minha mãe direcionou-se para mim. Percebi que meu pai também me olhou de relance.

– Está normal. 

– Até quando vai continuar se enganando naquelas quatro paredes? – Fugaku murmurou.

– Fugaku! 

– O garoto nunca gostou de direito civil, Mikoto! – meu pai continuou. – Está mais do que na cara! 

– Como você pode simplesmente concluir que ele não gosta de algo?! Você mal fala com ele!

– Porque ele é sangue do meu sangue, e eu o conheço! Você, mais do que ninguém, deveria saber disso também! Ele entrou nesse negócio com Itachi porque o pressionamos na faculdade!

Minha mãe, surpreendendo a todos, bateu com as mãos em cima da mesa. As taças de vinho tremeram com o chacoalhar da madeira.

– Nós o pressionamos?! – ela repetiu, furiosa. – Você foi o único que pressionou ele, seu imprestável! Se seu filho não gosta do próprio emprego, o único culpado nessa história é você! 

Meu pai ficou de pé e apontou o dedo na frente da minha mãe.

– Alguém precisava tomar uma atitude! – ele exclamou, no mesmo tom. – O que você fez por ele, Mikoto?! Viu que ele não ia ser ninguém na vida e achou que estava tudo bem?! Ele não ia ficar embaixo da sua asa para sempre!

– Chega! – exclamei mais alto que os dois, ainda mais estressado. – Pelo amor de Deus, até quando?! Até quando vão brigar por qualquer motivo que seja?! Foi para isso que nos chamaram aqui?! Para vê-los brigando?!

Eu gritava tão alto que perdia até o fôlego. Só percebi o quanto meus punhos estavam cerrados quando Sakura envolveu um deles com sua mãos, tentando me acalmar.

– Sasuke… – ela chamou baixinho. – Sente-se.

Assenti e respirei fundo. Voltei a me sentar ao seu lado e bebi um longo gole do vinho. Sakura continuou segurando minha mão por baixo da mesa, pois sabia que eu não conseguiria me acalmar sozinho.

– Desculpem-nos. – minha mãe disse, envergonhada. – V-Vamos apenas jantar.

– Isso, apenas jantar. – meu pai concordou.

Não ousei responder, pois acabaria dizendo algo que iria me arrepender.

Com isso, apenas voltamos a comer em silêncio. Eu ainda estava furioso e envergonhado por Sakura ter visto aquilo. Não era a primeira vez que ela presenciava as brigas de meus pais, mas eu me constrangia em todas as vezes. Era inevitável.

 

                               (…)

 

Quando o jantar acabou, Sakura se ofereceu para ajudar minha mãe a lavar a louça e me deixou sozinho com meu pai. Fugaku se retirou da mesa silenciosamente, como se a minha presença não fosse importante o suficiente para que ele tivesse que me dar atenção.

Minha esposa voltou da cozinha para recolher os talheres e suspirou ao me ver sozinho, claramente irritado.

– Por que não vai conversar com seu pai? – sugeriu ela, otimista.

– Depois de todos esses anos, você ainda não sabe o porquê?

Ela inspirou fundo e sentou-se numa cadeira perto de mim. Não disse absolutamente nada, só ficou me lançando aquele olhar penetrante. Na maioria das vezes, Sakura não precisava falar nada para que eu entendesse o que ela dizia, nós simplesmente entendíamos e pronto. E aqueles olhos estavam gritando para que eu desse o fora dali.

Suspirei, vencido.

– Eu vou atrás do velho. – obedeci, e vi um sorriso triunfante no rosto de Sakura antes de sair.

Subi as escadas até o primeiro andar, que ainda era um pouco estranho para mim. Eu havia estado poucas vezes naquela casa e geralmente nunca passava do térreo. Caminhei pelo corredor e encontrei várias portas, mas não sabia em qual delas meu pai estava.

Aleatoriamente, escolhi uma das portas e a abri. Dei de cara com o que eu achei ser um escritório ou algum tipo de quarto extra, cheio de estantes com livros, uma escrivaninha e um sofá-cama. O lugar cheirava a cigarros e álcool, e eu percebi que também abrigava um frigobar perto da entrada.

