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História Masquerade - Luz na Lama


Escrita por: itsbrunnalys

Notas do Autor


Oi, tuto bom?

Primeiro de tudo, me desculpem pelo atraso e pelos coments ainda não respondidos, essa semana foi bem difícil para mim ( questões de saúde).

E só agora que fiquei um pouco melhor vim aqui para poder lhes trazer mais um cap, não queria deixar vocês esperando por mais uma semana sem notícias minhas.

E quero também agradecer muito às @VenuseMona , @AryBocelliHolmes e @Lalalittle , @lauvi_quest e à todos, todas e todxs por sempre estarem aqui ou no Wattpad marcando presença e surtando junto comigo.😘🥰🌸❤

Espero que gostem, o cap de hoje está um pouco longo.😅

Rumbóra!

Divirtam-se!😊✌❤

Capítulo 42 - Luz na Lama


Fanfic / Fanfiction Masquerade - Luz na Lama

Geralt estava acabado, física quanto mentalmente. Em meio a sua dor ficava se culpando por ele estar ali, e pior, por não ter sido mais capaz de poder proteger o bardo.

Pelo menos ele tinha uma companhia que o fazia ter um pouco de otimismo, Vesemir. O rei lhe parecia muito instável, e cheio de esquisitisses, como por exemplo, quando o bruxo mais velho pensou que iria receber o mesmo tratamento que Geralt, surpreendeu-se pelo fato de ter recebido uma visita médica. Soube pelos curandeiros que o rei não machucava os anciãos, e que se nescessário era para dar-lhes qualquer assistência que quiserem.

E para as crianças, que recebessem alimento, que os homem e mulheres adultos tivessem posições de respeito em sua corte com os benefícios implementados na lei que lhes era de direito.

Não era a toa que Aurel tinha mais aliados que inimigos. Era inteligente, sábio e bastante perceptível ao que as pessoas queriam e jogava com isso a seu favor.

Parece que a única pessoa da qual ele esquecia esses decretos e direitos era Geralt. Como se tivesse transferido toda dor, punição, lamentos e dores somente para aquele único ser da qual tinha atenção e destaque para jogar todo seu ódio.

— Hora do café da manhã. — disse Vesemir, avisando o outro bruxo, que estava praticamente desmaiando de fome, já que a ordem de levar comida só vinha para o bruxo mais velho.

Já fazia quase três dias que estavam ali presos nas masmorras…

E eram três dias que não tinham nenhuma notícia de fora. O coração do bruxo estava dolorido em saber que o bardo estava sofrendo. E isso lhe machucava ainda mais.

Geralt se sentou com muita dificuldade, até respirar estava sendo incômodo, desconfiava que havia quebrado algumas costelas.

E só nesses momentos agradecia por ser um bruxo e ter muita resistência e velocidade de recuperação, ou então já teria morrido com alguma infecção por algum osso que fosse exposto ou tivesse perfurado algum órgão interno.

Vesemir achava isso um milagre…

O guarda responsável por trazer a comida entrou, deixou a bandeja no chão e saiu, outro fechou, e ambos foram embora. Vesemir bufou em reclamação, se levantou e foi buscar sua ração.

— Merda, outra vez isso. — reclamou o bruxo ancião.

— O que exatamente? — Geralt perguntou.

— Esses lenços cheios de bordado e com um perfume estranho. Isso me enjoa. Só pode ser algum tipo de encantamento… — disse, jogando pro canto mais um dos seis lenços que recebera nesses três dias.

Uma das coisas que lhe deixava no escuro eram estarem também sem seus medalhões. Claro, sendo uma pessoa muito cautelosa, o rei mandou que lhes revistassem e confiscassem tudo que poderiam ter em seus corpos, trocando tudo por vestes normais e encardidas, uma vestimenta típica de escravos.

Geralt estava tão fora do que estava acontecendo ao redor esses dias por conta de estar muito fraco e na maioria do tempo desacordado que nem percebeu que Vesemir estava tendo esse tratamento com bandejas de alimentos ornamentados com lenços.

— Onde está o resto? Quero vê-los. — pediu o bruxo mais novo, fazendo o ancião arquear uma sobrancelha.

— Se está pensando que possa ser algum tipo de mensagem, esqueça, já pensei nisso. Tentei achar alguma correlação entre todos os objetos que sempre vem nas bandejas que recebo, mas nada faz sentido.

— Quero vê-los mesmo assim. — pediu, insistindo em seus instintos e intuição.

Algo em seu peito pedia para que fizesse isso.

Vesemir então pegou os lenços que estavam jogados dentro de um buraco que faltava uma pedra, e os deu para o outro, que assim que os teve em mãos franziu o cenho.

— Achou algo? — perguntou o ancião.

— Esse cheiro… Está misturado à uma substância… Na verdade, várias… — com sua curiosidade atiçada, Geralt arrumou os lenços no chão, e pegou um em específico que lhe chamou atenção.

No tecido estava gravado o emblema do reino, mas em vez de linhas, estava algo seco, como um fiapo de palha.

O bruxo levou ao nariz novamente e inspirou intensamente.

E conseguiu destinguir algo.

— Esse trançado é camomila.

— Camomila? Então é por isso que estava me enjoando. — o bruxo mais velho bufou, balançando a cabeça em negativa — Sempre que aparecia um ômega com esse aroma me dava náuseas, não sei porque, acho que deve ser algo biólogico particular.

Ah… Mas enquanto que para aquele ancião esse cheiro lhe ativava a rejeição, para o bruxo mais novo ao seu lado ativava suas emoções, lhe subia a adrenalina, deixava seu coração palpitando e todo seu corpo ficava quente. Como se tivesse sentindo um iniciar de uma febre.

