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História Mel e Canela - yaoi - Paz


Escrita por: F_kk

Notas do Autor


Oi, meus amores!

Chegay!

Sei que atrasei demais e não vou dar desculpas pq realmente não consegui atualizar antes 😰

Mas trouxe um capítulo super fofo, de reconciliação, de amizade e de transição entre esse arco e o próximo arco que será o encerramento dessa temporada.

Espero que aproveitem esse momento de risos, de alegria, amor e paz.

Bora lá!? ☺️😉

Capítulo 60 - Paz


Fanfic / Fanfiction Mel e Canela - yaoi - Paz

Por incrível que pareça, a semana começou tranquila. 

 

Os pais do meu namorado voltaram da viagem como dois pombinhos depois da lua de mel. Eles se amavam, era fato, mas o peso de tudo que havia acontecido recentemente havia os afastado, porém todos sabiam que isso não seria o suficiente para arruinar o casamento deles. O que existia entre os dois era algo infindável e eles venceriam mais esse desafio para ficarem juntos. E o meu namorado estava radiante ao ver a felicidade emanando em cada olhar, cada gesto, cada palavra trocada entre seus pais e isso alegrava tanto meu coração. 

 

Diante dessa tentativa de reconciliação, Lúcia cedeu. Ela aceitou contratar uma enfermeira para ajudar a cuidar da sua mãe e também tentaria voltar a trabalhar na loja junto com o Augusto. 

 

Esse tempo que ela passou afastada do trabalho tinha feito muito mal para ela e o Felipe me confessou que estava com medo da mãe dele desenvolver depressão já que ela amava demais o que fazia. 

 

Mesmo que não fosse o dia todo, ela iria para a loja, atenderia aos clientes e depois poderia terminar seus projetos em casa. No meio disso tudo, ainda precisariam de mais um funcionário para a loja para cobrir o trabalho que a Lúcia não conseguiria mais dar conta de fazer. 

 

Da mesma forma, a avó do Felipe também parou de insistir em voltar para Santa Catarina, pelo menos por enquanto, já que só depois que o médico a liberasse ela poderia voltar para casa e isso ainda levaria alguns bons meses. 

 

E ainda tinha a Ramona e o Alves. Apesar do enorme desespero que se abateu sobre todos nós quando soubemos da ameaça que o pai do Alves fez para ela, ele não deu mais nenhum passo em direção ao que prometeu. 

 

O coronel Macedo, pai da Ramona, reuniu o conselho da Vila Militar e iniciou um processo disciplinar sobre a conduta do pai do Alves dentro da vila utilizando como base o boletim de ocorrência que ela fez e as imagens das câmeras de segurança da rua mostrando ele entrando na casa da Ramona. 

 

Claro que mesmo assim não teria como nem ela e nem o Alves voltarem para lá e então o pai dela começou a procurar um apartamento para alugar para a filha onde tivesse monitoramento por câmeras e portaria para impedir que o pai do Alves fosse atrás dela. Eu frisei que eles poderiam ficar o quanto tempo quisessem, mas sei que ficava longe para eles sairem tão cedo para o trabalho e o colégio. 

 

A avó do Alves também se dispôs a alugar um apartamento e ir morar lá com o nosso amigo e com a namorada, mas o Alves achou meio chato que a avó fosse morar junto com eles, afinal eles estavam em um relacionamento beeeeemmmm íntimo e seria constrangedor a presença da avó. Mas uma coisa era fato, ele não iria deixar a Ramona sozinha de jeito nenhum! 

 

O pai dela não poderia sair da Vila Militar já que era prefeito de lá e mesmo ela dizendo que tudo ficaria bem e tal, o seu pai apoiou a decisão do Alves ir morar junto com ela quando eles alugassem o apartamento. 

 

No fim, a avó dele decidiu ir morar com uma das filhas, que tinha uma casa ali perto da Vila Militar e claro que ela apareceria quase todos os dias para minar o neto assim que ele se mudasse para o apartamento que o pai da Ramona estava procurando. 

 

Tanto no nosso colégio, quanto no trabalho e na faculdade da Ramona não houve nenhum sinal do coronel Bittencourt. Bobo ele não era e não iria dar bandeira em locais movimentados e com muitas testemunhas. 

 

Por fim, descobrimos que se espalhou pela Vila Militar um boato de que o Coronel Bittencourt havia expulso o Alves de casa e por isso ele não apareceu mais lá. Se isso ajudou ou atrapalhou, não sei, sou sei que quando o pai da Ramona fechou o contrato de aluguel de um apartamento que ficava perto da faculdade e do trabalho dela, a menos de 15 minutos do nosso colégio, o pai do Alves pediu transferência para o destacamento do exército que ficava em Castro, uma cidade a menos de duas horas de carro de Curitiba. Se isso aconteceu por causa do processo disciplinar ou pelo boato não tem como saber, mas o Alves quase soltou fogos de artifício com a notícia. De qualquer forma, as decisões tomadas eram irreversíveis. 

