1. Spirit Fanfics >
  2. Medicine >
  3. Boats and Birds

História Medicine - Boats and Birds


Escrita por: leonhardtprice

Notas do Autor


Música do capítulo: Boats & Birds - Gregory & the Hawk

Aviso de gatilhos do capítulo: Tentativa de suicídio

Capítulo 2 - Boats and Birds


Chapter II – Boats & Birds

 

13 de outubro de 2013

Max abriu os olhos lentamente, se movendo nos braços de Chloe na medida em que a outra garota se mexia e esticava seu braço a fim de pegar seu celular no criado-mudo ao lado da cama e desligar o alarme. Era provavelmente o quarto alarme que a garota de cabelos azuis havia programado para despertar, tendo sido os outros respectivamente às 9:30 AM, 9:50 AM, 10:20 AM e este, 10:35 AM. Não era surpreendente para Max uma vez que, além de Chloe não ser uma pessoa diurna, a noite de sono de ambas não havia sido lá tão boa. A morena, contudo, estava acordada desde aproximadamente as sete horas da manhã, se encontrando no famoso vazio entre o “dormir” e o “estar acordada” durante todo aquele tempo.

Ela se levantou, esfregando o rosto e espreguiçando seus braços, procurando ânimo para levantar da cama e pegar sua escova de dente em sua mochila. Observava o ambiente, facilmente distraída e sua visão focada em alguns pontos do quarto por alguns segundos. Fez uma nota mental para que não se esquecesse de desligar a luminária de piso, que havia pedido à Chloe para que deixasse acesa durante a noite.

“Bom dia, flor do dia.” Max virou-se para olhar para a garota de cabelos azuis, que lhe oferecia um pequeno sorriso no meio da brincadeira. Elas costumavam a amar frases de efeito do tipo. ‘Suave na nave’ era mais um exemplo, mas com certeza não se encaixava naquele momento. A morena sorriu levemente de volta, levantando-se e pegando sua escova de dente e sua calça jeans. Aproveitou para pegar a calça jeans de Chloe, jogando-a para a garota. “Valeu.” Ela disse enquanto checava seu celular. “Nenhuma mensagem ainda. Provavelmente estão sem sinal.” Ela completou ao perceber o interesse da morena em saber se Chloe tinha alguma notícia. “Ou mortos.”, a mente de Max fez o grande favor de completar a fala da outra garota com o pensamento.

Max usou o banheiro, não se importando em fechar a porta. Usou aquele tempo para checar seu próprio celular, notando que havia recebido uma mensagem de sua mãe perguntando onde elas estavam e quando iriam chegar à Seattle. A garota deixou o celular de lado; pensaria em responder depois. Ela então lavou as mãos e escovou seus dentes, sendo logo seguida por Chloe, que com seu olhar pediu permissão para que usasse a escova de Max. Ela assentiu e deu um pequeno sorriso, saindo do banheiro para vestir sua calça e enrolar seu lenço comprado na noite passada em seu pescoço.

Depois de prontas, as garotas pegaram suas coisas e saíram do quarto, se dirigindo para um pequeno restaurante próximo após Chloe pagar o motel. Escolheram um lugar simples do lado de fora para que a garota punk pudesse fumar seu cigarro, e pediram um prato de waffles simples com morango para comerem juntas, visto que Max sabia que comeria pouco. Mais uma vez com poucas palavras trocadas e simplesmente aproveitando estar ao lado uma da outra, o ambiente ficava silencioso com exceção de alguns carros passando pela estrada e a conversa baixa de pessoas em volta. Chloe dava curtas tragadas em seu cigarro, distraída pelas várias nuvens no céu quase que escuro do dia nada ensolarado daquela cidade em Washington D.C, imersa em seus pensamentos e lembranças.

_____________________________________________________________________________________

15 de maio de 2011

“ei.

5/15   13:43pm

eu te amo. obrigada por aguentar as minhas merdas, rachel.

me desculpa. eu não aguento mais.

5/15   13:43pm”

“Chloe, tá tudo bem?

5/15   13:45pm

Eu também te amo. Aconteceu alguma coisa??

5/15   13:45pm

Chloe??

5/15   13:46pm”

 

“ei, bulldog. a rachel tá tentando falar com vc.

ela tá preocupada por algum motivo. manda uma mensagem pra ela quando puder.