— Esse aroma… É ele. — constatou, tirando o fiapo da erva e levando ao seu nariz, fechando os olhos para sentir melhor, pois quando o fazia, se sentia mais vivo e disposto.

— Será que isso é uma mensagem de seu ômega?

— Não tenho dúvidas. — disse Geralt, e quando tirou mais um fiapo, dentro do bordado minúsculo havia uma pequena folha dobrada de maneira a ficar o menor possível. Já estava seca, mas seu cheiro característico fez o bruxo saber na hora o que era — Isso aqui é Fukhei. — o bruxo soube na hora que mensagem era aquela — Vesemir, isso aqui é a nossa chance de saída! Jaskier está nos dizendo para nos curar e recuperar nossas forças. — disse, pegando a folha e a comendo logo em seguida.

No mesmo instante, começou a se sentir mais leve, como se o seu sangue estivesse sendo purificado. E estava, já que a erva de ômegas era o antídoto da erva Delouyse, o veneno para alfas.

O outro bruxo parou de comer sua refeição e logo foi ajudar o mais novo a retirar de dentro dos bordados as folhas. Como eram sete no total desses três dias, contado com a última e recente que o ancião recebera, a contagem da divisão ficou três para o mais velho e quatro para Geralt, já que era o mais afetado pela erva veneno de sua classe.

O efeito era quase que instantâneo, ambos os bruxos sentiram seus corpos se encherem de uma vitalidade da qual pareciam ter se esquecido que tinham esses dias. Até as dores no corpo sumiram dando lugar a um alívio contante, como o respirar do primeiro ar de uma manhã fresca.

— Como isso é possível? Tudo que recebemos passa pela vistoria desses imbecis. — perguntou-se Vesemir.

— Seja como for, Jaskier, ou Julian, conseguiram achar uma solução, só podemos esperar e nos fortalecer para quando a hora certa chegar. — disse, pegando novamente um dos lenços e o levando até seu peito, respirando profundamente aliviado pela esperança renascida, mas não menos preocupado pelo estado do bardo e de que maneira ele está conseguindo fazer isso.

*****

Em seu quarto, e tomando mais uma vez uma gota de veneno de Delouyse, Jaskier se deitava novamente, febril e enjoado. Fora a idéia que conseguira arranjar para que o rei não lhe tocasse: estar sempre indisposto.

E sempre no final do dia Aurel ia lhe visitar para saber sobre seu estado, mas sempre o encontrava deitado, suando e queimando de febre. Já tinha chamado curandeiros e até ordenado que o mago fizesse algo a respeito, mas o diagnóstico sempre se apresentava como alguma reação do corpo ao excesso de estresse. O rei não estava convencido se era isso, mas não descartava possibilidade sobre ser isso mesmo, já que nada saia do normal, nada soava suspeito aos seus olhos.

— Vossa Magestade consorte. — se pronunciou uma serva, entrando ali no quarto com uma bandeja do jantar.

— Deixe ali. E obrigado. — disse Jaskier, se sentando devagar na cama, massageando os ombros por conta de estarem doendo por ter ficado por muito tempo em uma só posição.

Após a serva deixar o conteúdo em cima de uma mesinha, saiu de cabeça baixa, como se estivesse com medo de olhar diretamente para o bardo.

Assim que a porta foi fechada, Jaskier caminhou apressadamente para a bandeja e procurou por um sinal do aliado misterioso que estava ajudando-o em seu plano: os bordados e ervas.

Quando encontrou o que queria, guardou em seu bolso, sentindo um arrepio ruim por ter aquela erva tão perto de seu corpo.

"Mais uma folha. Hoje vou ver se consigo colocar dois.". Pensou, comemorando internamente.

Quando já ia se servir do chá de laranja, alguém entrou pela porta.

— Hm, finalmente levantou, se sente melhor esta manhã?

Era Fercart.

Jaskier ficou paralisado, pois não queria que o mesmo e nem ninguém o visse daquela maneira.

Sem opções, teve que apelar para seu dom com as palavras e a atual "autoridade".

— Senhor mago, eu como Vossa Magestade consorte, espero que seja leal a mim também.

— É claro. Estou à serviço de Vossa Magestade e o rei Aurel. — disse, fazendo uma reverência cordial, mas seu rosto sempre se mantinha na neutralidade.

— Bom saber disso. O que significa que fará o que eu pedir. Correto? — perguntou, recebendo um assentir positivo do outro — Então não precisa relatar sobre mim à ele hoje. Posso fazer isso, já que estou melhor. Ou tendo essa impressão.

O mago arqueou uma sobrancelha, e deu um pequeno sorriso sem mostrar os dentes.

— Perdão em dizer. Mas está com uma aparência um pouco menos abatida. 

— Sério?

— Sim. Mas… Se permite dizer mais uma coisa, creio que já algo de errado em sua áurea. — disse o mago, se aproximando com tranquilidade enquanto encarava o moreno.

— Algo de errado com minha áurea?

— Sim. E também… — Fercart inclinou-se um pouco para frente e inspirou o ar — …com seu aroma. Ele está mais… Acentuado. Doce. Como se…

— Seja o que for, deve ser por causa de minha baixa disposição. Estou doente, as vezes acontece isso. — Jaskier disse, e em seguida tossiu fingidamente, já se encaminhando para sua cama.

— Sim, com certeza deve estar com uma baixa disposição ultimamente… Posso lhe fazer uma pergunta, Vossa Magestade consorte?

— S-sim, vá em frente. — disse, pigarreando nervoso.

O mago caminhou também em direção ao bardo, ficando bem próximo, tão proximo que Jaskier teve que recuar e encostar-se esprimido contra a cabeceira.

— Andou como mendo "coisas inapropriadas"?

O bardo sentiu seu peito gelar. E xingou-se por dentro por levantar alguma suspeita.