 

— Eu ainda acho estranho pensar que você tem só 18 anos e já está morando junto com sua namorada. Não deve ser fácil para a Ramona te aguentar… — Bia comentou, não sei se debochando ou falando sério. 

 

— Eu sei que foi tudo rápido demais, mas parece que as coisas aconteceram para nos juntar, mesmo que seja por causa daquele velho desgraçado. — Alves explicou. 

 

— Mesmo assim, vocês namoram a pouco tempo e tal… — Vick falou. 

 

— Eu sei. É muito louco isso, mesmo assim nós estamos nos entendendo bem e mesmo que o Ramon fale que quando ele enjoar de mim, vai me expulsar sem nenhum remorso, eu sei que ele não faria isso. 

 

— Eu amo demais o meu namorado, mesmo assim não me vejo dando um passo tão decisivo assim. Sei lá, imagina eu morando junto com o Nando e com o Cadu!? — Bia brincou. 

 

— Boba! Eu iria adorar! — baguncei o cabelo da minha amiga, arrancando algumas risadas e resmungos dela.  — Mas provavelmente eu daria um jeito de cair fora. Aguentar o fogo teu e do Nando seria impossível! Eu não conseguiria dormir a noite nem com sonífero para elefantes! – ri. 

 

— Então, agora nosso amigo deixou de seu um folgado sustentado pela avó e vai ser sustentado pela namorada? — Sato debochou, o balançando pelos ombros. 

 

— Não, seu idiota. — Se soltou do Sato. — Eu já conversei com o Ramon e vou procurar um emprego. Quero provar para ele que eu estou levando tudo isso a sério! — Alves respondeu num tom tão firme que era até difícil de acreditar que era ele que estava falando. 

 

Toda essa reviravolta na vida dele e da Ramona tinha o feito amadurecer muito rápido, mais do que qualquer um poderia imaginar. 

 

— Minha avó vai continuar me dando uma mesada por enquanto e pagando o colégio e o Coronel Macedo está pagando o aluguel do apartamento até que nós consigamos pagar todas as nossas contas, mas não quero que isso dure muito tempo. — Explicou. 

 

— Mas e o colégio? Você não vai parar de estudar, vai? — Bia perguntou. 

 

— Não sei. Depende do emprego que eu conseguir. Se for só no período da tarde, acho que consigo terminar o ano aqui, já que as matérias obrigatórias são só de manhã, mas se eu conseguir um emprego que seja o dia todo, vou ter que transferir para a turma do intensivão da noite. — Respondeu. 

 

— Eu posso ver se meu irmão tem vaga em alguma oficina. Ele sempre contrata aprendizes para ir treinando. — Sugeri, já que isso poderia ajudar meu amigo. 

 

— Não precisa, Cadu! — Felipe falou imediatamente e eu não entendi o porquê disso. — Eu já sei onde o Alves pode ir trabalhar! — Exclamou, volvendo o olhar para nosso amigo. 

 

— Onde? — Ele não entendeu, assim como eu. 

 

— Na loja dos meus pais! — Respondeu. — Eles estão procurando alguém para ajudar em meio período, já que minha mãe vai voltar a trabalhar só de manhã e a outra funcionária que mexe com os projetos está para entrar de licença maternidade. — Explicou.

 

— Mas será que seu pai vai querer me contratar? Eu nunca trabalhei em nada… — Alves não pareceu confiante. 

 

— Não precisa saber. Meu pai sempre treina todos os funcionários novos. Garanto que ele vai aceitar na hora!  

 

— Eu só não quero ser um peso pra eles. Não quero que se sintam pressionados a me contratar. 

 

O que era isso? Alves sensato? Não estou acreditando! 

 

— Para com isso! Meu pai te adora. Você vai se dar bem, garanto! — Felipe estava ainda mais animado com isso.

 

E naquele dia mesmo o Alves foi contratado por um período de experiência. Seria um faz tudo, o “cachorrinho do Augusto” como o Felipe brincou. Na verdade, ele ajudaria em tudo. Iria aprender sobre as vendas, atender clientes, fazer orçamentos e se desse tempo a Lúcia ainda o ensinaria a fazer projetos personalizados, não os mais complexos, esses ela fazia pessoalmente, mas os mais simples.

 

E lá estava o Alves chegando todas as manhãs de carona com a Ramona, saindo na hora do almoço e trabalhando até a hora da loja fechar. Um cara de responsabilidades. 

