-Nesse momento eu estou bem tentado a chutar o traseiro do seu namorado. - Siwon resmungou para mim, olhando o relógio de pulso que lhe dizia que o Hyuk estava uma hora atrasado.
-“Namorado” o cacete. - … o dia que aquele desgraçado virar namorado de alguém será o dia em que as Coreias virarão um único país novamente.
Ter jogado minha camisa no Siwon, indignado com a palavra “namorado”, fez com que a tatuadora me olhasse enviesado. Ela tentava terminar o desenho no meu abdômen.
Não era uma tatuagem de verdade, embora estivesse perfeita como uma. Os desenhos imitavam as tatuagens dos atores do filme que o casal da série assistia no começo do episódio. A única cena que faltava para terminarmos o episódio 3 eram as curtas imagens que seriam colocadas na parte da imaginação do Hyukjae na cena de abertura do episódio, gravadas no formato de um extra para a emissora vender depois caso tudo saísse como o planejado e a coisa toda virasse um sucesso.
Sora havia chegado na hora certa, pedindo desculpas porque o irmão teria que chegar atrasado por um imprevisto em um compromisso marcado para aquela manhã, antes da hora agendada para começarmos a caracterização dos personagens. O motivo de o Siwon deixar de babar-ovo para o Hyuk, como estivera fazendo nos últimos dias, é que ele havia conseguido um horário para que eu levasse os documentos para o meu passaporte e teria que ser aquela tarde ou precisaríamos atrapalhar as filmagens para marcar outro dia.
Não havia tempo sobrando, com a viagem tão próxima, e eu ainda precisava do visto.
Se não fosse ferrar minha vida, eu torceria para que o Eunhyuk se atrasasse ainda mais e me fizesse ficar além do horário.
-Isso é o universo nos enviando uma mensagem. - falei. -Para você parar de ficar por aí dizendo que ele não é um filho da puta.
Siwon me encarou divertido.
-E para você? Qual é a mensagem?
-Para não ouvir suas merdas. - abaixei o olhar para a tatuadora que analisava seu trabalho com apreciação, não só por causa do desenho, e disse a ela: -Você deveria assinar.
Meu tom saiu mais sedutor do que eu planejei.
-A verdadeira obra de arte aqui não fui eu que fiz. - devolveu no mesmo jeito de paquera, tirando as luvas manchadas das cores que havia usado. Ela era bonita, muito, do tipo segura de si o suficiente para flertar por esporte. - Pode tirar sua calça? O próximo desenho é na panturrilha.
Foi muito adulador o jeito como a moça alisou minha pele bronzeada quando me sentei só de boxer e apoiei o pé no descanso de braço na outra ponta do sofá, seguindo seu pedido.
-Acho que eu esperava uma tanga de oncinha. - brincou, apontando para minha cueca.
Ri. Era uma boxer preta, bem comum.
-Espero que não esteja decepcionada.
Eu sabia que ela não estava. Sua expressão deixava bem claro, ao ajeitar um novo par de luvas em seus dedos me encarando.
-Você vai tirar para mim depois, de qualquer jeito.
-Ah, vou?
Ela anuiu, apontando para as folhas com o esquema das tatuagens do meu personagem e eu entendi o que quis dizer. Nosso curto diálogo morreu quando ela começou o desenho, concentrada como se o resto do mundo não existisse, e eu deixei minha cabeça descansar no colo do meu manager.
O pincel fino, como uma caneta, preenchia o esboço na minha canela com movimentos seguros.
-Não vai ficar excitado. - Siwon brincou, provavelmente vendo o sorrisinho que eu não conseguia apagar dos lábios.
-Tarde demais. - respondi, sem sequer abrir os olhos. - Me faz cafuné?
Fui chamado de “folgado”, porém, logo os dedos do meu amigo se embrenharam nos fios da minha franja com ternura.
-Tem certeza de que consegue filmar?
-Por que não conseguiria?
-Estou com essa impressão de que algo está errado desde que viemos da clínica direto para cá.
-Não pense demais, Wonnie. - sorri-lhe. - Eu estou bem.
Eu entendia seu pesar por não saber como poderia me ajudar com a história da minha mãe. Siwon tinha um sorriso apagado em seus lábios. Parecia que havia sido ele a pessoa com enxaqueca na noite anterior, e não eu.
-As vezes eu me esqueço de como você pode ser forte aí dentro. - disse.
Parece que eu também me esqueço.
Siwon havia ficado comigo, no meu apartamento, depois de eu ter gasto tudo o que restava da minha energia na gravação externa de ontem, suportando um Eunhyuk caprichoso e sorrindo para as pessoas que aguentaram o vento frio para nos ver filmar por cerca de uma hora. Ontem meu único plano era dormir confortavelmente, sem pensar em nada do que fazia minha cabeça girar.
-Parece que fazem décadas que a gente não se esfrega um pouco. - comentei com o meu manager gostoso que deixara suas roupas na minha cômoda e se ajeitara na minha cama, de frente para mim, só de boxer.
Ele não estava ali para ter sexo comigo, mas bem que poderia ser – se eu não tivesse amor à minha vida. O Siwon limitou-se a acariciar meus braços, aquecendo-me com seu olhar carinhoso que demonstrava que não havia deixado de me amar e nunca deixaria.
O remédio para dor estava me derrubando. Quase não conseguia mais manter meus olhos abertos.
-Wonnie... – chamei.
-... Pode dormir. – sussurrou suavemente. - … Eu não vou a lugar algum.
Talvez eu tenha recebido um beijinho de boa noite ao me aconchegar melhor, pertinho dele. Não sei.
Nós acordamos juntos esta manhã. Siwon estava adorável com a franja para baixo, bagunçada, e a barba por fazer. Seus olhos inchadinhos sorriam para mim ao sumir no meu banheiro para uma ducha rápida enquanto eu preparava nosso café da manhã e deixava o silêncio alinhar meus pensamentos e minhas vontades, mostrando-me todas as formas em que eu estava agindo diferente do homem que eu me orgulhava de ser.
Na minha cozinha minúscula eu decidi que colocaria minha cabeça no lugar, só um item me preocupava:
-Então já sabe como vai lidar com o Eunhyuk? – Siwon mudou o assunto para algo supostamente mais leve. Seus dedos ainda estavam embrenhados nos fios do meu cabelo, no camarim.
Não fazia nem a mínima ideia - porém conseguia imaginar direitinho o que o Siwon falaria se eu lhe contasse que fugi daquele demônio dos infernos ontem na sala de reuniões. Iria me jogar na cara que meu medinho era ridículo e, saco, como eu odeio quando esse cavalo está com a razão.
“Quando o Eunhyuk parou de ser o cara gostoso com quem você ficaria sem pensar muito, se tivesse conhecido em outra situação, para ser alguém que você acha que precisa odiar?”, ele questionaria e eu teria vontade de socar algum muro, de tanta frustração.
Tudo é muito confuso - a única coisa certa é que o Eunhyuk é um filho da puta desgraçado.
-Se você conseguir estar na mesma página que ele, as coisas não vão sair dos eixos.
Era um bom conselho e, como a maioria dos bons conselhos, também era fácil de falar e difícil de fazer.
-Eu não consigo. - o que nos trazia de volta à estaca zero.
Siwon suspirou, olhando para mim como se, de repente, tivesse virado a Oprah:
-Deveria tentar. O amor pode ser uma lembrança ou uma bênção.
Esse cavalo… Bati em sua coxa, com um humor leve. “Isso é de um drama, não é?”, acusei. A posição desajeitada fez com que o tapa, com as costas da minha mão, só fizesse barulho.
-É, mas você entendeu o que eu quero dizer. Dê uma chance.
“Uma chance” para o demônio foder minha vida, só se for. Infelizmente, talvez o Siwon estivesse com a razão de novo: eu cometi um puta erro ontem. O “erro” não era sobre querer transar com o Hyuk e ter dito “não”, mas, sim, por não ter imaginado que talvez a negativa o deixasse ainda mais decidido, como o belo mimado taradão que ele é.
Filmar nunca mais seria calmo e tranquilo (se é que algum dia já foi).
Minha falta de resposta encerrou a conversa junto da chegada do “assunto”. O Eunhyuk havia acabado de entrar no camarim, destilando toda a sua prepotência costumeira e usando um terno sóbrio e muito bonito.
Parecia um empresário chaebol e eu fiquei me mordendo de curiosidade para saber qual foi o compromisso que o obrigara a se vestir assim. De qualquer forma, a segunda tatuadora, que até o momento se limitara a ajudar a que continuava trabalhando nos meus desenhos, apressou-se para explicar ao Eunhyuk como faria o trabalho dela.
Não doeria se ele pedisse desculpas por ter se atrasado e a obrigado a mudar o que planejara de início, para que fosse mais rápido. Também não arrancaria pedaço me cumprimentar e mencionar que eu estava bonito com as tatuagens.
Qual é?! Eu, o cara com quem ele disse que queria transar, estava só de boxer, todo sexy, e o infeliz nem olhou na minha direção?!
-Na Coreia do Sul nós costumamos pedir desculpas se causamos inconvenientes à outras pessoas. - falei, sobre seu atraso, antes de conseguir me impedir. Ele é sempre mal-educado assim, estava perdendo meu tempo ali.
Hyuk parou o que fazia e virou para me olhar. Alguém não teve uma manhã boa, sufocado na gravata que ele tentava afrouxar.
-Quem foi o culpado por eu perder o meu dia de folga essa semana? - alfinetou.
Opa. Hoje era para ser o dia livre dele, se não tivessem reorganizado a agenda no domingo? Talvez o compromisso daquela manhã não tenha sido algo que ele pudesse remarcar mesmo com quatro dias de antecedência.
Aclarei minha garganta, engolindo minha réplica infantil do tipo: “e de quem foi a culpa por eu ter me machucado, seu macaco idiota?”.
Eu não ia me desculpar com o imbecil do Eunhyuk. Não, não ouse ser bom-moço com ele, Donghae, ele não -
-ISSO É UM CHUPÃO?! - ouvi minha voz cortar até os meus próprios pensamentos.
Puta merda, era um chupão mesmo! Ali, na junção do seu pescoço com seu ombro, onde a camisa esconderia se ele não estivesse tirando-a, a pedido da tatuadora.
