História Melinda - Prologue

Chicago, EUA ─ Melinda McKenzie.
2 meses atrás.

─ Pai o senhor não pode deixar ela me expulsar de casa, eu não tenho onde morar. ─ falei indignada, meu pai não podia aceitar isso, eu era filha dele, seu próprio sangue.

─ Você já tem 18 anos Mel, precisa seguir sua vida. ─ ele disse com sua expressão triste, eu não acredito que meu pai vai me expulsar de casa por causa da Brenda. Brenda era minha madrasta, minha mãe morreu no meu parto.

─ Não percebe que essa mulher só está com o senhor por interesse? ─ perguntei e Brenda fingiu estar ofendida, essa sua cara de mosca morta nunca me enganou, eu sempre soube que ela só estava com meu pai pela condição boa que ele tem.

─ Sinto muito Mel você já está bem crescida e ainda não conseguiu superar isso, se você não consegue lidar com Brenda, acho que o melhor a se fazer é você ir morar sozinha. ─ meu pai disse e eu ainda estava sem acreditar. ─ Se quiser eu posso pagar um apartamento para você. 

─ Não! ─ disse quase num grito. ─ Não quero nada que venha do senhor, muito menos daquela mulher nojenta. Guarde o dia de hoje, pois você vai se arrepender muito do que está fazendo. 

Não esperei meu pai responder, subi as escadas correndo e coloquei todas as minhas roupas em uma mala grande. As que eu não usava eu deixei para não ocupar tanto espaço. Peguei meu telefone, carregador, fone e alguns trocados que eu havia economizado da minha mesada. Na saída de casa meu pai tentou conversar comigo mas eu não quis ouvir uma palavra que saía da boca dele, ele abandonou a própria filha por causa de uma mulher, e eu nunca vou perdoá-lo por isso. Chamei um táxi e fui para a casa de Emma, minha melhor amiga. Ela morava há 15 minutos de distância da minha casa. Toquei a campainha e a mesma abriu a porta, ela me olhou e depois olhou para a minha mala, totalmente confusa.

─ Linda? ─ perguntou confusa e eu suspirei.

─ Posso entrar? ─ perguntei receosa e ela olhou para trás mas concordou me dando espaço.

Eu entrei e vi que havia um garoto sentado no sofá, ele estava sem camisa e comendo um pedaço de pizza.

─ Linda, esse é Ryan. ─ ela apresentou aparentemente sem graça, tenho certeza que eu acabei de empatar uma foda. ─ Ryan esta é Melinda, minha melhor amiga. 

─ Olá, prazer. ─ disse de longe e ele sorriu.

─ Então você é a famosa Melinda. ─ ele disse e eu sorri fraco. 

─ Acho que sim. ─ disse e Emma me olhou.

─ O que aconteceu? Vai viajar? ─ ela perguntou e eu pensei duas vezes antes de falar, não queria preocupá-la mas eu precisava de um lugar para ficar até arrumar um emprego fixo.

─ Eu..posso dormir aqui? ─ perguntei e ela assentiu. 

─ Claro, mas me conta o que aconteceu. ─ ela respondeu e eu apontei com a cabeça para o quarto e ela entendeu o recado.

Fomos para o quarto e eu contei tudo o que aconteceu para Emma. 

─ Não consigo acreditar que o seu pai foi capaz de fazer isso com você, sua mãe nunca perdoaria-o por isso. ─ Emma disse e eu concordei, eu também estava indignada, nunca imaginei que meu pai me trocaria por uma mulher que ele conheceu há 5 anos atrás.

─ Eu não sei o que fazer. ─ disse com um nó na garganta.

─ Linda você pode ficar quanto tempo quiser aqui em casa, não precisa ter pressa para arrumar um emprego, pode morar aqui o tempo que for necessário. ─ ela disse e eu sorri fraco. Eu realmente não sei o que seria de mim sem Emma, ela sempre foi meu porto seguro, esteve sempre do meu lado me ajudando quando eu mais precisei.

Chicago, EUA ─ Hoje.

