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História Masquerade - Um Novo Sol (parte 2)


Escrita por: itsbrunnalys

Notas do Autor


E lá vamos nós pra mais uma!
Sei que muitos já devem ter notado tanto pela história quanto pela imagem abaixo o que isso quer dizer, mas calma, há uma coisinha a mais nisso. Kk

(prometo, isso será revelado no último, todas as respostas serão respondidas. E se caso tiverem outras que não foram explicadas na história, podem perguntar à mim lá no último cap da semana que vem☺️)

Bueno, agora podemos embarcar!
Let's go peoples!

Divirta-se my littles.😘

Capítulo 52 - Um Novo Sol (parte 2)


Fanfic / Fanfiction Masquerade - Um Novo Sol (parte 2)

Jaskier e Julian então se esquivaram novamente, o bruxo estava cego em sua fúria, parecia querer somente ver sangue e morte. Mas as habilidades sobrenaturais do lado "selvagem" o salvavam de ter sua cabeça arrancada pelo alfa.

Ao olhar para o muro onde estavam agrupados os soldados Nilfgaardianos, o bardo vira que mais uma saraivada de flechas estava por vir.

— Me desculpe por isso Geralt. — disse, indo até a barreira e atacando-a, conseguindo quebrar e fazer a proteção se dispersar.

Como se o instinto do bruxo naquele momento lhe avisasse para se proteger, correu em uma velocidade sobrenatural para outra direção em que as flechas não vinham.

O bardo foi atrás, afinal, se ficasse ali também iria ser atingido.

Ambos foram parar em um pequeno cômodo perto da torre que já estava em ruínas por conta das labaredas de Saksia, que ainda lutava com os bruxos, mas sua força cada vez mais se esvaía por causa de alguns ferimentos em sua couraça e asas.

Geralt ficou encolhido em um canto, tentando tirar uma flecha que o acertara na perna, rosnava bravo.

Vendo essa oportunidade, o bardo decidiu se aproximar.

— Rrrrr! — rosnou alto o bruxo, mostrando seus caninos.

— Ok, ok... Calminha. Geralt, sou eu... quer dizer... Somos nós dois. Estamos aqui para ajudar.

— Fique... Longe. — falou, pela primeira vez.

— Ah que bom, está eloquente. Então isso quer dizer que me reconhece de alguma forma.

— Saia! Saia daqui! — esbravejou, encolhendo-se mais para o canto, olhando para algo no bardo.

Jaskier então percebeu algo, um padrão.

— Será que... Oh céus... Pode ser isso! — Jaskier então virou-se de costas, apostando em sua teses, e concentrou-se em dialogar com seu outro lado — Julian, você tem que sair de cena.

— Não!

— Ele não gosta muito de você. — disse o bardo, falando a suposta verdade ao seu outro lado.

Julian ficou calado por um momento, e até um pouco triste.

— Porque ele não gostar eu?

— Não sei. Talvez esse não seja um caso de amor a primeira vista. Como foi com você com Geralt. Talvez seja mais um caso de... Se apaixonar com a convivência, como foi comigo. Me entende?

O outro lado ficou um tanto pensativo, mas decidiu ceder aos conselhos do bardo.

— Mas ele é meu.

— Julian, por favor, entenda, não há "meu" nessa coisa toda. Já entendi há tempos que isso não existe, o certo é "nosso". Ponha isso na sua cabeça de uma vez por todas.

O outro calou-se mais um vez, e de novo decidiu concordar.

— Eu voltar depois?

— Sim, claro, aí você e ele poderão conversar sobre suas matanças ou caças e estripamento de coelhos e javalis.

Julian assentiu, mas um pouco resistente.

— Você cuidar dele? Promete? — perguntou, mostrando o medalhão amassado e agora com uma cor fosca de cinza, sem vida, e que segurava com determinação em sua mão esquerda.

Jaskier novamente sentiu seu coração doer, seus olhos arderam e um nó em sua garganta apareceu, lembrando da dor pela perda.

— Sim... prometo que vou cuidar. — respondeu, engolindo seu choro, pois não podia deixar o abalo emocional lhe abater naquele momento.

