Povs. Harry
O alarme do telefone invade meu sono como um pinguim dançando Macarena. Minha mente sonolenta literalmente o incorpora ao meu sonho na forma de um pinguim dançarino.
Desperto um pouco mais, e minha cabeça começa a doer imediatamente. Quando tento me mover, sinto o peso de algo... Ou melhor, de alguém.
Abro os olhos e vejo Bethany respirando fundo contra meu peito nu. Sorrio ao ver que seus cabelos castanhos ainda estão com cheiro de melancia, o que significa que o shampoo não acabou, o que significa que não vou precisar fazer compras hoje.
Tiro seu corpo adormecido de cima de mim com cuidado e me levanto, ainda morrendo de sono.
Estou prestes a me levantar quando o telefone da sala de estar toca.
- Droga. – Corro até o cômodo barulhento antes que Bethany acorde e agarro o aparelho. Observo o número no telefone e tento me lembrar de onde é o prefixo telefônico 1 - 310 / 213. Até que enfim eu me recordo. Los Angeles. Mas então me lembro que meu patrão está passando as férias lá, com certeza é ele que está me ligando. Quando decido atender, a pessoa da outra linha já desligou. – Mal humorado... – Resmungo colocando o telefone no mudo e voltando para o quarto.
Deito-me na cama espaçosa e abraço Bethany por trás, que resmunga alguma coisa e se vira para mim. Ela abre seus olhos castanhos e sorri.
- Bom Dia. – Digo dando-lhe um beijo no nariz.
- Você está cheirando a Vodka. – ela sussurra sorrindo.
- Eu? Acho que você está sentindo o próprio cheiro, amor.
-Não estou não.
- Como você sabe? – Dou risada e pego em sua mão gelada.
- Porque eu cheiro a melancia. – Ela manda um beijo no ar e sorri com os olhos fechados.
- Jura? Sempre pensei que você cheirava a sexo puro.
Ela abre os olhos arregalados e bate em mim de brincadeira, me fazendo sorrir e a abraçar ainda mais.
Duas horas mais tarde, estou caminhando até meu escritório com os olhos focados no livro que estou lendo. Esbarro em alguém e peço desculpas, mas continuo andando.
- Sr. Styles! – Ouço uma voz me chamando atrás de mim. Me viro e vejo Ayla correndo em minha direção com uma pasta cheia de papéis. Reviro os olhos e anuncio depressa:
- Já mandei tudo o que o Sr. George precisa, Ayla. – Volto a caminhar, ignorando ela.
- Mas senhor, tem algo que eu...
- Não! – Exclamo um pouco mais alto do que deveria. Droga, essa dor de cabeça está tornando meu dia ainda mais difícil. Respiro fundo e olho para Ayla com mais calma do que antes. – Desculpe Ayla. Por que você não tira um dia de folga? Está precisando relaxar.
- Mas senhor...
- Já disse que pode me chamar apenas de Styles. Tenho apenas 24 anos, não 42. – Pisco para ela antes de entrar n sala.
É isso que dá contratar uma assistente meio maluca.
Sento-me na cadeira de couro e começo a vasculhar minhas páginas de trabalho.
Toc Toc.
- Entre. – Digo sem levantar os olhos do computador. A porta se abre e é quando vejo George, ali, parado na minha frente com um sorrisão. – George? – Pergunto calmamente.
- Styles! – Ele vem em minha direção e me abraça como se eu fosse um urso de pelúcia, a diferença é que eu senti meus ossos estralando e o urso não sentiria.
- Chefe, o que o senhor faz aqui? Não estava em Los Angeles?
- Estava muito chato lá, então voltei pra cá!
- O que? – Fico meio confuso e acabo tropeçando em minha mesa e derramando meu café no chão. – Merda. – Pego um pano limpo e passo no chão sujo de café.
- Parece que está meio aéreo hoje, não é Styles? – George ri e eu rio junto com ele. – Mas então, como está a minha filha?
- Está bem, senhor. Melhor impossível, eu espero. – Acabo de limpar o café e tento sorri para meu chefe, mas minha dor de cabeça aumenta. Resmungo um palavrão baixinho e desvio o olhar de George.
- Styles, você está bem? – Ele pergunta, parecendo estar preocupado comigo.
- Estou apenas com uma dor de cabeça. – Sorrio para ele e me sento na cadeira, desejando tirar minha cabeça fora para não ter de fazer mais vexame.
- Então vá para casa, meu rapaz. Nós damos um jeito sem você. – Ele informa sorrindo. – A noite passada deve ter sido longa. – Ele ri alto e me deixa sozinho na sala.
No momento só consigo pensar em duas coisas: A primeira é por que diabos estou com dor de cabeça? E a segunda é se posso mesmo deixar a empresa assim de repente.
Minha dor de cabeça aumenta e eu respondo por mim mesmo, saindo do prédio às pressas.
*Ligação on*
- Alô? – Sorrio sozinho ao ouvir a voz de Bethany do outro lado da linha.
- Amor, onde você está?
- No trabalho, por quê? – Ela faz uma pausa - Aconteceu alguma coisa?
- Eu posso ir ai? – Pergunto sem pensar muito.
- Claro, mas por...
Desligo rapidamente e acelero meu caminho até o hospital.
Quando chego lá, a primeira coisa que faço quando vejo Bethany é beijá-la profundamente.
- Amor, o que...
- Está tudo bem, só quero passar um tempo com você. – Sorrio. Não quero me explicar agora, minha cabeça dói demais para falar. Ela sorri e assente.
- Vem comigo. – Ela me puxa até uma sala cinza. Quando entramos, vejo uma senhora idosa deitada na maca e um senhor sentado ao seu lado, segurando sua mão. Olho a cena com a testa franzida, não sabendo o que Bethany quer que eu veja.
- O quê? – Pergunto confuso.
- Ele está aqui faz dois dias. Com ela. – Ela começa a explicar num sussurro, sem tirar os olhos dos velhinhos.
- E...? – Ainda estou tentando entender o que ela quer me falar com isso.
- Ele é o marido dela. E ela está com câncer. – Me viro para Bethany e vejo que seus olhos estão marejados enquanto ela fala. – Ele não saiu de perto dela durante dois dias, nem para ir ao banheiro. Tivemos de força-lo. – Então ela começa a chorar enquanto sussurra. – Isso é muito bonito. – Ela sorri e eu pego em sua mão.
- Ela vai ficar bem?
Bethany nega com a cabeça.
- Mas mesmo assim ele continua com ela...
O nome de Bethany é chamado e ela vai para o corredor ver outro paciente, me deixando sozinho com os dois velhinhos. Estou prestes a sair da sala quando escuto o senhor falar:
- Eu prometi que ficaria com você pra sempre.
Olho para eles mais uma vez e por um momento toda a dor de cabeça para. Isso é realmente bonito... Mas não é por isso que eu continuo aqui. Lá no fundo, eu me lembrei de outra cena ao ver esta. A cena de mim e...
Meu telefone começa a tocar e eu saio da sala para não atrapalhar os velhinhos. Ao ver o número no celular, vejo que é o mesmo de mais cedo.
Atendo o telefone e espero alguém falar. Mas quando a voz vem, não sinto mais dor de cabeça, nem ouço mais as pessoas no hospital... Escuto apenas a voz de Eve
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