 

Outra coisa eu pude perceber também. Ramona se sentia muito mais segura e confortável conosco. Ela tinha muitos amigos e amigas, mas sempre que convidávamos, ela se fazia presente. Logo que se mudaram para o apartamento novo, nos convidaram para conhecê-lo. Era pequeno, mas aconchegante e ideal para os dois. 

 

E como era bom reunirmos todos e passar um sábado só jogando conversa fora e relaxando enquanto os vestibulares estavam cada vez mais próximos, a um final de semana de distância. E por isso, aproveitamos que as tias do Felipe vieram visitar a avó dele e combinamos de todos irmos para a minha casa no condomínio. Paz, descanso, amigos e muitas risadas. Pelo menos era o planejado. 

 

— Cadu, você não quer convidar aquele teu amigo? — Felipe me sugeriu na sexta-feira, quando me levava para meu apartamento. 

 

— Que amigo? — perguntei distraidamente.

 

— Não me faça falar o nome dele… — Falou sério, foi aí que eu entendi de quem se tratava. 

 

— O Tiago? — Falei surpreso. 

 

— Ele mesmo. — Respirou fundo, sem me olhar, parando no próximo semáforo. 

 

— Felipe, eu não quero que você faça algo que não quer. Eu sei que você prometeu, mas não precisamos forçar nada… — Respondi. Eu ainda achava que esse assunto era delicado demais para tratar com meu namorado. 

 

— Eu estou bem. Sério, eu quero fazer isso! — Deu uma breve olhada para mim e depois voltou a atenção ao trânsito novamente. — Eu preciso desfazer qualquer mal entendido. Eu acho que ele pensa que eu sou um péssimo namorado pra você. Sei lá, um possessivo violento e arrogante e eu não sou assim. Me incomoda que pensem mal de mim sem ao menos me conhecer e eu quero superar essas más impressões que ele tem de mim, além do mais eu preciso aprender a controlar meu ciúme. — Argumentou. 

 

— Mesmo assim… — Tentei contrapor, mas ele me interrompeu. 

 

— Sério, eu quero isso. — Colocou a mão em meu joelho, me direcionando mais uma breve olhada.

 

Um sorriso escapou dos meus lábios. Eu merecia esse namorado? 

 

Deitei minha cabeça em seu ombro e acariciei sua coxa, deixando sua mão livre para continuar dirigindo. 

 

Felipe me surpreendia a cada dia mais e meu coração sempre acelerava fora do ritmo quando ele fazia essas coisas. 

 

— Eu vou mandar uma mensagem para o Tiago depois. — Respondi. 

 

Tiago ficou receoso, mas quando ele comentou com o namorado, ele se empolgou e até me enviou um áudio dizendo que adorava conhecer pessoas novas e estava super empolgado em me encontrar. Já gostei dele mesmo não tendo o conhecido pessoalmente ainda. 

 

No sábado, Felipe, Sato e Vick foram comigo arrumar tudo no condomínio. Meu irmão e a Bia iriam depois e eu tenho certeza que eles passaram em outro lugar no meio do caminho antes de chegarem. Alves iria trabalhar até as 18hs na loja e depois iria com a Ramona, Tiago e Everton chegariam mais tarde também. 

 

Casa cheia e era impossível disfarçar o quanto eu estava gostando disso. 

 

A música ficou por conta do Sato, embora ele fosse muito chato para isso e mal chegava a metade já estava trocando. Vick estava cada dia mais apaixonada e envolvida com esse meu amigo. Eles formavam um casal tão cúmplice que hoje eu não poderia mais imaginar um sem o outro. 

 

Meu irmão logo chegou com a Bia e a bagunça se instaurou. Minha amiga era só risos e alegria. Realmente contagiante. 

 

Ramona e Alves chegaram antes das 19hs e minhas amigas já a chamaram para fofocar. Era impressionante como elas se davam bem, riam e brincavam juntas. 

 

— E aí, Alves, como está a vida de casado? — Meu irmão brincou. 

 

— Melhor impossível! — Um sorriso enorme iluminou o rosto do meu amigo. — Ra é a melhor coisa que aconteceu na minha vida! — Respondeu alegremente. — E me surpreende a cada dia! — Volveu seus olhos para a namorada.

 

Quando Ramona percebeu o olhar, retribuiu dando uma piscada e mandando um beijo. 

 

— Ah, cara, eu não resisto! — Alves se levantou e foi até ela, que estendeu a mão e puxou Alves para sentar ao seu lado. 

 

— Ei, não podemos nem conversar com a Ramona em paz que você já vem se intrometer? — Bia se fez de revoltada. 

