História Mas há jogos muito piores do que esse - Chapter 9

Ainda é difícil para mim admitir que amo Peeta. Eu nunca amei ninguém, não desse jeito e pensei que nunca chegaria a amar alguém assim.

Fico absorvida pelos meus pensamentos e nem percebo que Peeta e Haymitch já voltaram. Imediatamente guardo a carta no mesmo bolso que a encontrei e falo que vou guardar as malas. Peeta se oferece para me ajudar, mas quando olho nos olhos dele, me constranjo com a descoberta de meu novo sentimento e apenas nego. Ele insiste, mas mesmo assim não o deixo. Preciso ficar alguns minutos sozinha.

Ao chegar ao meu quarto, coloco as malas em um canto e sento-me na cama, novamente refletindo nas palavras de Cinna. Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Queria que Cinna ainda estivesse aqui, ele era uns dos poucos amigos meus...

Decido lavar meu rosto. Não sei quanto tempo fiquei aqui em cima e logo eles me perguntarão o que está acontecendo se não descer. Não estou muito afim de dar explicações para ninguém. Inclusive Peeta, ainda não estou preparada para assumir em voz alta esse sentimento.

Desço novamente e eles me acompanham com o olhar enquanto desço. Peeta está na cozinha preparando algo. Me sento no sofá e Effie acaricia meu ombro em um modo de conforto.

Peeta nos chama para comer o que ele preparou e então vamos para a mesa posta. Effie comenta o quanto Peeta cozinha bem e eles conversam algo animadamente. Fico o jantar inteiro calada, as vezes Peeta me lançava aquele olhar preocupado, mas ignorava. Ele deve ter percebido que aconteceu algo errado.

Hatmitch e Effie ficam mais ou menos uma hora e logo depois partem. Effie novamente parabeniza Peeta e eu por estarmos juntos, me abraçando e sussurrando em meu ouvido para mim ficar bem.Peeta fala que vai ficar comigo hoje, mas sei que ele quer saber o que ocorreu.

Subimos e falo que vou tomar um banho. Pego uma camisola dentro da mala que Effie trouxe me dirijo ao banheiro.  Deixo que a água leve qualquer lembrança do passado. Fico alguns minutos no chuveiro. Me enxugo e me visto. Penteio os cabelos e faço uma trança meio solta. Escovo os dentes e caminho lentamente até o quarto.

Peeta me fala que vai tomar banho. Observo ele seguir para o banheiro e fico sozinha no quarto. Decido guardar as roupas que Effie me deu no closet e quando estou saindo dele Peeta aparece apenas de toalha, revelando os músculos de um homem forte que passou por muitas coisas na vida. Peeta, assim como eu, ainda tem algumas cicatrizes espalhadas pelo corpo, mas continua sendo bonito.

Ele me olha divertido percebendo que o estou olhando e imediatamente sigo para a cama, um pouco constrangida pela situação. Deito-me na cama e me tapo com o cobertor. Peeta aparece após alguns minutos, já vestido e se senta numa cadeira perto da cômoda, colocando sua "perna".

Ele se deita do outro lado da cama e me aconchego em seus braços.

- Por que estava tão quieta no jantar? - ele me pergunta e somente afundo meu rosto em seu peito, sentindo o perfume de sua pele misturado ao perfume do sabonete. - Aconteceu alguma coisa?

- Não aconteceu nada de mais... apenas fiquei quieta porque não sabia o que falar - finalmente digo e ele se vira para mim, obviamente não acreditando nas minhas palavras.

- Katniss. Eu te conheço e sei que aconteceu algo. 

- Algumas daquelas roupas eram de Cinna, não falei nada somente lembrando um pouco dele - eu não vou falar todos os motivos de ficar calada no jantar. Não agora.

- Eu sei que ele era mais que um estilista para você, mas não fique assim. Me prometa que não vai voltar ao seu estado perdido.

Eu somente assinto e ele se deita novamente me ajeitando no seu colo.

- Tudo bem. Vamos dormir - Ele acaricia meus cabelos e não muito tempo depois apago no sono.

Eu e Peeta estamos jantando e ele começa a ter um flashback, sobe as escadas e se tranca. Começo a gritar do lado de fora até que escuto um tiro do lado de dentro. Soco a porta, mas ninguém responde. Lembro-me que tem uma chave extra debaixo do tapete e quando abro a porta vejo Peeta deitado no chão, ensanguentado. Corro até ele e seguro sua mão, ele me fala que me ama e que vai ficar tudo bem. Então desesperada o beijo e quando o olho novamente lá está ele, sem vida, morto em meus braços. Começo a chorar loucamente e falo:

- Eu também te amo Peeta

 O beijo novamente e choro ainda mais, já soluçando. Olho em volta e vejo aquele ser desprezível. Ele não estava morto? Começo a entrar em desespero e ele ri e me diz:

- Vim terminar o que já era para ter feito - ele desaparece do nada. Isso não pode estar acontecendo! Olho para Peeta e começo a gritar por ele e para que ele volte para mim.

Acordo gritando e Peeta me abraça e diz que está aqui comigo.

- Já passou, já passou. Está tudo bem! Foi somente um pesadelo. Estou aqui com você!

- Ele te matou Peeta. Ele conseguiu te tirar de mim - digo chorando em seu peito e o apertando com mais força para me certificar que ele está realmente aqui.

- Está tudo bem. Não é real! Eu estou aqui com você. Snow não vai conseguir nos separar. Ele está morto - diz, enxugando minhas lágrimas. - Não chore, está tudo bem - ele massageia minhas costas e meus cabelos.

Peeta me abraça novamente e após algum tempo durmo, me sentindo segura sem seus braços.

Novamente sonho com Peeta, mas ao contrário da última vez, este não é um pesadelo e sim um sonho.

Estamos em um lugar muito bonito e olho em volta e as pessoas sorriem para nós. Reparo que estou usando um vestido todo branco com algumas pérolas e brilhantes. Peeta está usando um terno cinza e está muito bonito por sinal. Ele põe um anel no meu dedo e diz algumas coisas que não dão para ouvir direito. Eu faço o mesmo. Nos beijamos em um beijo calmo e apaixonado ao mesmo tempo. 

Em seguida vamos para um lugar e jogamos os pães, já assados, no fogo. De repente, estou em outro lugar e vejo que Peeta está brincando com uma menina que aparentava ter uns quatro anos. Não dava para ver seu rosto direito, mas Peeta e a menininha pareciam felizes. 

Quando ela me vê, vem até mim correndo e me pergunta:

- Mamãe, você não vai vir brincar comigo e com o papai não? - ela fala ainda errando algumas palavras e então respondo algo.

Acordo pensando no sonho. Peeta e eu seremos casados algum dia e ainda por cima teremos filhos? Bem são duas coisas que eu não queria muito antes da primeira Arena. Casar com Peeta, mesmo que não queira agora, ainda é uma situação a se pensar, mas ter filhos a resposta é definitivamente não.