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História Medo - Capítulo 3


Escrita por: Arauta

Capítulo 3 - Capítulo 3


Sentia os olhares de todo o grupo, incluindo de Sakura. Mantinha a mesma distância de sempre, mas agora lhe encarava. Parecia nem notar que atravessavam o deserto, e talvez essa fosse a intenção, mas sua constante análise estava deixando-o muito consciente de si mesmo. Sentia o deslizar do olhar dela, quase como se o acariciasse com os dedos.

A noite, com a conversa, havia relaxado e adormecido. Contou a ela um segredo de estado, sua fraqueza era um segredo muito bem guardado, e contou a ela para que se sentisse melhor. Todo o conselho reprovaria sua atitude, mas nesse momento não se importou. Seu riso havia sido pagamento suficiente.

Almoçaram rapidamente seus sanduíches e continuaram caminhando. Parecia que estavam todos renovados depois da longa pausa com direito a carne de cobra e conversas frente à fogueira. O grupo perdeu o ar desgastado de antes. O céu já estava escuro quando terminaram de armar as barracas, tinham caminhado mais dessa vez para tentar compensar o dia anterior.

Outra vez tinham uma fogueira e comeram o que sobrou da carne de cobra. A vantagem da carne de cobra era que alimentava bem, mas não pesava no estômago. Dessa vez, Sakura permaneceu na roda, estava leve e divertida participando das conversas e compartilhando risadas com todos. Gaara apenas estava ali, ouvia a todos, mas o único que pensava era que Sakura estava bem e não iria precisar ser abraçada esta noite.

– Quando eu estava praticamente sem forças, ele se aproximou. – Continua o Uchiha, contando sobre sua luta com uma estranha raça de animais de uma floresta exótica. – Parou do meu lado...

– Ia te comer? – Pergunta Ino em expectativa.

– Eu também pensei isso. – Conta. – Mas me cheirou e disse que eu não cheirava a boa comida. – Termina, fazendo todos rirem.

– Gaara também já esteve nessa floresta. – Diz Kankuro. – Acho que também lutou com algo assim, não é?

– Sim. – Diz Gaara, pouco interessado. – Quando veio em minha direção formei meu escudo do Shukaku. Ele pensou que poderia atravessá-lo, se chocou contra o escudo e caiu inconsciente.

Todos riram novamente e Gaara não entendia porque, não tinha tentado soar engraçado, apenas relatou o ocorrido. Entendia bem pouco das interações humanas e se interessava ainda menos. Na verdade, lhe causava um pouco de dor de cabeça pensar a respeito e tentar entender. Por isso, quando Sakura tocou seu braço antes de levantar, como se o avisasse que estava indo a barraca e que o esperava, levantou e a seguiu sem fazer-se perguntas. Ao contrário do que ocorria com ele, quando os dois deixaram a roda, a conversa e o riso pararam por alguns instantes antes de Kankuro puxar um novo assunto. O grupo sentiu a saída dos dois e Gaara sabia que por isso os questionamentos seriam ainda mais pesados pela manhã.

O primeiro que notou quando entrou na barraca foi que seu saco de dormir não estava ao lado do de Sakura. Isso confirmava suas suspeitas e se sentia um pouco decepcionado. A Haruno estava enrolada em sua colcha, sentada sobre seu saco de dormir no canto direito da barraca e o olhava. Já não era o olhar analítico que tinha dado a ele durante todo o dia, mas um olhar curioso.

Sakura acendeu a luz improvisada deles e Gaara pensou que talvez por isso estivesse tão longe dele quanto a barraca permitia, não queria que os outros soubessem como estava dormindo. Aproveitando que hoje ela parecia muito interessada em ver as coisas, pegou alguns documentos que precisava ler e se recostou em seu próprio saco de dormir para tentar adiantar algum trabalho.

– Estive te observando. – Murmura ela, como se contasse um segredo.

– É mesmo? – Diz ele um pouco divertido. – Acho que ninguém notou.

– Fui muito óbvia? – Pergunta constrangida.

– Um pouco, sim. – Responde sem desviar os olhos do papel. – O que estava olhando exatamente?

– Que você não sua. – Sussurra. – Mesmo quando faz muito calor e estamos andando há muito tempo, você não sua.

– Era isso que você tanto analisava?

– Sim, fiquei pensando nisso desde que você disse que não sentia frio. – Admitiu. – Temari sua. – Ressaltou.