Sora suspirou cansada, como se já tivesse brigado com o irmão sobre isso, e avisou à tatuadora que conversara com o diretor de antemão, para que fosse possível fazer algum desenho para cobrir. O Eunhyuk não comentou nada, com a linha do seu maxilar tão afiada que eu poderia jurar que estava com raiva - exceto que ele deve ter gostado bastante da coisa antes de perceber que haviam marcado sua pele branquinha, seu “precioso instrumento de trabalho”.
Fechei minha boca (quando eu a abri daquele jeito de quem está indignado?) e voltei a deitar minha cabeça no colo do meu manager.
-Espero que você tenha usado camisinha.
Mesmo sendo um mimado do caramba ele só ia partir para o próximo idiota da lista e aceitar meu “não” tão fácil assim? Isso é bom ou ruim? E eu aqui sonhando que ele estaria sério sobre me querer. Se esse idiota olhasse para mim de novo hoje eu não ia responder bem. Porra, quer saber? Eu nem ligava, não ia mais prestar atenção nele.
Durante aquela manhã toda, Siwon causara em mim uma saudade possessiva. Ele procurava em meus olhos qualquer sinal de desconforto, todo carinhoso como sempre, e ergueu as sobrancelhas em uma pergunta silenciosa ao me pegar lhe encarando com tantos pensamentos intensos.
-Você é o homem mais importante da minha vida. - declarei.
Ele fez um som de agonia, como se eu tivesse sido piegas, porém seu rosto mostrava como havia gostado de ouvir aquilo. Tentei lhe arrebentar a cara por rir do que eu sentia por ele, mas só causei mais risos e uma repreensão da tatuadora por estar me mexendo outra vez. É por eu ter ficado mole com o meu próprio riso que esse cavalo conseguiu desviar dos meus punhos.
Não tinha como imaginar meu futuro sem o Siwon do meu lado. Aceitei as carícias que recomeçaram, perdido em pensamentos e lembranças.
A tatuadora fizera um ótimo trabalho na grande cruz cheia de detalhes que estampava meu peito.
Eu havia me depilado ainda naquela semana, minha pele continuava lisa, com um toque firme e masculino e aquele dourado que eu sempre tive. Sob a ponta dos meus dedos, seguindo aquelas linhas traçadas com tanto capricho, o calor morno do meu corpo me fez entender porque a moça parecera tão encantada com a “tela” em que pintara.
O desenho descia e descia, quase emendava um outro no meu flanco direito, na altura do osso do meu quadril, e ambos direcionavam as atenções ao contorno discreto dos meus músculos no fim do meu abdômen, que esculpia uma seta diretamente ao interior do cós baixo da minha boxer.
Espalmei minha mão sobre a tatuagem, brincando repetidamente com o elástico que delimitava seu fim. Bem depois é que fui perceber que a tatuadora não estava mais trabalhando na minha perna. Ela mantinha o olhar fixo em mim quando ergui a cabeça para lhe perguntar o que acontecera.
-Pode virar de bruços? - questionou, trocando de luvas. Seus olhos escuros pareciam brilhantes e cheios de uma vontade mal camuflada. -O próximo desenho é nos glúteos.
Eu me sentei para ver o resultado do desenho na minha panturrilha.
-Você é boa no que faz.
-Acho que você também é.
Em ser ator pornô?
-Sou bom em muitas coisas.
Era uma frase de efeito, ok? E o Siwon estragou, rindo às minhas costas. Cavalo imbecil. Por que ele está queimando meu filme?
A moça pareceu tímida enquanto eu me levantava e prendia os polegares no elástico da minha cueca. O sorriso de flerte dela não diminuiu, apenas se tornou mais dissimulado.
-Quer tirar para mim? - perguntei, mas uma terceira voz roubou a chance dela de escolher:
-Devemos sair da sala para vocês ficarem à sós?
Era o Hyuk, com sua voz de zombaria. Estava sentado em uma cadeira, com a perna esticada para que a tatuadora esboçasse a parte superior do dragão que se enrolava em sua coxa. Nu. Completamente nu e eu não conseguia mais fingir não ligar: meus olhos lhe mediram automaticamente.
Era como uma pintura grega, bem dotado, mas sem a folhinha para lhe cobrir e sem aviso dos efeitos colaterais que ficam impressos em sua mente para sempre depois de conhecê-lo. Sua pele perfeita ligava um interruptor em mim, de uma vontade incontrolável de encher minha mão com ela e fazer pior que o infeliz que o marcara com aquele chupão.
Entretanto… quem mandou o babaca falar comigo? Ele podia muito bem continuar sendo o imbecil de sempre bem longe de mim.
-Você disse uma vez que não gosta de plateia. - explicou, já que eu apenas lhe encarei irritado.
Por que estavam todos me observando? Reparando melhor, as conversas das pessoas que estavam na sala pareciam ter diminuído quando eu comecei a brisar, pouco antes - embora possa ter sido apenas impressão minha.
-Não gosta de se sentir admirado, não é? - ele continuou e eu me senti instintivamente ameaçado. Quem estava irritado com quem ali?
-Hyuk, quer parar de debochar da minha opinião? - … puta que o pariu, um dia eu ainda lhe ensinaria a ter um pouco de respeito.
Não era “não gostar de ser admirado”. Eu gosto de ser admirado, apesar de não ser no mesmo nível que o demônio zombando de mim - se não gostasse não teria conseguido trabalhar com câmeras por dois anos.
E por que, infernos, estavam dando tanta atenção ao fato de que eu precisava ficar nu? A única interessada deveria ser a moça bonita com quem eu paquerava. Mais cedo, quando eu tirei a outra parte da roupa, não haviam se importado tanto.
-Você por acaso decora tudo o que eu falo para usar contra mim? - … era a única explicação. - O quê? Por que você está me olhando assim? - inquiri.
Ele havia pedido licença para a tatuadora para abaixar sua perna. Inclinou-se para segurar minha mão e me colocar a sua frente, em pé. Não consegui discernir o que mudara em sua postura que me fez relaxar e complacentemente aproximar-me.
-O que f..? - comecei assim que parei ali, à frente dele, com meu peito ao alcance dos seus lábios. Hyuk deixou um beijinho um pouco acima da tatuagem no meu flanco, mais rápido que minha reação de segurar sua nuca para obrigá-lo a me olhar, acima de si.
Mas que porra…?!
- … Hyuk!
A exclamação saiu mais como um sopro expulsando todo o ar do meu pulmão do que uma advertência. Ele se deixou segurar, afastado de mim com a firmeza que eu impunha.
-Eu deveria estar com raiva de você... - ele disse (e vai entender do que estava falando). A mão que segurava a minha a colocou em seu ombro, deixando as dele livres para prender meu quadril, por cima do tecido fino da minha boxer.
Se você acha que deveria estar com raiva de mim, porque raios está me beijando, seu desgraçado filho da puta?! Esse maldito casanova sabia certinho como me derrubar - quando ele conseguiu me ler tão bem? Eu não tive tempo de construir alguma defesa.
Seus dedos me apertaram com vontade, sentindo a firmeza dos meus músculos.
- … mas não estaria “contra”. Eu quero lhe ajudar. - continuou, cheio de intenções e planos que eu não conseguia acompanhar, mas que enviavam um arrepio caminho abaixo na minha espinha.
-“Ajudar”? - Que ironia. Ele era quem mais fodia minha vida.
Hyuk estava tão forte impondo o que queria, que eu estaria indefeso se ele quisesse se aproveitar da posição. Depois me surpreenderia com o vídeo que algum dos câmeras filmava desse nosso “momento”, sem que percebêssemos mas já de sobreaviso, para acrescentar ao recorte de imagens do making-of. Nele, o Eunhyuk parecia mais como o submisso e eu, EU, inclinado sobre ele e completamente focado em seus olhos, sairia como quem o induzia.
Seria um mistério sem solução tentar entender como poderia ter parecido provocação minha que ele tenha subido sua mão até o desenho no meu peito, seus dedos mal tocando minha pele ao esboçar por cima da tinta completamente seca. E, merda, ele estava com aquele sorriso esperto nos lábios, predador, resumindo todo o quadro da minha visão.
-Preciso provar que quero ajudar? - sua questão tinha tudo para ser uma armadilha.
É foda. Eu estava preso ali, parado e hipnotizado com a vista dos seus toques descendo em meu peito. Eles requeriam toda a minha atenção concentrada naquele ponto, tentando sentir e me arrepiando perto da nuca naquela eletricidade única que nossos corpos criavam.
Umedeci meus lábios secos e anuí, porque queria pagar pra ver.
-Prova.
-Então eu ajudo você com sua boxer.
Sabe aquela coisa de querer fugir e ouvir sininhos de alerta na minha cabeça? Estava me deixando louco e terrivelmente irritado.
Sua palma cobriu o desenho no meu flanco, seguia exatamente o caminho que meus próprios dedos fizeram momentos antes - inclusive perderam um instante brincando com o elástico, dedilharam toda a circunferência da borda para fazer com que seus braços me rodeassem.
Puta merda.
“Você parece um rockstar”, comentou, e eu afundei meus dedos na sua pele, sem paciência alguma.
-Não brinca comigo.
O Hyuk não estava brincando. Sabia exatamente o que fazia quando puxou o tecido delicado para baixo, desde a parte de trás, para fazê-lo friccionar no lado oposto, em minha pele sensível e depilada, e raspar meu pênis.
-É um elogio. - endireitou-se quando o tecido caiu no chão. Eu me sustentei sob o escrutínio minucioso que me deu, desde meus pés descalços, até alcançar meu rosto. -Você está delicioso hoje.
Eu… estou…?
Siwon tossiu às minhas costas para aliviar o silêncio espesso no camarim (foi um som entre tosse e aquelas risadinhas assustadoras dele, não prestei a mínima atenção). Hyuk voltou a se sentar com a perna esticada e aqueles olhos quentes me seguindo. Eu estava como todo o resto das pessoas ali: prendendo a respiração sem perceber.
***
Minha pausa para o almoço foi grande o suficiente para que eu cogitasse dormir, uma vez que minhas tatuagens e maquiagem ficaram prontas muito antes do que as do Hyuk - infelizmente eu tenho um manager chato para caralho.