Eu estava parada em frente ao espelho do meu quarto, que na verdade era o quarto de hóspedes da casa de Emma. Nós iríamos para uma festa na casa de um amigo do Ryan, ah sim, Ryan Butler é o "ficante" de Emma, eles estão saindo desde quando eu vim morar aqui, e eu já perdi as contas de quantas vezes segurei vela para esses dois. Coloquei os brincos e um gloss nos lábios, eu não estava com muita vontade de me maquiar então passei apenas um rímel nos cílios para dar um "up". 

─ Amiga, está pronta? ─ Emma perguntou entrando em meu quarto.

─ Sim, já vamos? ─ perguntei e ela assentiu.

Emma estava linda, ela deixou seu cabelo solto e escorrido, seu cabelo era loiro e ia até a metade de suas costas. Ela vestia um vestido preto de alcinha, o que deixava suas curvas impecáveis, ela era magra mas tinha um corpo bem chamativo. Seus olhos azuis estavam super realçados por conta do lápis preto. 

─ Se o Ryan ainda não estiver apaixonado, tenho certeza que hoje ele ficará. ─ brinquei e Emma riu.

─ Não seja boba. ─ ela disse e nós entramos no carro. 

Me lembro até hoje de quando Emma ganhou esse carro na sua formatura, seus pais deram de presente para ela, sua reação foi tão boa que deixou todos emocionados também. Eu sorri lembrando do momento e coloquei o cinto.

─ Já vou te preparar, essas festas costumam ter drogas, muita cachaça e muita putaria, não se assuste se você ver alguém transando pela casa. ─ Emma comentou e eu franzi o cenho.

─ Que nojo! ─ falei e ela riu. ─ E você curte estes tipos de festa?

─ Na verdade eu curto mais quem está nela. ─ respondeu piscando um olho para mim e eu sorri entendendo o recado.

─ Safada. ─ disse e ela riu.

Chegamos no local da festa e Emma estacionou o carro do outro lado da rua. O som alto invadiu meus ouvidos assim que entramos na casa. Havia bastante gente, todos dançavam, bebiam, se drogavam, se beijavam, outros faziam brincadeiras. Eu consegui reconhecer algumas pessoas do colégio, na verdade havia bastante gente do colégio naquela festa, alguns me cumprimentaram e outros não me reconheciam devido ao tanto de álcool e droga na mente. 

─ Vamos procurar o Ryan lá dentro. ─ Emma disse em meu ouvido por conta da música alta e eu concordei.

Fomos para a parte de dentro da casa e fomos procurar Ryan, havia um cara sentado no sofá com cerca de 3 mulheres em seu colo, eu olhei confusa e Emma me puxou após encontrar Ryan na cozinha.

─ Até que fim. ─ Emma comentou e Ryan nos olhou.

─ Desculpa gata, eu vim preparar um drink. ─ ele disse e ela deu um selinho nele. 

─ Oi Ryan. ─ disse e ele me olhou e sorriu.

─ Linda, que surpresa ver você aqui. ─ ele disse e eu assenti. ─ Parece que saiu de um brechó. ─ ele disse olhando minha roupa, intimidade é uma merda mesmo.

─ Cala a boca, não fala mal da minha roupa, eu só tenho um gosto peculiar. ─ eu disse e ele riu. 

No auge da festa todos já estavam bêbados e loucos, eu acho e tenho quase certeza que eu era a única sã naquele lugar. Eu queria ir ao banheiro mas Emma sumiu com o Ryan e eu não fazia ideia de onde era o banheiro naquela casa. Decidir ir procurar o mesmo sozinha. O banheiro do andar de baixo estava ocupado, mas segundo uma garota, havia outros na parte de cima, eu subi as escadas e fui procurando o banheiro pelo corredor. Havia uma porta no final do corredor, a luz estava acesa, creio que seja ali, os outros eram quartos.

Abri a porta e vi um casal transando na cama, eu bati a porta rapidamente e arregalei os olhos, traumatizada com o que eu acabei de ver. Virei de costas e me entrei em um quarto qualquer pois se eles abrissem a porta para ver quem era eu não queria ser taxada de empata foda, já não basta as que eu já empatei da Emma. 

Dentro do quarto havia uma porta e eu abri a mesma, achando uma suíte ali, dei graças à Deus e esvaziei minha bexiga. Lavei as mãos e sai do banheiro, acendi a luz do quarto e vi alguns quadros de bandas nas paredes, havia algumas bandas que eu gostava como Beatles, Evanescence, Slipknot, Nickelback, e outras. 