O luto tinha que ser deixado para depois.

E sem aviso, Julian cedeu à vontade do bardo, que ficou ali sozinho.

— Pronto. — pigarreou, temendo ter feito a pior besteira de sua vida — Acho que... Temos que nos apresentar... Eu sou Jaskier, e você...?

— Você Jaskier... Eu... Geralt. — respondeu muito confuso.

— Hm, então não tem um nome? Algum apelido?

— Geralt.

— Certo, certo. Então... Geralt, você não precisa mais se aborrecer. Só está eu aqui e...

Antes que o bardo terminasse seu diálogo, foi derrubado contra o chão.

— Geralt? — chamou-lhe, apreensivo por ter agora um alfa em estado selvagem em cima de seu corpo e com uma expressão que indicava sede de sangue.

Pelo menos era o que pensava...

— Eu sou Geralt, mas...

— Está me dizendo que...

— Eu não sei! — rugiu, assustando um pouco o bardo.

— Ok! Eu te entendo. Talvez seja você mesmo, bruxo, mas está confuso, ou sem algumas memórias, já que... Morreu a pouco tempo.

O bruxo fez uma expressão de dor, e pegou em sua testa, sentindo uma pontada de dor de cabeça.

Sua mão então desceu para seu pescoço, e logo uma sensação delicada o guiou para que deslizasse a mão para a lateral onde havia uma cicatriz de mordida de marcação.

O corpo todo estremeceu-se, e seus olhos foram para o bardo, que o olhava numa mistura de preocupação e medo.

— Geralt? — o bardo lhe chamou novamente, estranhando a ação do alfa de descer seu rosto até seu pescoço, onde ele sentiu que o alfa inspirou o seu aroma, e lambeu em seguida, dando um grunhido que indicava contentamento.

— É você.

Por um segundo Jaskier se derreteu com aquela frase dita tão perto de seu ouvido, num tom mais grave e rouco do que era de costume.

— Sim, sou eu. E seu. — sorriu, pondo cautelosamente uma mão no rosto do alfa, que fechou os olhos, e deitou seu rosto na palma.

— Jaskier... É você. — disse ainda um tanto perdido, e direcionando seu rosto novamente para o pescoço do bardo, dando uma leve mordida na cicatriz que o moreno tinha da também mordida de marcação feita pelo bruxo. E dessa vez quem sentiu o corpo estremecer pela sensação do toque foi o bardo.

— Gostaria muito de experimentar você nesse estado, mas agora não é hora para isso Geralt. Me compreende?

O alfa fez que sim, e saiu de cima, ficando sentado, como se esperasse alguma instrução.

Jaskier não conseguiu não achar aquilo fofo. Bem, de certa forma era, mesmo que sua expressão e aparência fossem as de um animal prestes a partir ao meio quem entrasse no seu caminho.

O bardo também se sentou, e se aproximou, pegando o rosto do bruxo em suas mãos, e de surpresa, lhe deu um longo selar, deixando um pouco de seus feromônios para poder acalmá-lo, ou quem sabe, trazer de uma vez as lembranças recentes daquele alfa.

Afinal... Tinha ficado claro que o que acontecia com o bruxo era uma perda de memória por ter morrido daquela forma. E claro, o seu instinto de sobrevivência só se lembrava da sensação ruim que teve quando estava com Julian, que ao seu ver, tinha lhe traído da pior forma naquele momento.

Ou... Podia ser o que o mago havia falado, sobre as duas partes serem tão equilíbradas que seriam só uma. Então esse podia ser o caso do bruxo.

Mas este não era o fato que mais preocupava Jaskier. O que estava o deixando encucado era sobre essa indentidade que possívemente nem o bruxo podia saber.

E havia também sobre aquele outro problema... Sobre... O verdadeiro herdeiro.

Agora Jaskier tinha ficado confuso quanto a isso. Tudo estava levando a crer que era ele, pois toda sua linhagem, até onde sabia, é de uma antecedência nobre.

