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História "Memórias de Nina Garbo" - Touch My Body. Still Loving You!


Escrita por: ValentinaEli

Notas do Autor


Peço mil desculpas pela demora, meu amores. Fiquei com problemas no ombro, o que dificultava muito a escrita, fazia muito lentamente. E para ajudar, perdi alguns arquivos dessa fic e da outra, perdi inclusive este capítulo que já estava praticamente pronto, tive que fazer tudo de novo.

Espero que gostem😘

Capítulo 12 - Touch My Body. Still Loving You!


Fanfic / Fanfiction "Memórias de Nina Garbo" - Touch My Body. Still Loving You!

Narrado por Otávio

Estou bastante apreensivo por tudo o que aconteceu na casa do Vitor, a imagem de sua futura esposa não sai da minha cabeça, Nina, a única mulher que sou capaz de amar aceitou se casar com ele, fico feliz que tenha conseguido se restabelecer, ainda que eu tenha ficado para trás, somente com suas lembranças e a cada segundo, essa imagem aparece para mim de forma mais intensa, confundindo todos os meus pensamentos, é tão real que tenho a sensação de que posso tocá-la, porém, sei que agora ela está prestes a se unir a um homem de bom caráter, que não vai tratá-la como um dia eu a tratei. A perdi definitivamente. Meu único desejo é que seja muito amada, sei que vou morrer por dentro e talvez até por fora, mas esse detalhe é por conta do que a vida quer de mim.

À certa altura de meu retorno para casa, reparei de longe o pisca alerta de um carro, alguém certamente precisa de ajuda, com essa tempestade lá fora muitos acidentes podem acontecer. Pensei em voltar para a casa de Vitor assim que percebi que a chuva estava piorando, mas fui obrigado a seguir em frente devido a grande árvore robusta que caíra na estrada frações de segundos depois que passei por ela, o que deixou a passagem na rodovia totalmente bloqueada. Fui salvo mais uma vez, nesses últimos anos, alguém lá em cima tem sido muito generoso comigo.

Acelerei o carro na tentativa de me aproximar o mais rápido possível, percebo que há uma pessoa no meio da estrada, a mesma acena freneticamente para mim, como quem súplica ajuda nesta noite de tormenta. Quando viu que eu tinha entendido o pedido de socorro, pois fiz sinal com os faróis, a pessoa parou de gesticular e ficou próxima ao seu carro. Assim que meus faróis iluminaram-na e pude ver quem era, senti um forte choque percorrer toda a extensão do meu corpo. Sem pensar duas vezes, pisei no freio bruscamente, parei no acostamento e desci do carro às pressas. Ao nos olharmos mais uma vez nesta noite, ficamos atônitos por uns instantes tentando processar tal acontecimento. 

Me aproximei vagarosamente, vejo que está paralisada de espanto por me ver aqui, pois não esboça nenhuma reação, enquanto isso, a chuva lava nossos corpos nessa estrada deserta e fria. Caminhei de forma lenta e me coloquei diante dela com receio de que se exaltasse.

- Nina, o que aconteceu? está machucada? - perguntei um tanto assustado, relutei um pouco, mas tomei coragem e segurei firme seus braços, ela se encontra em um estado de transe, seus olhos sobre mim parecem me penetrar a alma.

- Sua cabeça. - exclamei passando a mão de leve em sua fronte, que por sinal está bastante avermelhada. Ela ainda permanece estática.

- Nina, está me ouvindo? - indaguei e chacoalhei de leve seus braços.

- Não me toque. - disse efusiva ao me empurrar ferozmente, saindo do estado de torpor.

- O que você está fazendo aqui? Vai embora. - gritou ao dizer, seu semblante é de desespero e ódio, está ferida por dentro e acho que essa cicatriz nunca vai se fechar. Olhei para seu carro e vi que o pneu dianteiro está furado, algo na estrada o rasgou por inteiro.

- Eu só quero ajudar, calma. - me aproximei novamente levantando os braços, como se quisesse mostrar a ela que estou desarmado, que não lhe farei mal algum. O tempo está amedrontador e os raios já começam a cair não muito distante de nós, estamos perto de grandes eucaliptos, o poder das pontas pode atrair os raios e até nos matar.

