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História Me Ame Se For Capaz - O desconhecido diz olá


Escrita por: mandbut

Notas do Autor


Eu tô bem produtiva. Espero que gostem!

Capítulo 2 - O desconhecido diz olá


Fanfic / Fanfiction Me Ame Se For Capaz - O desconhecido diz olá

Alexa

Zoe tentava a todo custo me convencer de que aquela era uma péssima ideia. Quem trocaria uma cidade vívida e reluzente por mato? Segundo ela, era tentar enterrar a vida social. Seus longos cabelos trançados caiam levemente sobre seus ombros. O amarelo mostarda de seu vestido fazia sua pele reluzir, ela era o próprio Sol. 

- Acho que está na hora de enfrentar meus medos, não acha? - Perguntei enquanto empacotava uma das últimas caixas.

- Não! Nossa loja online está indo bem aqui, você quer inventar coisas. - Ela colocava os copos em plástico bolha.

- Já disse que não precisa ir comigo.

- Ah não??? Por um acaso eu tenho escolha se minha família é você?! - Falava indignada. Nossos pais faleceram quando tínhamos 14, a caminho de uma escursão para fazer trilhas - era um dia chuvoso e o motorista perdeu o controle, caindo de uma ribanceira. O tempo ainda não nos curou, mas aprendemos a conviver melhor com a dor. Como ela insistia, realmente, éramos a família uma da outra.

No verão passado, quando minha tia ligou avisando que meu tio falecera, senti um aperto incômodo no coração. Assim que cheguei para o enterro uma enxurrada de lembranças tomaram minha mente, corpo e alma e eu não pude controlar o impulso de retornar. Minha tia estava sozinha e vi uma oportunidade de fazer companhia e lidar com meus próprios demônios. A serena cidade de um céu azul intenso e campos verdes me chamava. Zoe detestou a ideia tanto quanto pôde, e os meses que precederam esse momento foram um verdadeiro caos, e por um momento acabamos com nossa amizade. Mas claro, isso durou por volta de 3 horas. 

Agora estamos empacotando nossa vida e deixando o pequeno apartamento surrado para trás. Minha tia por outro lado está eufórica. Seu cabelo branco dá leves indícios de que sua vida está passando, mas seus olhos amáveis são imutáveis e trazem conforto para qualquer um.

- Vamos continuar tocando nossa loja lá e dará tudo certo. - Zoe bufou e revirou os olhos. - Você só tem que me dar um ano! - Insisti.

Ela me olhou fixamente e abriu um sorriso fraco.

- O que você não me pede chorando que eu não faço sorrindo? 

Fui em sua direção, abracando-a. 

- Vamos beber até cair! - Gritei, fazendo uma dancinha ridícula em sua frente.

- Com uma ressaca digna de despedida! 

Fomos para uma boate perto do apartamento, e começamos a noite com a única coisa que a ocasião pedia: vodka.

Usamos nossas roupas favoritas e salto altos que faziam um estrago no dia seguinte, mas valiam cada calinho, só queríamos aproveitar da melhor forma possível nossos últimos momentos.

Zoe e eu dançamos a noite toda - quase a noite toda, até quando conseguimos ficar em pé. Beijamos alguns caras na pista e no fundo eu sabia que sentiria falta da minha vida aqui. Amava a sensação de anonimato e liberdade que a cidade grande nos dá: eu fazia o que eu queria, do modo que queria. A cidade era o que era e eu amava cada segundo dessa ideia. Eu era minha e de mais ninguém.

Quando me dei por mim estava bebendo whisky direto da garrafa. Meus cabelos grudavam em meu rosto e pescoço por conta do suor. Minha regata preta de lantejoulas refletia com as luzes. Paulo me puxou para perto e dançamos nos beijando o resto da noite. 

- Alexa - Zoe me abraçava, embolava algumas palavras e ria a cada pausa. - Podemos fazer nossas próprias festas naquela cidade. Vamos atrasar!

- ARRASAR! - Gritei, corrigindo-a. Caímos na risada. 

- Tá, já deu. Vou levar vocês. - Paulo surgiu por trás do balcão. Ficávamos a alguns meses e ele era uma graça. Desejava tudo de bom para ele. Além de me tratar bem sempre arrumava bebidas de graça e ingressos para as melhores noites, já que trabalhava com muitos eventos.

Entramos em um Uber e chegamos ao apartamento que eu nem vi. Zoe e eu cambaleamos até a porta e nos despedimos de Paulo. 

- Vou sentir sua falta, foguinho! - Ele me deu mais um selinho. Tinha dificuldade em manter os olhos abertos, ele era um borrão na minha frente.