— Não. É lógico que não. Como eu poderia? Só estou sendo servido pelo que Aurel ordena a cozinha me servir! — justificou-se, muito tenso.

— Hm, interessante. Pois sua áurea está em conflito com outra. Afinal, somos todos pecadores não? Quando se tem algo puro no meio, é claro que haverá uma guerra da qual você irá perder. — disse o mago, sorrindo e se afastando.

Jaskier ficou confuso com aquele discurso, e como nunca foi bom em deixar pra lá algumas coisas da vida, não resistiu em perguntar.

— O que quer dizer com isso? — perguntou o bardo, lhe mirando agora com curiosidade, além de um pressentimento estranho entre ruim e bom.

— Não é o bardo mais famoso do Continente? Um poeta mestre de metáforas e hipérboles? Bom dia Vossa Magestade consorte, que as linhas do destino lhe guiem para a luz que procura. — e sem dizer algo mais, se afastou e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

Jaskier ficou ali na cama, olhando pra porta sem entender nada mas tentando decifrar o que o mago lhe dissera.

Mas, ele tinha um trabalho a fazer. E quando se deu conta de que Fercart não fez menção de dedurá-lo para o rei, sentiu-se extremamente esperançoso, e levantou-se novamente, pegando uma caixa debaixo da cama, abrindo-a, e se preparou para continuar seu trabalho de bordar aqueles talinhos de camomila que pareciam fios ressecados, e mais, mesmo sentindo um calafrio toda vez que tocava naquela folha de Fukhei, dobrava-o para que ficasse do tamanho de uma semente de milho, e o colocava dentro do bordado, entre as linhas normais de costuras com os fios daquela flor para disfarçar o cheiro daquele antídoto que enviava secretamente para seu alfa.

Cada agulhada, mais sua dúvida crescia sobre quem estava lhe ajudando na entrega daquelas flores, dos lenços e de toda a idéia. E seja lá quem fosse, ele estava muito grato por isso.

****

E assim se passou uma semana. Por sorte de Jaskier, Aurel havia viajado para Wyzima falar com o rei Foltest para convocar uma reunião com os reis dos reinos menores. Além de renovar os acordos, tinha que apresentar novas estratégias.

Naquele dia o bardo estava muito ansioso, esperando uma resposta que a dois dias atrás esperou receber, mas até agora nada tinha caído em suas mãos. Andava pra lá e pra cá na varanda da biblioteca, de vez em quando se apoiava na mureta e olhava o céu cinzento que dava sinais de uma tempestade a vista.

Havia alguns soldados treinando, e outros fazendo ronda ao redor do castelo, tudo muito monótono, já que não tinham pessoas circulando pelas ruas.

— Vossa Magestade consorte. — um servo lhe chamou, trazendo um carrinho com várias guloseimas que havia pedido.

Nos últimos dias estava se sentindo estranho, sua fome estava fora do normal, e isso lhe trazia lembranças de uma coisa muito importante, mas não queria acreditar nisso.

Não depois de muito martelar em sua mente e entender o que o mago lhe dissera aquele dia.

Mas era mais forte que ele, e não conseguia mais parar de pensar nisso.

— Pode deixar ali perto da lareira. — disse, se afastando da varanda e indo até o carrinho, o servo se afastou, mas antes que fosse embora, o bardo lhe chamou — Gostaria de fazer uma pergunta.

— Como desejar.

— Os prisioneiros… Estão recebendo suas devidas rações? — perguntou, com uma certa ansiedade na voz.

— Sim, Vossa Magestade. E logo mais receberão a segunda ração do dia.

— Excelente. Obrigado por responder. — assim que agradeceu, o servo foi embora.
Jaskier só esperou o homem sair para atacar as frutas, bolos e sucos que estavam tudo ali prontos e frescos para serem consumidos.

"Devo ficar forte. Agora mais do que nunca." Pensou, enquanto salivava numa vontade grande de logo colocar na boca uma grande porção de bolo de cenoura.

Sua outra parte, Julian, estava da mesma forma. O tempo todo queria sair, queria fazer logo acontecer tudo que ele e Jaskier estavam planejando esses dias, mas o bardo lhe acalmava, dizendo que ainda não era hora, que tinha que esperar pelo momento certo.

Pelo menos uma coisa positiva Jaskier podia tirar disso tudo: que ele e seu outro lado conseguiram encontrar um equilíbrio e se aliaram para combinar tudo que fizessem dali pra frente.

Até às vezes quando um e outro poderiam ficar com o bruxo…

"VenenoMatar com veneno! Hoje! Tem que ser hoje!". Disse sua outra parte em sua mente.

— Como pode ser hoje? É o que agora? Um adivinho? Não se sabe quando aquele maldito chegará de viagem. — rebateu.

"Querer Geralt! Hoje! Não mais machucadosSalvar... Meu Geralt. Quero meu hoje!". Rosnou, fazendo o bardo tapar os ouvidos mesmo que isso fosse inútil fazer.

— Pare de gritar dessa maneira! Ou vou ficar louco! O que já falei sobre isso? Sabia que Geralt odeia quem faz barulho dessa maneira?

"Mentiras! Imbecil. Ele adoraAdora muito…". Riu sugestivamente, deixando o bardo com seu coração enciumado.

— Ah é mesmo? Duvido! Duvido que ele trocaria um sussurro no ouvido cheio de vontade e desejo do deleite da entrega por um rosnar de um porco!

"Porco é você! Mimado! Imbecil! Ele meu! Ele ser meu primeiro!". Rebateu orgulhoso.

— Pode ter até ter sido seu primeiro. Mas eu ganho pela maior quantidade de vezes em que rolamos e amanhecemos bagunçando colchão e lençóis. — disse, tomando de forma orgulhosa um grande gole de suco de maçã verde.

"Outra mentira! VocêEsnobar meu antes. E eu, aproveitar tudo e muito que você não fazer para meu antes!".