- Eu não preciso da sua ajuda, entra no seu carro e me deixa em paz. - falou eufórica e me deu as costas, saiu andando pelo acostamento da estrada como se fosse encontrar alguma saída para esta situação. Corri para alcança-la e para impedir que faça alguma besteira.

- Nina, para. Me ouve. - pedi com veemência me colocando de frente para ela, sem tocá-la. Minhas mãos queriam sentir sua pele, mas me contive para não contrariar sua vontade.

- Já não basta você ter aparecido naquele jantar para me causar mais desgosto e agora aqui, eu não aguento nem olhar para a sua cara. - sua voz saiu embargada e senti meu coração apertar.

- Eu te levo até sua casa, deixa eu te ajudar, eu sei que lhe causei mal, mas por favor, deixa eu me redimir, nem que seja neste pequeno gesto. Deixa eu ajudar você. - praticamente supliquei para que me permitisse tirá-la daquele lugar.

- A última pessoa de quem eu quero qualquer tipo de ajuda é você. - disse com raiva apontando o dedo para mim e me exaltei neste momento.

- Pelo amor de Deus, Nina, eu não sou nenhum monstro. - minha voz pesou com as palavras.

- Se quer ajudar, me leva para a casa do Vitor. - pediu e desviou o olhar de mim.

- Não dá, tem uma árvore bloqueando a estrada, por pouco não caiu em cima de mim. - é nítida sua aflição.

- Eu não vou a lugar nenhum com você. - foi enfática.

- Você vai sair daqui comigo agora, não vou te deixar aqui, pode ficar doente ou até mesmo morrer, olha esse tempo. - exclamei num tom mais alto e firme o que a fez dar um pequeno sobressalto. Ela está muito trêmula e olha em volta na esperança de encontrar outra saída, em vão, ninguém costuma ajudar pessoas nesse tempo e ainda por cima no meio de uma rodovia sem sinalização, a qualquer momento podemos ser atingidos por um carro em alta velocidade. Me sinto mal por vê-la desse jeito, não quero me minha presença aqui lhe deixe constrangida ou mais nervosa do que já está, contudo, não vou abandoná-la, nem que para isso eu tenha que ficar aqui nesta chuva com ela.

Vendo que não tinha mais saída, me olhou profundamente, em seguida virou as costas para mim e seguiu em direção ao meu carro, acionou a trava do seu e depois entrou, fechando a porta com toda a força que tinha. Segundos depois, fiz o mesmo, nossas roupas encharcadas molham todo o estofado. Peguei um pequeno cobertor que estava no banco de trás, graças a Deus que está aqui, esqueci de guardá-lo quando cheguei de viagem de Petrópolis, passei um fim de semana numa pousada e lá é bastante frio.

- Você vai ficar bem. - coloquei o cobertor em volta de seu corpo, seus lábios estão cianóticos por causa do tempo que esteve exposta à chuva e à noite gélida, as ondas de tremores ainda insistem em permanecer. Nossos olhares se encontraram fixamente por um bom tempo, enquanto eu a ajudava a se aquecer, senti o mundo ao meu redor parar, há tanta coisa que queremos dizer um ao outro, mas nenhuma palavra foi dita.

Sem esperar muito, saímos daquele lugar. Dirigi por um bom tempo, o silêncio entre nós é esmagador e observá-la assim tão perto de mim, vulnerável e precisando de um afago me faz querer protegê-la. Sua cabeça está inclinada lateralmente e apoiada no vidro, sua face está sem expressões, certamente seus pensamentos devem estar bem longe.