- Foguinho... - Ri, batendo levemente em seu ombro. - Você nunca mais esqueceu disso né?

Ele balançou a cabeça negativamente e sorriu. Me deu mais um beijo e sumiu no corredor. Desde que fiz um jantar para ele e tentei flambar o prato principal - o que não deu nada certo e quase ateei fogo em mim mesma -,  ele me chamava carinhosamente de foguinho. 

Entrei em casa e antes de qualquer coisa apaguei. Talvez no sofá. Ou mais provavelmente no único tapete que não empacotamos.

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- Eu não sei você, mas eu morri! - Zoe apareceu no balcão da cozinha completamente pálida. Minha cabeça latejava e fiz o café mais forte que consegui.

- Minha alma ficou em algum lugar ontem - falei massageando minhas têmporas como se fosse algo útil. 

- E aquele gato que eu fiquei? - Zoe colocou um litro de café em seu copo térmico. - Ele poderia ser o amor da minha vida se eu não fosse me mudar para o meio do nada... - Arregalou os olhos e me fuzilou.

- Eu já disse que é só você...

- Cala boca, Alexa. 

Tomamos nosso café em silêncio absoluto.

Demos uma última olhada no apartamento acabado mas cheio de personalidade em que vivemos por tanto tempo. Passamos por tantos momentos aqui... Saí porta a fora pedindo a quem quer que fosse que por favor, eu estivesse tomando a decisão certa. 

Pegamos a estrada rumo a pequena cidade de Vale. Zoe colocou músicas aleatórias para tocar e fomos cantarolando durante o percurso. 

Eu estava aterrorizada mas me sentindo um pouco mais perto da minha paz interior, finalmente.

O Sol do fim da tarde adentrava o carro, pintando de dourado todo o painel. Zoe sorriu e eu retribui. Eu gostava desses momentos de calmaria em que não desejamos estar em nenhum outro lugar. 

Abaixei os óculos escuros e troquei de marcha. Minha vida estava prestes a se mover.

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Adam

Eu não entendia como uma reunião sobre rótulos podia demorar tanto. Estava lá, era só escolher entre um e outro! Mas não, 1 hora e meia e ainda estávamos aqui. Não percebi o quanto estava batendo meu pé impaciente, até meu pai me lançar um olhar matador da ponta da sala. Passei as mãos no cabelo e me policiei. Droga!

- Você sabe que tem que saber sobre todos esses detalhes... - Meu pai dizia calmamente enquanto íamos até o carro.

- Eu sei, eu sei... Tenho que aprender a gostar de tudo.

- Não, Adam. - Liguei o ar-condicionado da caminhonete e o encarei confuso. - Você tem que tolerar, esse é o segredo: a tolerância! - Arqueei uma sobrancelha. O coroa sabia os pulos de gato melhor do que ninguém.

- É pai, deve ser por isso que está no terceiro casamento! - Ri sozinho. - Deve ser o cara mais tolerante desse mundo.

Desci no bar-karaokê para encontrar Phoebe, tomariamos uma cerveja. Ela era uma mulher inteligente, atraente e linda. Estávamos saindo a 2 meses e diria que foi o meu relacionamento mais bem sucedido. Pena que ela vivia viajando e não tínhamos nada sério - mas no fim das contas era o que queríamos e todos saiam ganhando.

Ela estava sentada lindamente no balcão do bar. Seus cabelos castanhos estavam presos e ela usava regata e jeans. Seu sorriso era encantador.

- Olá! - A abracei por trás lhe dando um selinho.

- Oi! - Seus olhos castanhos encontraram os meus. - Estava te esperando para pedir.

Conversamos sobre o dia por um tempo e logo fomos para a minha casa. O sexo com Phoebe era demais, a gente se entendia e tínhamos um entrosamento maravilhoso. 

Quando ela disse que não queria se comprometer pensei que fosse uma pegadinha, ela era a mulher ideal para se ter algum compromisso - o sonho de qualquer um. Mas confesso que ao mesmo tempo fiquei aliviado. Tenho a impressão que talvez seja ela - aquela pessoa que entra no nosso caminho e muda tudo o que pensamos para nós. Ficaria feliz se fosse. Por ora, estamos bem. Ela diz que sou um idiota com boa disposição e por isso me atura. Eu a adorava.

- Mais uma rodada? - Phoebe me olhou com um sorriso maroto nos lábios. Fui para debaixo das cobertas.  

A vida em Vale era boa. Às vezes até boa demais para ser verdade.


Notas Finais


Dêem feedbacks!!! Bjs e até o capítulo 2


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