Decidi que esperaria meu pai ali, pois aquele parecia ser seu novo quarto agora. Com certeza não demoraria muito para ele aparecer.

Então ouvi um barulho vindo da escrivaninha. Era o celular de meu pai. Vi uma notificação na tela de bloqueio e não pude evitar ler.

Mas me arrependi amargamente. Quando percebi, já estava lendo a conversa inteira.

E, como eu previ, meu pai veio mesmo até o quarto, porém se surpreendeu ao me encontrar ali. Ao notar que eu segurava seu celular em minhas mãos, pela primeira vez, vi uma expressão de medo no rosto de Fugaku.

– Sasuke…

– Quem é Margareth?

 

Sakura POV

 

Mikoto e eu lavamos a louça em silêncio por um tempo. Eu havia pedido para lavar, mas ela insistiu que estava tudo bem se eu apenas secasse e guardasse os pratos. Por mais que gostasse e fosse muito grata a ela, não via a hora de Sasuke e eu irmos embora daquela casa.

– Eu sinto muito pelo que você viu, Sakura. – disse ela, ainda concentrada nos pratos.

– E-Está tudo bem. Não precisa se preocupar.

Ouvi ela exalar profundamente o ar de seus pulmões.

– Fugaku e eu… nós cometemos um erro. – Mikoto continuou. – Quando tínhamos a sua idade, acredite se quiser, nem em nossos sonhos mais loucos a nossa relação seria como é hoje. Nós nos amávamos muito. 

– É claro que se amavam. – concordei, pegando mais um prato da mão dela para secar.

– Tínhamos nossas diferenças, obviamente, mas sabíamos como contorná-las de uma maneira quase… harmônica. – minha sogra sorriu, perdida em lembranças. – Quando Itachi nasceu, nossas expectativas aumentaram ainda mais. Os sonhos não paravam de crescer, sonhos de uma felicidade ainda mais genuína. Mas aí, com o tempo, aquela chama estava se apagando, nós dois sentíamos isso. Quando o primeiro filho nasce, você aprende que nada na vida vai ser do jeito que planejou. Filhos são imprevisíveis e incontroláveis.

Não consegui responder. Senti gosto de bile em minha garganta.

– Pensamos que se tivéssemos outro filho, aquela chama ia ascender novamente. A felicidade da maternidade… imagino que você saiba do que estou falando.

Respirei fundo e limpei uma lágrima que caiu teimosamente por meu rosto.

– Mas quando o Sasuke nasceu, percebemos que nem mesmo ele poderia trazer aquela chama de volta. – Mikoto falou. – Fomos irresponsáveis nessa parte, colocando tanta expectativa num bebê que nem sequer havia nascido ainda. Eu me culpo bastante por isso, sabe? Quando penso que usamos um menino para recuperar um amor que já havia se perdido. As vezes me pergunto se o Sasuke sente que falhou conosco de alguma maneira. E meu maior medo é que a resposta para essa pergunta seja “sim”.

Me virei para ela, imediatamente.

– N-Não! Não, claro que não, Mikoto! – assegurei. – O Sasuke ama vocês dois. Ele jamais pensaria isso de vocês!

Mikoto sorriu fraco.

– Obrigada, Sakura. – a mais velha agradeceu. – Eu sei que já disse isso antes, mas você é uma benção na vida do Sasuke. Eu nunca serei grata o suficiente por você fazê-lo tão feliz.

Sorri de volta, sentindo minhas bochechas corarem um pouco. Ela esticou o braço para apertar minha mão, num ato de gratidão.

– O jantar realmente não foi o que eu esperava. – ela pensou alto, voltando a louça.

– Bom, se o objetivo era que provássemos o seu chili, eu diria que foi um sucesso.

Rimos juntas.

– Fugaku e eu vamos nos divorciar.

O copo que estava em minhas mãos caiu, partindo-se em pedaços no chão. Mikoto assustou-se e se afastou.

Olhei para ela com olhos arregalados, mas não sabia se era devido ao susto ou devido a o que ela disse antes. Os pais de Sasuke iam se divorciar. Mesmo que eu quisesse negar isso e achar que Mikoto estava brincando, nós testemunhamos a situação. Ela não estava mentindo.

