Dois dias.
Hermione dormia há malditas quarenta e oito horas.
George estava em seu limite... Ele foi interrogado exaustivamente por um cético Ronald Weasley, além disso, foi obrigado a rever toda sua extensa família. Ou seja, muitas lágrimas, abraços, broncas e silêncios constrangedores.
- Você não precisa ficar. - Malfoy afirmou frio, tocando com afeto os fios encaracolados de uma adormecida auror. - Eu posso oferecer uma vida muito melhor para Hermione.
- É verdade. - George confirmou, entediado. - Acontece que isso não é uma escolha sua. - Eles se encaram firmes. – Hermione Granger me ama e você sabe disso. - Constatou com arrogância.
- Ela amava aquele extraordinário gêmeo Weasley, porém você não pode mais ser ele... Não é? - Draco destilou seu veneno, abrindo a ferida e esfregando sal.
- Hermione já ama o bruxo que eu me tornei. Quem eu sou - Apertou as mãos em punhos.
Ronald entrou no quarto do Saint Mungu’s com feições sobrecarregadas, acenou friamente para Draco e ficou ao lado do irmão. Nesses dois dias, tinha-se montado um verdadeiro circo em torno da prisão de Scabior, o auror fez questão de nublar os detalhes e acreditava que tudo daria certo... Um sorriso vingativo adornou seus lábios quando acertou os detalhes da vida infernal que o snatcher teria em Azkaban... Ele apodreceria lá antes de receber o beijo do Dementador, garantiu isso.
- Lee está lá fora. - Avisou cansado. - Eu faço companhia para minha melhor amiga. - Ron garantiu olhando com desagrado o ex-namorado da morena.
- Caso ela acorde, me chame. - George disse tocando o ombro do irmão.
O melhor amigo de George Weasley sorriu ao reencontra-lo, nunca perderam o contato, mas, não era igual. Eram dois ao invés de três, dupla e não trio. Caminharam até a lanchonete do hospital num silêncio confortável.
- Eu imaginei que sua determinação cairia se a encontrasse novamente. - Lee exclamou com um sorriso implicante. - Anos evitando qualquer notícia e por coincidência, ela reaparece gloriosa. - O negro riu do leve rubor que apareceu no rosto do amigo.
- Eu a subestimei. - Revelou com uma careta. - Hermione aguentaria minhas merdas durante esses anos.
Lee Jordan analisou rapidamente as feições do outro. - Não importa porque agora você retornou, mesmo que não fique. Eu tenho certeza que será tão feliz quanto pode ser.
- Que sentimental, Jordan. - George zombou. - Eu o convido para ser meu padrinho de casamento. - Eles trocaram um sorriso cúmplice.
Nesse momento Ron surgiu com um sorriso aliviado, e antes que ele abrisse a boca, George já corria entre os corredores atrás de sua Hermione. Abriu a porta num rompante, estacando ao notar que o loiro filho da puta abraçando a morena enquanto sussurrava algo em seu ouvido.
- Chega, Malfoy! – O Weasley rugiu. - Eu quero ficar sozinho com ela. – Mandou, cruzando os braços.
O bruxo loiro revirou os olhos, beijou a testa da ex-namorada e saiu sem cruzar seus olhos com o ruivo babaca. Definitivamente, tinha perdido a batalha pelo coração da auror.
George encarou com um sorriso petulante a mulher pálida deitada, ele se aproximou, com ternura distante de seu habitual, ele a beijou. Quando separou seus lábios dos dela, beijou sua testa e suas mãos.
- Eu fiquei. – Apontou o óbvio. - Você quer que eu permaneça?
- Sim. - Ela sorriu puramente, os olhos repletos de afeto.
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Hermione deixou uma vida cheia de perigos e relatórios para trás, abriu mão dos acolhedores braços de sua família postiça, Weasleys, desistiu da vida cinza que levava em Londres. A ex-auror fitou as águas cristalinas à sua frente, com um sorriso feliz aproveitou os últimos raios de sol em sua pele, depois de meses, bronzeada.
- Você está linda. – George aproximou-se com um sorriso torto, sentou ao lado da mulher na areia. - Esse lugar desabrochou a Vênus escondida em você. - O ruivo falou galanteador enquanto beijava os lábios macios da noiva.
- Eu curti muito a Nova Zelândia, contudo eu realmente amo morar no Mediterrâneo, a ilha de Malta é fantástica. – Ela sorriu. - O mundo é muito mais bonito do que eu imaginava. – Refletiu.
- Eu concordo. - Ele pegou sua mão. - Eu compreendo a motivação de Potter e Lovegood em viajar tanto, por isso, enviei uma carta os convidando para uma visita. – Contou admirando a expressão surpresa da morena. - Também pedi que Lee chamasse nossa família. – Agora ela definitiva o encarava, embasbacada.
Após Hermione sair do hospital, o ruivo quis imediatamente ir embora. Ele não se sentia confortável com a ideia de convívio com os parentes, a bruxa apenas prometeu a Molly que cuidaria de George e mandaria notícias. Então, entregou o cargo de chefe dos aurores para o melhor amigo e partiu com o homem que amava para uma vida nova.
