Perdi as rédeas.
O controle das palavras, dos verbetes, das sílabas e dos ditongos que ingenuamente acreditei domar por alguns anos já não mais me pertence.
Não sou mais escritora.
Talvez nunca tenha sido.
Apenas acreditei que a combinação que outrora fiz pudesse agradar outros orbes.
E se não agradasse a estes, que agradasse às almas.
Não foi o caso.
Não agradei nem a minha.
Minha única ousadia foi ofender a língua,
e que me desculpe o português,
por emprestar alguns de seus pertences na tentativa de expressar o que havia dentro de mim.
Queria mesmo, voltar ao tempo
Ao jardim da inspiração,
do cantar, mesmo que desafinado, da lira que jazia somente em meu coração.
Da época em que ainda era capaz de
chorar rimas e silabar canções,
pigarrear poemas e recitar o que quer que fosse,
pois agora apenas canto, em voz rouca, a lira da despedida
sem pé nem cabeça, sem muito sentido, nem música, nem arte
apenas um esboço, ainda que barroco, do vazio que agora habita dentro de mim.
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