É, aquilo era uma verdade. E nessa Jaskier perdia.

— Cale a boca, ok? Foco no plano. — disse, pois não queria admitir a derrota.

— Foco é bom, e foi sempre uma coisa que gostei de ter em meus princípios básicos de sobrevivência.

Jaskier se virou rapidamente com o coração quase saindo pela boca, e se engasgou com o suco por causa do susto.

— Sr. Fercart? C-como entrou? Ou melhor, como entrou aqui assim?

— Hm, vantagens de estar desbloqueado para fazer portais. — sorriu, se aproximando do carrinho de lanches, pegando um cacho de uvas e se deitando folgadamente no divã que havia ali na biblioteca — A propósito, como anda essa pequena pureza?

Sem perceber, Jaskier pôs uma mão em sua barriga.

— Vai fazer o que com essa suposição? Me dedurar para ele? Olhe bem o que vai fazer, afinal, tem rabo preso comigo também por saber desta informação e ainda não ter avisado à ele. — disse, tentando chantagear o mago, que arqueou uma sobrancelha e deu uma curta risada enquanto comia uma outra uva.

— Essa coragem toda é digna de aplausos. Julian e você viraram amiguinhos finalmente? — Jaskier gelou. Se perguntando como ele sabia disso — É, foi o que eu pensei.

— O que você quer me dizendo essas coisas?

— O que eu quero? Hm, na verdade nada. A não ser manter minha alma por mais tempo nessa vida. Tenho muita coisa para fazer, viver e aproveitar… Mas nem tudo é como a gente quer. Às vezes temos que nos sujeitar às sujeiras para poder passar pelo caminho mais difícil, mas que no fim, a vitória é certa. — disse, olhando para o teto de forma pensativa.

— Você quer algo. Conheço esse mundo muito bem, já vivi suficiente para saber que nenhuma bondade vem de graça.

— Nisso você tem razão. Nada é de graça… Ah, quase me esqueci de dizer… Seus bordados estão cada vez melhores.

Mais um vez Jaskier sentiu seu coração dar um pulo de desespero.

— Aurel já sabe de tudo, não é? E veio aqui somente para me avisar disso. — Jaskier sentou-se na cama, pegando em sua barriga, sentindo como se um abismo estivesse surgindo debaixo de seus pés.

— Como pode ter tanta certeza disso?

— Sua calma.

— Calma pode significar tantas coisas… — o mago se sentou e apontou seu dedo para a barriga do ômega — Eu só estou agora preocupado por essa cria. Creio que o rei não vai tolerar mais um bastardo debaixo de seu teto. Quer um conselho? O tempo espera o futuro, o passado não, já que não há mais o que ser feito. Seja o que estiver fazendo, faça logo.

O bardo franziu o cenho, sentindo o ar mudar de rumo.

"Traídor. Loiro rei maldito ir fazer ele morrer!". Sussurrou Julian, dando uma risada contente em seguida.

De repente algo passou pela mente do bardo com aquele comentário do seu outro eu…

— Sr. Fercart… É você quem está me enviando as ervas?

— Que ervas? — perguntou num tom teatral, e depois fazendo uma expressão como se estivesse indignado — Que feio Vossa Magestade consorte. Sabia que acusar uma outra pessoa de traição pode levá-la à morte? Tenha cuidado com suas palavras.

— Me perdoe por isso então, senhor mago.

— Para ser sincero… É verdade que não estou lhe enviando nada. Estou sabendo agora pela sua própria boca. — disse, jogando uma uva para o alto e pegando-a com a boca de modo certeiro.

O bardo ficou confuso.

— Não?

— Não. Afinal, sou leal ao rei. Sirvo somente à ele. E toda e qualquer ordem tem que ser executada conforme sua vontade. — disse, fazendo uma reverência — Então pare de me acusar sobre isso. Pois eu realmente não sabia de nada do que estava fazendo.

Jaskier começou a pensar em outra coisa… Algo que temeu que pudesse acontecer, mas em se tratando de Aurel, ele não podia duvidar.

"Espiões. É claro, as paredes podem estar tendo ouvidos." Pensou.

— Me desculpe por isso então. Não quis ofendê-lo dessa maneira. — disse, entrando no teatro do mago, mas ainda muito confuso sobre a parte das ervas.

— Desculpas aceitas. Bem, acho que devo ausentar-me agora, preciso fazer relatórios ao rei. E que bom que está "tudo bem". — disse, frisando bem a última parte, e depois disso se levantou deixando as uvas devolta no carrinho, e se virando para a porta.

Após a porta fechada, Jaskier soltou todo o ar que nem percebia estar segurando.

"Não gostar do mago. Ele querer você." Disse Julian, rosnando baixinho.

— Mais um alfa no meu pé? Eu sou o quê? Um pote de mel que todo mundo quer se lambuzar?

"Eu não querer ele. Só querer meu Geralt!"

— Já disse que não há como, ainda. Se aquiete! Vamos comer tudo isso para ficarmos fortes. Ou você quer que Geralt fique triste com você estando fraco demais para salvá-lo?

Ah, o ponto fraco de Julian… Jaskier quando tinha algo nas mãos era pior que um golpista pondo as mãos num baú de ouro de uma velha rica. Sabia muito bem que qualquer coisa que envolvia Geralt aquele seu outro lado fazia qualquer coisa.

"Não! Ir comer! Comer tudo! Comer para pequeno embaixo aqui também ficar muito forte." disse, fazendo o bardo ficar com um impulso mais intenso de fome.

— Então vamos comer. E rápido. Pois ainda quero bordar mais lenços hoje para você os colocar na bandeja de ração lá na…

"Eu saber. Não precisar falar mais. Eu não ser burro que nem você." disse, interrompendo de maneira um pouco irritado.