— Geralt, estamos em guerra. Temos que fazer algo, temos que ajudar nossos amigos e aliados. E nesse momento, todos estão em batalha com o imperador e todo o exército presente aqui pelas regiões. Entende?

— Agir. Ajudar...

— Sim, olha, não machuque elfos, dríades, nem anões e muito menos pessoas com as cores azuis, e peço que... Por favor, não brigue com Julian, porque será ele a estar ao seu lado. Ele tem mais capacidade para coisas mais... práticas. Bom, não podemos perder mais tempo, há um imperador, um exército e uma dragão. E sugiro irmos ao dragão primeiro.

O alfa assentiu, como se tivesse sido em segundos domesticado. Jaskier achou estranho a mudança tão repentina, mas não ia se extender em seus questionamentos. Naquele momento, queria focar em acabar com toda aquela situação, e depois, quando o sangue esfriasse, iria se deixar levar pelas dores e dúvidas.

Assim que saíram do cômodo em ruínas, viram mais uma vez um cenário caótico de uma guerra. Eram gritos de desespero, dor e medo. Mas também de bravura e honra tanto da parte dos elfos e dos soldados do Norte, quanto dos Nilfgaardianos.

— Por ali! — apontou Jaskier para a torre onde estavam o bruxos — Seja o que os deuses quiserem... Sua vez, Julian. — disse, respirando fundo para dar seu lugar para o outro vir a superfície.

No momento em que Julian voltou, o alfa ao lado começou a rosnar irritado.

— Eu e você... Amigos, poder ser nós dois? — perguntou o ômega, mas claro, foi uma frase sugerida de seu outro lado.

O alfa lhe mirou com desconfiança, e deu um passo a frente, mostrando seus dentes.

— Não. — respondeu, e saiu em disparada em direção à torre.

Julian franziu o cenho, não estava acostumado a receber um não ou ser tratado tão friamente, e ficou entristecido por um momento pela rejeição do alfa.

"Calma, às vezes os inícios são difícies. Mas em breve, creio eu, estarão roubando a minha diversão e se agarrando pelos cantos." Disse Jaskier, em seus pensamentos.

Julian bufou irritado, e correu atrás do bruxo.

Era incrível como ambos desviavam de flechas e das bolas de fogo das médias catapultas. E claro, não poderia faltar os primeiros massacres de soldados Nilfgaardianos pelo caminho feitos agora por ambos. Todos que vestiam preto com o símbolo dourado de sol eram feitos em pedaços. Dois lúpus estava valendo por vinte soldados, ou mais.

Os elfos, vendo isso, aproveitaram o início de desespero do oponente e começaram a invadir o castelo e todo o jardim do local, quanto aos anões, lutavam lado a lado com os homens do Norte, que estavam sendo liderados naquele momento pelo rei de Wyzima, já que o rei Aurel de todos os reinos Norte não estava presente...

Ainda não sabiam de sua morte.

Sem nenhuma cerimônia, Geralt começou a escalar o muro com suas garras, chegando ao telhado onde abaixo era o salão de jantar. Julian também conseguiu, mas ao contrário do alfa, ele continuou subindo até onde estavam os outros bruxos.

— Matar cospe fogo. Missão. Fazer tudo. — orientou o moreno, mas o alfa lhe ignorou outra vez, o que o fez rosnar aborrecido.

"Para depois, deixe seus acertos de contas para depois Julian, acalme-se pelo amor dos deuses!" Aconselhou Jaskier, tirando o foco de uma possível briga feia com o bruxo bem ali.

Se estava sendo difícil assim, Jaskier não queria nem imaginar como seria a convivência agora com Geralt tendo seu verdadeiro eu liberto. Tinha até medo do que isso poderia causar.

— Jaskier! Geralt! Que bom que vieram, a festa está sem graça sem vocês dois. Agora sim podemos começar a festa de verdade. — disse Cöen, pulando para trás ao receber um golpe da cauda da dragão.

— Geralt? O que houve com você? — perguntou Eskel, percebendo logo algo diferente no amigo.