- Onde você mora? - quebrei o incômodo silêncio. - Leblon. - respondeu friamente. A chuva se intensifica a cada segundo que passa, temo por mim e principalmente por ela que pode desenvolver uma pneumonia se demorarmos muito para nos livrar das roupas molhadas. Liguei o rádio para escutar as notícias, mas o sinal está péssimo por conta da tempestade e só o que consegui ouvir é que a defesa civil está interditando algumas vias principais. Chegamos finalmente a uma estrada mais iluminada, porém há um congestionamento caótico, só há duas opções, tentar passar por ele e conseguir chegar até a casa dela ou voltar e seguir por outra via expressa, que facilmente e de forma rápida leva até a minha casa. Depois dos acontecimentos fatídicos a oito meses atrás vendi meu apartamento, agora moro na Barra da Tijuca, bem próximo da casa de Vitor, numa antiga casa que eu havia comprado a três anos atrás e que estava fechada, somente no início do ano passado é que deixei minha governanta por lá, pois dava reuniões semanalmente para fechar negócios, inclusive festas para tentar me distrair, mas eu era o anfitrião mais deprimente de todos, apenas via de longe a alegria dos demais.

- Não vamos conseguir chegar até sua casa. - falei temeroso por sua reação, o trânsito à nossa frente é conturbado.

- Como não vamos conseguir, eu preciso chegar em casa, será que nem isso você consegue fazer. - falou irônica e me encarou seriamente.

- Nina, olhe isso. - apontei para os muitos carros diante de nós, a estrada já está alagando aos poucos e os raios estam ficando mais numeroso. - Não podemos ficar parados aqui, é muito perigoso. - prossegui.

- Faça alguma coisa, eu quero sair logo daqui. - está agindo grosseiramente e eu aguento todo esse azedume porque sei que no fundo, tem razão de me tratar assim.

Respirei pesadamente e tomei coragem para dizer. - Minha casa não é muito longe daqui. - falei baixo e ela se espantou.

- Eu não acredito que você falou tamanho absurdo. - a olhei pensativo.

- Finnegan, me respeita. Eu prefiro morrer do que pisar os pés na sua casa. - quase gritou ao dizer, essa maneira de me chamar, sem pronunciar meu primeiro nome é típico de sua repulsa por mim, suspirei mais uma vez.

- Nina, minha governanta está lá, ela te ajuda. Não podemos ficar aqui, por favor, eu não vou chegar nem perto de você. - minha voz saiu embargada. Ela passou as mãos pelo rosto tentando digerir a proposta.

- Tudo bem, não tenho outra escolha, mas assim que a chuva passar ou vou embora. - assenti positivamente, fiz a manobra de retorno e em poucos segundos estávamos em uma via expressa em direção à minha casa. Há muito trânsito também, mas sei que chegaremos seguros, Nina acabou por adormecer e mesmo com seu corpo molhado, inspiro seu perfume que exala por todo o carro, inebriando-me.

Após quarenta minutos, cheguei em casa, acionei o portão automático e entrei com o veículo. Estacionei o mesmo na garagem e parei por uns segundos velando o seu sono, o tempo tem sido maravilhoso e a deixa ainda mais linda.

- Nina, chegamos. - chamei por ela sem tocá-la. Repeti seu nome algumas vezes até acordar, quando abriu os olhos vagarosamente, saí do veículo e me dirigi até o lado carona para abrir a porta para ela, que saiu logo em seguida. Entramos em casa e clamei por minha governanta.

- Leonora. - falei alto para que pudesse ouvir, é uma mãe para mim, está comigo a mais de vinte anos, desde que me mudei para a Inglaterra, deixou de trabalhar para os meus pais para me acompanhar, é uma senhora muito meiga e se não fosse seu apoio eu teria sucumbido de tristeza. Nina a conheceu quando éramos namorados e se davam muito bem.

- Leonora? - segurou forte meu braço ao me perguntar. Apenas assenti. Em poucos segundos, minha segunda mãe apareceu na sala.

- Oh, meu filho. - não consegui terminar a frase ao ver quem estava ao meu lado, as duas se olharem e pela primeira vez desde o jantar, notei um sorriso tímido no rosto de Nina. Ambas se aproximaram e fiquei a observar a cena.

- Nina? - sorriu emocionada ao questionar, por mais que soubesse de quem se tratava. - Sim, Leonora. É um prazer revê-la. - falou serenamente. Nina estendeu a mão para cumprimentá-la, mas foi recepcionada com um abraço caloroso.