5/15   13:55pm”

 

A garota sentia seu celular vibrar ao seu lado na cama, mas não se deu ao trabalho de pegá-lo para visualizar as mensagens. Já não haveria mais volta, não é mesmo? Qual seria o sentido? Afinal de contas, não é como se Rachel soubesse o que se passava na mente de Chloe. Ninguém se importava mais, ninguém nunca havia se importado. Ela poderia de fato abrir uma exceção nisso para Rachel. A garota loira era a única pessoa que ela tinha, a única que havia feito ela se sentir amada de fato, que a fez sentir alguém importante na vida de outra pessoa pela primeira vez em anos. Mas tudo seria melhor assim. Rachel já tem tantas pessoas na vida dela, tantas pessoas que a amam e que a idolatram. Ela não precisava de Chloe, ficaria melhor sem ela na verdade. Todos ficariam.

E ela, ela não precisaria mais lidar com tanta dor. Com tanta perda. Ela não precisaria mais fazer sua mãe gastar com remédios controlados, não traria mais preocupação, não se sentiria controlada e humilhada mais e não seria aquele fardo na vida de Joyce. Ela não precisaria mais lembrar-se da última mentira que William lhe contou, da mentira que suas últimas palavras para ele foram.

“Ela nunca vai me abandonar!”

“Somos dois então, não é, Max?”

E então ele se foi. Para sempre. E ela lhe deixou. Ambos a abandonaram. Mas Chloe se lembrava de como tudo costumava a ser depois da morte de William. Mesmo se sentindo sozinha naquele tempo, ela ainda tinha a Joyce, e Joyce tinha a ela. As discussões eram regulares, mas não como passaram a ser depois de um tempo. Elas cozinhariam juntas no dia do aniversário de William, Chloe fazendo bagunças com a comida por todo lado; iriam ao centro da cidade juntas pelo menos duas vezes por mês, e assim arrumavam formas de se distrair de todo o sofrimento até que voltassem à rotina de discussões semanais por conta das rebeldias de Chloe. Ela ainda se lembrava de quando elas deixaram de ser mãe e filha, da sua decisão de se afastar emocionalmente de uma vez por todas.

Ainda se lembrava da primeira discussão que teve com David, que estava longe de ser a única, e de todo o estresse que aquilo causou em Joyce. Lembrava-se da primeira vez que ele levantou a mão para ela como se ela fosse sua filha e da raiva que ela sentiu ao lembrar-se de sua mãe ignorando qualquer sentimento negativo para com David, procurando desculpas esfarrapadas para justificar aquilo. Você falou coisas que não deveria, você foi grossa com ele, você faltou com o respeito, não é mesmo, Chloe? Ele é seu pai agora, não é? Agora ele vai lhe tratar como filha. Não vai ser ótimo, ele poder controlar a sua educação, poder controlar o que sua mãe pensa de você?

Não bastava Joyce ter feito a ligação que levou à morte de William, ela também tinha mesmo que tentar substituir ele na vida delas e desconsiderar completamente os sentimentos da filha? E se tudo tivesse sido diferente? E se ela não tivesse decidido ir ao mercado justamente naquele dia? E se tudo estivesse bem e a garota pudesse sentir-se amada e importante novamente?

Chloe Price estaria melhor morta. E ela sabia disso. Ela contemplava isso todos os dias, todas as vezes que acordava de manhã preferindo voltar a dormir pelo resto da sua vida, todas as vezes que olhava para seus remédios e que gastava dinheiro comprando algo de Frank. Que pelo menos ela acabasse com a sua vida e não com a vida de mais ninguém com quem ela se importava, e isso se resumia a Rachel. Foi ela quem a fez pensar duas vezes enquanto segurava aquela arma em direção a si mesma. Quem teria de lidar com a dor agora seria todos que lhe machucaram. Seria Joyce e David. Eles teriam que viver com a culpa, sua mãe teria que viver com o peso de saber que a arma de seu marido matou sua única filha. E Chloe não conseguia sentir nenhum remorso, mesmo sabendo que isso era egoísta. Ninguém nunca havia sentido remorso por ter arruinado a vida dela, ela não via motivo para o sentir.

Voltando de seus pensamentos, já tendo repassado em sua mente todos os motivos para que fizesse aquilo de novo e de novo, ela só podia sentir o gelado do revólver em suas mãos e as lágrimas escorrendo de seus olhos na medida em que ela pegava as balas espalhadas em sua cama, carregando a arma. A garota soltava alguns soluços involuntários, seus pensamentos voltando para a morena que costumava a ser sua melhor amiga. Chloe não sentia raiva, e sabia disso. A raiva que supostamente sentia de Max era na verdade mágoa e insegurança que a garota teimava em esconder; talvez o problema fosse com ela o tempo todo e por isso que todos a abandonavam.