— Por deuses, os olhos dele estão... — Lambert ia falar, mas foi interompido pelo bruxo ancião.

— Vermelhos, cor dos alfas lúpus. Eu... Não entendo. O que está havendo Geralt? — questionou Vesemir dessa vez.

O bruxo de cabelos brancos nada disse, somente olhou com curiosidade para todos aqueles outros bruxos, e depois parou seu olhar no ômega, que virou o rosto de forma aborrecida.

Os bruxos se entreolharam, achando tudo muito estranho.

— Pessoal! Vamos deixar as perguntas para depois! Ela está vindo novamente! — avisou Cöen, a tempo, e todos se abaixaram quando mais um golpe de cauda foi deferido contra a estrutura da tores, atingido a parte superior, deixando à todos totalmente expostos.

— Merda! Ela conseguiu fazer! Mantenham-se focados em qualquer movimento, e o primeiro que achar uma oportunidade de pegar aquele livro amarrado no tornozelo, vá em frente! — aconselhou Vesemir.

Saskia sobrevoava ao redor da torre, procurando uma posição onde pudesse se agarrar e acertar na brecha onde os bruxos não pudessem se defender.

E foi com isso em mente que ela executou seu plano, agarrando-se nas pedras e pilastras que ainda tinham e que seguravam parte do telhado.

Claro, nesse instante três bruxos lhe atacaram com o Sinal de Axi, a confundindo de direção, mas sua mente forte logo se encontrou, pondo-se novamente agarrada nas telhas.

— Agora! — ordenou Vesemir aos três bruxos, que mais uma vez usaram seu Sinal, dessa vez o Aard.

O impacto do Sinal em trio a empurrou para trás, quase a fazendo se soltar da torre.

E foi nessa hora que dois lúpus pularam para cima de seu torso.

Um rugido de fúria e dor foi emitido quando o ômega foi diretamente ao seu pescoço, cortando as escamas mais finas e ferindo sua couraça mais vulnerável. Quanto ao alfa, ele havia pulado para uma de sua pernas, e começara a fincar suas garras, cortando o tendão e fazendo a dragão rugir de dor.

Saskia então voou para longe, e mais para o alto, pensando que com aqueles movimentos os dois inimigos fossem se desequilibrar e despencar no solo, mas o que aconteceu foi o contrário, ambos se agarraram ainda mais em suas escamas, e fincando mais a fundo suas garras.

Tudo ficava cada vez mais difícil para ela, e em sua mente ela sabia que se não fizesse logo alguma coisa para se defender, aquele dois iriam matá-la.

E numa decisão desesperada, que poderia lhe machucar gravemente mas não a ponto de levá-la a morte, Saskia então voou mais alto, acima das nuvens, e moveu todo seu corpo para baixo, tomando impulso e se direcionando para um pequeno bosque perto do castelo.

Geralt e Julian perceberam a má intenção daquela movimentação quase suicida da dagrão, e com muita dificuldade por conta da gravidade do voo, ambos escalaram as escamas. O alfa conseguiu chegar na cauda, já Julian, por estar ali em seu pescoço, teve um curto caminho para as costas, fincando-se ali, mesmo que suas mãos e tudo em si estivesse encharcado e escorregadio por causa do sangue de dragão.

A velocidade era grande, e foi com essa intensidade que a queda proposital foi feita.

Várias árvores foram destruídas na rota de colisão, e uma trilha de sangue e escamas foi deixada para trás...

O percurso do voo de Saskia foi interrompido por um pinheiro, que a empalou bem perto de seu coração.

Quanto ao ômega e o alfa, ambos também saíam muito machucados naquela aterrissagem...

Geralt tinha um pedaço considerávelmente grande de um galho atravessando sua barriga, e Julian havia quebrado as duas pernas.

— Pegar livro. Ali. Não deixar sujo. Vadia tem que ler. — disse Julian, se arrastando para longe do corpo inerte da dagrão.

O alfa olhou em volta, e viu o cinto que prendia na o livro a uma escama da pata a qual ele estava tentando antes cortar com seus dentes.

