História Married and marked - Capítulo 5 - Casamento e marca

Casamento

1. Ato ou efeito de casar(-se). (✓)

2. Cerimônia, civil e/ou religiosa, em que se celebra essa união. (✓)

3. Combinação harmoniosa de duas ou mais coisas; união estreita e íntima. (X)

 

Marca

1. Ato ou efeito de marcar. (✓)

2. Traço, sinal, impressão deixada por alguém ou algo. (✓)

3. Impressão, efeito de uma causa qualquer sobre o espírito, sobre os sentimentos. (X)

— Está tudo bem, filho? — Jisang perguntou, enquanto olhava bem para Jimin em sua frente.

— Sim, appa. Só estou um pouco nervoso. — Jimin havia voltado a tremer, tamanha ansiedade que o atingia. Seu pai então lhe lançou um olhar confortador antes de entrar na paróquia, deixando agora somente ele e Yoongi do lado de fora.

Estava com medo, com muito medo. Não somente de se casar, mas sim de receber a marca. Não havia parado para pensar naquele fato até alguns momentos atrás, onde Taehyung começou a tagarelar sobre onde os alfas marcariam os irmãos. O lugar mais comum era o pescoço, mas alguns alfas e ômegas escolhiam outros lugares para deixarem a mordida. Jimin, ao ouvir seu irmão comentar sobre o assunto, não conseguiu evitar ficar apavorado, pois sabia que sentiria uma dor terrível, já que não amava o alfa que iria marcá-lo. Seu nervosismo havia voltado com força tremenda depois de se lembrar deste fato.

— Ei, fique calmo, ok? — Yoongi se posicionou ao seu lado, segurando sua mão levemente. — Sei o que está pensando e, se lembra de quando Min-hee se casou ano passado e nos disse que se manteve calma e não doeu tanto assim? Você só deve permanecer tranquilo. Não fique tenso. — Tentou acalmar o irmão.

Jimin assentiu, sorrindo minimamente para o ômega ao seu lado e, antes de poder responder qualquer coisa, ouviram a música que iniciaria a cerimônia começar a tocar.

Do lado de fora da pequena capela estava ventando um pouco e os dois ômegas se entreolharam ansiosos antes das portas se abrirem, dando a visão de todos os convidados se levantando e virando-se para observar a entrada dos ômegas. Jimin podia sentir a mão de Yoongi segurar firme na sua, como se o dissesse que estava ali com ele, e entraram no local, em passos calmos e trêmulos, logo avistando os noivos que estavam posicionados no altar.

Yoongi teve todos os seus sentimentos negativos levados para longe quando encontrou o olhar de Hoseok. O sorriso que o alfa lhe direcionava, fez com que sorrisse grande e a troca de olhares se intensificava enquanto chegava cada vez mais perto do altar. Estava finalmente se casando! Se casando com o alfa que amava!

Já Jimin, assim que vislumbrou Jungkook no altar, quis se debulhar em lágrimas. Não era aquele olhar que queria direcionado a si por seu noivo do dia de seu casamento, não era mesmo. A expressão que não demonstrava nenhuma felicidade, quase fez Jimin parar no meio do caminho, mas ao virar para o lado e ver o sorriso que Yoongi tinha em seu rosto, respirou fundo e continuou seu caminho até os alfas. Jungkook usava um colete dourado envelhecido, evitando assim da cor ser chamativa, e Jimin gostou de como a cor lhe caiu bem. Não podia negar que o alfa estava realmente bonito.

Ao chegarem no altar, os ômegas soltaram as mãos e Jimin sentiu um frio repentino ao não ter mais o conforto que Yoongi lhe transmitia. Jungkook lhe estendeu a mão e Jimin a pegou, para em seguida ambos ajoelharem-se em frente ao clérigo que realizaria a cerimônia.

Enquanto ouviam o beta discursar sobre a importância do matrimônio e os deveres dos noivos para a aliança se manter firme, Jimin apertava inconscientemente a mão do alfa que segurava a sua. Sabia que Jungkook deveria estar o amaldiçoando agora, pois não podia evitar transpirar pelas mãos, mas precisava de algum apoio no momento. Felizmente, Jungkook não recuou de seu aperto e Jimin o agradeceu internamente por isso. Logo o reitor estava lhes pedindo para ficarem de pé e assim fizeram.