 

— Ra está dando muita atenção pra vocês! Assim eu fico com ciúme! — ele brincou, colocando uma perna sobre as coxas da Ramona. 

 

— Dado, o que é isso? Ciúmes de mim com suas amigas? Deveria ser o contrário pelo seu passado! — Lançou um olhar desafiador a ele. 

 

— Passado é passado! — E já afundou seu rosto no pescoço da namorada, arrancando risos dela. 

 

— Oh, seu descarado, vai lá pra cima se você quer fazer isso! — Sato gritou ao meu lado. 

 

— Boa ideia! Estou morrendo de saudade de umas coisas! — Foi se levantando e tentando puxar a Ramona. 

 

— Dado, toma vergonha na sua cara! — Ramona rebateu. 

 

— Não sei o que é isso! — Ele riu e a soltou, voltando para a mesa.

 

— Você não disfarça mesmo, seu cara de pau! — Sato já provocou. 

 

— É que você namora uma garota, então não sabe o que é bom! — Insinuou. — Pergunta pro Felipe e pro Cadu como é bom namorar com alguém que…

 

— Cala a boca, cara! Não me venha com esse papo que eu estou muito bem com a Vick! — Sato o interrompeu e Alves só riu. 

 

— O que o Ramon tem nenhuma garota tem e isso não tem como reverter! — Provocou mais uma vez. 

 

— Assim eu vou achar que… — Parou no meio da frase. 

 

— Que o que? — Alves provocou. 

 

— Que a Ramona é que… — Mais uma vez não terminou. 

 

— Que ela me come? Que eu dou gostoso pra ela? — Alves completou com uma expressão vitoriosa. 

 

Eu não sabia onde enfiar minha cara depois dessas frases e Felipe só ria. 

 

— Para de falar essas coisas! Eu não quero saber! — Sato retrucou. 

 

— Cadu… — Alves se voltou pra mim. — Conta pro seu amigo como tem coisas que só um cara pode fazer e como isso é bom!

 

Acho que fiquei roxo, azul, verde, sei lá. 

 

— Deixa o Cadu fora dessa, ele não vai falar dessas coisas na frente de vocês, só comigo dentro de quatro paredes! — Felipe apertou mais seu abraço ao redor da minha cintura. 

 

Nem sei como tive coragem de levantar meu olhar e encontrar com o rosto do meu irmão. Nando me olhou e só riu, bebendo mais um gole de seu copo de cerveja. 

 

— Como a Vick não tem algo muito específico, acho que vou comprar um de borracha e dar de presente pra ela usar em você, daí você vai entender do que eu tô falando! — Continuou provocando.

 

— Eu não preciso disso! — Deu um leve empurrão no ombro do Alves e se levantou. — Depois dessa, eu preciso de uma cerveja! 

 

Foi quando a tela do meu celular mostrou uma mensagem. 

 

“Chegamos” Era o Tiago. 

 

— Eu vou com você! — Felipe falou ao meu lado, já tendo visto a mensagem na tela. 

 

Juro que senti um frio na barriga nesse momento. Era assustador pensar que eu estava colocando o meu namorado e meu ex novamente frente a frente e ainda mais sabendo de todas as reviravoltas e crises de ciúmes que o Felipe teve, mas esse encontro não dependia apenas de mim. 

 

Bem ali, na frente dos nossos amigos e do meu irmão, eu apertei firmemente em sua mão e o beijei tão intensamente, como se fosse nosso último beijo, mesmo eu sabendo que não seria. Não, nunca! Nossos beijos seriam infinitos. 

 

— Que isso, Cadu? — Ouvi a voz do Sato ao meu lado e fui tirado desse meu momento de insensatez. Separei nosso beijo e encarei os olhos confusos do Felipe. 

 

— Nada, Sato. Não foi nada! — O respondi e me levantei, puxando meu namorado pela mão. 

 

— Cadu? — Felipe me chamou. 

 

— Hum? — Me virei para ele enquanto o puxava para a porta de entrada. 

 

— O que deu em você? — Ele ria. 

 

— Eu… Eu… — Fiquei sem palavras. — Eu não sei. — Fui honesto e ele riu mais ainda. Eu só queria passar confiança para meu namorado. Só isso.

 

Abri a porta e lá estava o Tiago só risos com o outro rapaz. Ele era um pouco mais alto, pele morena e olhos tão negros como jabuticabas, cabelo raspado e um sorriso enorme. 

 

— Boa noite! — Os cumprimentei. — Sejam bem vindos. 

 

— Boa noite, Cadu, Felipe! — Tiago estendeu sua mão, nos cumprimentando e nós retribuímos. — Esse é o Everton, meu namorado. 