─ Uau. ─ disse olhando a prateleira com os cds das bandas. Escutei o barulho da porta sendo aberta e me virei.

─ Oh, me desculpa, eu pensei que fosse o banheiro. ─ o rapaz disse.

Era um rapaz loiro, dos olhos mel, seu corpo era cheio de tatuagens, ele estava sem camisa e com uma calça jeans que parecia não servir para nada, já que sua cueca branca da Calvin Klein ficava quase toda exposta.

─ Eu, já estava de saída. ─ disse colocando o CD do Nickelback no lugar e indo até a porta.

─ Espera, nós nos conhecemos? ─ ele perguntou e eu parei em sua frente e o olhei.

─ Acho que não. ─ respondi e ele fitou meus olhos.

─ Então seria um prazer te conhecer. ─ ele disse umedecendo os lábios com a língua, e eu fiquei sem reação.

Eu ia abrir a porta mas ele segurou meu rosto e me beijou. No começo eu até tentei bancar a durona e negar, mas era tão bom que eu não consegui resistir. Nosso beijo encaixou perfeitamente, depois de cair na real eu me afastei e abri a porta, saindo dali sem dar explicações. Quem ele pensa que é para me beijar assim? Ele nem me conhece, eu poderia ter dado um tapa na cara dele.

Desci as escadas rapidamente procurando por Emma e nenhum sinal dela. Mandei mensagem para a mesma que respondeu dois minutos depois dizendo que estava lá no andar de cima com o Ryan, para eu ir até lá. Eu neguei logo de cara, eles poderiam querer privacidade, mas segundo Emma, eles já tinham feito tudo o que queriam, estavam apenas conversando.

Eu subi e agora fui caçar os dois, eu estava com medo de abrir a porta e ver algum casal transando novamente, abri a porta do quarto que estava com a luz acesa e vi o mesmo cara que me beijou, só que agora havia uma mulher ajoelhada em sua frente, chupando o mesmo. 
Ele me olhou e eu engoli à seco, eu não tive reação, eu apenas fechei a porta e desci correndo, eu mandei uma mensagem para Emma dizendo que iria para casa pois não estava me sentindo bem. Eu estava tão enojada, o cara me beijou e depois deixa uma mulher chupá-lo, eu quase vomitei só de imaginar o que ele não tinha feito já aquela noite. 

Não passava nenhum táxi na rua por conta do horário, resolvi ir andando para casa, levaria uns 20 minutos andando, mas eu só queria tomar um banho, um café e deitar na minha cama. Vi que tinha um carro preto vindo atrás de mim, eu olhei para o carro e voltei a olhar para frente, apertei os passos e senti meu coração ficar acelerado, eu odiava andar sozinha na rua essas horas.

─ Quer uma carona? ─ olhei para o lado e vi que era o tal loiro que me beijou.

─ Não, obrigada. ─ respondi ríspida, voltando a andar.

─ Não vai me dizer seu nome? ─ ele perguntou dirigindo o carro na mesma velocidade em que eu andava e eu ri irônica.

─ Por que você quer saber? Por que não procura saber o nome da menina que estava te chupando à alguns minutos atrás? ─ perguntei e ele riu.

─ Se eu te conhecesse bem diria que está com ciúmes, mas não precisa ficar, se quiser me chupar também, fique à vontade. ─ ele respondeu e eu parei e o olhei incrédula.

─ Olha só, eu não sei porque você está me seguindo, mas o beijo que você me deu não era pra ter acontecido nunca ok? Eu não sou essas mulheres que você está acostumado a pegar, usar e jogar fora, eu não sou assim, então se puder me deixar em paz eu agradeço. ─ disse e ele me olhava sério.

─ Não posso te dar uma carona? ─ ele perguntou ignorando tudo o que eu havia falado e eu bufei.

─ Não. ─ disse voltando a andar e ele acelerou o carro e foi embora.

Eu estava andando pela rua com meus sapatos nas mãos, ainda confusa com a noite que tive. Cheguei em casa e tomei um banho demorado, precisava tirar todo aquele pensamento da minha cabeça, eu não conseguia tirar o beijo do idiota. Quando terminei o banho eu me enrolei na toalha e fui tomar um café antes de deitar. Espero que eu nunca mais esbarre com aquele cara.