Era a hora de trocarem as alianças, e Jimin pôde ver Jungkook tirar de seu bolso dois anéis dourados, com a diferença em que um deles havia algumas pedras incrustradas, o que pensou serem brilhantes. Pegou com a mão trêmula a aliança de ouro lisa e levou imediatamente para a mão que lhe era estendida. Não teve dificuldades em passar o anel pelo dedo anelar da mão esquerda de Jungkook, suspirando ao terminar de colocá-lo. Estendeu então sua mão esquerda para o outro e acompanhou com o olhar Jungkook deslizar o anel com alguns brilhantes pelo seu dedo um tanto mais gordinho que o do outro. Respirou fundo quando o alfa pegou ambas as suas mãos e as segurou gentilmente nas suas. Levantou o olhar e encontrou o do alfa lhe encarando de volta. Quis chorar por um momento, mas sentiu um aperto em suas mãos como se Jungkook quisesse o acalmar. Ficaram nessa troca de olhares, onde o único sentimento bom que compartilhavam era uma mínima empatia pelo momento que estavam vivendo e logo puderam ouvir o beta finalizar a cerimônia.

— Eu vos declaro, casados. — Foi dito em alto e bom som para todos os presentes.

Jimin, que estava de costas para o outro casal, não pôde ver quando Hoseok se aproximou de seu ômega e lhe beijou carinhosamente a testa e logo em seguida a ponta de seu nariz, tirando sorrisos e algumas lágrimas dos olhos de Yoongi.

Jungkook, por sua vez, levou ambas as mãos de Jimin em frente aos lábios e as beijou gentilmente, uma de cada vez, o que fez o ômega se acalmar ao menos um pouco. Sentir os lábios de Jungkook em sua pele foi uma sensação bastante esquisita, mas ficou agradecido por, pelo menos em um momento como aquele, ter obtido um gesto gentil do alfa.

Logo se viraram para o casal ao lado, vendo-os caminharem e entrarem na sala onde Yoongi receberia a marca. Jimin sentiu sua mão começar a tremer novamente e afundou suas unhas sem querer na mão de Jungkook que ainda segurava a sua. Ouviu o alfa grunhir baixinho pela dor e tentou afastar a mão pela vergonha, mas Jungkook não deixou, a segurando firme. 

Alguns minutos haviam se passado quando Yoongi e Hoseok atravessaram a porta e Jimin pôde ver o sorriso e expressão alegre no rosto de seu hyung, sorriu minimamente para ele, que lhe lançou um olhar incentivador. Jimin não deixou de sentir o novo aroma que era exalado de seu hyung: grama recém cortada.

Sentiu Jungkook o conduzir até a pequena sala de onde haviam acabado de sair o outro casal e a porta foi fechada para lhes dar privacidade.

Jimin parou no meio da pequena sala e fechou fortemente os olhos, já os sentindo lacrimejarem pelo desespero que estava se alastrando por seu corpo. Ficou imóvel, esperando o momento que Jungkook cravaria seus dentes em alguma parte de seu corpo, este que estava tremendo sem seu consentimento.

— Se acalme, Jimin. — Ouviu a voz do alfa, que soou incrivelmente suave. — Se acalme e me diga onde prefere que eu morda.

O ômega respirou fundo, abrindo os olhos e encontrando Jungkook bem à sua frente, com o olhar que lhe pareceu ser paciente.

— E-eu não sei. — Disse, ainda bastante nervoso.

— Certo. Então, hm, prefere que seja em um lugar visível ou não? — Perguntou o alfa, aparentando também estar um pouco nervoso com a situação.

— A-acho que não quero que apareça. — Jimin não achava nada agradável o fato de ter uma marca em seu corpo como se fosse algum tipo de mercadoria, mas se era para ter, que ninguém ficasse encarando o sinal. Percebeu então que pelo nervosismo nem ao menos tinha visto onde seu irmão havia recebido a mordida.

