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História Meia Noite em Madri - Um e Um Nem Sempre São Dois


Escrita por: befancy

Notas do Autor


Acho que esse foi o capítulo que eu mais me conectei escrevendo... espero que vocês tenham a mesma experiência que eu, pela leitura!
Nos vemos lá em baixo 📖☕🌸💓

Capítulo 15 - Um e Um Nem Sempre São Dois


Fanfic / Fanfiction Meia Noite em Madri - Um e Um Nem Sempre São Dois

 

Continuação do capítulo anterior...

"Quem diria que você poderia me machucar da maneira que fez, tão cuidadoso, tão determinado."


- Fora de cogitação. Eu não posso fazer isso com a Aurora, não outra vez. - Ricky disse ao telefone. Parei na porta e continuei a ouvir a conversa de forma furtiva. - Tem idéia do que foi o pesadelo que eu passei naquela lugar? Pior! Eu sabia de tudo e não pude contar a ninguém, nem a pessoa que eu mais amava. Fui com uma passagem só de ida para o inferno. Eu não farei isso novamente.

- Fazer o quê? - perguntei ao abrir a porta do quarto.

- Aurora. - Ricky disse assustado ao levantar a cabeça para me ver. - Senhor, eu tenho que desligar. - ele falou ainda sem tirar os olhos de mim e jogou o celular na cama. - Olha, não é nada do que você está pensando. - ele veio até mim.

A ficha ainda não tinha caído. Estava tudo muito confuso na minha cabeça. A hipótese que pairava não podia ser real, nunca. Ricky nunca faria isso comigo.
Nada fazia sentido.

- Não! - eu ri de nervoso ainda sem acreditar e até me sentindo um tanto idiota por achar que Ricky havia mentido quanto a sua captura surpresa naquela missão no Iraque. Eu não duvidava que ele havia lutado até o último pela sua vida e para não ser levado pelos terroristas.
Ricky continuava sem desviar os olhos dos meus e parecia não encontrar as palavras. Sua reação entregava tudo. - Você não fez isso comigo. - senti que meu coração já batia acelerado.
O desespero já corria nas minhas veias junto do meu sangue. Minhas pernas estavam trêmulas e a respiração estava começando a faltar. - VOCÊ MENTIU PRA MIM? - o segurei pela gola da jaqueta e o sacudi.

- Eu-eu vou te explicar tudo. Eu vou. - ele falou da forma mais calma possível, o que me tirou mais do sério. Sai apressada do quarto já aos prantos e desci as escadas em direção a porta da sala, tudo o que eu queria era sumir dali. No entanto, eu sabia que fugir simplesmente não resolveria tudo, como se nada tivesse acontecido.

- COMO PODE FAZER ISSO COMIGO? COMO PODE? - eu gritava descontrolada
e repetia a frase enquanto socava seu peitoral. 

Uma idéia bem idiota. Como se eu fosse machucar aquele homem de quase 1,90 e mais forte que um touro. 

- Me deixa falar, por favor. - ele disse em tom de desespero ao me segurar.
Me acalmei brevemente e o encarei, nada do que ele dissesse justificaria. - Eu fui para o Iraque já sabendo de tudo. Meus superiores me deram a missão de ser levado como refém dos terroristas para que já no meio deles eu descobrisse o máximo de informações possíveis sobre eles, suas estratégias, pontos fracos. Tudo. E assim o fiz. Então, no ataque à minha base eles me capturaram. - ele respirou fundo e voltou o olhar pra mim - O resto você sabe.

Eu não conseguia falar mais nada, apenas me soltei de seus braços e sentei no sofá. As lágrimas pareciam que não iam sessar nunca e eu virava meu rosto para lá e pra cá em tom de negação, o que fazia minha cabeça doer mais. Ricky se ajoelhou nos meus pé e tentou pegar na minha mão, o afastei na hora. Eu estava com nojo dele.

- Por que não me contou? Você nem ao menos me deu a chance de tentar fazer você mudar de idéia ou me despedir de verdade, você sabia que tinha 90% de chance de dar errado e eu nunca mais te ver. - falei de forma descompensada por conta do choro. - Tem idéia do que foi esse tempo todo achando que você tinha morrido?

- Te contar tornaria tudo mais difícil. Se eu pudesse eu arrancava toda a dor de você, eu nunca quis te machucar. Isso tá acabando comigo. - ele disse em meio as lágrimas e ainda de joelhos.

Por um momento breve o silêncio se instalou entre nós.

- Eu tentei tanto ser atenciosa em tudo que você quis. Sempre apoiando, sempre paciente. O que eu fiz de errado? - eu já não tinha mais condições nem de gritar.

- Você não fez nada de errado, meu amor. Eu te amo, eu te amo tanto. - ele disse enquanto beijava meu rosto e tentou me abraçar.

- Você não me ama, nunca amou. Se me amasse teria poupado a minha vida. - pelo seu olhar as minhas palavras o atingiram mais forte mais do que qualquer arma que já o feriu.

- Eu só queria te proteger. - ele segurou meu rosto.

- Você é um egoísta, só pensa em você e nesse seu exército de merda. - tirei suas mãos de meu rosto como se fosse a coisa mais nojenta que já tinha me tocado. - Eu achava que éramos imbatíveis, a dupla perfeita. Só agora eu vejo que nesse tempo todo era só eu. Eu realmente não sei se posso te perdoar.