Ele estava rindo com algum programa de variedades que assistia pelo celular, com os fones. Girava na cadeira em que estava sentado, no camarim, batendo na coxa com sua risada exagerada que até lhe trazia lágrimas aos cantos dos olhos.
-Se você vai me dar a porra de um livro de inglês para decorar, deveria me ajudar, seu bundão filho de uma… - reclamei.
Siwon tirou um dos fones, ainda com aquele sorriso de Coringa.
-Você falou alguma coisa?
-“Me dá outro cacho de uvas”, eu disse.
-Ah! Aqui. - girou para pegar atrás de si, na cesta de frutas que havia me comprado porque eu não quis comer nada muito pesado. Eu estava sentado na cadeira ao lado e só precisei esticar a mão para pegar as uvas.
O Eunhyuk ocupava o sofá agora, muito quietinho estudando seu roteiro para o episódio 4 enquanto terminavam a tatuagem em sua nuca. A tatuadora que passara a manhã inteira me dando mole agora não olhava mais na minha direção.
Por que ela estava brava comigo?
-Ela ficou puta quando você riu do fora que ela levou do Eunhyuk. - Siwon pareceu ler meus pensamentos novamente, percebendo a direção para onde eu olhava. - Você não devia ter ficado tão feliz.
Ninguém a mandou ser doida o suficiente para tentar dar em cima dele. Ok: eu não deveria ter rido. Mas ela fez sua escolha quando resolveu parar de flertar comigo; buscara aquele fora por dissimuladamente ter sugerido que o Eunhyuk deveria pensar nela se quisesse um ménage com uma mulher, e ele, muito direto, mediu-a com toda a sua arrogância.
Sei exatamente o que ela sentiu, é irritante num nível extremo.
“Você não tem nada que me interesse”, respondeu por fim. Caramba, ele tinha até empinado aquele narizinho lindo enquanto a esnobava. Por que eu achei tão engraçado? Puta merda.
Eu era a terceira parte envolvida no que ela havia sugerido, deveria ter imaginado que ela ficaria muito brava e, ainda assim, não consegui evitar a risadinha.
-Ela não estava a fim de mim de verdade. - tentei me justificar para o meu manager, para desencargo de consciência. - … Quero dizer, ela começou a brincadeira comigo sabendo que eu sou gay.
Não só eu, como o Hyuk também.
-É, mas é tentador para qualquer um estar no meio desse fogo todo que você tem com o Eunhyuk.
Talvez eu devesse pedir desculpas à moça… mas, o que esse cavalo estava dizendo sobre mim?!
-Yah! - soquei o braço dele. Deve ter doído bastante, pelo som surdo que provocou. - Eu não “tenho fogo” com o Hyuk!
-O “Hyuk”, é?
Aish… Eu vou capar esse cavalo se ele continuar rindo de mim. Não era a porra de um apelido carinhoso, o Siwon podia muito bem desfazer aquele sorrisinho babaca. Só escapou sem querer… de novo.
-Com o Eunhyuk. - me corrigi. -Foi ele quem me implorou para chamá-lo de “Hyuk”.
-Ah, é? Ele implorou? - Siwon largou o celular na bancada e virou sua cadeira completamente para mim, com uma expressão exagerada de interesse. Epa… eu não pretendia lhe contar sobre o pequeno diálogo na sala de reuniões vazia. -Quando foi isso?
Que merda.
-Ontem, ué. - dei de ombros e enchi minha boca de uvas.
-Ontem onde? Que horas?
-Eebuis a-a heeuiããn.
-Quando?!
Ele ia pensar besteira sobre meu sumiço antes do nosso almoço ontem. Eu não sabia o que dizer e não dava para ficar mastigando para sempre. Por que eu fui abrir minha boca? O assunto nem era esse!
Teria que aguentar as piadinhas desse cavalo besta pelo resto da minha vida se ele se inteirasse de que o Hyuk deu em cima de mim ainda mais abertamente que hoje mais cedo. Até onde ele sabia, eu é que babava pelo ator desgraçado e, na cabeça embotada de sentimentos bons de paixões correspondidas do Siwon, talvez o Hyuk me curtisse também.
Inferno, o Siwon é realmente insuportável quando está com a razão - ainda que apenas parcialmente nesse caso.
-Hyukjae… - Sora entrou no camarim com sua graça feminina. Virei para saber o que ela diria porque não queria mais continuar o assunto com meu manager. - … falei com o Shindong. Ele quer que você faça 70 flexões e 50 abdominais para definir mais seus músculos antes das tomadas.
O ator abaixou o livreto do script e franziu os lábios. Se fodeu.
Nos meus dois anos como ator pornô, eu já havia sido requisitado a malhar antes de cenas várias vezes. Meus músculos não são definidos como os do meu manager, esse artifício ajuda bastante quando o personagem requer essa imagem forte e masculina. Você fica sarado e gostoso, porém já começa a transa exausto.
Ah, como a vida é linda quando cada um tem o que merece. Nem estou compadecido pelo Eunhyuk; ele precisa ocupar a mente ao invés de vir me tentar (ou tentar qualquer um com um par de olhos).
Sora bateu de levinho nos ombros do irmão para lhe demonstrar apoio.
-Estava pensando em lhe comprar um lanche. Não temos muito tempo antes de começarem a filmar. - ela disse, ganhando a atenção do ator. Ele deveria estar com fome. Bem feito, quem mandou se atrasar? Eu tinha tempo para degustar minhas uvas e foi exatamente o que fiz. -O que você quer comer?
Sua resposta decidida e sem hesitar era absurda e me fez engolir errado: o Hyuk ergueu o braço e apontou na minha direção.
EU?! A MIM?!
Engasguei.
Esse idiota não estava falando o que eu achava que estava, não é? Não, Donghae, ele está tentando envergonhar você. “Por que você pensaria que eu estava falando sobre comer você?”, ele vai jogar na minha cara daqui a pouco. Tenho certeza.
É isso.
-Acho que vai ter que explicar melhor. - Siwon botou lenha na fogueira, crente que o imbecil do Hyuk iria se declarar, aposto.
Esse mente-poluída estava pensando a mesma coisa que eu - e tem como não pensar merda quando é o ninfomaníaco-pornstar-Eunhyuk falando?
-Frutas. - exclamei, no entanto não havia sido para a cesta que o Eunhyuk apontara.
O ator me direcionou um sorrisinho divertido, do canto dos seus lábios cheios.
-É, frutas. - concordou. -É isso o que eu quero, não é, Aiden?
Ai, Jesus...
-É a única coisa que tem para querer aqui.
-Pode se servir, Sora. Tem bastante, nós até já oferecemos à equipe. - Siwon afirmou, empurrando a cesta para o meu colo, por cima do meu livro de inglês. - Divide com eles, Hae-yah.
Ei! O que era essa maldita voz de quem fala com uma criança do jardim de infância?
-Eu não vou levar lá. Não sou eu o interessado.
-Leva para o Eunhyuk, Donghae! É você quem tem que oferecer.
-Você já ofereceu duas vezes, com essa. Ele que não quis. E eu estou estudando.
-Para de fingir, eu sei que você não saiu da página 4 pela última hora inteira.
-Claro que já saí! - puxei o livro de debaixo da cesta e mostrei. -Só não tinha virado a folha ainda.
Siwon o tirou das minhas mãos e se manteve firme. Inferno. O Eunhyuk tem sorte de eu ser um cara tão educado.
Caminhei com a cesta até alcançar o sofá do outro lado da sala. A tatuadora já finalizava o desenho em que trabalhava, então o Hyuk pode erguer sua cabeça e me olhar.
-Pega o que você quiser. - eu disse, estendendo a cesta.
Haviam maçâs, uvas, peras e tangerinas.
-O que eu quiser?
Aquele par de olhos escuros queimaram sobre mim e eu quis choramingar tanto quanto me deixar naufragar na imensidão desconhecida que representavam.
-Obrigada, Aiden. - Sora respondeu pelo irmão mal-educado e eu agradeci a interrupção. Ela pegou algumas frutas que, imagino, sabia que seriam a escolha do irmão. - Nós comeremos bem¹.
-As maçãs estão muito boas, bem doces. - tagarelei, separando uma bem vermelha e viçosa para oferecer à moça, todo simpático.
-É? Obrigada. - seu sorriso bonito me deslumbrou por um momento. -Eu adoro maçãs.
-Essas têm um perfume delicioso também. - acrescentei, puxando suavemente seu pulso, que permanecia erguido por ter acabado de aceitar a fruta, para sentir mais uma vez aquele cheiro bom e nostálgico de maçãs frescas.
Apenas algumas eram tão fragrantes. Minha mãe sempre as encontrava com facilidade na feira da nossa cidade, quando eu era menino. Ela me levava consigo às vezes e eu lembro de como a casa ficava cheirosa quando ela fazia algum doce com elas e do seu tom de voz alegre enquanto as descascava, conversando com meu pai na cozinha, para comermos juntos depois do jantar.
Esbocei um sorriso charmoso enquanto assistia a Sora aproximando seu rosto da fruta para tentar sentir o que eu comentara. Acho que era a primeira vez que eu a olhava tão de perto - perto o suficiente para saber que a maçã não era a única coisa ali com um perfume ótimo. Ela me encarou de volta quando percebeu a proximidade, ou talvez fosse por esperar que eu respondesse sua pergunta, uma a qual eu sequer prestei atenção.
-Aiden? - Hyuk chamou. Estava com cara de poucos amigos, encarando como eu ainda tocava sua irmã.
Soltei a moça. Não queria morrer fuzilado por estar olhando demais, porém saber que o Hyuk consegue sentir ciúmes das pessoas que ele gosta foi interessante. Pensei que ele não era humano.
Sora não sabe como eu a invejava.
-Desculpe. - disse e a Sora aceitou. O que ela havia perguntado antes? “Maçãs são as suas favoritas também?” -Não sei qual é minha fruta favorita.
Eu não sabia de verdade, não tive muitas oportunidades de comer frutas depois que nos mudamos para Seul.
-Você não consegue se decidir em uma só? - Sora questionou, mantendo nossa conversa leve enquanto mordia sua maçã, tão doce quanto ela mesma.
-Ah, com certeza ele não consegue se decidir. - Hyuk comentou, muito mais como uma provocação que não tinha nada a ver com frutas.
-Não é isso. - rebati. Meu tom não era mais educado e charmoso como tinha sido com sua irmã. Essa praga de macaco dos infernos consegue me irritar como ninguém.