Com dificuldades, foi tirando de si o galho de de sua barriga. A dor era intensa, pois o objeto mexia em alguns órgãos internos por conta de outros pequenos galhos que havia pela haste.

Quando retirou, caiu em seus joelhos, vomitando um pouco de sangue.

— Você... Vá pegar. — ordenou ao ômega, que franziu o cenho, não gostando muito de ser mandado naquele tom arrogante.

Julian rosnou baixo, e começou a se arrastar em direção a pata, se sujando ainda mais na poça de sangue.

O livro estava ali dentro de uma bolsa de couro, não havia lugar que não estivesse sujo por fora, mas por dentro, estava limpo, intacto de qualquer dano.

— Como voltar? Eu, você, estar longe de tudo. — questionou Julian.

— Correr. — respondeu, se levantando devagar, mas o ferimento já se mostrava fechando.

— Mas... Minhas pernas... Você estar melhor.

— Traga o livro. — disse mandão, dessa vez com mais eloquência, e saiu em disparada, deixando o ômega para trás.

Julian ficou olhando irritado para a trilha, e socou o chão enlameado e sangrento, lhe sujando todo o rosto e seu torso.

— Eu odiar ele! Mas... Eu também gostar. Mas odiar agora aqui! — murmurou baixo essa última parte, colocando o livro de volta para a bolsa, e a jogando para longe da sujeira onde ele se encontrava.

*****

Quando Geralt chegou ao território da batalha, já havia alguns corpos espalhados, tantos de Nilfgaardianos quanto de elfos, anões, dríades e humanos, mas a guerra ainda continuava com tudo, a estrutura parecia estar ficando cada vez mais ofensiva dos dois lados.

Vendo toda aquela mantança, o alfa se lembrou dos conselhos de Jaskier sobre quem ele poderia abater.

"...não machuque elfos, nem anões e muito menos pessoas com as cores azuis...". Se lembrou, sorrindo bobo quando recordou dos olhos azuis do bardo.

— Não machucar ninguém importante para ele. — disse, saindo em disparada para o meio do caos.

Os bruxos também estavam já ali no meio dos aliados, lutando numa guerra, se posicionando naquela política que tanto eles prezavam em se manter neutros, mas claro, a vida gosta de brincar e fazer suas irônias, e não teve como mais se esconder da realidade do mundo.

— Geralt voltou! — disse Cöen ao ver o outro alfa ali no meio do campo de batalha, fazendo literalmente um massacre com as próprias mãos.

— Aonde está o ômega? — perguntou Vesemir ao perceber que o bardo não estava ao lado do bruxo de cabelos brancos.

Os bruxos se entreolharam, pensando no pior.

De repente um portal se abriu diante dos bruxos.

— Uuu, acho que depois de tudo isso vou pra Toussaint. Preciso de férias.

Era Fercart.

— Ah, ainda estão vivos. — e depois se virou para o bruxo — Olá, pequeno Geralt.

O alfa grunhiu como se o reconhecesse à tempos, e o grupo atrás achou estranho.

— Ele não está com o livro... E nem com o bardo... Isso quer dizer que... — Lambert foi interrompido então por Fercart.

— Sei o que devem estar pensando, eu também o vi chegar sozinho e sem o livro. Alguém tem que ir atrás, e verificar se nossas suposições sobre isso são verdadeiras. E se for... Estamos diante de algo pior que aquele imperador. — disse o mago, dando um pequeno sorriso de orgulho.

— Não, Geralt não é assim. Sei que apesar de de parecer uma pedra em questão de sentimentos, mas sei que no fundo ele é um bom bruxo, muito melhor do que qualquer um de nós. — disse Eskel, não querendo acreditar naquela hipótese que pensava toda vez que via as orbes vermelhas do amigo.

— Meu caro bruxo, não sei se vocês já virão sua aparência atual, mas esse alfa não é o mesmo alfa amigão de vocês. — argumentou o mago.

— Mas então porque ele não está nos atacando? A essa hora já era para estarmos entre os montes de corpos naquele campo.