— Mal criado! Burro é você! — reclamou Jaskier, se voltando para as frutas.

De repente trombetas soaram.

Era a chegada do rei.

Jaskier sentiu seu peito pesar, mas voltou seus pensamentos para a hora da realização de seu plano.

— É, acho que você é mesmo um adivinho, Julian. — comentou, se servindo de seu terceiro copo de suco e enquanto já comia o quarto pedaço de bolo.

**** 

Nas masmorras, o bruxo fazia flexões. Já estava na casa dos cem. Já se sentia muito melhor, e já podia carregar uma espada tranquilamente sem vacilar. E além disso, esperava com ganas a hora a próxima ração, esperando mais uma folha de Fukhei para lhe fortalecer ainda mais.

— Geralt. — lhe chamou Vesemir num aviso para ele parar o que estava fazendo e voltar ao seu lugar ali sentando junto a ele. Já que não podia mostrar que estava tudo bem fisicamente.

Até de levar socos Geralt havia pedido ao bruxo mais velho para aplicar-lhe no rosto para que pudesse manter o disfarce de estar fraco e sendo maltrado pelos guardas, e assim, enganar o rei quando o visse novamente.

— Vocês dois, andam. — disse o guarda, ordenando que os dois bruxos saíssem da cela.

Ambos se entreolharam intrigados.

Porque agora os dois estavam sendo chamados? Bom, isso iriam descobrir daqui a pouco.

Tudo se encontrava um pouco mais agitado, e isso indicava o retorno do rei. Geralt olhava para todos lados, tentando, torcendo, e tendo a esperança de que em alguma daquelas pessoas ele fosse encontrar um rosto conhecido. Já que pelo tempo, tanto Filavandrel ou tanto os servos de Fercart já eram para estar ali. Ou pelo menos, que fosse enviado algum sinal. Até mesmo de Eithné sobre as dríades.

— Aí estão eles. — disse uma voz contente, mas num tom um tanto debochado.

— Vossa Magestade. — cumprimentou Geralt, seriamente.

A sala de jantar estava cheia. E os tais rostos conhecidos que esperava estavam ali. Não os que esperava de fora, mas os que estavam capturados.

Eskel e Lambert, as duas feiticeiras, Fercart, e o mais importante, Jaskier, que trajava roupas mais pomposas como se tivessem o preparado para uma festa importante. Até uma fina coroa de prata encrustada em rubis enfeitava sua cabeça. Ele estava realmente muito lindo, e o bruxo não podia deixar de notar isso.

Mas sua postura era abatida, seus ombros caídos e o rosto virado sempre para a frente indicavam a opressão que estava sofrendo. Como se tivesse recebido uma orientação sobre ter quer se manter daquela forma, sem ousar olhar para o bruxo.

Geralt cerrou os punhos, mas Vesemir lhe mirou balançando a cabeça em negativa, lhe dizendo para se controlar.

Ignorando o cumprimento do bruxo, o rei se levantou e olhou para todos.

— Tenho boas notícias. Redania, Kerack, e todos os reinos vizinhos ao redor de Brokilon estão em comum acordo em se juntar à mim e ceder seus exercícitos contra Nilfgaard. Então não fiquem preocupados quando chegar as infantarias. Todos serão de nossos aliados.

— Alguma notícia sobre Nilfgaard? Algum avançado deles? — perguntou o mago.

— Sim, tomaram uma das bases perto da dizimada Cintra. Foi uma grande perda. Mas o que podemos fazer é somente lamentar e seguir em frente. E agora com todos ao meu lado, a vitória está garantida. — disse, bastante confiante.

— Porque está nos dizendo isso? Porque nos reuniu aqui? — perguntou Geralt, não se aguentando ficar em silêncio.

Uma coisa era certa, o bruxo tinha quebrado uma regra e tinha que ser punido. E quanto a segunda coisa certa, era a questão sobre o porque justamente eles todos estavam ali reunidos. Logo o grupo que tentou invadir para tentar resgatar Fercart, e por sorte tirá-lo do poder.

Dando um sinal para três guardas, Aurel ordenou a punição.

E lá foi um bruxo ser arremeçado contra o chão e ser chutado por todos os lados.
Jaskier não conseguiu também se manter em sua posição, e mirou seu olhar para o rei, implorando para que ele ordenasse que parassem.

E assim Aurel fez.

— Esse cão ainda é muito desobediente… Mas nada que mais dias sem comer não resolva isso. — suspirou Aurel, dando um pequeno sorriso de canto — Julian, fico feliz que esteja mostrando um ar mais disposto hoje. — disse, acariciando seu rosto, e parando com um polegar entre seus lábios — Bom saber…

Antes que o rei beijasse o ômega, o mago pigarreaou.

— Ãh, Vossa Magestade. Se permite fazer uma pergunta… — Fercart tirou de seu bolso um bloco de anotações e começou a folheá-lo — Já que todos os exércitos estão ao nosso lado, e vossa graça está nos dando pessoalmente essa notícia… Isso significa que nós também estamos incluídos em algum plano de estratégia?

O rei bufou irritadiço por ter sua ação interrompida, mas respirou fundo e se virou para responder o outro alfa.

— Sim, é exatamente isso. Como haverá muitos para comandar, sempre tem algum capitão ou comandante que não tem o bom senso de cumprir uma ordem direta. Então para não ocorrer algum ato de rebeldia, vou colocar quem é importante para ser meus olhos e ouvidos. E aqui neste salão sei que estão os mais certos a serem escolhidos para o trabalho. Ah, quase ia me esquecendo… Menos você, lixo, você irá para as linhas de frente.

— Aurel?! — Jaskier se pronunciou, se levantando repentinamente, mas ao ver a mão do rei levantando para dar um sinal aos guardas punirem o bruxo, se sentou novamente — Por favor, não faça isso. — disse, baixinho.