-Então deve ser porque você não sabe do que gosta.
Aish, cara chato.
-Eu sei do que eu não gosto. - agora eu é que não estava falando de frutas. E nem dele, por mais que fosse como eu queria que soasse, mas saí com a última palavra e é isso o que importa.
***
57... 58... 59... 60...
Hyuk parou para tomar fôlego, com o tronco sustentado pelos braços no chão do camarim. Fazia os exercícios que o diretor lhe pedira e poderia ter parado no 30, pois seus bíceps estavam marcados e muito apetitosos com aquele brilho saudável da pele perfeita dele.
-Acho que não preciso me preocupar com você resmungando que não quer mais gravar. - Siwon zoou, sentado ao meu lado.
Eu não teria dado atenção se ele não tivesse falado mais alto que seu tom de voz normal, para que todos no camarim ouvissem também – e isso significava as noonas da maquiagem, a figurinista e alguns assistentes.
Eles poderiam não ter entendido (se eu tivesse sorte), mas o homem lindo suando no chão um pouco a frente dos meus pés sorriu, todo dono-da-verdade, e voltou ao exercício.
Joguei no meu manager o talinho do cacho de uvas que eu já terminara de comer. Esse babaca não tinha nada mais para fazer além de cuidar da minha vida? Para que ser um funcionário tão dedicado?! Eu deveria colocar uma cláusula no contrato dele sobre ele me zoando.
-Não começa de novo. - avisei.
Se eu xingasse como queria, chamaria muita atenção para a brincadeira e a tornaria maior do que deveria ser. Eu precisava manter as aparências porque estavam filmando cenas para o making-of, já que a equipe não tinha mais nada para fazer, em stand-by. Eu não era o único quase babando ali, fixado na dança maravilhosa do corpo do Eunhyuk, nem tinha como negar que ele estava uma tentação só com a boxer e suas tatuagens.
62... 63... 64... 65...
Olha essa bundinha subindo e descendo, subindo e descendo, subindo e...
-Cansei. - Hyuk sentou no chão, com os tabletinhos daquela “chocolate bar” flexionados em uma posição confortável.
Meu livro de inglês para viagem permanecia no meu colo, como meu álibi. Dessa vez eu me lembrei de virar as páginas de vez em quando.
-Ainda faltam três flexões. - informei, muito prestativo.
Hyuk me encarou com nada bom vindo da sua expressão maliciosa. Como um anúncio de “sexo selvagem”, aqueles olhos delineados e o brilho de suor destacando suas tatuagens prometiam coisas perversas e irresistíveis.
-Quer vir tocar para ver se não é suficiente?
O que eu queria provar era sua pele acalorada, não apalpar seus bíceps como uma ahjumma assanhadinha – embora isso também parecesse bom. De fato, eu podia só sentar naquele colo dele e colar meu peito na sua pele quente e deixar nós dois suando, gemendo… Ok, chega.
Fiz uma careta para lhe mostrar como supostamente achei a pergunta idiota e me levantei para ir procurar o Shindong enquanto o Eunhyuk se vestia.
Iria pedir para assistir mais uma vez o trecho que encenaríamos do filme americano. Shindong me acompanhou, explicando novamente como seria a sequencia no cenário que a equipe havia montado no dia anterior.
A historinha era sobre o meu personagem, o Noah, que está a fim de um cara que faz academia com ele - o personagem do Hyuk, o Justin, irmão mais velho de um amigo do meu personagem. O filme original tem umas três ou quatro cenas de sexo entre os dois, mas a escolhida era uma no apartamento do Justin, quando acontece de o Noah ser convidado pelo amigo para irem, os três, à uma festa e “sem querer” chega meia hora antes do que devia lá.
Enquanto esperam o irmão mais novo para irem juntos, eles começam a beber e o Noah mostra como e quanto estava a fim de dar para o Justin.
Nós filmaríamos a partir do momento em que o Noah consegue que o Justin desista de resistir à ideia de comer o amigo novinho do irmão caçula, mas a cena só seria exibida inteira como um extra. Na abertura do episódio haveria apenas alguns cortes rápidos e meio que censurados.
-Estão prontos agora?
Ergui meus olhos da tela que exibia a cena premiada de oral para ver quem também havia sido englobado na pergunta do diretor.
-Puta que... - … pariu. Engoli meu murmúrio surpreso.
-Se o Aiden parece um rockstar, o Eunhyuk é a versão “porn”, não é? - algum engraçadinho soltou, ao parar o que fazia para ver o ator andar até onde estávamos, em frente às telas, no lugarzinho do diretor.
Ele vestia apenas uma calça de couro preto e caminhava diretamente para mim com tudo o que lhe deixava fodidamente gostoso aos meus olhos.
Ah, cara… Eu quase me encolhi para rezar pela minha alma quando senti a mão do ator desgraçado casualmente tocar meu ombro assim que nos alcançou. Ela desceu em queda-livre até a curva das minhas costas, parando no alto da minha bunda - não baixo o suficiente para que o acusassem de estar me apalpando, só o bastante para que eu quisesse que ele me apalpasse. Esse meio termo, entre o que seria considerado “amigável e discreto” e o que estava me fazendo perder o fio de raciocínio com a sugestão de que ele iria abaixá-la se eu me movesse, era ainda pior do que precisar ter forças para tirar as mãos dele de cima de mim.
Safado escorregadio. Era o mesmo que conseguia escapar para transar com o bundudo sem que ninguém mais notasse. Podia ser uma desgraça para mim, mas eu precisava admitir que ele tinha talento para ser um Don Juan.
Haviam retocado o delineador dele. Seus olhos nunca estiveram tão negros e hipnotizantes, prendendo os meus sem esforço algum.
-Isso! - Shindong comemorou, segurando nossos rostos pelo queixo para que prestássemos atenção no que estava falando. - É exatamente esse tipo de olhar que eu quero naquele set. Podem caprichar hoje, ninguém vai mandar vocês pararem. Só peço que gozem separados no final. Vamos começar.
Ele seguiu na frente até o cenário, rindo de satisfação sabe-se-lá por que. Eu teria tentado entender se não tivesse aquele pecado em forma de homem me mantendo consigo. A cada passo que eu tentava dar, a mão do ator descia um tiquinho mais baixo.
-Solta. - … não posso relaxar perto dele. Eu já disse o quanto ele me deixa ligado quando me toca? Ou quando abre aquele sorriso safado só para mim? Interrompi assim que abriu a boca para dizer qualquer merda que fosse o que ele queria falar: - Não. Eu não vou ouvir.
Se ele dissesse alguma coisa com aquela boca sexy dele, eu juro que ia perder a cabeça. Não precisava de muito para eu esquecer que não deveria querer pegar ele de jeito até nós dois estarmos exaustos e completamente satisfeitos.
Deixei-o com sua expressão divertida (deve mesmo ser engraçado mexer comigo, porque puta que o pariu…) e fui atrás do diretor.
Era uma coisa boa eu sentir que queria engolir até as bolas daquele homem que me deixava cheio de tesão? E fazer isso lhe encarando só para ver como ele pareceria quando estivesse com seus olhos refletindo seu prazer?
Por Deus, se controla, Donghae!
-Como a apresentação e a fotografia da adaptação precisam condizer com o resto da série, vamos começar com algumas tomadas que não precisam mostrar a ereção de vocês. Depois podem entrar no clima. - Shindong esclareceu.
O Hyuk parou perto de mim para ouvir também, bem às minhas costas. Eu estava no meio do pequeno corredor formado pelo sofá e o fim do cenário. O que eu queria saber era por que o ator abusado não me pediu para dar um passo para o lado ao invés de segurar minha cintura e olhar sobre meu ombro, deixando minha pele sensível com a proximidade. Cacete.
Não consegui me decidir se queria ou não que ele diminuísse aquela distancia ínfima entre a pélvis dele e a parte do meu corpo que ele estivera quase apalpando um momento atrás. É de propósito, não é? Ele está me provocando.
Preferia quando ele fazia isso verbalmente e eu podia responder. Se eu quisesse responder à altura agora não ia prestar.
-Precisa mesmo desses holofotes? - perguntou. Menta… sua boca vai ter o mesmo gosto bom de menta quando nos beijarmos.
-O que tem a iluminação? - questionei, tentando me situar no diálogo ao invés de fixar meu olhar na boca que eu queria provar.
-Está brincando? Esses são ainda mais quentes do que os que usaram naquele filme que fizemos juntos.
O ponto principal aqui é que eu nem havia prestado atenção de verdade no cenário ainda. Meus olhos estavam fechados em um deleite proibido, porque o Eunhyuk havia se virado para mim, para me responder, e sua respiração passara a soprar em meu rosto e pescoço.
-Eu quero os dois quentes e suando. - Shindong falou.
-Suando demais. Não precisa disso. - o Hyuk garantiu.
-Pensem por esse lado: vocês serão as pessoas mais aquecidas nesse estúdio. Está frio hoje, não é a toa que estamos todos usando blusas aqui.
Não servia de muito consolo. O ator desgraçado que ia contracenar comigo já era mais do que suficiente para me queimar. Eu já estava sentindo calor só por ele estar me aconchegando em seus braços.
-Dá para… - comecei a murmurar, mas eu não fui o único a aproveitar a pausa que o diretor fez na explicação ao ir pegar a garrafa de cerveja cenográfica com algum assistente: o sussurro baixinho do Hyuk, apenas para que eu o ouvisse soando bem colado ao meu ouvido, interrompeu-me.
-Você está sem cueca como o Noah do filme?
O calor das suas palavras e o jeito como seus lábios me tocavam escancaravam seu desejo.
Eu estava. Se ele me apalpasse de verdade, talvez sentisse a falta do tecido por baixo do jeans que eu vestia. Isso o provocava? Saber que só precisaria abrir minha calça para me ter?
-… me largar? Dá para me largar? - fiz as palavras saírem pela minha boca seca e me desvencilhei das suas mãos. O diretor já estava falando como queria as tomadas, eu não podia me distrair.
Ele me seguiu de perto. Puta merda, vai se foder, Eunhyuk. Para de ferrar minha concentração!
