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História Melhores Amigos - Quatorze


Escrita por: TitiFlor

Notas do Autor


Oi! Só queria dizer que essa fic não foi esquecida em um churrasco (li isso por aí e eu ri muito 😂). Desculpem a demora, mas eu realmente estive muito doente nos último dois dias e só tinha metade do capítulo pronto. Assim que tive condições, eu voltei a escrever. Se tem uma coisa que ando amando, é trazer capítulos para vocês, então jamais pensem que parei de postar sem motivos :D Obrigada por todos os feedbacks do cap anterior. Vocês sabem me fazer sentir muitas emoções. E chega de papo furado.

Vamos?

Capítulo 14 - Quatorze


Henrique encara Alexandre caido no chão e sentiu-se aliviado pela sua atitude. Ele não era homem de partir para a violência, mas não haveria nada que o impedisse de fazer aquilo. Não naquela oportunidade.

 

- Tá maluco, cara? - Alexandre perguntou ainda tateando seu nariz e olhando suas mãos sujas de sangue.

- Quem deve tá maluco é você. O que você quer aqui?

- Eu vim ver a minha namorada.

- Tua namorada o caralho, seu cuzão imundo - Henrique se viu cego por sua nova onda de raiva e segurou Alexandre pela gola da sua blusa social azul e o imprensou contra o muro da casa - Olha aqui - ele falava entre dentes e com o rosto bem próximo à Alexandre - faz o que a Paola te pediu e some da vida dela, beleza? Não aparece mais pra perturbar, seu merda. Se você acha que ela não tem ninguém para falar por ela, você tá muito enganado.

Alexandre sentia dificuldade de respirar por estar preso entre a parede e o homem.

- Eu não acho que você devia se meter nisso. Isso é assunto meu e dela.

Henrique deixou uma de suas mãos livres apenas para se preparar para dar outro golpe no rosto de Alexandre, mas parou antes de tocá-lo. Sabia que ia desfigurá-lo. Precisava controlar-se. Com uma respiração pesada, que não escondia sua fúria, ele falou:

- Se você veio aqui com tuas propostas covardes e nojentas, eu te aconselho a sumir agora da minha frente, antes que eu te arrebente por inteiro, Alexandre!

- Ela precisa entender que é o melhor a se fazer... - o tronco de Alexandre tomou impulso para frente ao ser golpeado na região do estômago por Henrique. O homem gemeu e sentiu mais dificuldade ainda pra respirar, porém Henrique voltou a segurá-lo pela gola a ponto de tirar seus pés do chão.

- Não me faz perder a cabeça por completo, seu filho da puta. Não me faz eu te deixar pronto pra ser internado em um hospital. Eu vou te falar pela última vez: some da vida da Paola e nunca mais volta atrás dela pra ser esse nojo de homem covarde. Ela não precisa de você. Tá me ouvindo? - Henrique grita não se importado se haviam pessoas na rua presenciando aquilo. Alexandre, por outro lado, sequer conseguia respirar direito. Estava ofegante e com o rosto vermelho, além de ensaguentado. - Fala, porra, tá me ouvindo? - Henrique dá seu ultimato e ouve o fio de voz do homem responder: Ok. - o solta fazendo com que Alexandre caia imediatamente ao chão.

- Vamo, levanta e some daqui!

 

Henrique decidiu por não contar à Paola que Alexandre havia retornado à sua casa, ainda mais por saber que era pra insistir no mesmo assunto. Preferiu poupá-la nesse momento. Tinha certeza que ele não se atreveria a atormentá-la depois do ocorrido.

Ambos seguiam para a clínica médica, onde encontrariam Ana Paula e Antônio, que também se dispuseram a ir com eles. Ana Paula não havia deixado sua preocupação de lado em momento alguma, mas sabia que precisava disfarçá-la e queria estar ao lado da amiga para o que quer que fosse acontecer. Por outro lado, Paola não escondia sua ansiedade, alheia a praticamente todos os riscos que corria, só queria mesmo saber se seu bebê estava bem.

Ela levantou-se rapidamente ao ouvir seu nome ser chamado. Ana Paula a acompanharia, pois, segundo Henrique, ela se sentiria mais à vontade por conta dos exames. Ele, que havia se levantado para acompanhá-las até a porta, ao virar-se para retornar ao lugar em que estava sentado, se depara com a feição preocupada de Antônio, agora sem disfarces.

Dentro do consultório, Renata conversava com Paola e Ana Paula. Ela era médica das duas há um bom tempo. Era uma das melhores ginecologistas de São Paulo.