Talvez Maxine nem se lembrasse dela mais, e aproveitou a mudança à Seattle para se livrar de Chloe, algo que ela talvez quisesse fazer aquele tempo todo, mas não podia. Afinal de contas, quantas vezes ela ligou, mandou alguma carta ou mostrou se importar de verdade, depois de dois meses em que havia se mudado? Era realmente só aquela quantidade de tempo que levava para alguém se esquecer completamente de Chloe? Para Max esquecer-se de Chloe? Ela era tão insignificante assim? Será que as pessoas se esqueceriam de Max e Rachel facilmente também? Às vezes a garota desejava ter o que elas tinham; desejava se sentir especial da forma que as duas garotas eram para tantas pessoas, desejava conseguir lidar com seus problemas da forma que elas lidavam, sem se autodestruir, e acima de tudo não ter de lidar com tantos problemas e tanto abandono. Ela sentia que o universo inteiro estava contra ela de todas as formas possíveis.

Chloe ajustou seu dedo no gatilho, posicionando o revólver ao lado de sua cabeça. Ela podia sentir o gelado da boca do cano em sua têmpora. E assim ela ficou por longos 10 segundos que mais lhe pareceram uma eternidade. Entre o barulho de seus soluços e a música alta tocando em seu quarto, Chloe não escutou quando alguém entrou na casa, apenas ouvindo o som estranho quando a pessoa subia as escadas com pressa, dizendo algo que ela não entendia. A garota procurou se atentar ao barulho, aumentando o aperto no revólver e o pressionando com mais força contra a cabeça. Até que ela reconheceu aquela voz.

“Chloe!” A garota gritava em meio ao som alto da música antes de abrir com cuidado a porta do quarto de Chloe, sua testa se franzindo ainda mais ao ver a cena. Rachel procurava palavras, qualquer coisa que pudesse dizer para mudar aquela situação, mas não conseguia pensar em nada; nada saía de sua boca.

“Não tenta me impedir de fazer isso.” Chloe disse no meio de lágrimas, e tudo que conseguiu fazer foi se afastar o máximo que pode, se movendo em sua cama em direção à parede, ainda sem mover a arma. Ela podia ver os olhos de Rachel começando a ficar vermelhos e lacrimejantes, a garota de cabelos longos tentando formar alguma frase coerente no meio de pensamentos confusos.

“Chloe, por favor...” Ela começou a dizer, sua voz falhando. Rachel sentou-se lentamente de joelhos no chão, procurando não fazer nenhum movimento brusco, olhando fundo nos olhos azuis da outra garota, que apenas movimentava a cabeça negativamente. “Não faz isso comigo. Chloe, você é a única pessoa que sempre conseguiu ver além de mim-” Ela disse, parando para recuperar o fôlego e tentando manter a calma. “Todo mundo só vê o que querem ver em mim. Você é a única que consegue fazer eu me sentir... eu mesma, e não simplesmente um camaleão que consegue se adaptar a qualquer coisa que as pessoas queiram.”

“Você ainda vai ter o Evan.” Chloe respondeu logo após Rachel terminar sua frase. “Vocês são como irmãos, não são? Ele com certeza também sabe quem você é, Rachel.” Falou, fechando os olhos e deixando mais lágrimas escorrerem, sua visão já embaçada. “Para de mentir pra mim, para de falar coisas só pra que eu me sinta melhor, eu não aguento mais essa porra!” O tom de voz de Chloe foi aumentando enquanto ela abaixava sua cabeça. Ela não queria olhar para Rachel.

“Não é por eu ter o Evan que você pode ser substituída. Se eu escolhi estar na sua vida e se eu deixei você estar na minha é porque eu quis, é porque eu quero você aqui!” A garota de cabelos longos respondeu, tentando controlar o tom de sua voz, que já estava demonstrando seu nervosismo. Ela enxugou algumas lágrimas de seu rosto, jogando parte de seu cabelo que atrapalhava sua visão para trás com um rápido movimento. “Para de ser tão teimosa e achar que consegue entender o que eu e o resto do mundo sentimos por você!” Ela disse, um soluço involuntário interrompendo sua frase, receando que tivesse sido agressiva demais nas suas palavras e piorado a situação.