— Tudo bem. — Jeon disse simplesmente e levou os dedos até o primeiro botão do colete que Jimin vestia. — Posso?

Jimin apenas assentiu fracamente com a cabeça, se sentindo corar ao que Jungkook abriu o primeiro e segundo botão de seu colete, logo em seguida tendo também dois botões de sua camisa abertos. Engoliu em seco quando viu o alfa analisar desde seu pescoço até a parte de seu tórax que era visível.

— Aqui. Pode ser? — Jungkook perguntou, descansando um dedo sobre a clavícula do outro.

O ômega olhou para baixo até poder ver onde Jungkook mantinha seu dedo, observando ser bem em cima do local em que tinha uma pequena pinta. Pensou um pouco e sabia que por não usar roupas abertas em locais públicos, ali seria um lugar onde somente pessoas mais íntimas veriam a marca. Assentiu novamente com a cabeça, pois sua voz parecia ter sumido havia já algum tempo. Teve um vislumbre do olhar de Jungkook em sua direção antes deste abaixar, e levar a boca até a clavícula acentuada.

— Fique calmo. — Ouviu Jeon sussurrar e sentiu o ar quente que saía da boca do alfa em sua pele.

Fechou os olhos, fechando também suas mãos em punhos, sentindo o medo ficar ainda mais presente e esperando a dor que sabia que viria. O que veio, porém, foi um toque singelo de lábios bem em cima de sua pinta, um beijo delicado que o acalmou minimamente e o fez relaxar o corpo por um momento.

— Desculpe. — Pôde ouvir a voz de Jungkook antes de finalmente sentir os dentes cravarem em sua pele.

Abriu a boca em um grito mudo, pois a dor que sentiu foi alucinante. Levou suas mãos para seus lábios a fim de cobri-los, pois não queria que ninguém o ouvisse agonizar. De seus olhos já saíam lágrimas e seu corpo só não foi ao chão porque Jungkook o segurou em seus braços. Sua cabeça latejava fortemente, suas pernas estavam amolecidas, e o lugar da mordida queimava como o inferno. A dor se alastrava desde sua clavícula para todo seu corpo, como se várias facas o perfurassem, e seu coração estava acelerado dentro do peito. Sentiu os dentes de Jungkook saírem de seu corpo e respirou com dificuldade, enquanto o suor escorria por sua testa.

Foi sentado em uma cadeira presente no cômodo, ao lado de uma mesinha onde haviam alguns panos e remédios. Ouviu Jungkook mexer em algumas coisas, mas não conseguia abrir os olhos, tentando segurar os gritos que queriam sair de sua garganta. Os soluços, contudo, não conseguia impedir de saírem. Sentiu um pano com algum liquido em contato com sua pele, e mordeu sua própria mão pela ardência que sentiu. Porém, logo depois, a dor foi se apaziguando e depois de alguns momentos pôde respirar normalmente.

Abriu finalmente os olhos, ainda um pouco embaçados pelas lágrimas que saíam deles, e viu Jungkook limpando a mordida com um pano um pouco sujo de sangue. Suava frio e a dor ainda era presente, o deixando levemente tonto, mas agora era um pouco suportável. Pôde localizar os dois pequenos furos ainda bastante avermelhados, bem em cima de sua clavícula, antes de Jungkook abotoar suas vestimentas com cuidado para não esbarrar na local mordido.

Jungkook lhe estendeu um lenço, ao qual imaginou ser para limpar suas lágrimas e assim o fez, ainda fungando baixinho pela dor que não lhe abandonava. Sentia uma sensação esquisita dentro de si, além da dor. Algo como se suas entranhas tivessem sido laçadas a algo, criando um nó inquebrável. Seus instintos estavam altamente apurados e só de olhar para Jungkook, sabia que seu ômega pertencia inteiramente ao alfa a sua frente. A marca estava fazendo seu trabalho, o prendendo ao alfa mesmo que nunca o amasse verdadeiramente. Agora era oficialmente um ômega marcado.

— Está melhor? — Jungkook o perguntou, preocupado pela expressão de dor que o ômega ainda demonstrava.

— Um pouco. — Sua voz saía levemente falha, pelo recém choro.