— Eu não seu quais são seus motivos, mas sei que não está agindo por pura bondade. Há um interesse por trás de sua decisão em matar somente nossos inimigos.

— Se é assim... Não podemos nos deixar levar pelas lembranças boas de nosso amigo. Temos que encarar a atual realidade. Você, Lambert, vá averiguar por pistas do paradeiro daquele Visconde e do livro. Enquanto vocês dois restantes, vamos continuar ajudando nesse confronto. Não podemos parar. Temos que manter encurralado aquele imperador. — orientou Vesemir, se levantando detrás da trincheira de pilhas de mortos e destroços de madeira, telha e pedras.

******

Ali, ao longe, ainda no bosque, Julian esperava suas pernas se recuperarem, sua irritação com o alfa era grande, mas Jaskier não o acalmava em sua mente, lhe dizendo o mesmo que havia dito antes sobre "tudo vai ficar bem".

De repente, o moreno ouviu passos de alguém se aproximando, e segurou com mais força a bolsa de couro.

— Vadia! — disse, pela primeira vez estando um pouco contente em ver a irmã ali.

Yennefer revirou os olhos, e se aproximou.

— Olá, Julian.

— Curar lento. Mas eu conseguir isso. Eu ajudar muito. — disse, apontando com a cabeça para sua perna.

— Eu sei disso. Por isso vim quando vi seu alfa aparecer sozinho lá na batalha. — disse Yennefer, fazendo aparecer na sua mão uma adaga.

Julian sentiu um ar hostil de repente, e começou a rosnar para a morena.

— Se acalme, não farei nada com você. Não... não mais agora.

O ômega a mirou confuso, mas ainda se mantendo em postura defensiva e atento a qualquer movimento da feiticeira.

— Você quer matar eu.

Yennefer baixou a cabeça, fechou os olhos e respirou fundo.

— Sim, mas... Acho que as coisas não mudariam nada se eu fizesse isso. Acho que tudo só pioraria ou o ciclo continuaria. — a ômega deu um passo para mais perto, e jogou a adaga na lama ensaguentada em que Julian ainda estava atolado — Aurel era meu irmão, você sabia disso.

— Ele matar o que era meu! Matar meu pequeno meu! E fazer muita coisa ruim! — justificou.

— Eu sei! E por isso, podemos dizer que estamos quites. Ele matou quem era importante pra você, e você, matou quem era importante para mim. Sei que é uma coisa justa, mas isso não faz tudo ficar melhor. Ele nunca foi assim, nunca havia levantando um dedo para me machucar, sempre me protegeu de tudo que se possa imaginar. Ele era um bom homem, mas penso que meu irmão se deixou levar pelas emoções, ficou cego pela paixão que ele tinha por Jaskier. Eu sabia que isso podeira acabar assim, e por isso, tentei juntar vocês dois. Mas esse não é o real motivo também.

Julian escutava tudo, processando tudo. Algumas frases ficavam rondando em sua mente, tentando entender o mais claro possível, mas sua falta de comunicação com o exterior não lhe ajudava a ter aquela maldade mundana que ficava nas entrelinhas.

— Eu não quero mais continuar com isso. Esse ciclo de sangue e dor. Minha família parece estar destinada a terminar dessa maneira. Primeiro minha mãe, depois aquele maldito, e agora meu irmão. Sentimentos são complexos, e não quero essa complexidade para mim.

Nesse instante, Jaskier foi obrigado a subir na superfície para novamente dividir espaço com o seu outro lado, porque Julian sentiu que naquele momento, ele teria que estar presente junto à ele.

— Yennefer? — lhe chamou Jaskier.

A feiticeira sorriu amarga e cruzou os braços.

— Ficou com medo Julian? Eu já disse, não vou te matar.

— Eu não ter medo de Vadia. Ele precisar falar, ouvir, ouvir verdades. Eu sei, escutar quando você me prender pra dormir. — argumentou o ômega.

— O que vocês estão falando? Eu só... Peguei a parte de matar... Yennefer, o que está acontecendo?