- Estou toda molhada, Leonora. - está sem jeito pela situação. - Eu não me importo. - se apartaram do abraço e Leonora afagou carinhosamente seu rosto. - Jamais me esqueceria desse rosto, desses olhos. - sorriram uma para a outra.

- Otávio, eu fiquei preocupada, liguei várias vezes, mas você não atendia, filho. - só consegue descansar quando tem notícias.

- Desculpa, não tinha sinal em lugar nenhum por causa da tempestade. - me expliquei. - Leonora, por favor, a acomode no quarto de hóspedes, ajude no que for preciso. - fez sinal positivo com a cabeça, segurou Nina pela cintura, guiando-a até a escada. Antes que pudesse subir o primeiro degrau, ela parou e me olhou, depois seguiram para o andar superior.

Narrado por Nina

Leonora me encaminhou até um quarto de hóspedes, assim que entrei, observei decoração do local, é tão belíssima quanto a do restante da casa por onde passei até chegar aqui. É inegável seu talento com arquiteto, o trabalho que realizou no La Nuit é a prova fiel de minhas palavras.

- Tome um banho morno, vou colocar suas roupas na secadora e depois vou lhe trazer um chá. - disse abrindo as portas de uma armário embutido na parede, cujas portas são de madeira rústica, tirou um hobby branco e me entregou, reparei que há alguns vestidos pendurados nos cabides e alguns objetos os quais não consigo identificar, pois ela logo fechou as portas. - Há toalhas no armário do banheiro. Acho que tem tudo de que possa precisar. - me olhou docemente.

- Obrigada, Leonora. - sorri para ela.

- Não é a mim que você tem que agradecer. - suas palavras saem mansas. Fui em direção ao banheiro, me despi de meus trajes molhados e ela prontamente os levou, me deixando sozinha no quarto. Entrei no box e liguei o chuveiro, a água morna que cai agora pelo meu corpo me faz viajar em meus pensamentos, em tudo o que vivi até o dia de hoje, como se forças maiores fizessem de tudo para que o Finnegan e eu estivéssemos frente a frente outra vez. Fiquei no banho por um longo tempo, ao término dele, saí enrolada no hobby branco que Leonora me deu. Sentei na beirada da cama observando o ambiente, é de muito bom gosto e requinte, a janela de vidro é enorme e posso ver a chuva que castiga o Rio de Janeiro, observo também, um lindo baú antigo aos "pés" da cama que contrasta com a contemporaneidade dos outros móveis.

Porém, não contive minha curiosidade, andei sorrateiramente pelo quarto e abri as portas do armário. Dentro do mesmo, além dos vestidos, que certamente são de alguma namorada ou quem sabe daquela modelo, há uma caixa retangular cuja tampa é revestida de couro, não sou de mexer no que não é meu, porém algo me instiga a abrir. Assim o fiz, e rapidamente o cheiro de coisas velhas exalou da caixa, inundando-me. Coloquei a mão direita em minha boca para abafar o som das palavras que quis pronunciar. Por alguns segundos permaneci sem ação, peguei a caixa e coloquei em cima da cama, sentei ao lado e comecei a olhar tudo o que estava dentro. Involuntariamente, deixei minhas lágrimas caírem repletas de saudade ao olhar as inúmeras fotos que ele guarda, imagens registradas do início do nosso namoro e de tantos outros momentos que jamais saíram da minha memória, bilhetes que escrevi e um lenço muito antigo meu, nunca imaginei que estaria com ele. Tudo está envolto pelas marcas do tempo, as fotos e os bilhetes estão amarelados, assim como o lenço que está desbotando. Uma dor imensa toma conta de mim e tudo me faz lembrar do dia em que me deixou, não quis ouvir sequer minha explicação. Envolvi os braços em volta do meu corpo, como se estivesse me abraçando e chorei amargamente. Só me dei conta do tempo que passei observando estas lembranças quando ouvi batidas de leve na porta.