- E qual seria essa ocasião tão especial? - Ergueu uma sobrancelha, intrigada.
- Eu jamais te privaria das pessoas que ama em nossa cerimônia de casamento. – George exclamou quase com aborrecimento. - É importante para você.
- E para você? - Ela pressionou, gentilmente.
- Tudo que é vital para você também é para mim. - Ele declarou com aquele sorriso debochado que a deixava louca. - Eu procurei em muitos lugares algo que me fizesse feliz sem Fred, e descobri que tudo o que me faz feliz é estar contigo. – O ruivo encarou o horizonte.
- Eu me arrependo de nunca ter ido atrás de você. - Confidenciou também, olhando o mar. - Eu tinha meios para isso, entretanto achava que devia respeitar sua escolha. E, quando eu o vi na Travessa do Tranco, esqueci qualquer promessa que tenha feito em deixa-lo seguir sua vida.
- Eu agradeço o sequestro. - O homem ironizou. - Agora eu sei que não estava seguindo em frente, estava apenas procurando formas de morrer... E devo dizer, Fred teve muito trabalho preservando minha vida, eu me meti em muita encrenca nesses longos anos.
- É passado. - Ela amenizou. - O importante é que estamos juntos, e nós nos amamos. – Hermione o beijou apaixonadamente.
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A família Weasley e agregados estava inteira presente, o casamento ocorreria à beira-mar e Molly não poderia estar mais emocionada. Ela agradecia imensamente Hermione por ter resgatado seu filho e o conduzido a uma vida mais tranquila e afortunada. Lee e Ginny eram os padrinhos por parte de noivo e Harry e Luna por parte da noiva.
Hermione entrou acompanhada por Ronald, seu melhor amigo. Ela estava deslumbrante num vestido esvoaçante, os cabelos trançados e um sorriso confiante... George sorriu verdadeiramente. E a matriarca Weasley derramou-se em lágrimas.
You're just too good to be true
Can't take my eyes off of you
You'd be like heaven to touch
I wanna hold you so much
At long last love has arrived
And I thank god I'm alive
You're just too good to be true
Can't take my eyes off of you
George enlaçou a cintura da esposa e a rodopiou, a música continuava ao longe... Contudo, tudo que interessava ao homem ruivo era a bela bruxa em seus braços.
- Feliz? – O bruxo perguntou num sorriso torto.
- Bastante, ruivo. – Hermione o beijou rapidamente.
- O suficiente para sairmos daqui e começarmos a verdadeira comemoração? – George mordiscou a orelha da morena e riu ao notar o estremecimento dela.
- Apressadinho você. – A mulher o encarou com bom humor. - Ansioso por algo?
- Somente para arrancar esse vestido, Sra. Weasley. – Exclamou malicioso e a beijou apaixonadamente.
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George acordou com o cabelo de Hermione fazendo cócegas em seu nariz. Sorriu. Não seria ruim acordar daquela forma pelo resto de sua vida. Ela estava nua e com metade do corpo jogado no dele, passou um dedo sobre uma pequena cicatriz na altura do cotovelo da mulher. Então, uma coruja começou a bater insistentemente na janela, o homem soltou um palavrão e tentou levantar sem acordar a morena.
- Durma, baby. – Falou ao vê-la abrir os olhos ainda sonolentos. Hermione virou-se abraçando o travesseiro, deixando o ruivo sair de seus braços.
George deu passagem para a coruja que despejou uma carta em sua mão, ele deu umas migalhas de pão para o animal e o liberou. Encarou com curiosidade o envelope pardo e sem paciência o rasgou.
Weasley,
Claire Fontaine está morta.
E ela tem algo seu.
Procure-me com urgência.
Charlotte Benoit.
- Droga! – George praguejou. E jogou a primeira coisa que viu contra a parede, uma garrafa vazia de champanhe.
Hermione sentou-se alerta, o lençol caiu em seu colo revelando pedaços de pele macia. Ela observou com crescente preocupação o ataque de raiva do esposo. Decidida, pulou da cama e caminhou até o ruivo.
- O que houve, Georgie? – Ficou na ponta dos pés, pegou o rosto sardento entre suas mãos. Ele estava possesso. - Conte-me! – Pediu, firme.
- Eu tinha uma amiga, uma pessoa que me apoiou durante algum tempo,... Claire. – Respirou fundo, buscando a calma perdida. - Ela morreu, ainda não sei do quê. – Contou puxando a morena para um abraço. - Eu desabafava sobre o quão brilhante você sempre foi, como eu tinha saudades e como eu te amava,... Ela era realmente boa ouvinte.
- Eu sinto muito, George. – Hermione buscou os lábios dele num beijo para consolá-lo. O casal permaneceu vários minutos abraçados assim. A bruxa sentiu um calafrio ao encarar novamente os olhos azuis, sua intuição lhe dizia que a calmaria estava perto do fim.
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