Chloe não teve resposta. Ela não se moveu e não abaixou o revólver, apenas continuou ali, como se tivesse todo o tempo do mundo para fazer uma escolha daquelas. “Eu não consigo mais...” Ela começou a dizer entre soluços. “Eu não consigo ser abandonada de novo... Não tem nada que me garanta que você não vai me deixar, Rachel. Todo mundo faz isso comigo, o tempo todo...”

Rachel pôde perceber o dedo de Chloe se movimentando em torno do gatilho, mas não da forma que ela queria. “Chloe, espera!” Ela disse, sua mente funcionando como nunca antes, a procura de qualquer estratégia, qualquer coisa que pudesse fazer para salvar a garota, que a olhava nos olhos, esperando impacientemente que Rachel completasse o que iria dizer. “Deixa eu pelo menos... Deixa eu pelo menos te dar um abraço. Por favor.” Ela disse entre seu choro.

Chloe não sabia o que fazer. Ela não poderia negar aquilo, como ela o faria? A garota assentiu, abaixando o revólver, porém ainda o segurando com força ao lado de seu corpo enquanto observava Rachel se levantar e aproximar-se lentamente, subindo na cama e esticando seus braços para puxar Chloe com cuidado em um abraço. Uma podia sentir as lágrimas quentes no rosto da outra, alguns fios de cabelo molhados pelo líquido salgado. Rachel não sabia o que qualquer tentativa sua poderia causar, então simplesmente apertou a outra garota o mais forte que pôde, num ato puro de proteção. Ela só queria proteger Chloe do resto do mundo, assim como ela mesma também precisou ser protegida diversas vezes.

Então rapidamente, Rachel imobilizou a garota no abraço, aproveitando para tirar o revólver de sua mão num movimento veloz, colocando-o no chão atrás de si de forma que a outra garota não tivesse tempo de pegar o objeto. “RACHEL, PARA!” Chloe gritou, fazendo de tudo para movimentar-se ao outro lado da cama, seu caminho sendo bloqueado por Rachel, ambas sentadas na cama. Ainda tentando segurar Chloe, a garota continuou a apertando em um abraço forte até que a garota de cabelos curtos foi perdendo suas energias, desabando em choro mais uma vez, sua cabeça no ombro da outra garota, molhando seus cabelos.

“Me desculpa. Me desculpa...” Rachel dizia, segurando Chloe e dando-lhe um beijo na testa, enxugando suas próprias lágrimas logo depois. “Eu te amo.” Ela disse, as palavras lhe rendendo um aperto mais forte de Chloe em seu corpo. “Eu vou ficar aqui com você... Me promete que não vai tentar nada. Eu vou te ajudar.” Rachel falou, pensando em como faria para colocar a arma de David de volta no lugar sem que deixasse a garota sozinha. Chloe, deitada em seu peito, assentiu enquanto enxugava seu rosto molhado.

Depois de algum tempo, o cansaço – tanto físico quanto mental – das garotas fez com que elas se deitassem na cama uma ao lado da outra. As lágrimas agora se secavam em seus rostos, Chloe afastando os fios azuis de sua franja colados em seu rosto, colocando-os atrás da orelha. E assim as garotas ficaram por longos minutos, olhando para o teto ao som das respirações quase que ofegantes de ambas e de uma música agitada qualquer no rádio de Chloe. Ela pôde sentir Rachel se aproximando de seu corpo cada vez mais, deitando a cabeça em seu ombro e abraçando-a fortemente com um dos braços.

A próxima coisa da qual Chloe se deu conta era o rosto quente de Rachel se aproximando do seu, o barulho alto da música de fundo já quase que silencioso na mente distraída de ambas, como se apenas elas existissem naquele momento. E então em um lento movimento, Rachel juntou seus lábios aos da outra garota, que podia jurar estar receosa em relação à rapidez com a qual seu coração batia. Foram segundos profundos e agitados ao mesmo tempo em que calmos; Chloe não sabia dizer. Naquele momento sua mente se esvaziou de qualquer preocupação, incluindo a de Rachel não querer estar fazendo aquilo de verdade e não gostar dela realmente. Ela poderia ser descartada facilmente por todos, não? Porém jurou a si mesma naquela fração de segundo que não pensaria nisso. Não naquele momento.

Rachel afastou seu rosto do de Chloe, ainda segurando a nuca da garota e acariciando seus cabelos com lentos movimentos de seus dedos. A garota punk conseguiu compreender mais os sentimentos da outra garota por meio da forma como seus olhos de cor avelã lhe encaravam do que pelo sorriso de canto que a mesma oferecia. Ela podia sentir seu coração se acalmar no meio de tanta angústia e dor.