— O que você não me pede chorando que eu não faça sorrindo… — disse, pegando a mão do mesmo e a beijando — Está bem, vou colocá-lo como escavador de trincheiras. E vendo bem agora, acho que é o trabalho mais digno para um ser como ele. Obrigado por me lembrar disso, Julian.

Todos na sala, menos as duas feiticeiras e o três bruxos, ficaram olhando para o rei.

Ficou ainda mais que claro que o único ser do qual o rei tinha uma instabilidade emocional negativa era para o bruxo. Era como se toda sua racionalidade fossem deixadas de lado para o lado passional exercer sua vontade contra aquele que tomava o que era seu.

— Interessante, Vossa Magestade. É uma boa estratégia. — elogiou o mago — Mas tenho que lembrar que não somente os capitães, mas também seus superiores, os reis, tem uma parcela de deslealdade. Digo isso por experiência própria, fui pego de surpresa várias vezes em Nilfgaard. Até decidir por um alto exílio, como todos dessa sala devem saber. — contou.

— Quanto à isso não se preocupe, senhor Fercart, já tomei as devidas providências. — respondeu, confiante.

— Que bom, assim também fico mais tranquilo, não é qualquer dia que temos um pequeno vislumbrar de paz.

No momento em que o mago terminou de dizer seu discurso um tanto bajulador para um alfa mais poderoso que exiitia e seu ego, algo muito estranho aconteceu de repente.

Triss despertou do transe, seguida pela Tissaia, e depois os três bruxos fizeram o mesmo. Todos se entreolharam confusos.

Aurel franziu o cenho e se levantou, pegando uma adaga em sua cintura, mas ainda mantendo sua pose confiante.

— Fercart, o que significa isso? — questionou Aurel secamente, mas de forma calma.

— Vossa Magestade… Eu realmente não consigo responder. Eu não sei o que está havendo… — o mago se pôs numa postura mais alerta, defensiva, estava também confuso com aquele despertar de todos à sua volta.

O rei viu que não era fingimento de sua parte.

O mago realmente falava a verdade.

— Eu sei como responder. — disse rapidamente Cöen, e no segundo seguinte, sem hesitar, lançou uma faca de mesa bem no meio da testa do mago, fazendo-o cair inerte no chão.

O rei olhou de forma desacreditada, sem entender no que estava acontecendo.

— Acho que agora é hora de acertar as contas. — disse Geralt.

Sem dar tempo para alguma ordem do rei aos seus soldados, o bruxo pegou a espada do que estava mais perto e cortou a cabeça do primeiro à esquerda com toda força que tinha.

Depois disso, um caos tomou conta do lugar.

O rei foi cercado pelos seus guardas para o proteger, outros soldados entraram no salão, partindo pra cima dos bruxos e das feiticeiras, que pareciam ainda tontas e fracas demais para usar seus poderes.

— Como isso aconteceu?! — perguntou Tissaia se defendendo como podia de um soldado e sua maça.

— Eu realmente não sei o que pode ser que… Isso não é possível! Será que foi… — não conseguiu responder, Triss logo teve que se abaixar ou então teria seu pescoço cortado por uma espada inimiga.

Jaskier correu em direção ao rei, sua outra parte estava fervendo, querendo tomar posse da superfície para poder acabar logo com aquilo tudo. Mas Jaskier se controlava o máximo que podia, lhe doía a cabeça ter que escutar os gritos e rosnados de ira de seu outro lado, era uma vontade muito grande contra a razão de se manter no controle.

— Não… Ainda não Julian… — falou para si mesmo, pegando sua cabeça entre as mãos e caindo no chão.

"Matar!!! NãoNão deixar viver mais! Matar agora!" Berrou Julian, com suas garras arranhando algo que parecia uma parede de pedras na mente do bardo.

— Eu sei! Eu também quero isso muito mais do que nunca! Mas… Temos que… Cuidar do que é mais importante! — gritou o bardo, ganhando assim um curto momento de silêncio.

Quando pensou que tinha ganhado o jogo, uma grande pontada de dor no peito junto a dor na cabeça lhe abateu, levando-o à inconsciência…

Para então a liberdade de outro chegar.
Os olhos se tornaram liláses e brilhantes, suas garras e dentes cresceram, e um ronco sombrio e ameaçador contínuo em sua garganta se formou, mostrando sua fúria e sede de sangue.

Julian, havia conseguido se libertar.

Geralt que ainda estava cercado de tantos soldados que matara além de outros que vinham em sua direção, viu o bardo, e só pela sua postura mais ferina já sabia quem estava na superfície.
E aquilo lhe preocupou.

— Julian! — gritou, lhe chamando, mas não houve resposta, o ômega se mantinha com seu olhar fixo no rei, mesmo que na frente dele já existisse mais de vinte soldados lhe protegendo.

— Quer… Beijar? — riu para o rei — Vir, aqui agora, não vir?— perguntou o ômega de forma irônica, sua voz saindo mais rouca e ameaçadora. Sempre com os olhos fixos no loiro, que lhe encarava neutro.

Parecia até… Fascinado, com aquele ômega.

— Defendam o rei! — disse um soldado, mas que logo foi ao chão quando um rápido ataque feito em seu tórax, levando junto armaduras, tecidos e carne, que foi arrancada sem piedade, fazendo as víceras do soldado se espalharem pelo chão.

Com a demostração do que estava por vir, nenhum soldado quis se mexer do lugar para atacá-lo.

— Vossa Magestade?! — lhe chamou um soldado, implorando por alguma ordem e solução à aquilo.

O rei olhou para o ômega por mais um tempo, mas logo voltou a si e deu a ordem.