- Não diga isso. - as lágrimas voltaram a deslizar pelo seu rosto. - Eu sei que vamos superar isso, juntos. Como sempre foi, não é? - ele tentou sorrir de forma esperançosa mas a minha cara já dizia tudo, talvez não houvesse mais volta.

De repente o choro de Hayat começou a ecoar pela casa, vinha do andar de cima. Só então eu me dei conta que ainda não tinha visto ela desde que cheguei do ateliê. Me senti a pior mãe do mundo. Subi as escadas correndo e fui em direção ao seu quarto. A colhi do berço e a abracei forte, nesse momento eu voltei a chorar. Ela era a pessoa mais importante do meu mundo e de alguma forma parecia que sentia a minha dor, pois mesmo nos meus braços e sendo ninada ela não parava de chorar.

- Vai ficar tudo bem, meu amor. A mamãe promete. - beijei seu rosto em meio as nossas lágrimas que já haviam se encontrado por conta da proximidade que estávamos.

Desci com ela até a cozinha e fiz uma nova mamadeira de leite, ela parecia estar com fome. Ricky ainda estava na sala, sentado no sofá, estático. Voltei para o quarto da nossa filha e a alimentei.
Em seguida ela voltou a dormir e eu a coloquei no berço. Fiquei um tempo a observando... tão bela, tão angelical, tão inocente... Me doeu só de pensar que um dia eu a veria chorando por um coração partido. Pensei também no que eu faria dali pra frente em relação ao Ricky, eu não conseguia me ver ao seu lado. E isso doía.
Sentei na poltrona perto do berço e acabei pegando no sono.

 

...

 

Despertei assustada, olhei em volta e desejei com mais vontade que nunca que  tudo o que havia acontecido fosse só sonho ruim, só que o meu coração estava dolorido e pesado demais para ter sido só um pesadelo. 

Me levantei da poltrona e fui em direção ao berço, meu pequeno raio de vida ainda dormia. Fechei a porta do quarto com cuidado para não acordá-la e fui em direção ao banheiro. Era terrível me olhar no espelho naquele momento, não só pelo caos interno, mas também pelo meu estado externo. Meu rosto estava inchado e vermelho de tanto chorar, meu cabelo estava horrível...

Tomei um banho para tentar recuperar as forças e decidi que não tinha clima para eu ficar naquela casa, não naquela noite. Hayat ficaria bem sem mim. Apesar dos pesares, Ricky como pai era indiscutível.

Coloquei um vestido preto, curto e de malha, justo ao corpo e com mangas cumpridas. O charme estava nas mangas e na cintura, com alguns detalhes bem trabalhados que deixava a minha pele a mostra. Calcei uma bota preta que ia até meus joelhos e quanto a maquiagem eu optei por uma coisa simples, não muito carregada, apenas delineador, rimel e um batom nude. Com uma boa escovada o meu cabelo ficou impecável e com as ondulações de sempre. Passei um pouco de perfume e em seguida peguei minha bolsa carteira, bem discreta apenas para colocar o celular, documentos e algum dinheiro.
Por fim, me olhei no espelho novamente. Parecia outra mulher. Externo perfeito, interno um caos. Eu já tinha uma pequena idéia de para onde eu iria, eu só queria espairecer a cabeça e tentar me divertir um pouco.

Antes de sair, passei no quarto para dar uma olhada em Hayat. Minha menina estava acordada e bem dispersa com o mobile de bichinhos que estava no seu berço.

*mobile é aquele brinquedo que fica pendurado em cima do berço*

Peguei ela no colo e a levei para sala, tentei fazê-la comer uma papinha mas ela aparentemente não estava com fome. Ricky estava dormindo no sofá. Seu rosto parecia tão triste, por um momento eu me compadeci de seu estado.
Coloquei Hayat no bebê conforto e liguei a televisão num canal de desenho para que ela se distraísse.
Eu não sabia que horas Ricky iria acordar, mas por via das dúvidas eu coloquei um alarme em seu celular.
Tirei o sapato que ele calçava e o cobri com uma manta. Fiquei o observando dormir... nunca pensei que iria odiar amá-lo.

- Deus sabe como me custa te deixar. - falei baixinho e com o coração apertado.

Eu não me refería só àquela noite, mas também a todas que estavam por vir.
A minha esperança havia se esgotado e o que restava de nós já não era suficiente. Todos esses anos caminhando juntos agora não pareciam tantos.

Resolvi sair antes que eu mudasse de idéia e começasse a me lamentar pela situação que havíamos chegado. Deixei um bilhete na mesa de centro na sala, disse para Ricky não se preocupar pois eu só precisava espairecer um pouco. Apesar de tudo, eu não me via no direito de deixá-lo louco pensando que eu sumi ou algo do tipo. Ao lado do papel, deixei a aliança de noivado.

 

“Como a vida é engraçada, né? Bem na hora que você pensa que está tudo resolvido, bem na hora em que você finalmente começa a planejar alguma coisa de verdade, se empolga e se sente como se soubesse a direção em que está seguindo, o caminho muda, a sinalização muda, o vento sopra na direção contrária, o norte de repente vira sul, o leste virá oeste, e você fica perdido. Como é fácil perder o rumo, a direção…”

 

 

 

 


Notas Finais


O que vocês fariam nessa situação se fossem a Aurora? O que Ricky fez tem perdão?
Até o próximo capítulo 😍🌸💘💘

ps: O vestido da Aurora

https://3.bp.blogspot.com/-M4HBnpDPMxo/UyxJaDvyL3I/AAAAAAAAuUw/ytNoREPJj6U/s1600/Shakira+and+Gerard+Pique+3.jpg


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