“Eu ainda vou pintar seu cabelo inteiro de azul.” Rachel disse enquanto acariciava o cabelo de Chloe, brincando com os fios azuis da mecha na franja da garota. E assim ficaram por alguns minutos até que a garota de cabelos longos se distanciou, levantando-se devagar, apanhando o revólver do chão e descarregando-o. Ela guardou três das balas para si, ato que não foi percebido por Chloe, e devolveu o revólver ao seu respectivo lugar na garagem de David.

Ambas fizeram um esforço mental para se distraírem assistindo filmes quaisquer, por mais que seus pensamentos estivessem bem mais longe da tela da televisão. Chloe adormeceu no ombro de Rachel, e aquela foi provavelmente a noite mais calma da garota em meses.

_____________________________________________________________________________________

20 de junho de 2011

Chloe se distraía com a fumaça que saía de seu baseado, observando os feixes de luz que entravam pelo teto iluminando a parede de tijolos aparentes com os diversos grafites desenhados e o grande pedaço de tecido com a imagem de um elefante. Ela brincava com os botões da camisa xadrez emprestada que usava, à espera da chegada da outra garota. Aquele ambiente – já extremamente familiar – somado à música de uma banda indie qualquer, colocado no rádio por Rachel, era praticamente perfeito para Chloe se afogar em todos seus pensamentos mais profundos e contemplar tudo pelo que já havia passado.

Para sua felicidade, sua linha de raciocínio foi interrompida pela chegada da garota de cabelos longos, que trazia uma caixa com algumas cervejas. Rachel jogou uma das garrafas para Chloe, que apanhou o objeto com rapidez, e pegou outra garrafa para si enquanto sentava-se ao lado da garota punk, oferecendo o sorriso satisfeito que era mais do que uma marca de Rachel Amber.

“O que foi?” Chloe perguntou, levantando as sobrancelhas. A comunicação não verbal entre as garotas era extremamente eficiente, de forma que um pequeno ato de uma delas já dizia muito para a outra.

“Eu tenho um presente pra você.” Rachel respondeu, ainda sorrindo. Ela então colocou a mão no bolso de sua calça, procurando pelo objeto.  A garota punk observava com curiosidade; ela nunca havia deixado de se animar com presentes. A loira encontrou o que procurava, tirando do bolso um colar, aparentemente simples até que Chloe se deu conta das três balas de revólver familiares penduradas no objeto. Ao perceber que a garota analisava o presente com atenção, segurando-o, Rachel completou: “Pedi ajuda pra um dos amigos de Justin pra desarmar as balas, assim eu podia colocá-las no colar. O bom é que eles nunca questionam o porquê.” Ela riu.

A garota punk tinha sentimentos mistos quanto a tudo pelo o que havia passado e todos os pensamentos que transitaram pela sua mente, mas ela conseguia entender aquilo. Ela deu um leve sorriso enquanto a garota loira continuava sua explicação.

“É pra te lembrar de que você ainda tá aqui. E de que você tem o controle da sua vida, mesmo que às vezes pareça que não.” Rachel disse, esticando seu braço para que pudesse segurar a mão de Chloe.

_____________________________________________________________________________________

Chloe pôde sentir o toque de Max em sua mão, tirando-a de seus pensamentos. Ela sorriu para a morena, que deu um pequeno sorriso em retorno. “O garçom veio aqui e eu já paguei a conta. Não sei se você percebeu, estava distraída.” Maxine explicou, deixando implícita a sua dúvida sobre elas já continuarem viagem ou não. Faltava pouco para chegarem a Seattle.

“Eu não percebi, desculpa.” Chloe disse, franzindo sua testa para si mesma, para o que Max respondeu balançando sua cabeça lentamente, indicando que não havia nenhum problema, enquanto oferecia um leve sorriso. “Vamos indo, então.” A garota de cabelos azuis completou, segurando o braço de Max enquanto caminhavam para a caminhonete.

A garota punk involuntariamente tocou seu colar, mexendo nos pingentes de balas. Três balas. Três tiros. Irônico, mas ela podia sentir que toda aquela angústia havia chegado ao fim, e pela primeira vez em muito tempo se sentiu viva, livre. Sentiu que tinha uma vida inteira pela frente, e tudo que queria era que fosse com Max ao lado dela. Os outros problemas em torno das duas já não pareciam tão grandes assim. O pior já havia passado, e elas estavam juntas agora.


Notas Finais


Esse foi definitivamente um dos mais importantes e melhores capítulos de escrever pra mim, e eu espero que vocês gostem.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...