— Não executem-no, mas se livrem de todos ao redor. Agora! — ordenou, para em seguida pegar seu colar de rubi e quebrá-lo no chão, e depois sumir diante dos olhos de todos.

Um grande rugido veio do moreno.

Inconformado de perder sua presa, partiu sem pensar por mais para cima de todos aqueles soldados.

Foi um massacre, um verdadeiro banho de sangue.

— Julian!! — Geralt lhe chamou, e nada.

Eram braços pra lá, pernas voando em cima da mesa tão ornamentada e agora cheia de sangue e partes humanas dilaceradas… Julian estava possesso, sua fúria estava em um nível tão alto que mesmo que o bruxo lhe chamasse, ele não escutaria.

— Ele está selvático…! Não há como se comunicar agora! — orientou Triss, desenhando no chão um circulo com o sangue e ervas ali presentes na mesa.

— Triss? O que está fazendo? Isso é proibido! — disse Tissaia, estranhando a outra feiticeira.

— Eu não sei porque estou fazendo isso… Mas não consigo parar! Meus pensamentos não estão em meu controle… Eu só tenho que fazer, tenho que fazer! — disse a morena, sem parar de desenhar aquelas runas antigas.

Sem opções, Tissaia teve que ficar ali ao seu lado, lhe defendendo de outros soldados que entravam aos montes, e se não fosse pela ajuda dos bruxos, já teriam morrido.

Geralt por sua vez não conseguia arranjar um brecha para ir até o bardo para tentar pará-lo para que pudesse realmente ouví-lo, mas estava sendo impossível com tanta gente naquele salão.

Era uma desvantagem enorme, mas a habilidade de Vesemir e outros, e contando com a chacina que o bardo fazia, era como se o soldados de Cidaris estivessem em conflito com cem deles. Só o ômega valia por vinte homens em suas perfeitas condições e treinamentos.

Era brutal a maneira como matava suas vítimas. O chão do salão, as paredes e até outros móveis que haviam por ali já estavam cobertos de vermelho e aço, o lugar parecia até pior que um campo de guerra depois de terminada.

— Ire lokke, ire tedd! — gritou Triss, terminando seus preparos.

De repente um campo esverdeado começou a se formar, como um círculo de poder.

— Por deuses… Como isso é possível?! — perguntou Tissaia, olhando pasmada para Triss.

— Eu realmente não sei. Mas tudo me vem à mente… Eu não sei o que estou fazendo! — respondeu, seus olhos também intrigados com o que estava fazendo e acontecendo.

Ambas então entraram no círculo, e logo seus corpos brilharam de energia as reavivando em seu núcleo, enchendo-as com vitalidade e força.

Aquilo não era normal para simples feiticeiras fazerem… Aquele tipo de feitiço estava longe do alcance delas.

Algo ali não estava se encaixando.

Com suas magias em alta, e sem o efeito da Fukhei em seus corpos, ambas começaram a por em prática seus ataques e defesas.

Se a luta estava sendo difícil para os soldados, havia acabado de ficar pior.

Agora eram guardas, arqueiros, soldados comuns de ronda, e tudo o mais de patentes sendo mortos ou arremeçados pelos quatro cantos daquele salão. Duas feiticeiras, cinco bruxos, e um ômega que valia por quase um exército em fúria e poder. Aquilo já era o suficiente para causar medo e uma vitória.

Mas ninguém dali queria arriscar.

— Tissaia… Estou sentindo algo… Uma abertura de energia de espaço!

— Isso quer dizer que….

— Sim! Mas não sei por quanto tempo. Mas vou aproveitar agora! — a morena voltou para o círculo e começou a repetir a palavras de antes, mas agora com mais ênfase e consciência — Ire lokke, ire tedd! Ire lokke, ire tedd!

O circulo ficou mais brilhante, tão brilhante que uma grande luz foi ativada, preenchendo todo aquele salão.

E após o clarão, um grande silêncio, e escuridão, vinda acompanhada de um forte cheiro putrido como se estivessem num esgoto.

— Que merda está acontecendo?! — perguntou Lambert, ao se dar conta de onde estava.

Era realmente um esgoto.

Todos que estavam na luta, os bruxos, feiticeiras e o bardo se encontravam num lugar apertado, fétido e cheio de lodo. Parecia as masmorras se não tivesse vários corredores.

Geralt olhou para todos os lados, ofegante, seu coração batendo mais rápido que o normal para bruxos, largou a espada e foi correndo em direção aonde uma linha de cheiro da essência do seu ômega pairava.

— Geralt? Aonde vai? — perguntou Eskel, mancando e se recostando numa parede mais seca, passando uma mão na testa, ainda tentando processar tudo. Estava muito confuso com a dor em seua perna e toda a sensação de desespero.

— Jaskier, Julian… Tenho que encontrá-los!

Logo em seguida ouviu-se um rugido alto que ecoou por aqueles túneis.

— Vá! Ache o ômega, vamos deixar sinais para que nos siga depois. Pois algo aconteceu e não podemos perder essa oportunidade. Devemos estar nos esgotos da cidade, se minha memória não falha, e se for ainda no mesmo lugar, sei aonde está a saída. — disse Vesemir, alertando à todos, que assentiram sem ponderar.

E antes de ir com o grupo, Triss ficou um pouco para trás para dar um aviso ao bruxo.

— Cuidado Geralt, ele está selvagem, e um ômega como nós quando ficamos assim… Nem o alfa mais marcante pode ser suficiente. Pode ser perigoso para você. Ele pode não te reconhecer, já que só há a procura por sangue e destruição.

— Obrigado pelo aviso. Mas sei que ele vai me ouvir. — disse o bruxo, dando um sinal em despedida e partindo para sua busca.

Geralt então foi para um caminho contrário, seguindo o aroma do bardo por onde ele tinha passado. Seu estado de fúria estava deixando esse rastro, o que fazia ser mais fácil para o bruxo seguir, já que era mais do que familiazado com aquela essência.