- Nina, eu trouxe um chá para você. - é a voz de Leonora, enxuguei as lágrimas e fui em direção à porta. - Obrigada. - falei ao abrir a porta. Ela olhou espantada para as coisas espalhadas em cima da cama, entrou e depositou a bandeja em cima do criado mudo.

- Desculpa, não era pra você ter visto isso, Otávio estava relembrando o passado hoje e vejo que ele esqueceu de guardá-lo.

- Por que ele ainda tem isso? - perguntei irritada. - ela me olhou compassiva.

- Nina, suas lembranças são a única coisa que o mantém vivo. - engoli seco por causa dessas palavras.

- Ele não tem esse direito, essa a minha vida, meu passado. - apontei para as lembranças na cama. Ela abriu novamente as portas do armário e retirou um belo vestido de dentro e o estendeu para mim. O segurei, é um belo vestido azul marinho para festas de gala.

- Ele comprou para você a exatos oito meses atrás, mas nunca teve a oportunidade de lhe entregar devido aquele ocorrido, assim como aqueles outros, que ele comprou a muitos anos atrás. Ele parava todos os dias em frente ao seu escritório na esperança de ter ver, o que nunca aconteceu. Ele vive por sua causa. - disse com emoção e eu jamais poderia imaginar que todos esses anos ele fez essas coisas pensando em mim.

- Por que ele acabou com a minha vida? - questionei em meio às lágrimas. - Por que me abandonou? - uma angústia começa a me preencher. A governanta me olha compadecida.

- Nina, ele errou muito com você e mais de uma vez, mas Otávio também foi ferido pelo próprio orgulho. Eu nunca vi um homem amar tanto uma pessoa, por tanto tempo como ele ama você. - Leonora intercede por ele como uma mãe faz pelo seu filho.

- Eu vou me casar, Leonora, eu não sinto mais nada pelo Otávio, nada. - ela me olha esboçando uma face de tristeza.

- Eu não deveria fazer isso, mas quando eu te vi naquela sala eu tive um pressentimento. - disse tirando uma pequena chave do bolso de sua calça e me entregou. - Pra que essa chave? - relutei em pegar. - Acho que deveria ver uma coisa. - olhou para o baú antigo.

- Ver o que? - fiquei impaciente.

- Apenas abra e tire suas próprias conclusões. Vou sair e te deixar sozinha, preciso vou me recolher. Se precisar estou lá embaixo no quarto do fim do corredor, à sua esquerda ou chame por ele no quarto ao lado. - a olhei um pouco assustada e ela deixou a chave em cima da cama, saindo logo em seguida. Respirei fundo e andei de um lado para o outro, passei as mãos pelo rosto, não estou acreditando que tudo isso está acontecendo e ainda lembro que ele está tão perto de mim, no quarto ao lado. Sem esperar mais um segundo sequer, me ajoelhei diante do baú e coloquei a chave, suspirei e girei a mesma, levantei receosamente a tampa e fiquei sem entender a principio, fui retirando um por um dos incontáveis blocos de cartas que preenchiam o baú por completo. Cada um deles está preso por elásticos e tremi de espanto quando olhei o nome do destinatário, pois era o meu, peguei um dos bloco onde se encontravam cartas escritas em 1996, pelas datas, ele escreveu praticamente uma carta por semana naquele ano. Tomada pelo desespero, rompi todos os elásticos de todos os blocos, passei um bom tempo analisando as datas, durante vinte anos ele escreveu para mim e nunca teve coragem de me enviar nenhuma delas. Abri algumas e li certos trechos, porém não aguentei ir até o fim, pois as lágrimas que eu derramo embaçam minha visão e mancham as letras escritas a tanto tempo. Arremessei algumas cartas contra a parede do quarto tentando aliviar a raiva dentro de mim.

Tentei com todas as forças me recompor, contudo, percebi que não podia esperar mais. Peguei o máximo de cartas que consegui segurar e saí, fui em direção ao quarto ao lado.

- Otávio. - gritei seu nome e chutei a porta de raiva. - Otávio. - chamei mais uma vez. Não demorou muito para a porta se abrir e quando isso aconteceu, vi sua imagem de hobby branco, repleta de fúria, joguei as cartas sobre ele e entrei no quarto sem pedir permissão.