- Paola, querida, vamos ver a posição do seu DIU, tá bem? - Renata avisou e Paola dirigiu-se ao banheiro para se trocar. Apesar de toda a angustia e ansiedade da situação, em momento algum ela tirou seu sorriso do rosto. Já deitada na maca, ela olha para Ana Paula, que parecia tensa.

- Você tá mais nervosa que eu, Ana - ela falou rindo e segurando a mão da amiga - Vai ficar tudo bem - ela repetiu a frase que, no dia anterior, a própria amiga havia dirigido pra ela. Vai ficar tudo bem. E foi isso que Ana Paula havia jurado acreditar. Tudo ia ficar bem. Riu, pois achou graça em ouvir aquilo justamente de Paola, naquela ocasião.

Renata inicia um exame de ultrassonografia e, enquanto deslizava o aparelho, ela ia explicando todas as informações.

- Veja aqui - ela falou enquanto apontava o dedo para o monitor - seu DIU era pra estar assim, mas olha só como está. Então, como haviamos suspeitado, ele saiu da posição correta, por isso aconteceu a gestação, Paola - Renata segue com as explicações necessárias sobre os prováveis motivos daquilo ter ocorrido. - Mas, conforme a gente vê aqui, seu bebê está posicionado perfeitamente no colo do útero, o que é maravilhoso - ao ouvir as palavras da médica, Ana Paula sentiu seu primeiro alívio. Isso significava que o bebê não havia se desenvoldido nas trompas. Menos um risco, pensava ela.

- Onde está ele? - Paola questionou ansiosa.

- Essa quase bolinha aqui, olha - mais uma vez ela apontou com o dedo - logo eu vou mostrá-lo melhor pra você - Renata disse com seu sorriso doce. - Primeiro eu preciso te explicar o que vamos fazer agora: nós temos duas alternativas, tirar ou deixar o DIU. E, Paola, como sua médica, eu preciso que estejas ciente de todos os riscos. - a última palavra de Renata a fez tirar seus olhos do monitor e rapidamente encarar os de Renata.

- Que riscos? - ela questionou tentando soar calma, porém sem esconder seu medo.

- Durante o processo de retirada do DIU, o que pode acontecer é do saco gestacional se deslocar do colo do útero, o que pode provocar um aborto.

Aborto. Aquela palavra pavorosa novamente. Paola sentiu seu mundo desabar. Sentiu seus olhos arderem de maneira involuntárias e a mão de Ana Paula apertar a sua mais fortemente. Respirou fundo. Paola se questionava por que as coisas pra ela tinham que ser sempre tão dolorosas? Nem mesmo em um momento que era pra ser apenas de alegrias a vida não facilitava pra ela. Precisava ser forte. Precisava encarar. Existia uma força desconhecida que a impulsionava dessa forma. Respirou fundo, tomou coragem e perguntou:

- E se deixarmos?

- Teríamos o risco de alguma infeçcão, portanto o cuidado seria redobrado e sua gravidez seria de risco. Isso não impede o risco de um aborto e aumentam as chances de um parto prematuro.

- No quiero perder meu bebê, Renata - ela disse num fio de voz sentindo-se totalmente vulnerável. seus olhos transbordavan as já tão conhecidas lágrimas, suas grandes companheiras das últimas horas.

- Eu não posso fazer procedimento algum sem te deixar ciente de todos os riscos, Paola, mas eu já fiz isso inúmeras vezes e tudo correu bem. Vamos ser confiantes, ok? Minha indicação médica é que esse DIU seja retirado agora.

A médica aguardou Paola se recompor para se encaminharem à repartição ao lado, onde aconteceria o procedimento. Com uma auxiliar segurando o doppler do ultrassom na região pélvica de Paola, Renata a tranqulizou mais uma vez.

- Tente relaxar, Paola. É um procedimento simples. Você vai sentir um incômodo e talvez uma sensação de cólica. Se sentir dor, me avise, ok? - Paola apenas assentiu com um movimento de cabeça e se colocou em posição ginecológica, conforme Renata orientou.

Fechou os olhos. Uma mão segurava a de Ana Paula. A outra apertava a borda da maca. Com força a ponto de impedir qualquer circulação ali. Paola não era religiosa, nem cultuava nada, mas naquele momento se viu pedindo a qualquer força do Universo que a lhe ajudasse e deixasse seu bebê com ela. Havia menos de vinte e quatro horas que ela sabia da existência dele e se assustava com a imensidão daquele sentimento, até então desconhecido por ela. Ela só queria protegê-lo. Durante aqueles instantes tentava se conectar com ele, queria passar todo amor e força que ela sentia, queria que ele sentisse como ela o queria ali, quietinho, dentro dela e só saísse quando fosse o momento certo. Conversava mentalmente com o seu bebê e se pôs alheia a tudo e a todos que estavam ao redor dela. Era quase uma meditação. Era só ela e seu filho conectados. O vínculo mais forte que pode existir.