Jimin respirou fundo e se levantou com alguma dificuldade, sentindo tonturas e pontadas horríveis no local da marca.

Ao notar Jimin quase cair, Jungkook o segurou pela cintura, evitando o ômega de ir ao chão.

— Ainda dói muito. — Jimin foi sincero, pois só queria deitar em sua cama e nunca mais sai de lá.

— Quer que eu diga que está indisposto, e iremos diretamente para casa? — Jungkook perguntou.

Jimin quase voltou a chorar ao ouvir aquela frase, só de pensar que agora moraria com Jungkook em uma casa habitada somente pelos dois e alguns criados. A dor ainda era bastante presente, mas não queria deixar de passar os últimos momentos com sua família e amigos antes de ir a um lugar longe dali. A propriedade que morariam eram algumas boas milhas de distância dali, e sabia que agora não poderia estar por ali como era acostumado.

— Não. Quero ir à festa. — Respondeu, tentando limpar os rastros de lágrimas por seu rosto como podia. — Meus olhos estão muito inchados?

— Como? — Jungkook estranhou a pergunta.

— Meus olhos. Se eles estiverem muito pequenos e inchados, Yoongi saberá que eu chorei. — Jimin explicou, pois não queria estragar a alegria de seu irmão.

— Se sua intenção é aparentar que não sentiu dor, não conseguirá. Pois ficamos muito tempo aqui dentro para todos já saberem disso. — O alfa suspirou ao terminar de falar.

O ômega assentiu minimamente e se apoiou no braço do alfa para manter o equilíbrio.

— Posso? — Jimin perguntou, pois não conseguiria sair dali sem alguma ajuda.

Jungkook apenas confirmou com a cabeça e andaram até a pequena porta, a abrindo e logo saíram da sala. Jimin encontrou com o olhar de Yoongi, que parecia aflito com sua demora, e lhe lançou um sorriso a fim de o tranquilizar.

Yoongi respirou fundo, sentindo algumas lágrimas em seus olhos pela expressão que o irmão carregava, era óbvio que havia sentido uma dor terrível. O rosto de Jimin parecia cansado, sôfrego e ele claramente apertava com força o braço de Jungkook. O ômega de cabelos pretos suspirou e também apertou fortemente o braço de Hoseok, que lhe olhou e soube imediatamente que Yoongi estava preocupado com o irmão.

Os dois casais foram parabenizados por alguns convidados e logo estavam no ambiente destinado ao baile de casamento.

Jimin preferiu ficar sentado em um dos muitos sofás do salão, olhando as pessoas se divertirem e Jungkook estava ao seu lado. A dor ainda era muito forte e algumas vezes pensava que ia desmaiar. As pessoas vinham a todo momento parabenizar os noivos e trocar poucas palavras, mas era óbvio que Jimin não estava muito bem para conversas.

— Meu filho, a valsa dos noivos irá começar. Vamos, apresse-se! — Eunbi logo chegou onde os noivos estavam e pegou na mão de Jimin o arrastando até o salão.

Jimin não teve tempo de retrucar e a cada passo que andava se sentia mais tonto. Sua mãe parecia não notar o quanto estava se sentindo mal e, felizmente, Jungkook os alcançou e fez Jimin se apoiar em seu braço novamente.

Quando se posicionaram de frente um para o outro, Jungkook percebeu que Jimin estava bastante pálido e segurava com força em suas mãos, buscando sustentação.

— Não precisamos dançar, explicarei que não se sente bem. — O alfa falou, tentando não causar mais esforços no ômega.

O ômega olhou para o lado, vendo Yoongi não muito longe de si, posicionado para também dançar com Hoseok, e notou o quanto o irmão lhe olhava preocupado.

— Tudo bem, vamos dançar. — Jimin decidiu, pois sabia que acabaria estragando a festa de Yoongi se demonstrasse a dor que sentia.