 

— Prazer! — Ele também estendeu sua mão. — Confesso que estava curioso para conhecer vocês! 

 

— Eu também! — Retribui o sorriso que recebemos. 

 

— Vamos entrar! Nossos amigos estão todos aqui. — Felipe os chamou.

 

Eu estava estranhando essa situação. Meu namorado parecia que estava tão bem com isso, tão tranquilo, nem parecia que tinha tido tantas crises de ciúmes — e com razão algumas das vezes — por causa do Tiago. 

 

— Nando, Alves, Sato, esses são o Tiago e o Everton. — Os apresentei.

 

— Acho que eu lembro de você. — Sato se adiantou, os cumprimentando. 

 

— Acho que eu lembro de você segurando o Felipe para ele não pular no meu pescoço. — Tiago brincou. Foi quando o Alves o cumprimentou e então reparei no olhar estranho do meu irmão. 

 

— Tiago? — Ele me encarou. 

 

Vish, esqueci de contar para o meu irmão que teríamos mais um casal de amigos se juntando a nós hoje. 

 

— É um prazer te conhecer, Tiago, mas eu acho que perdemos a oportunidade de nos conhecer em janeiro na praia. — Meu irmão comentou, o cumprimentando.

 

— Acho que ocorreram alguns desencontros no meio do caminho. — Tiago retribuiu seu cumprimento. 

 

— E outros encontros também. — Nando completou, estendendo a mão para o Everton também. 

 

— Ótimos encontros, eu diria! — Tiago sorriu para o namorado. 

 

— Hum… Eu acho que me lembro de você! — Bia se aproximou. 

 

— Você vai me ameaçar de novo? — Tiago brincou, a cumprimentando com um beijo no rosto. 

 

— Bia te ameaçando? Por que será que isso não me surpreende? — Nando brincou. 

 

— Nossa, até parece que eu sou uma bruxa má de algum livro infantil! Eu só estava protegendo meu amigo! — Bia se agarrou ao meu braço. 

 

— Acho que eu é que precisava ter sido protegido! — Tiago insinuou. 

 

— E eu? Sirvo pra que? — Everton passou seu braço ao redor da cintura do namorado e eles não falaram mais palavra alguma, apenas uma troca de olhares foi suficiente para se entenderem e sorrisos cúmplices foram trocados.

 

Sorri ao os observar. Tinha certeza que o Everton era a pessoa certa para o Tiago e não eu. 

 

Fui tirado desse momento de contemplação com o nariz do Felipe roçando em minha bochecha. 

 

— Vai ficar tudo bem, não vai? — Perguntei a ele num sussurro. 

 

— Claro que vai! — Me respondeu e já se virou para o Tiago. — Vem, deixa eu apresentar vocês para as garotas! — Os chamou e os três seguiram em direção à Vick e a Ramona, que ainda estavam sentadas no sofá. Sato e Alves foram um pouco mais atrás, não sei se simplesmente para acompanhá-los ou para segurar o Felipe caso algo desse errado. 

 

Senti mais uma vez um frio na barriga vendo-os juntos. Era estranho, mas era bom.

 

— Então aquele papo do Felipe querer superar de vez o ciúme dele com o Tiago é verdade? — Nando chegou ao meu lado, com a Bia abraçada a sua cintura. 

 

— Espero que isso dê certo. — Comentei. 

 

— Pelo visto, já está dando. — Minha amiga falou vendo os risos que se seguiram aos cumprimentos. 

 

Claro que a Ramona já fez alguma brincadeira e todos caíram na gargalhada, então ela pegou nas mãos do Everton e falou algo sobre suas unhas, que só agora observei estarem pintadas com um esmalte preto. O papo parecia fluir bem, quando vi meu namorado chamar o Tiago e eles se afastaram do grande grupo dos nossos amigos. 

 

Bia logo se juntou a Vick e a Ramona, afastando o Alves, mais uma vez contrariado, mas ele e Sato não tiravam os olhos do meu namorado e do Tiago. 

 

Eu estava assustado, mas tudo parecia que estava indo bem. 

 

— Vou atender o telefone e já volto. — Meu irmão sabia que eu estava preocupado, mas vi que a tela do celular dele estava com uma chamada do meu tio. 

 

Quando voltei meus olhos para meu namorado e o Tiago, eles pareciam conversar tranquilamente. Resolvi esperar um pouco, mas isso realmente estava me matando, então não aguentei, fui em direção aos dois, chegando ao lado do Felipe. 

 

— Posso saber o que vocês estão conversando? — perguntei curioso. 

 

— Agora é você que está com ciúme? — Felipe brincou. 