- Paola?

TUMTUM TUMTUM TUMTUM

Paola não saberia dizer por quantas vezes Renata a chamou, mas teve a impressão que não foi apenas aquela. Abriu os olhos e chegou até a se incomodar com a claridade. Havia um som ecoando forte lá dentro.

TUMTUM TUMTUM TUMTUM

- Paola? - Renata a chama pela terceira vez.

- Sí?

- Você está se sentindo bem?

TUMTUM TUMTUM TUMTUM

- Acho ... que sí... o que é isso? - ela questionou sobre o barulho. Renata sorriu e virou o monitor em direção a ela.

- É só um coraçãozinho batendo 172 vezes por minuto! - Renata e Ana Paula sorriram juntas e Paola, ao encarar a amiga, a viu derramar lágrimas. Olhou de volta para o monitor e assistiu aqueles movimentos estranhos de imagens projetadas através de sons.

- Está tudo bem com o meu bebê? - no momento, era só aquilo que ela queria saber.

- Está tudo ótimo, Paola. Esse coraçãozinho aqui já nos diz muito...

TUMTUM TUMTUM TUMTUM

- É muito rápido - Paola falou entre lágrimas, risos e encantamento. Aquele barulhinho apressado tinha acabado de virar seu som favorito. Parecia o calvagar de cavalos. Olhou para o monitor tentando decifrar seu bebê, mas só via uma espécie de mancha no meio a um monte de borrão.

- Isso significa que ele está trabalhando arduamente para crescer. E por falar nisso - Renata volta sua atenção ao aparelho e realiza algumas medidas: você está grávida de dez semanas, ou seja, dois meses e meio. Esse feijãozinho aqui - ela aponta o dedo para a bolinha escura - mede 2,7 cm e pesa quase 4 gramas - Paola apenas ria, e chorava, mas, dessa vez, suas lágrimas eram de alegria, gratidão e alívio.

- Abóbora... - ela disse e viu as mulheres olharem para ela meio confusas e ela riu de novo por causa disso - não é feijão, Renata, é uma abóbora. Uma abóbora pequetita da mamãe - ela concluiu fazendo-as rir novamente.

 

Após todos os exames feitos, prescrições e orientações médicas, as duas saíram do consultório, para o alivio dos dois homens que aguardavam por elas do lado de fora. Antônio havia explicado tudo a Henrique, que, ao contrário de Paola, foi criado numa família de crenças católicas. Se viu ligado àquele único apelo para que tudo ficasse bem. O sorriso da sua argentina contemplou sua gratidão aos céus.

- Eu sabia que ia ficar tudo bem - ele falou ao envolvê-la num abraço. Ela o enlaçou de volta. Descansou no seu ombro enquanto o apertava contra ela.

- É a abóbora mais pequetita e forte que eu conheço, Henrique - ela o ouviu rir, como ela sabia que ele faria. Foram interrompidos por uma Ana Paula curiosa:

- Que história é essa de abóbora? Vocês podem me explicar? - eles se olharem cúmplices e riram mais uma vez.

 

Seguiram todos para a casa de Paola, que logo recebeu as companhias de Daniela e Dadá. Por precaução, a médica havia recomendado sete dias de repouso absoluto, o que rendeu alguns resmungos por conta de Paola. Fazê-la parar, por completo, durante sete dias era algo até difícil de acreditar. Dadá já preparava uma sopa de legumes com frango para ela.

- Agora eu vou ver minha menina engordar - ela dizia animada enquanto checava a sopa fazendo todos sorrirem. Dadá sempre reclamava que Paola era magra demais.

- Ô, Dadá, você já quer me assustar me lembrando que daqui uns meses mal vou passar por uma porta? - Paola falou num falso protesto.

- Deixe de exagero, menina! Quero meu netinho ou netinha bem forte e gordinho, isso, sim. Você mesma disse que ele só tem 4 gramas, como pode só isso? - ela falou realmente indignada com aquela informação, o que fez Paola gargalhar com vontade.

Ela já havia deixado bem claro que seria a vovó mais babona que pudesse existir. Em meio a tanto carinho e cuidado, finalmente, Paola pôde respirar aliviada e sentir sua paz voltar. Eles fizeram um esquema de rodízio para organizar quem ficaria com Paola durante os dias de repouso. Ela ainda tentou protestar dizendo que todos estavam exagerando e iria incomodá-los, mas se deu por vencida, afinal eram cinco contra ela. Naquele noite seria Henrique a dormir lá.