-Aqui, Eunhyuk. - Shindong entregou a garrafa ao Hyuk e eu fui a próxima pessoa a quem direcionou suas palavras: - Você assinou o termo de responsabilidade? Não é para ser uma cena de oral forçado, mas, entre a cena muito bem feita no filme e isso, a linha é tênue.
-Sim, eu assinei.
Isso significava que ninguém seria culpado se eu acabasse todo ferrado.
-Ótimo. Não acho que vocês vão errar a mão, são só formalidades. O Noah queria isso pra se sentir dominado.
É. Ele queria muito.
-Aiden, - Shindong começou, perguntando ao Hyuk. - … quanto tempo precisa para se preparar para a penetração?
Pensei com cuidado. Desde que eu não queria me machucar e o Eunhyuk precisava colocar força na penetração desde o começo, talvez… talvez uns…
-Pode continuar filmando sem pausa. - Hyuk falou e eu virei para olhá-lo. Ele continuava perto demais, atrás de mim.
-Não, - corrigi. - … eu preciso de uns cinco minutos, pelo menos.
Hyuk tocou meu ombro para chamar minha atenção, espalmando a parte superior do meu braço exposto pela minha regata branca - e depois a maldita mão continuou lá.
-Eu quero fazer isso por você. - informou e então voltou ao diálogo com o Shindong para confirmar: -Você disse que não ia nos interromper, não é?
Ninguém ia reparar que ele estava me alisando? Que a mão dele descia devagar em direção ao meu pulso e parecia ter um toque mágico, fazendo tudo em mim vibrar cheio de vida? A mão que me fazia imaginar certinho aquela carícia descendo em meu abdômen até o meu pênis ou subindo pelo interior das minhas coxas?
-Eu disse, sim. - Shindong anuiu, aceitando o pedido anterior sem me consultar. -Estamos sem tempo mesmo, mas se vocês saírem do conceito ou seguirem algo que não pode ser editado, vão precisar parar e refazer.
Eu tinha algumas coisas a falar a respeito do Eunhyuk me tocando além do que estava escrito no roteiro, por que o Shindong não me deixou protestar, inferno?!
-Diretor!
-Você não quer? Por quê? Se ele diz que quer fazer você relaxar e se sentir bem, você aceita. Faz seu trabalho mais fácil.
Minha lógica dizia que o Shindong estava certo, e eu concordaria com ele em qualquer momento - se não estivéssemos falando do Eunhyuk.
-Não vamos perder mais tempo. Todos prontos? - Shindong desceu do cenário como se a discussão estivesse terminada.
Ignorei a expressão da equipe mais próxima para o Hyuk, variando entre “se deu bem, hein?” e risadinhas de “safadinho, não quer ser interrompido, né?”, para perguntar ao causador de todas as confusões da minha vida ultimamente:
-Por que você quer fazer isso?
Seu interesse podia ser considerado repentino e suspeito. No mínimo estava planejando me enlouquecer mais um pouquinho.
-Deu vontade, olhando para você agora.
A voz macia que ele usou quase me fez ronronar. Ótimo: eu estava arrepiado - e meu ego agradecia o mimo por mais que eu tentasse controlá-lo.
Maravilha, Donghae. Seus dedos agora subiam em meu braço, no caminho inverso da primeira carícia. Seguiam os padrões de flores e folhas desenhados ali, feitos para dançarem sobre meus músculos com cada um dos meus movimentos.
-Ok, mas eu não vou retribuir o favor.
A marca do chupão em seu pescoço estava coberta com um diabinho que tinha o sorriso decadente igual ao que ele próprio abriu para mim, brincando com minha pele eriçada.
-Você sabe que vai.
É, eu conhecia a mim mesmo o suficiente para saber que seria pego no meio do calor do momento. Ser sincero era uma bosta que fodia minha imagem de homem fiel aos meus valores e às minhas decisões.
Afastei meu braço do seu toque.
-Não pense que isso muda minha resposta sobre ir pra cama com você pra matar sua curiosidade.
… ou o fato de que ele não merece meu carinho.
Enquanto os câmeras acertavam os últimos detalhes dos equipamentos (escutando nossa conversa com interesse excessivo, que eu sei) e o Shindong se ajeitava na sua cadeira, Hyuk se sentou sobre o braço do sofá, apoiando os pés sobre o estofado ao lado de onde eu mesmo estava.
-Qual é sua desculpa hoje? - o ator me questionou, olhando-me de cima.
-Nenhuma. Só não vou fazer isso.
Eu me sentava meio de lado, com a coxa sobre o sofá e dando batidinhas leves nos meus lábios para disfarçar o brilho do hidratante que a moça da maquiagem havia me passado antes, com o pretexto de que minha boca ficaria irresistível no vídeo.
-É algum principio seu não sair com seus companheiros de trabalho?
-Pode colocar assim, se quiser. - … e era verdade, ao menos com os do meu trabalho como ator pornô. -Seria estupidez para nós dois. Além disso, você não chegou a me chamar para sair.
O Eunhyuk havia sido claro sobre o que ele queria comigo, a escolha de palavras dele agora é que havia sido curiosa. Talvez...
-Mas você sabe que seria divertido. - ele argumentou.
Encarei-o, cansado. Desiste, Donghae.
-A gente já vai passar mais 17 episódios transando, não é suficiente para você enjoar de mim?
Pra mim não era. Ele foi quem ficou indignado por ter que gravar 20 cenas de sexo com o mesmo cara. Peguei você. Posso dizer que venci aquela discussão também, apesar de o Shindong ter impedido qualquer tipo de resposta que pudesse existir quando começou a nos conduzir nos takes em close que queria, das nossas mãos deslizando no corpo um do outro e da minha língua circundando a delícia cor de chocolate que eram os pequenos mamilos do Hyuk.
Ah, como eu gostaria de tomar meu tempo fazendo isso, até que esse ator desgraçado gemesse e perdesse a paciência com a provocação deliberada. Eu estava meio ereto quando fomos nos ajeitar para a cena principal. Tinha o gosto da pele do homem dos meus sonhos na boca e seu corpo quente contra minhas mãos.
Esses momentos me convenciam de que, depois que eu me aposentasse e estivesse bem longe desse macaco, ainda lembraria por muito tempo do filho da puta que me fazia esquecer o mundo inteiro só por me olhar com fome. De um jeito retorcido, ele seria uma boa lembrança e eu finalmente entendi o que o Siwon me dissera mais cedo.
-Você consegue mesmo atuar em algo que não envolve “amor”? - Hyuk questionou e lá estava de novo seu desdém pela minha opinião sobre o amor em si.
Jogue fora o que eu disse antes: vou passar o resto da minha vida xingando até a oitava geração desse desgraçado imbecil. Puta merda.
Ele esqueceu que eu sou um ator pornô como ele? Porque, sabe, eu sou sim. Tão bom quanto.
-Você já vai descobrir. - falei entredentes, ajoelhado entre suas pernas no sofá.
Se ele voltar a me tratar como um novato que vai sair correndo chamando pela mamãe, eu juro que lhe faço engolir as palavras que usar.
-Podemos combinar um sinal para o caso de você pensar que não vai aguentar.
Isso seria gentil da parte dele, se o idiota não tivesse feito soar como se eu fosse estar admitindo minha inferioridade se aceitasse. Eu estava de saco cheio de lidar com esse macaco irritante.
Ri, sem humor. Eu devo ter parecido muito inseguro essa semana.
-Hyuk, - comecei, e só no som duro do seu nome consegui toda a sua atenção. -... você me pegou num mau dia. Agora eu estou com uma puta vontade de mostrar para você e pra equipe inteira que eu consigo fazer gagging, então o único sinal que você vai receber vai ser se não estiver indo fundo o suficiente.
Eu queria dizer aquilo e o desgraçado entendeu, porque não teve resposta alguma para me dar nos próximos segundos em que nos encaramos, até o Shindong nos pedir para ficarmos prontos.
-Aiden, - Hyuk chamou daquele jeito firme que mexe com algo primário dentro de mim. Ele estava rouco e com o olhar pesado. - … põe sua língua para fora.
-Pra quê? - rebati, espalmando minhas mãos em seus joelhos para me erguer quase da sua altura.
Não era o que ele queria ouvir. A mão que não segurava a garrafa de cerveja agarrou meu cabelo, definitiva assim como seu tom:
-Põe.
Meu primeiro instinto foi me soltar. Eu não queria ceder em nada para esse desgraçado - só que ele fica gostoso mandando e meu ego estava amando conseguir mexer com esse demônio tão rápido.
-Agora.
O som da claquete marcando o começo da atuação coincidiu com o movimento tempestuoso do Eunhyuk para expor minha boca, levantando meu rosto, ao mesmo tempo em que ele abaixava o dele. Eu pus a língua para fora como ele queria, sem dizer um “A” a mais mesmo quando senti a dele deslizar pela parte inferior da minha e seus lábios cheios se fecharem ao redor, tocando de leve os meus. Hyuk chupou e foi um nocaute antes mesmo que eu começasse a brigar.
Até deixei de me irritar com a insistência dele em controlar o que eu fazia.
Seus olhos pareciam lagos imensamente negros, encarando minha reação naquele começo de beijo onde ele exigia tudo. Ele queria me sentir e então queria que eu movesse minha língua com a dele. Seu ritmo me deixou sem fôlego, no meu limite para lhe responder propriamente como seu desafio silencioso demandava.
Não era exatamente assim que deveria ser - o roteiro pedia um beijo molhado, não um tipo lascivo e atordoante de sexo oral que não envolvia nada mais que nossas bocas.
Aquela mão nos meus cabelos contornou meu queixo, empurrando-me para longe um momento antes de eu ficar sem ar.
Hyuk se endireitou para beber um gole longo da sua cerveja, indiferente ao meu estado. Minha boca estava formigando, vazia. Porra, ele não podia me deixar sem saber o que fazer só com um beijo.
Movi minhas mãos para sua cintura e me inclinei para alcançar outra vez aqueles dois pontos cor de chocolate que eram seus mamilos, numa tentativa pobre de seguir o que eu havia quase decorado junto do Shindong. Raspei meus dentes ali porque lamber se tornara insuficiente para o tamanho da minha vontade e isso conseguiu a atenção do Hyuk e o retorno daquela mão rude puxando meu cabelo liso.
“Ele é meu a partir de agora”, eu deveria transpassar essa ideia, assim como meu personagem pensa desde que consegue a atenção do cara com quem ele sonha há muito tempo.