 

— Eu não sei o que é isso! — Retruquei no mesmo tom brincalhão e o Felipe gargalhou. 

 

— Estávamos falando sobre a avó do seu namorado. — Tiago respondeu. 

 

— Hum, achei que estavam falando de mim… — Falei meio receoso. 

 

— Existem mais assuntos em comum entre eu e o Tiago do que apenas você. — Felipe respondeu, me abraçando e dando um beijo na minha testa. 

 

— Acho que isso é bom, não é? 

 

— Eu acho ótimo! — Tiago respondeu. 

 

— Eu também! — Felipe completou e antes que eu falasse mais alguma coisa, Ramona me chamou. 

 

— Cadu, vem aqui! — Ela estava sentada no sofá com o Everton de um lado, Vick e Bia no outro lado, Sato e Alves no sofá da lateral. Fiquei curioso, dei uma olhada para meu namorada e ele só me deu uma piscada, fazendo um sinal positivo com a cabeça. 

 

Enquanto eu ia para a sofá, ouvi eles conversando. 

 

— Você aceita uma bebida? — Perguntou ao Tiago. 

 

— Hoje não vou beber, tenho que voltar dirigindo. — Respondeu. — Mas aceito algo sem álcool. 

 

Me tranquilizei por um lado, me preocupei com outro. Por que a Ramona havia me chamado?

 

— Vem, senta aqui! — Bia e Vick de afastaram, dando espaço para eu sentar. Obedeci e senti um braço da Ramona ao redor dos meus ombros. — Então, Cadu, você é tão certinho, tão reprimido. O que acha de mudarmos isso? Você vai ver como é bom se libertar! — Ela falou. 

 

— O que? Tem alguma coisa de errado comigo? — Não entendi. 

 

— Não! Claro que não! — Ela ria. — Mas as suas amigas estavam me contando que você sempre foi tão certinho.  O que você acha de descolorir o cabelo? Ou quem sabe pintar de azul? 

 

Acho que nada hora deu tela azul no meu cérebro. 

 

— O que? Eu… eu estou tão ruim assim? — Mexi no meu cabelo. 

 

— Não! — Vick me consolou. — Você é um gato, Cadu! 

 

— Mas convenhamos que você é muito padrãozinho. Sei lá, você não tem vontade de fazer uma loucura? Furar a orelha, fazer uma tatuagem? Mudar o visual? — Ramona sugeriu. 

 

— Eu nunca pensei nisso. — Fui honesto. 

 

— E suas unhas? Olha só que unhas lindas você tem! Ficariam perfeitas se você fizesse um alongamento em gel! Eu só não faço por que isso ficaria desconfortável para atender meus pacientes, eu poderia arranhar eles, mas nas minhas férias sempre faço! — Everton comentou. 

 

— Unhas em gel?  — Olhei para as minhas mãos. — Eu nem sei o que é isso… — Fui sincero. 

 

— Cadu, olha só! — Ramona estendeu suas mãos. — O que acha? 

 

Observei suas mãos por um momento, com longas unhas bem pintadas, algumas em vermelho, outras decoradas com desenhos de borboletas e flores e então encarei o Alves. 

 

— Acho que deve arranhar… — Deixei escapar e logo me arrependi. 

 

— E eu adoro! — Alves, sempre com aquele jeito malandro dele retrucou, colocando um meio sorriso nos lábios. 

 

— Adora mesmo! — Ramona respondeu. — Ei, Felipe, o que você acha de mudarmos o visual do Cadu? — Falou alto, chamando a atenção do meu namorado. 

 

Acho que fiquei verde, azul, roxo, todas as cores do arco-íris. Será que o Felipe queria mudar alguma coisa em mim? Frio na barriga. 

 

— Cadu fica lindo de qualquer jeito. Se ele mudar, tenho certeza que vou gostar, mas por mim, ele é perfeito do jeito que é. — Respondeu com aquela voz sexy, me encarando sem desviar o olhar um segundo sequer de mim. 

 

— Ah, que fofo! — Bia me chacoalhou e eu baixei o rosto, não conseguindo disfarçar o sorriso. — Tio Miguel? 

 

Arregalei meus olhos quando ouvi a Bia falar baixo, já sem o tom de brincadeira. Quando levantei meus olhos mais uma vez, vi meu tio se aproximando com o Nando ao seu lado. 

 

— Casa cheia hoje? Faz tanto tempo que não vejo isso! — Ele falou vindo até onde estávamos. 

 

Corri rapidamente meus olhos para o Nando, que fez sinal de negativa com a cabeça. Acho que nem ele sabia dessa visita. Volvi rapidamente meu olhar para o Felipe e ele estava sério. Desde que eu e meu tio fizemos as pazes não nos encontramos mais pessoalmente, apenas conversávamos por telefone de vez em quando. 