- Está bem acomodada? Os travesseiros estão bons? - ele questionou enquanto os ajeitava mais uma vez.

- Tou ótima, tá tudo ótimo.

- Certo. Vou indo deitar, então. Boa noite.

- Pra onde você vai? - ela perguntou ao vê-lo em direção à porta do quarto.

- Vou pro quarto aqui do lado.

- No! Dorme aqui comigo - ela falou enquanto bate sua mão contra o colchão.

- Tem certeza?

- Ué! Que pergunta! - ela riu - no é como se nunca tivéssemos dividido uma cama, sí? Sem falar que se eu precisar de alguma coisa, você vai tá aqui do meu lado - ela deu sua tacada de mestre, daquele jeito irresistível.

- Tá certo. Vou só pegar minha mochila.

Henrique retornou e Paola se pôs a observar todos os movimentos dele. Ele tirou algumas coisas da mochila e colocou sua roupa de dormir do seu lado da cama.

- No closet tem toalha - disse Paola. Ele assentiu e ela segurou um pouco do fôlego ao vê-lo tirar a blusa que vestia. Ele estava de costas pra ela. Observou os braços fortes sendo levados para trás e alcançando o meio das costas para puxar a blusa e passá-la sobre a cabeça. Viu o movimento de todos os seus músculos naquele ato que a fez molhar os lábios com a própria língua. Ele se retirou do quarto apenas levando a parte de baixo da roupa e algumas coisas que ela não teve tempo de notar. Quando ele retornou, vestindo somente a parte de baixo do pijama, seu cheiro invadiu o quarto. Ela aspirou profundamente e sorriu.

- Cheirosso... - ele riu tímido e ela achou aquilo encantador. Henrique era encantador. O viu retornar em direção à cama, agora, encarando-a também. Pegou sua blusa e a passou pelos braços e depois pela cabeça para, então, ajustá-la ao seu corpo passando as mãos. Paola acompanhou todos esses movimentos mais uma vez e quando o viu concluir o ato, pois ele estava apenas parado, ela levantou seu olhar e encontrou o dele.

- O que foi? - seu olhar e sua voz rouca foram o suficiente para ela sentir seus pelos se eriçarem.

- Nadie, só estoy te olhando - agora era ela quem tinha ficado tímida. Desviou o olhar e fingiu se deitar melhor na cama. Sentiu seu peso ao lado e viu Henrique deitar-se de lado, em sua direção, apoiado em um dos braços.

- Vai dormir, minha linda. Descansa. Seu dia foi longo e agora tá tudo bem. Dorme tranquila - ela achava incrível como aquela voz máscula e rouca também podia ser suave e calma. Ela pegou sua outra mão e a trouxe para o seu rosto. Sentiu seu toque quente e fechou os olhos quando ele movimentou seus dedos a acariciando.

- Gracias, Henrique - ela disse e abriu os olhos para concluir o que ia dizer - yo no sei o que teria sido de mim se você no tivesse comigo hoje. Muito obrigada.

- Não precisa me agradecer. Você sabe que eu amo voc... que eu amo... cuidar de você.

- Eu também amo... amo ser cuidada por você. - Teria ela feito aquela pausa de propósito? Teria sido pego em seu ato falho? Ele riu e Paola sentiu seu coração bater rápido demais ao ver Henrique se inclinando devagar em sua direção. Sua boca se entreabriu ao sentir a respiração dele tão próxima ao seu rosto. Seria um deja vu? Fechou os olhos novamente e sentiu seu corpo estremecer ao toque dos seus lábios quentes na sua bochecha, onde, até então, sua mão repousava. Talvez esperasse outro ato, mas mesmo assim sentiu-se arrepiar por inteira e só abriu os olhos quando notou que ele tinha se afastado. Ele a encarava com um sorriso de canto. Ele fez aquilo de propósito? Ela duvidou, mas certamente ele tinha notado e ela sentiu-se constrangida por ter sido pega no flagra. Virou-se rapidamente de costas pra ele e se aninhou entre os lençois.

- Boa noite - ela disse a ele e soltou o ar, pela boca, devagar. Respirou profundamente na tentativa de espantar aquele fogo que a invadiu sem cerimônia alguma.

Hormônios. Deviam ser os hormônios da gravidez.

- Boa noite.


Notas Finais


Hormônios... seeeeei! 🌝

E a abóbora pequetita fica ❤


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