-Você disse que quer me chupar, Noah?
O desejo carregava sua voz com um tom escuro. Ele estava excitado e ia fazer o que estivesse com vontade porque o diretor nos deixou livres para terminar a cena como quiséssemos, mantendo a ideia original do filme e o trecho que seria exibido no episódio da série.
Anui, depois de uma ultima lambida ao redor do seu mamilo. Hyuk tocou meu queixo com seus dedos, deslizando-os quase numa carícia apreciativa.
Eu parecia bem mais novo com a franja lisa e para baixo daquele jeito, meio tampando meus olhos. Ao menos a intenção era essa quando a maquiadora decidiu meu visual, deixando os fios brilhantes e parecendo finos como cabelo de criança.
Foi com essa carinha de adolescente safado que eu estendi uma das mãos para acariciar o volume sob a calça do Hyuk.
-Sou doido para sentir o seu gosto.
-Então não passa vontade, bebê. - ele disse, entornando o que restava da sua cerveja e colocando a garrafa vazia na mesa de telefone atrás de si.
Seus movimentos eram decididos, ele desabotoou a calça com apenas uma das mãos, sem tirar os olhos de mim, daquele jeito sacana de quem sabe o estrago que causa nas pessoas quando dá aquele maldito sorriso de canto - assim como provavelmente fez em muitos dos seus filmes.
-Você não vai conseguir dançar depois que eu terminar com você. – avisou.
Impaciente, separei mais os lados abertos da sua braguilha. Sua semi-ereção estava quente, endurecendo sob meus dedos.
-Não foi para ir àquela festa que eu vim aqui.
Curvei-me para frente, apoiado em suas coxas, para fazer bom uso da minha boca (assim como dizia o script que eu ainda conseguia lembrar) e achar, por sobre o tecido, a ponta sensível de seu pênis. Fechei meus lábios sobre ela, fazendo pressão na carne macia e quente.
Hyuk se moveu sob mim, empurrando mais o couro da sua calça para baixo. Assim eu poderia ter espaço para tirar seu pênis da sua prisão e foi o que eu fiz.
Seu cheiro me fez salivar.
Não é difícil atuar como alguém cheio de desejo quando você curte o seu parceiro. Minhas cenas iniciais costumam não ser muito interessantes para mim, mas, porra, eu estava ardendo de vontade de chupar até a ultima gota que pudesse do Hyuk. Ele me deixava excitado com a mão embrenhada em meu cabelo, num agarre firme, empurrando meu nariz contra os pelos curtos da base do seu pau grosso.
Lambi o que eu podia, ávido por tudo o que ele quisesse me dar. Minha língua deslizou pela lateral do seu pênis, empapando aquele lado com minha saliva antes de ele me deixar subir. E eu fui todo o caminho até sua glande, até envolver aquela ponta sensível com meus lábios umedecidos e livrar uma das minhas mãos para me ajudar a tocá-lo.
Olhei para cima, procurando sua aprovação. Hyuk estava com a cabeça tombada para o lado, tentando não perder nem um segundo do que eu fazia. Sua atenção silenciosa me fez imaginar como seriam seus gemidos hoje.
Desci meus lábios sobre seu comprimento, acolhendo-o na minha boca. Hyuk ainda não estava totalmente ereto, eu sabia que ainda poderia ficar maior e mais duro antes que começasse a vazar pré-gozo.
Prendi minha mão ao redor da sua base com firmeza, subindo enquanto eu também subia minha boca para liberá-lo dos meus lábios, com a trilha de saliva brilhando para ajudar a deixar mais suave o contato com minha palma áspera. Quando empurrei minha mão para baixo, espalhando a umidade, a pele delicada do pênis do Eunhyuk acompanhou o movimento até expor toda a glande, esticando o frênulo.
Hyuk soprou seu fôlego num suspiro audível, correndo livremente sua mão no meu cabelo para afastá-lo do meu rosto mesmo que parecesse uma tarefa sem sucesso; os fios deslizaram novamente por entre seus dedos quase imediatamente.
Ele queria ver quando sentiu que eu forçava, com cuidado, o freio sensível, brincando com minha língua na junção e sobre sua glande, porém desistiu para jogar sua cabeça para trás com um murmúrio de prazer porque eu havia lhe encaixado novamente em meus lábios.
Agora ele estava no clima de verdade e quem quase gemeu fui eu, soltando-o para ver acumular pré-gozo na ponta macia do seu pau. Brilhou e escorreu como o anúncio lascivo do seu desejo, sob o movimento que eu fazia para masturbá-lo com vontade. Eu lambi, cheio de fome.
Me dê mais do que isso, Hyuk. Vai.
Me domina.
Seus olhos cintilaram como se entendessem o que os meus expressavam. Havia um gostinho de ousadia na minha língua que me fez cortar o contato para puxar aquela merda de calça mais aberta e abaixar mais sua boxer para ter mais espaço. Suas bolas cabiam perfeitamente na minha boca, não pensei muito antes de ter minha língua atiçando aquela pele sensível e molhando tudo para deslizar mais fácil.
Eu deixaria para me incomodar com o quanto tudo aquilo parecia certo depois que terminasse de enlouquecer o Hyuk do mesmo jeito que ele me enlouquece. Ele gemeu - e eu acho que não era nosso teatrinho de ator pornô.
Não era falsa a forma como as veias da sua ereção pulsaram sob meus dedos, como suas bolas se apertaram na minha boca ou como ele nem hesitou antes de me puxar de volta para o seu pau, agarrando meu cabelo com mais força que antes.
-Chupa. Eu quero ouvir você engasgar. - ele ecoou pelo estúdio num tom autoritário que eu nunca havia escutado vindo dele.
Cada nuance enriquecendo sua voz deslizou pela minha coluna como um arrepio sedutor. Eu me curvei, erguendo meu quadril sem vergonha alguma da mensagem clara que passei, sobre o que eu queria que ele fizesse para apagar meu fogo.
Hyuk usou sua outra mão para prender minha franja longe dos meus olhos, segurando-me tão perto da sua ereção que eu poderia sentir seu gosto novamente se colocasse minha língua para fora. Não que eu não tenha feito exatamente isso, encarando-lhe com todo o tesão em mim exposto, porém esperei até que ele terminasse de admirar a curva perfeita das minhas costas naquela posição - ajoelhado à sua frente, apoiado em suas coxas e quase agoniado com o toque áspero da braguilha da minha calça contra a minha própria ereção, mas precisando do esfregar sofrido do tecido em mim mesmo para não perder a cabeça de vez e usar minhas mãos para me tocar ao invés de manter meu equilíbrio.
Eu sentia como se fosse pegar fogo literalmente quando suas mãos fizeram valer sua ordem anterior, forçando o movimento da minha cabeça na sua direção. Deixei que ele deslizasse dentro da minha boca todo o comprimento do seu pênis que eu conseguiria tomar e continuei mesmo depois que seu toque rude cedeu, como se ele não esperasse que eu estivesse pronto para fazer deep throat logo de primeira.
Eu estava, sabia como fazer isso do jeito que era suposto se fazer para parecer bem no vídeo, melhor até do que havia feito nos dias anteriores. Lidar com o reflexo de engolir, com a ânsia e com o incomodo de ter algo tão grosso forçando seu espaço na minha garganta foi relativamente fácil. A parte difícil foi perceber que eu havia deixado mais um pedaço de mim para trás quando podia ver as câmeras e quis, mesmo assim, entregar tudo de mim ao que fazia, sem prudência ou a reserva que me deixava incomodado com como pareceria na gravação, como sairiam os sons que eu fazia sem querer quando o Hyuk puxava minha cabeça para me soltar antes que eu sufocasse na minha própria ambição de tentar conseguir encostar meus lábios na linha dos pelos aparados na base do seu pau.
Mais do que apenas querer, eu senti um orgulho reprimido por ser eu ali, fazendo o que eu fazia. Todo meu suposto desconforto se tornava ínfimo se comparado com a satisfação de ver como o Eunhyuk mordia seu lábio inferior com o cenho franzido e seus olhos fechando por mais que ele quisesse se manter concentrado para não me machucar - e eu podia notar que era sua intenção, talvez por causa do curativo ainda na minha bochecha ou apenas por cortesia profissional. Seja o que fosse, ele sabia meu limite pelas gravações dos dias anteriores.
Empurrei seu quadril para me soltar, pegando fôlego enquanto lambia o excesso de saliva escorrendo pelos meus lábios sensibilizados. O movimento forçou minha coluna em uma curva desconfortável, mas perfeita na maneira como roubou a atenção do ator para o pedaço de pele exposto pelo deslizar do tecido da minha camiseta folgada. A borda da regata branca se amontoou na minha cintura, na altura das minhas costelas, desnudando a parte baixa das minhas costas.
Eu podia sentir como o cós do meu jeans estava afastado da minha pele, por eu estar tão empinado. Tentei imaginar como pareceria o desenho tribal na minha lombar pelo ponto de vista do Hyuk, acima de mim.
Pareceria sexy, como que pintado para uma figura pagã relativa a sensualidade. Minha língua correu meus lábios, dessa vez esticados em um sorriso predador. A expressão do Hyuk denunciou que ele concordava comigo enquanto puxava o tecido leve da camiseta para longe das minhas costas bem talhadas.
Aquela pose gritava “me pega por trás” e o deixou ardendo sob meus dedos, suando para não fazer exatamente isso naquele momento. Suas mãos acompanharam o vão da minha coluna, que ia até a borda do desenho. Esse traço terminou com seus dedos escorregando dentro da minha calça.
-Hmmmm… - vocalizei minha reação sem querer, mordendo o final do gemidinho para contê-lo. Aperta com gosto agora, Hyuk.
Ao invés de fazer o que eu estava quase pedindo, o Eunhyuk deslizou suas mãos pelo caminho inverso nas minhas costas nuas, endireitando-se na minha frente. O toque parou na minha nuca, forçando meu olhar para cima e erguendo meu tórax para me alcançar em um beijo duro. O Hyuk me segurou contra ele com aquela sua pegada deliciosa abrasando minha pele onde ele tocavaava no meu ombro, e eu é que não seria o primeiro a me afastar.