 

—  Tio Miguel, que bom te ver! — Bia rapidamente se levantou, indo cumprimentá-lo. Ela era muito rápida para perceber as situações.

 

— Como o Nando está cuidando de você? — Ele já disparou. Será que perguntaria o mesmo para o Felipe? 

 

— Ele é um cavaleiro, tio Miguel. O senhor não confia na educação que deu a seus sobrinhos? — Ela insinuou. 

 

— Eu tenho minhas dúvidas. — Ele retrucou, cumprimentando a Vick em seguida. — E meu sobrinho, não está feliz com a minha visita? — Dirigiu-se a mim. 

 

— Claro, tio! Que pergunta! — Levantei e fui abraçá-lo. 

 

— Como você está? Não está bebendo? — me segurou pelos ombros, me encarando. 

 

— Hoje não, tio. — Respondi. 

 

— Tudo bem e cadê o seu… — Se virou, encontrando o Felipe ao lado do Tiago. 

 

— Boa noite, tio Miguel. — Felipe se aproximou, entendendo sua mão e vi o aperto firme que meu tio deu. 

 

— E seus amigos, Cadu? — Se virou para mim novamente. Respirei fundo e bora lá. 

 

— Tio, esse é o Tiago, meu amigo! — O indiquei. —Esse é o Everton, seu namorado. — Não disfarcei. Falei a verdade e por incrível que pareça meu tio os cumprimentou normalmente sem nem mudar suas expressões faciais. — A Ramona é a namorada do Alves. — também a indiquei. 

 

— Prazer em conhecê-lo! — Ela o cumprimentou com um beijo no rosto e estando alguns centímetros mais alta que meu tio, já que ela usava um salto enorme e um vestido bem curto. — O senhor tem sobrinhos encantadores! Eu sempre sou muito bem recebida por eles! — Ela falava com a simpatia de sempre. 

 

— Obrigado, mas eu não tive nenhum mérito nisso. Eles são rapazes de ouro mesmo. — Foi então que se virou para o Alves. — Parabéns pela namorada, rapaz. Ela é muito bonita e simpática. — Elogiou. Eu só rolei meus olhos para o Felipe e o Nando que ficaram lado a lado e eles também não estavam entendendo nada. 

 

— Tio Miguel, eu tenho muita sorte mesmo! — Alves chegou ao lado da Ramona, o cumprimentando também. 

 

— E você, rapaz? Está cuidando bem da Victoria? — Voltou-se para o Sato. 

 

— Dou minha vida pela minha princesa! — Ela beijou a bochecha da namorada. 

 

Meu tio era sempre assim. Na cabeça dele, homens tinham o dever de protegerem as mulheres e nada seria capaz de mudar isso dentro de sua cabeça do século XX, mas eu não achava isso ruim, desde que ele fosse gentil com meus amigos e não abrisse a boca para falar nenhuma bobagem para eles assim como havia dito a mim quando descobriu sobre meu namoro com o Felipe. 

 

— Tio, me ajuda com as carnes? — Nando o chamou, retirando-o da conversa animada. 

 

— Claro! O que vocês estão preparando? — Ele logo foi até o meu irmão. Sei que ele fez isso para retirar meu tio do meio dos meus amigos e não cometer nenhuma gafe. 

 

— Está tudo bem? — Felipe chegou ao meu lado, fazendo carinho em minha bochecha. 

 

— Eu acho que sim, eu só me assustei com a chegada de surpresa do meu tio e fiquei com medo de como ele reagiria. — suspirei. 

 

— Ele está se saindo bem. — Felipe sorriu. 

 

— E você também! — retribui o sorriso e me virei, vendo o Tiago se sentar ao lado do Everton, o abraçando pelo ombro. 

 

— Seu tio gosta de aparecer de repente! — ouvi o Sato comentar chegando ao meu lado. 

 

— Acho que ele fica sempre esperando nos pegar no flagra fazendo alguma coisa muito errada. — Suspirei mais uma vez. — Eu vou falar com ele. Vocês podem ficar a vontade. — Dei um beijo na bochecha do meu namorado e fui para a churrasqueira, onde meu irmão e meu tio estavam começando a colocar os aperitivos no fogo.  

 

— Cadu, você ainda gosta dessa marca de pão de alho? — perguntou quando me viu se aproximando. 

 

— Claro, tio. — O encarei e ele percebeu que não era da comida que eu queria falar. 

 

— Eu fui até o apartamento de vocês, mas não tinha ninguém, então resolvi vir dormir aqui achando que não teria ninguém, mas cheguei no meio de uma festa. — Ele explicou.