— Estava tendo uma conversa sentimental com esse selvagem. — disse, fazendo Julian grunhir acompanhado de leve rosnar — Mas decidi que não quero estar no meio de uma trama de dor e sangue. Não mais. E sobre você Jaskier... Eu quero que me perdoe. Estou aqui para pedir perdão também pelo meu irmão. Ele te amava, de verdade, mas assim como eu, ele também se privou de se entregar à esses sentimentos do mundo, e como não tinha experiência nessa área, quando provou do néctar de estar com seu coração cheio de vida por alguém, não soube administrar. E por saber dessa inexperiência, tentei juntar você à ele, porque eu sabia o quão cuidadoso ele seria com você como foi comigo. Mas eu me enganei... E tudo terminou daquela forma. Como falei para Julian, eu ainda sinto raiva dele. E até segundos antes de vir até aqui eu estava com essa ira, queria me vingar pelo meu irmão, mas ao ver o quão dedicado e... Estranhamente consciente de certas coisas da vida, eu vi que não valia a pena. Não mais uma outra dor. Ciri precisa de vocês dois, precisa daquele bruxo. E vocês dois, Julian e Jaskier, precisam um do outro.

O bardo ficou em silêncio por um momento, e assim como seu outro lado, também ficara processando tudo em sua mente. E aproveitando esse instante de reflexão, Julian lhe passou as memórias do que Yennefer tinha dito à ele quando ela chegou ali.

— Então quer dizer... Que essa filosofia de vida sobre eu não poder me entregar a qualquer alfa... Foi por medo? E claro, doutrinou as nossas duas outras irmãs para isso.

— Era a única forma de nos manter ilesas desse mundo cruel onde eles, alfas, nos tratam como mercadorias. E também foi a única forma de me manter segura, para não ter o mesmo fim que todos da minha família tiveram. E pretendo seguir isso até o fim de meus dias.

— Yennefer... — Jaskier sentiu um nó na garganta, queria chorar por duas razões: a primeira era por raiva porque ela havia metido ele nos traumas passados dela, e a segunda, porque achava triste a vida de sua irmã.

— Não preciso de pena. Para mim já basta que nós dois... Ou nos três, que trabalhemos para seguir em frente e poder nos reeguer disso tudo. Chega de segredos. Eu não aguento mais ter guardá-los ou ocultá-los de você.

— Yennefer, o que você...

Quando estava prestes a fazer uma pergunta, mais alguém chegou ali.

— Finalmente o achei. Eu não sou religioso, mas tenho que dar glórias à Melitele por encontrar você vivo, bardo.

Era Lambert.

— O que houve? — perguntou Jaskier e Julian, a voz saindo duplicada. Lambert olhou para a feiticeira, como se pedisse orientação para saber com quem ele poderia falar, mas a morena deu de ombros, como se dissesse tanto faz.

— Geralt está massacrando todos os soldados Nilfgaardianos, e temo que quando ele acabar sua diversão ou se entendiar de trajes negros, venha a se voltar contra nós. E a propósito... O que vocês dois fizeram com ele? Porque ele está daquela maneira como se ele fosse um alfa lúpus igual aquele mago?

Yennefer e Jaskier e Julian se entreolharam.

— É uma longa história. E saberemos tudo quando toda essa guerra acabar. Já que agora temos os dois livros. — disse Yennefer, de repente fazendo aparecer em sua mão um outro livro: era o de Agnes, que continha o registro de todos os ômegas, alfas e betas lúpus.

Lambert, que era sempre tão sério ou por vezes ranzinza com todos, deu um leve sorriso de canto, expressando seu alívio.

— Finalmente. Agora só temos que dar cabo daquele imperador. — disse o bruxo.

— Sim, vamos. Temos que fazer as coisas certas agora. — disse Yennefer, indo até o bardo, e lhe dando uma poção de cura acelerada para as pernas quebradas — Ômegas e sua recuperação lenta... Isso é tão... Deixa pra lá. Não importa. Você bruxo, me ajude a tirá-lo dessa lama.


Notas Finais


Eita eita!
É muita coisa acontecendo num né?😅

Réxitegui partindo agora pro terceiro!


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