Ecos de rugidos eram ouvidos, passos rápidos que batiam naquela água suja criavam ondas indicando que o bardo não estava muito longe.

Aquilo era verdadeiramente um lançar de flecha no escuro, pois Geralt não sabia o que iria acontecer consigo, mas confiava em seu amor pelo bardo, confiava que aquilo era suficiente para fazer reconhecê-lo.

Sem espadas ou qualquer outro tipo de arma, o bruxo foi se guiando somente pelos seus instintos e olfato.

Até que um grande puxão em sua camisa de farrapos lhe fez ir para trás com agressividade, fazendo-o bater as costas na parede de pedras irregulares, machucando-o em alguns lugares como as omoplatas.

— Julian…! — chamou-lhe Geralt, sua voz saindo rouca por conta da mão do outro apertar sua garganta.

O ômega descontrolado rugiu forte contra seu rosto, suas garras encostando na pele do bruxo numa clara dúvida se valia ou não apenas fazê-lo em picadinhos.

— Julian, olhe pra mim! Ouça a minha voz! Sou eu, Geralt, o seu Geralt. — o bruxo ergueu sua mão para o rosto do outro, que arregalou os olhos com aquela ação e se afastou como se alguém tivesse lhe jogado moedas de prata e aquilo tivesse queimado sua pele.

O ômega rosnou, andando pra lá e pra cá, cercando sua presa.

— Jaskier, sei que está aí dentro. Faça algo, acorde, não deixe a ira dele e a sua te dominar. Estou aqui, venha para mim.

Aquelas palavras pareciam machucar o outro, pois o mesmo rosnou e novamente foi pra cima do bruxo, lhe prensando na parede e novamente tentando sufocá-lo.

Mas Geralt tomou uma ação perigosa, a única arma que ele podia usar a seu favor.

Sem restrições, começou a emanar com grande força seus feromônios.

Na hora o ômega afrouxou sua mão do pescoço de seu pescoço, deu um passo para trás, mas aquele olhar selvagem e brilhante ainda se mantinha.

— Julian, olhe pra mim, não me reconhece? Sou o "seu". Seu Geralt. Lembra que falei que amo você? Se esqueceu disso? Não me quer mais? — aquelas indagações fizeram o moreno começar a hesitar em suas ações, suas mãos começaram a tremer, como se alguém estivesse tentando acorrentá-las.

— Julian, me ouça. Não quero te machucar, pelo ao contrário... E sei que você quer também isso. Ou não mais?

A expressão raivosa do ômega começou a ficar confusa, uma mistura de afeição e doçura com ferocidade.

— Julian. — Geralt lhe chamou outra vez, aproveitando a hesitação do moreno — Você não quer "fazer" agora? Se não quiser, posso falar com outro ômega para fazer isso comigo.

Aquilo foi como uma palavra chave…

Geralt sabia que apelar para ciúmes era muito mais arriscado, mas tinha que tentar alguma forma.

— Ok, vou ser de qualquer um então.

Ah, isso foi o ápice da provocação.

Dando um rosnar muito bravo, Julian correu na direção do bruxo e o empurrou pela terceira vez contra a parede.

— Você… Ninguém tocar!! — rugiu, sua voz saindo rouca e brava — Ninguém! Só meu Geralt!! — a última frase foi tão alta que ecoou por todos os lados dos túneis.

Geralt não resistiu em dar um sorriso, que logo foi cortado pela sua boa sendo tomada com força pelo outro, que já se agarrava à si se esfregando como um gato.

— Querer agora…!

— Julian, estamos num esgoto. — lembrou, tentando se desvincilhar do ômega, que além de todo ensaguentado, estava completamente sujo de lodo e lama.

— Não esperar mais! Não mais! Porque... Você pode ir... Outro... — Julian calou-se, como se estivesse envergonhado com algo.

Geralt sentiu um alivio muito grande ppr ter feito o seu ômega voltar a si, mas também sabia que o outro já era um tanto desobediente sem os seus feromonios, imagina agora que havia emanado numa forte densidade para cima dele?

— Julia, me ouça. Temos que fugir. Estamos em perigo. Eu posso me machucar, é isso que você quer?

O ômega lhe mirou pensativo, e fez uma cara emburrada.

— Não.

— Então vamos sair daqui, agora. — disse de maneira firme, se afastando do outro, mas o mesmo não o seguiu — Julian?

E como uma cavalo empacado, ali permaneceu parado, com a cara fechada, olhando para o bruxo de maneira brava.
Geralt logo entendeu o que era.

Indo até o mesmo, se aproximou e pegou o rosto do outro em suas mãos.

— Prometo que mais tarde você poderá fazer tudo o que quiser.

— Não. Você… Não querer comigo. Não de verdade. Mentir pra mim.

Geralt ficou um tanto preocupado, aquilo só podia significar que algo a mais depois de seu descontrole desbloqueou.

— Eu lhe quero Julian, isso não é uma mentira. Quero lhe proteger também. 

— Também… proteger esse embaixo? — perguntou, pondo as mãos em sua barriga.

Geralt já era pálido, mas empalideceu mais ainda depois daquele gesto do moreno.


Notas Finais


Não podia dar outra coisa depois da lua de retorno deles né? Kk🤭
O que será que Geralt fará com essa nova bomba do Julian?😅

Espero que tenham gostado do cap, e me desculpem pelos erros se houver (eu dei uma breve revisada, mas sempre tem algo que me escapa, principalmente nessa semana que estive meio fora de tudo😔)

Bueno, agora só semana que vem, e até lá lhes desejo muitas alegrias, criatividade e positividade.

Um grande abraço apertado e beijitos à todos.😘

Inté lá pequenitos.🖖😊😇


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