 

— O tio queria voltar embora, mas eu o chamei para entrar. — Nando completou. 

 

— Tudo bem para você e seus amigos a presença de um tio velho e chato, Cadu? — ele me encarou.

 

— Pare com isso, tio! Todo mundo gosta de você! — Respondi. 

 

— Menos o seu namorado. — Ele retrucou. 

 

— Não é assim, só acho que o senhor deve conquista-lo. — Provoquei. 

 

— Tio, o Felipe é um cara legal, mas ele tem motivos para ficar desconfiado na sua presença, não é mesmo? — Meu irmão cutucou. 

 

Tio Miguel só lançou mais um olhar para meu namorado e meus amigos, não dizendo mais nada. 

 

— E os estudos, como vão? Os vestibulares estão se aproximando. — Emendou. 

 

— Eu estou bem, não tive mais crises de ansiedade. — Respondi.

 

— Então, você e ele estão se dando bem? — Passou os olhos brevemente pelo Felipe que conversava com o Sato e o Alves. 

 

— Sim, nós estamos melhor do que nunca. — Respondi. 

 

— Gostei dos seus amigos novos. Bem animados. —Engoli a seco. Sério isso? — Aquela moça, Ramona, não é? Bem simpática e educada. 

 

Encarei meu irmão e ele também não sabia o que dizer. 

 

— Tio, a Ramona, ela… — Será que eu deveria falar? Mas se meu tio não entendesse quem era ela, talvez cometesse alguma gafe. 

 

— Ela é diferente. Eu já entendi, Cadu, não sou cego, mas isso não é motivo para eu tratá-la diferente, não é? Ela é como a Victoria e a Beatriz, não é? São suas amigas, então eu vou tratá-la como se a conhecesse desde menina, ou menino, tanto faz. — E voltou para a carne, pegando uns espetinhos de coração e colocando sobre a grelha. 

 

Não me segurei. Abracei meu tio pelas costas dele. 

 

— Obrigado, tio! — Agradeci honestamente. 

 

— Obrigado pelo que? Não estou te fazendo nenhum favor. — Ele retrucou, mas não afastou meu abraço. 

 

— Obrigado por aceitar meus amigos e principalmente por aceitar a mim e ao Felipe. 

 

— Não estou fazendo nada demais. Pare de fazer parecer que  é grande coisa. — desbundara tapinha nas minhas mãos e se soltou. 

 

— Tio, o que o senhor está fazendo é mais do que uma grande coisa pra mim. — Encarei seus olhos serenos.

 

— Eu sei, Cadu, mas não precisa ficar falando assim desse jeito. O coração desse velho não é uma manteiga que derrete fácil. Vai lá com seus amigos e com seu namorado! Eu te ensinei a receber bem as visitas, então o que você ainda está fazendo aqui? 

 

Eu só ri e meu irmão riu também. Meu tio não dava o braço a torcer, mas o que ele não fazia por nós dois? Até tinha abandonado os preconceitos de toda uma vida e agora estava fazendo um churrasco para meus amigos e meu namorado. Eu não poderia estar mais feliz, nem poderia estar mais em paz. 

 

— O que foi? — Felipe me perguntou quando eu me sentei ao seu lado. 

 

— Nada, só meu tio que parece outra pessoa. 

 

— E isso é bom? — Estava desconfiado. 

 

— Melhor impossível! — Dei um selinho em meu namorado, deitando minha cabeça em seu ombro e entrelaçando nossas mãos. Quando olhei novamente para a churasqueira, meu tio nos observava. Fui pego de surpresa pelo seu olhar, mas ele abriu um sorriso pra mim e logo falou algo com o Nando, desviando o olhar. Ele estava cada vez mais acostumado com nosso namoro e eu não estava cabendo em mim de tanta alegria. Meus amigos aqui, ao meu redor, minha família e meu namorado. O que mais eu poderia querer? Tudo estava em paz, pelo menos por enquanto. 


Notas Finais


E então, gostaram do capítulo?

Puderam rir um pouquinho? Quis trazer um momento descontração com os amigos e espero que tenha conseguido.

Ramona e Alves mais firmes do que nunca. Quem diria que aquele pegador desapegado e que fez tantas merdas no início da fic se tornaria um cara responsável, trabalhador e tão protetor com sua namorada? Gostaram?

Tiago e Felipe finalmente se dando bem. Ciúmes ainda existe, mas agora sob controle e certamente dará uma pitada mais gostosa nesse romance.

Tio Miguel fazendo mais uma visita supresa. O que será que isso nos reserva?

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Até a próxima 🥰


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