Tentou lançar ao irmão um sorriso confortante e pôde ver o outro ômega retribuir, e assim a música se iniciou. Felizmente era uma dança lenta e Jimin não precisou fazer movimentos bruscos ou rápidos, pois sua cabeça ainda estava latejando e se sentia tonto em alguns momentos. Quando chegou o momento de rodopiar, a tontura veio com força total e quase caiu, se não fosse Jungkook o segurando novamente. Ficou bastante envergonhado em pensar que todos haviam percebido, mas o alfa apoiou a cabeça do ômega em seu ombro, deixando assim parecer que estavam dançando de uma outra maneira, mais íntima e até mesmo carinhosa. Jimin sentia suas bochechas queimarem pela vergonha, mas não podia negar estar imensamente agradecido ao alfa por aquele gesto.

Incrivelmente, assim que Jimin sentiu o aroma de menta de Jungkook diretamente do pescoço deste, seu ômega imediatamente relaxou e sua dor diminuiu consideravelmente. Fechou os olhos enquanto ainda se mexiam dançando devagar, se permitindo ser guiado já que o alivio o atingia totalmente. Ainda ardia bastante, e sua cabeça latejava minimamente, porém comparado a antes era como estar no céu.

Não percebeu quando a música havia parado e algumas palmas foram ouvidas. Se afastou relutantemente de Jungkook, agradecendo as palmas e se retirando do centro do salão, onde outros casais já se preparavam para dançar.

Logo Yoongi estava ao seu lado, lhe perguntando como se sentia, enquanto se sentavam em um local mais reservado. Jungkook foi em direção a Hoseok, para dar privacidade para os ômegas e Jimin praguejou mentalmente, quando sua marca voltou a doer como antes. Percebeu então que a presença de Jungkook perto de si, melhorava bastante a dor que sentia, principalmente quando tinha algum contato físico com Jeon. Mas, obviamente, nunca diria isso a ele, não queria que o outro sentisse mais pena de si do que já devia estar sentindo.

— Jimin, fale comigo. Tem certeza que está tudo bem? Está tão pálido. — Yoongi pegou a mão do irmão, a apertando fracamente. — Está um pouco gelado também.

— É a marca que ainda dói. Mas fique tranquilo, não é nada que não possa suportar. — Sorriu minimamente em direção ao irmão mais velho.

Yoongi sabia que Jimin não iria dizer mesmo se estivesse ao ponto de desmaiar, portanto ainda estava desconfiado se o que o irmão dizia era mesmo verdade.

— Onde ele te marcou? — Yoongi perguntou, olhando para o pescoço do irmão.

— Hm, um pouco abaixo da clavícula. — O loiro disse baixinho. — Não quis que fosse em um lugar visível.

— Imaginei que você ia preferir assim. — O ômega mais velho falou, e puxou a manga de sua camisa, mostrando assim a marca de mordida que havia ali. — Eu também não quis no pescoço, e acabei escolhendo o pulso. — O local estava avermelhado e com os dois furinhos presentes, e Jimin ficou olhando fixamente para a mordida até Yoongi o tampar novamente com a camisa.

— Yoon, como se sente depois de receber a mordida? — Jimin perguntou, curioso. — Não precisa mentir pra mim só para fazer eu me sentir melhor, por favor. — Pediu, já que sabia que Yoongi não queria lhe jogar na cara coisas que provavelmente não sentia.

— Hm, foi algo como estar completo. — Yoongi começou. — Quando ele me mordeu, doeu um pouco, mas logo meu corpo relaxou e eu fiquei extremamente extasiado pela corrente de sensações boas que tomaram conta de mim. Me senti entrelaçado a Hoseok, e sabia que ele era a pessoa certa para mim desde sempre. Foi algo mágico, com certeza. E agora, sinto como se ficar longe dele fosse impossível. — O ômega parecia estar em outro lugar enquanto falava, pois tinha um brilho no olhar e seus olhos estavam vidrados em um lugar qualquer. — Veja só, ele está somente a alguns passos, porém meu ômega deseja que ele volte para o meu lado agora mesmo.