Em meus joelhos, aproximei-me dele arfando pelo atrito que o movimento causou dentro da minha calça. Tudo o que eu podia fazer para não me tocar era rebolar devagarinho, discretamente - mesmo se eu quisesse me impedir de fazer isso, não conseguiria. Eu estava tão duro, puta merda...
Gemi de novo, sem querer, no meio daquele beijo, e precisei lidar com o empurrão em meus ombros, que recebi do Eunhyuk. Caí para trás, tentando entender o que acontecera antes de notar como o Hyuk empurrava sua calça pelas suas pernas para tirá-la com uma impaciência genuína. A boxer seguiu o mesmo fim, largada no chão ao lado do sofá.
Apoiei meus cotovelos no estofado para erguer meu tronco, consciente do sorrisinho nos meus lábios.
-A próxima vez que você gemer assim, vai ser ao redor do meu pau. - o Hyuk declarou, vindo para cima de mim com sua graça felina e aquele ar maduro que ele conseguiu dar ao seu personagem.
A coisa com as tatuagens era que elas chamavam atenção. Era algo novo ter um desenho estampando os músculos discretos (e altamente lambíveis) do Hyuk. Quase me distraí do motivo que o levara a estar engatinhando tão perto, todo gostoso e suado, cheio de tesão.
Ele parou ajoelhado sobre mim, com uma perna em cada lado do meu quadril, e segurou meu queixo para que eu parasse de tarar o desenho do dragão enrolado em sua coxa. Mal tive tempo de perceber o que ele pretendia antes de ser beijado de novo, com fome e pressa.
Ter aquele homem curvado sobre mim parecia o céu, por isso senti mais urgência em tocá-lo do que de tentar aplacar o fogo pulsando na minha virilha. Segurei seu quadril e ergui minha coxa para que ele pudesse sentar aquela bundinha gostosa confortavelmente para me beijar.
Sua língua varreu o gosto de sexo na minha, porém, tão abruptamente quanto começou, o beijo foi encerrado. Hyuk se ergueu em seus joelhos e me ofereceu seu membro usando a outra mão. Agora você quer ir direto ao ponto?
A visão quente daquele pau grosso chorando por mim, brilhando com minha saliva e vermelho, pulsando tão cheio de necessidade, fez o meu latejar dolorosamente, em um lembrete do quanto eu mesmo precisava de uma mãozinha.
Acho que me intimidei com seu olhar firme, quando subi minha atenção para o resto do corpo perfeito do Eunhyuk - era como a crítica dizia: ele podia ser desconcertantemente sexy. Eles disseram isso na entrega do Oscar ano passado, depois de exibir um trecho do filme vencedor e deixar toda a plateia sem duvida alguma sobre a escolha certa da premiação e sobre a vocação desse ator.
Não era a primeira vez que eu chupava o Hyuk, mas eu senti assim, talvez porque tudo me fazia seguro do quanto eu queria aquilo e do tamanho do tesão dele por mim naquela pele de menino novo, safado e prontinho para aprender o alcance da vontade de um homem de verdade e não os outros moleques com quem ele tinha transado até então.
Quando eu não estava apertando a pele macia do quadril dele, estava contornando seu pênis para masturbá-lo em ritmos e direções opostas ao movimento da minha boca, enlevado e estimulado pela resposta que ele me dava com sua expressão.
Hyuk sugava o ar grossamente, fazendo ele mesmo o trabalho de impulsionar seus quadris para penetrar minha boca abusada e sensível. Eu o recebia com uma entrega sincera, minha vontade de fazer certo evidente por conta do angulo exaustivo em que eu mantinha meu maxilar aberto e o esforço que eu fazia para pressionar meus lábios em seu comprimento para ser ainda mais gostoso para ele, somado à sensação apertada da minha garganta e minha língua inquieta.
Ele ia gozar, eu podia intuir pelo jeito aflito com o que castigava sua própria boquinha cheia e como gemia baixinho, do fundo da sua garganta, num grunhido que acompanhava o descompasso da sua respiração e me deixava além da insanidade. Eu o puxei para baixo, usando também a mão que servira de apoio para o peso do meu tronco.
Era algo bom eu ter tanta força no meu abdômen para me sustentar e que ele tenha cedido facilmente. A próxima coisa que eu soube foi que meu prazer por ter sentado aquela delicia de homem bem em cima da minha ereção me fez rosnar. Escondi meu rosto em seu peito, abraçando-o.
O Hyuk corria seus dedos pelo meu cabelo naquele carinho incessante, era sua maneira de reverter aquilo para parecer como se ele tivesse feito isso por sua própria vontade de durar um pouco mais - ele não levou nem meio segundo para me ter controlado de novo, sem conseguir pensar direito porque ele estava balançando seu corpo para ampliar o carinho até meus ombros e isso lhe fazia rebolar entre meu estomago e minhas coxas, resvalando bem em cima do meu pau.
Demônio.
O arranhão impiedoso do maldito tecido que me vestia estava acabando comigo. Não tinha alívio vindo disso, parecia só mais uma fodida provocação, igual a porra de beijo que ele me tomou - “tomou” e não “deu”. Hyuk estava decidido a não me dar tempo para respirar, soltando-me para que eu liberasse um gemido sofrido e ele pudesse esfregar em meus lábios a ponta da sua glande pelo puro prazer de me ver tentar lambê-lo para ter um gosto mais intenso do seu sabor.
Restringir minha vontade nunca me foi aprazível e pensar nos meus porquês de estar ali não funcionou do jeito que deveria. Argumentos racionais não me alcançariam, se eu fosse obrigado a seguir o roteiro original à risca.
O ator cuja liderança eu deveria seguir naquela cena afundou seu pênis na minha garganta, me levando com seu talento para mover seus quadris. Eu quase quis ver a cena do angulo dos câmeras, ver aquela bundinha contraindo, rebolando no ar para se dar prazer, marcada com meus dedos afundados na sua pele para lhe puxar mais para dentro, além do que ele já havia ido em qualquer uma das vezes em que estivemos em alguma situação que envolvesse minha boca e o pau dele. Meu engasgo desconfortável não soou tão alto quanto o palavrão que ele soltou, com um tom mais erótico do que os gemidos que ele já dera comigo.
Hyuk empurrou meu ombro, porém me manteve perto com suas mãos rudes me prendendo.
Você está de pernas bambas, não está, seu desgraçado? Eu podia sentir no ar ao nosso redor o quanto ele estava na borda do seu orgasmo, tentando se controlar. Isso era tão sexy que só o que eu podia fazer era descer uma das minhas mãos para minha virilha para massagear minha ereção.
Juro que poderia gozar se ele esperasse mais um minuto antes de grunhir e me largar para que eu caísse deitado no sofá.
-Essa mão. - Hyuk começou, ainda de olhos fechados. Sua voz soava gloriosamente tensa e brusca. -... essa mão aí embaixo. - seus olhos brilhantes cravaram sua imagem dentro de mim. -... Não lhe ensinaram a não estragar o que é dos outros?
Depois nos lembrariam que isso não estava no roteiro, mas ninguém se importaria. O silêncio absoluto no set só era quebrado pelo som que eu fazia para não gemer alto entre o beijo que o Hyuk iniciou ao lamber o cantinho da minha boca para se provar em meus lábios.
Abri o fecho da minha calça com uma impaciência gêmea da que impulsionara o Hyuk a se despir mais cedo. A vibração do zíper abrindo contra minha ereção dolorosa atormentou meus sentidos, somando na conta final do quão perto eu estava de gozar só porque ser o motivo do prazer do Hyuk colocava essa nas primeiras posições da lista de transas mais quentes que eu já tive.
O som úmido da quebra do beijo ecoou pelo galpão. O Eunhyuk desceu do sofá.
-Deita de bruços. E tira essa calça.
Eu acho que gosto quando esse babaca age todo mimado e filho da puta. Ele pode ter as coisas do jeito dele hoje - só hoje. Só enquanto sua pele desliza sobre a minha, enquanto misturamos nossos cheiros e fazemos algo que nos deixa conectados tão primitivamente que quase posso usar o clichê e afirmar que nos tornamos um.
Mais tarde, no vestiário fora do galpão do nosso estúdio, eu ainda estaria eletrizado e tentando me recompor, esfregando com força o removedor da tinta no meu antebraço e tentando obedecer o tempo que o Siwon havia me dado para que eu estivesse apresentável para ir tirar meu passaporte.
-Por que você não me esperou? - a voz do Hyuk me assustou, soprando sobre meu ombro nu, ainda úmido do meu banho recente, um instante antes de seus lábios arrastarem sobre minha pele junto dos seus dentes, sem me machucar.
Puta que o pariu, esse estraga-tranquilidade-pós-orgasmo dos infernos! Quase derrubei o pote de removedor e o chumaço de algodão no desespero.
-E eu tinha que esperar, por acaso?
-Podia ter esperado. - ele pousou sua big necessaire de produtos de higiene no banco ao meu lado, mas não se afastou mais do que o suficiente para ver o que eu fazia. - Não use tanta força, está arranhando sua pele.
-Essa porra não quer sair. - resmunguei e cometi o erro de olhar para o demônio.
Eu me vi refletido no brilho dos olhos do cara que eu gosto e não sei descrever como mexeu comigo, nem faço a mínima ideia do que raios ele estava pensando quando se aproximou de mim. Não saberia decifrar o quebra-cabeças confuso que ele é, não importa quantas vezes eu repasse o mesmo instante borrado na minha mente.
“A-hã.” - ele concordou, distraído, e colou nossos lábios como se tivesse esse direito.
Se eu poderia ter desviado? Sim, sempre. Se ele tinha realmente algum direito de beijar? Sim, sempre.
O gosto dele ainda estava na minha boca e ele tinha o meu na língua dele. Meu corpo ainda reconhecia a sensação da sua pele contra a minha e o quanto é prazeroso, então culpe minha mente, embotada pelo orgasmo que tive há nem meia-hora atrás, pela forma como contornei seu pescoço com meus braços e deixei meus dedos acariciando sua nuca.
Não foi um beijo sexual, era pura apreciação. Lento e longo.
Assim que nos soltamos naturalmente, ele repetiu o conselho sobre não usar tanta força para esfregar meu braço e eu consegui apenas anuir, embevecido demais para qualquer outra coisa. Pobre de mim, dobrado tão facilmente por esse desgraçado e deixado com cara de bobo quando ele se afastou para pegar na sua necessaire o que precisaria em seu banho. Aclarei a garganta, voltando ao que eu fazia para não ser o único ali dando mais significado às suas ações do que elas realmente tinham.