Continuou lendo o documento, rindo interiormente. Ela realmente estava buscando algo para tirar sua mente do deserto para fixar sua atenção em algo como isso. Quando o silêncio permaneceu, voltou a olhá-la, não queria manter a luz acesa se ela pensava dormir, mas a encontrou olhando-o cheia de expectativas.

– Essa é sua forma de me perguntar por que não suo? – Ela balança a cabeça afirmativamente. – Acho que não é uma boa ideia te contar todos os meus segredos.

– Tem razão. – Concorda com uma risada divertida. – Não contarei a ninguém sobre o que me disse ontem. – Prometeu. – Mas ainda vou rir imaginando você quando criança.

– Tudo bem. – Diz com um sorriso de canto. – Não me importo.

Voltou sua atenção ao papel por mais alguns minutos e conseguiu ler a metade antes de deslizar os olhos para o outro lado da barraca e notar que Sakura seguia olhando-o. Guardou o documento e apagou a luz sem consultar a kunoichi. Detestava ser o centro de atenção e começava a se sentir bastante desconfortável ali.

Ouviu a movimentação, mas não se virou para ver o que ela fazia. Sentiu a respiração dela bater na lateral de seu rosto e ainda assim não se virou. Não precisava, sentia o calor do corpo dela e sabia a quantos centímetros exatos estava dele. Jogou seu cobertor sobre ela e sentiu que algo se remexia em seu estômago quando ouviu o baixo suspiro de prazer que ela deu enquanto se aconchegava embaixo das duas cobertas.

Quando amanheceu, era ela quem o abraçava. Apenas tinha um braço jogado sobre seu peito, como se quisesse garantir que não se levantaria sem que ela se desse conta. E, de fato, quando a afastou para poder levantar Sakura despertou. Ela lhe lançou um sorriso tímido que ele aceitou como um ‘bom dia’ e se prepararam para levantar acampamento.

Antes que todos estivessem prontos para continuar, o Kazekage avistou um falcão de Suna. Este foi em direção a Kankuro que ofereceu o braço para que o animal pousasse, retirou a mensagem que estava presa à pata dele e entregou a Gaara.

– Qual o problema? – Pergunta Temari preocupada.

– O surto esta piorando, pedem que nos apressemos em levar os médicos.

– É improvável que cheguemos hoje. – Diz Kankuro, pensativo. – Devemos passar mais uma noite no deserto e chegar amanhã à tarde.

– Não há forma de chegar mais rápido? – Pergunta Ino. – Podemos explorar mais nossos limites.

– Gaara, você não tem um jutsu de teletransporte? – Pergunta Shikamaru. – Sei que gasta muito chakra, mas você não precisa levar a todos. Sakura e Ino são as mais necessárias.

– É uma distância muito grande. – Diz Gaara. – Não sei como elas reagiriam.

– É verdade. – Concorda Temari. – Quando Gaara utilizou comigo a primeira vez, me senti muito mal por dois dias.

– Podemos levá-las, nós dois. – Propõe Kankuro. – Se as levarmos nas costas a nosso ritmo, chegaremos ali no inicio da noite.

– É uma boa ideia. – Diz Temari. – Eu guiarei os demais até Suna.

Com o plano traçado, Kankuro e ele prepararam suas cargas. As duas mulheres não estavam nada felizes com isso. Teriam que usar uma máscara e uma venda para que a areia não ferisse seus olhos ou entrasse por sua boca e nariz. O pano da venda era relativamente fino e permitia que vissem algo, mas praticamente estavam entregando a segurança delas a dois ninjas de outra vila.

– Ei, Gaara, o que acha de uma corrida? – Pergunta Kankuro, agachando para que Ino pudesse subir em suas costas. – Acho que continuo te ganhando.

– Você nunca me ganhou, Kankuro. – Diz divertido, acomodando Sakura o mais confortavelmente possível. – Você nos declarava em uma corrida e saia correndo, eu nunca participei.

– Pois então participe. – Diz Kankuro. – Se eu ganhar, quero um bombom da caixa que você esconde no cofre.

– Como você sabe disso?

– Temari me contou.

– Kankuro! Era um segredo!

– Está bem. – Concorda Gaara. – Mas se eu ganhar, você colocará batom em todas as suas marionetes. – Diz com um sorriso perverso.

– Feito.


Notas Finais


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