Jimin franziu um pouco o cenho, tanto pela dor quanto para tentar entender o que o irmão falava. Quando Yoongi disse sobre estar entrelaçado entendeu perfeitamente, pois havia sentido exatamente essa sensação, com exceção da parte de achar Jungkook a pessoa certa para si. Também sentia uma necessidade enorme de ficar ao lado de Jungkook. Suspirou, pois além dessas coisas, não sentia mais nada do que Yoongi o disse, e gostaria muito de ao menos experimentar como era estar amando alguém naquela intensidade. Parecia maravilhoso.

Yoongi não disse mais nada, ficando um pouco arrependido de tudo que disse, pois percebeu que o olhar do irmão estava triste. Logo chamou Hoseok para perto de si e pegou em seu braço para irem dançar novamente. Jimin respirou aliviado quando Jungkook sentou-se ao seu lado. O ideal seria afundar seu rosto no ombro do alfa, assim a dor seria mínima, porém não teria coragem de fazer isso, portanto se contentou com o pequeno alívio que sentiu com a presença do alfa por perto.

A noite passou demoradamente para Jimin, que desejava intensamente deitar em sua cama e dormir, seu corpo pedia por isso a cada segundo. Quando finalmente todos estavam indo para casa, Jungkook lhe perguntou se já gostaria de ir também e confirmou rapidamente com a cabeça.

— Eu morrerei de saudades de vocês, meus amores. Não esqueçam de vir visitar sua pobre omma. A casa ficará tão solitária sem meus filhos por lá. — Eunbi abraçava os filhos, enquanto algumas lágrimas saíam de seus olhos. — Agora somente terei Taehyung para me fazer companhia.

Jimin se desvencilhou da mãe e correu para os braços do pai, o abraçando apertado e sentindo, mais uma vez no dia, algumas lágrimas brotarem em seus olhos.

— Sentirei tanto sua falta, appa. — Suspirou ao falar, sentindo seu pai lhe acariciar os cabelos.

— Também vou sentir, filho. Conversei com seu marido e ele me disse que poderá nos visitar sempre que quiser e que somos bem-vindos em sua casa também. — Jisang disse e Jimin se surpreendeu um pouco com o que ouviu.

Não que pensasse que Jungkook iria lhe impedir de visitar os pais, mas não achava que os daria passe livre para irem a sua casa, já que parecia não gostar nem um pouco de sua mãe. Suspirou um tanto aliviado ao pensar que não ficaria tão longe de sua família e recebeu um último beijo na testa de seu pai.

— Não se esqueça de me convidar para ir em sua casa. Aqui ficará entediante sem ninguém para conversar. — Taehyung pulou nos braços de Jimin. — Por mim eu iria com você ou Yoongi agora mesmo, porém papai disse que nos primeiros meses vocês tem que ter um tempo sozinhos com seus maridos.

Jimin viu Taehyung fazer um biquinho insatisfeito e sorriu, beijando a bochecha do irmão demoradamente. Também gostaria de ter a companhia dele em uma casa desconhecida para si.

— Quando puder ir, ficarei feliz em receber você. — Jimin disse ao irmão.

— Tudo bem. E não se esqueça de que se aparecer algum alfa solteiro e bem apessoado, fale sobre seu irmão caçula que é muito lindo. — Advertiu Taehyung.

O ômega loiro deu uma risadinha, percebendo que Taehyung não tinha jeito, e somente confirmou com a cabeça.

Depois das despedidas os quatro estavam acomodados na carruagem que os levariam a suas novas moradas.

Jimin e Jungkook morariam na casa onde o alfa viveu desde pequeno, já que os pais dele viviam viajando e só voltavam para casa em ocasiões especiais. Naquela noite mesmo haviam pego um navio para Europa, a fim de deixar a casa somente para o mais novo casal. Hoseok e Yoongi se instalariam na propriedade dos Jung, a qual Hoseok morava quando era criança, mas depois de os pais falecerem acabara indo viver com os tios. As duas propriedades eram praticamente vizinhas e Jimin se sentia bem em saber que seu irmão estaria perto de si. Mas, mesmo assim, estava bastante nervoso. Afinal, como seria morar em uma casa desconhecida para si, com alguém com quem não tinha uma boa relação, esse que era nada menos que Jeon Jungkook, seu desafeto pessoal? Sabia que nada seria flores dali em diante, e só o restava esperar para ver o que viria.