– Vou buscar uma vassoura. – Mikoto disse, sem se importar por eu ter quebrado uma taça. – Sente-se, querida. Fique longe do vidro, eu já volto.

A morena deixou a cozinha e foi até a despensa. Eu estava chocada, não podia acreditar que eles iam se divorciar. Por mais que Mikoto e Fugaku brigassem de vez em quando, eu via como era a relação dos dois. Eles sempre se ajudavam, entendiam as necessidades um do outro, eram cúmplices perfeitos. Aquilo tudo era mentira? Todo aquele carinho, as trocas de olhares, a parceria… era fachada?

Mikoto voltou com uma vassoura e uma pá, e começou a varrer os cacos de vidro do chão calmamente, como se não tivesse dito nada demais há poucos segundos. Ela analisou atentamente o piso de madeira para ver se havia sobrado mais algum pedaço antes de jogar todo o conteúdo da pá num saco.

– Prontinho. – ela sorriu, satisfeita com o resultado. – Como se nada tivesse acontecido.

– Claro que aconteceu. – respondi, num sussurro. Olhei para ela. – Como pode estar tão tranquila? O que você acabou de me dizer…

Mikoto se aproximou de mim e segurou minha mão.

– Eu entendo como se sente, minha querida. – ela disse. – O Fugaku, para mim, foi… como aqueles romances de verão. A pessoa com quem eu achava que poderia enfrentar o mundo ao lado. Aquele que sempre me apoiou. Ele era meu amado, e meu melhor amigo. 

Estava ficando cada vez mais difícil continuar olhando nos olhos dela.

– Nós tínhamos uma conexão, como um barbante que conectava nossas mentes e nossos corações. Entendíamos um ao outro com apenas uma troca de olhares. – ela disse, seus olhos de azeviche estavam marejados. – Nós nos amávamos muito. Mas o barbante se partiu, a chama se apagou, e a conexão se foi. Nossas diferenças foram tudo o que sobreviveu.

Engoli em seco quando ela apertou minha mão mais uma vez.

– Você é jovem. – disse Mikoto. – Um dia vai perceber que o amor nem sempre é o suficiente. Na verdade, talvez no fundo, você já saiba disso, não é, Sakura?

Meu estômago revirou quando ela disse aquilo. Eu senti uma onda de vazio, tristeza e solidão que só havia experimentado uma vez na vida. Eu sabia exatamente do que Mikoto estava falando.

Fomos interrompidas com as passadas bruscas e barulhentas que vinham da escada. Sasuke praticamente corria, tentando descer de dois em dois degraus, com os gritos de Fugaku atrás dele. Meu marido não respondia nada de volta e parecia ignorar tudo e todos ao redor.

– Sasuke? – chamei, preocupada.

Sasuke não respondeu nada, duvido que sequer tenha me escutado. Tudo o que ele fez foi pegar as chaves do carro em cima da mesinha perto da escada e sair da casa como um furacão, batendo a porta atrás de si.

Pisquei algumas vezes, ainda sem absorver direito o que havia acabado de acontecer.

Mikoto, Fugaku e eu nos entreolhamos, mas parecia que apenas meus sogros entendiam o que estava acontecendo. Por mais que o amor entre eles tenha acabado, minha sogra estava errada sobre uma coisa: o barbante ainda estava ali.

– O Sasuke sabe. – Mikoto me disse, com os olhos cabisbaixos.

– Desculpe, Sakura. – Fugaku falou, de pé nas escadas. – Queríamos ter contado apropriadamente, durante o jantar.

Assenti.

– Eu entendo.

– Ele deve ter ido esfriar a cabeça em algum lugar. – Mikoto torceu, claramente decepcionada.

– Se quiser, eu posso ir deixá-la em casa. – meu sogro ofereceu.

– Eu quero, sim. – respondi, cansada. Aquela noite trouxe muitos sentimentos de volta, e eu já estava esgotada. – Eu quero ir para casa, por favor.

 

 

 

 

 


Notas Finais


E aí, oq acharam???


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