-Por que você disse que deveria estar com raiva de mim, quando estávamos no camarim? - puxei assunto, porque eu sou idiota. É o Eunhyuk, caramba. Você não quer ser amigável com esse filho da puta.
-Ah… Isso. - largou seus mil cremes importados cheirosos e me encarou com olhos acusadores. - Foi você, não foi?
O quê? Eu tinha feito alguma coisa? A única conclusão coerente, até onde eu conseguia lembrar, era de que ele tinha ficado irritadinho porque eu tinha lhe rejeitado ontem (mesmo que ele não tenha se importado de verdade).
-“Eu” o quê?
-Que falou para o Sungmin tentar fazer aquilo.
Irritou-lhe perceber que eu não sabia do que ele falava.
-Fazer o quê?
-Não se faz de besta.
Uh. Seu tom se tornou ríspido, num volume controlado, e me fez perceber qual era o maldito problema.
O fato de ele ter saído com o bundudo na noite anterior, depois de ter dado em cima de mim, e de me deixar saber que fora o idiota-iludido quem marcou seu pescoço me contagiou e de repente eu também queria xingar meio mundo. Eu me acabei para agradá-lo, só o movimento de virar para o lado para olhá-lo me anunciava o quão dolorido eu estaria no dia seguinte, e ele ainda vem querer me falar merda com esse tom irritadinho?
-Ele não disse que era para usar com você quando pediu ajuda para “esquentar o sexo”.
Hyuk bufou algo que parecia muito um palavrão.
-Claro que uma ideia idiota assim veio da sua cabecinha.
Ao invés de me ater ao jeito como ele havia tentado me insultar, sorri, malvado:
-Você não gostou?
-Vai se foder, Aiden! - exaltou-se. Com essa raiva quente eu sabia lidar. -Você fez de propósito!
Isso era injusto. Apesar de ter sugerido ao bundudo que trocasse as posições, não tinha como eu ter certeza de que ele tentaria logo na semana em que o Hyuk estava sensível sobre o assunto de ser passivo.
-Devia ter usado como treino para amanhã. - zombei.
-YAH!
Foi tão divertido! Só serviu de combustível para que eu quisesse brincar com ele ao invés de esclarecer as coisas.
-O quê? - me defendi. -Você sabe que vai ser filmado amanhã. É a ultima cena da tarde.
Hyuk parecia uma fera enjaulada, incontido, movendo-se como se quisesse andar de um lado para o outro ou avançar em mim. Eu me ofereceria para ajudá-lo se não me sentisse particularmente rancoroso no momento. Era sem lógica e até um pouco hipócrita, depois de eu ter corrido dele e ainda não ter mudado minha resolução, contudo, eu não me importava.
Ele deixou o Sungmin marcar a pele dele só umas horas depois de dizer que me queria! Ele é o filho da puta hipócrita, não eu.
Hyuk bufou de novo, um palavrão mais forte. Eu é que quero xingar alto, macaco desgracento.
-Você sempre é o ativo, sr. Machão? - perguntei, com a vontade de vingança ardendo nas minhas veias.
-É uma questão de preferência.
-Pois eu tenho certeza... - comecei, notando minha voz soando rouca, tão sedutora quanto o meu sorriso e a imagem na minha cabeça, do que poderíamos fazer juntos se ele baixasse esse orgulho de pegador e me deixasse tocá-lo. -... de que, se ele tivesse feito direitinho, você teria até pedido mais.
-Aiden... - rosnou, em tom de aviso.
Levantei, erguendo meu queixo para igualar a altura dos nossos olhos, na pequena diferença que me deixava em desvantagem. A toalha que me cobria, enrolada na minha cintura, desceu perigosamente baixa e frouxa a ponto de quase se soltar. Se eu expirasse rápido demais, ela cairia livremente.
O ator soltou um quarto palavrão e eu nunca tinha lhe visto tão desbocado antes. Chegava a ser engraçado.
-Hyuk. - chamei também. O apelido se encaixava bem na minha língua, eu falava sem pensar. -Você não gosta de receber beijo-grego? - sua resposta foi a volta daquele olhar mortal e silêncio e sim: eu ousaria continuar. -O Sungmin não soube fazer? Ou ele não acertou o momento de juntar os dedos na brincadeira? Eu expliquei tão direitinho! Ele nem chegou nessa parte, não é?
Hyuk afastou-se de mim em pura frustração e me mandou sair, como se aquela fosse a casa dele e, ele, um senhor falando com o escravo. Até parece que eu ia sair! Já fiz sua vontade demais hoje.
-Por que você não quer falar sobre isso? Por acaso não gosta de pinto? - continuei onde estava. -Você é promovido como “seme” o tempo todo mas é gay também.
No silêncio tenso que passou antes da sua resposta, eu podia ver as veias marcadas nos seus braços aumentarem ao serem cruzados na altura do peito dele, com os desenhos dançando em sua pele. Deus, ele tinha noção de como parecia sexy?
-Que eu seja gay não significa que eu goste dar o cú.
-Não, não significa. Mas você gosta de sexo, não tenta me convencer de que não o aprecia em todos os sentidos.
Peguei você de novo.
Hyuk não tinha argumento e, depois de aceitar isso, abriu aquele sorriso filho da puta, de canto.
-De onde você tirou que eu poderia querer ficar por baixo logo com o Sungmin?
Deixei de lado o algodão que ainda segurava e espelhei sua expressão sacana.
Eu sabia que você não ia querer.
-E comigo?
-Está esperando uma resposta positiva? Por que eu iria gostar de ficar por baixo com você, também?
Precisa de muita paciência para conseguir engolir seu olhar esnobe, puta merda. Foi amargo ter sido colocado no mesmo nível do Sungmin - irritou a minha alma, meu orgulho, lá no fundo, sem chance de perdão, mas precisei aceitar aquilo com uma careta e um aceno de concordância. Diminuí a distância que me separava daquele homem desafiante. Não ia terminar naquele empate.
Eu era um louco suicida por ter tomado a decisão no calor do momento, influenciado pela minha vontade reprimida e a tensão maravilhosa que eletrizava o ar entre nós, no entanto não havia como me parar ou clarear o tom profundo da minha voz:
-Você disse que me queria na sua cama. Se formos para lá, você também vai dar para mim e vai gemer alto quando gozar com meu pau batendo bem fundo em você. - avancei em seu espaço pessoal, puxando-o na direção contrária ao segurar seu queixo. -Você pensou que eu seria dócil e não iria pedir nada em troca?
Não estava nos meus planos ser o único a ceder. Se eu ficasse no papel mais vulnerável com o Hyuk, essa história não terminaria bem para mim - não importa que não tivesse um “relacionamento” no meio do enredo.
Suas mãos começaram a me empurrar, espalmadas em meu peito, porém logo mudaram de rumo para deslizar para baixo, na minha cintura. Isso era sua desistência ou sua forma de zombar de mim, como se o que eu sussurrei a seguir não passasse de tolices inofensivas? Minha voz entoava baixinho uma poesia de vontades:
-Eu quero estar olhando nos seus olhos quando você gozar. Para assistir seu prazer e para que você consiga ver como eu entro e saio do seu corpo, que vai estar tão apertadinho que eu vou gemer mais do que antes. Você gosta de me ouvir gemer, não é?
Encarei-o, afastando-me um pouco. Falar de sexo assim estava fazendo minha cabeça girar e não de um jeito ruim - como se eu não tivesse gastado toda minha energia naquele set, até ficar dolorido e plenamente satisfeito.
-É assim que eu vou gozar: virando você para ir mais fundo, segurando a curva da sua cintura, olhando suas costas desenharem um arco enquanto você sente o calor do meu sêmen... -
-Você tem a imaginação fértil demais. - Hyuk falou, para me interromper.
Sorri, alisando o roupão que cobria seu quadril. A pele embaixo estaria quente se eu tivesse chance de tocá-lo.
-Tenho sim. Acho que consigo gozar imaginando como você pediria uma segunda rodada, mesmo com essa sua bundinha linda ardendo pela primeira.
-Aiden. - chamou. - Cala a merda da boca.
Bem quando chegamos na parte boa? Não mesmo.
-Depois da segunda vez você pararia de agir como um machinho ofendido e, aí, … - eram apenas alguns centímetros ente nós, ele não me impediu de quebrá-los para roçar meus lábios no cantinho dos dele. - … aí teríamos sexo de verdade até você sentir o que é se entregar completamente para alguém.
Hyuk soprou todo o ar dos seus pulmões, meio que frustrado, contrariado ou apenas desistindo. Seu hálito fez cócegas na minha bochecha, mas eu não parei aquele desenho que minha boca fazia quase sem pressão alguma na curva doce do encontro do seu lábio superior com o inferior. Pude sentir sua impaciência vibrando em seu corpo.
-Não é negociável? - ele gruniu.
O quê?
-O quê?
Por que ele estava me olhando com essa expressão de gato-que-pegou-o-canário?
-A parte de você querer “direitos iguais”, não é negociável?
O quê?!
-Tudo bem, então. - concedeu.
O QUÊ?! De repente o Hyuk era só mãos ao meu redor, alisando minha pele, e eu estava petrificado lá com um baita ponto de interrogação na minha cara de trouxa.
-Amanhã eu estou livre depois da gravação.
Espera. Espera, caralho! Ele queria ficar por baixo?
Não! Porra, Donghae, esse não é o problema agora!
-O quê?! - pisquei, confuso.
-Aiyooo… Eu, você, “sexo de verdade”. - explicou, fazendo soar como se o convite tivesse sido meu. -Amanhã está bom para mim.
O que eu fiz? O que eu fiz, puta que pariu?! Eu acabei de convencê-lo de que seria gostoso dar para mim?!
Quando eu concordei com isso?!
A mão do Hyuk contornou minha cintura e me puxou mais perto, com aquele sorriso lindo de menino que ganhou o que queria de Natal. Ele me derreteu com ele, eu me peguei com a mente em branco e sorrindo de volta, então era compreensível que, quando se curvou para me roubar um selinho macio, tenha tomado para si mais um pedaço do meu coração.
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