Narrado por Otávio

- Seu covarde, covarde. - me olhou furiosa e fechei a porta por conta de seus gritos, as cartas se espalharam pelo chão do quarto.

- Foi a Leonora, não foi? - a olhei arrependido e comecei a recolher uma por uma. - Me desculpa, ela não poderia ter feito isso. - minha voz embargou e levantei com as cartas.

- Você foi a maior decepção da minha. - veio em minha direção e bateu em minhas mãos derrubando-as novamente, abaixei minha cabeça envergonhado. - Olhe para mim. - pediu grosseiramente.

- Eu sei, Nina. Eu fracassei com você. - a tensão entre nós já invade o ambiente.

- Ao invés de me procurar e me ouvir você preferiu escrever essas malditas cartas, que por sinal nunca teve coragem de enviar. - está tão alterada que seus lábios tremem ao pronunciar as palavras.

- Por favor, Nina, eu não peço que você me perdoe, porque o que fiz é imperdoável. Só peço que não me odeie tanto. - riu irônica de minha fala. - Eu definhei quando você foi embora e só Deus sabe o quanto foi difícil criar nosso filho sozinha. - suspirei.

- Eu nunca vou me perdoar por isso. - falei repleto de tristeza.

- Eu esperei tanto por você, pensei que fosse voltar, mas você fugiu pra Inglaterra, seu covarde. - repetiu enraivecida a palavra com que agora me define, covarde.

- Eu te amava tanto e o que foi que você fez? - perguntou e sua voz começou falhar. - Você desperdiçou todo o nosso amor com o seu egoísmo com a sua falta de confiança em mim.

- Nina, eu sofri tanto durante esses anos. - engoli o choro. - Em nenhum segundo da minha vida eu deixei de te amar. Eu ainda te amo como na primeira vez em que te vi, nada mudou, absolutamente nada. - me aproximei dizendo.

- Por que você teve que aparecer naquele jantar? Só para me fazer lembrar do passado, de como um dia eu fui feliz. - a chuva estava intensa do lado de fora, a janela do meu quarto estava com as cortinas abertas e pude ver os raios iluminando a noite.

- Eu não vou mais te magoar, vou entregar o projeto para outro arquiteto e não precisará mais me ver. - ela me olhou séria.

- Por que você está fazendo isso comigo? - bateu forte contra meu peito várias vezes, eu nada fiz para me defender. - Você trouxe de volta todo o meu passado e agora vai fugir mais uma vez, eu te odeio. - bateu novamente, sinto que extravasa toda a sua ira sobre mim.

- A única coisa que eu quero no mundo é ver você feliz, eu sinto muito por ter ferido você, por não ter acreditado e sei que é tarde de mais. - me afastei dela.

- Tarde de mais pra quê? - se aproximou de mim novamente. - Fala. - segurou forte na gola do meu hobby. Eu fiquei em silêncio, fiz menção em tocá-la, mas desisti, estamos perdidos nos olhares um do outro e vê-la chorar é a pior dor do mundo.

- Covarde, está com medo de me tocar. - afirmou chacoalhando-me. - Você é um fraco, não é o homem que um dia eu conheci.

- Nina, não faz isso. - pedi serenamente.

- Eu sei que você vai se arrepender se eu te tocar, por isso, se ainda existe aí dentro uma lembrança boa de nós dois eu quero que a guarde, não lembre de mim como alguém que só te machucou. - ela bateu de novo contra o meu peito. Seu rosto tão perto de mim me faz sentir seu hálito fresco, desejo com toda as forças fazer amor com ela, mas não vou aguentar seu arrependimento depois.

- Droga, Otávio, toque em mim. - falou entre o choro. A olhei por um tempo digerindo suas palavras, tentando entender se eram de verdade. - Por que você quer eu eu faça isso. - falei firme e ela me olhou

- Porque eu ainda te amo. - se declarou docemente e não pude conter o choro, afoguei meu rosto em seu ombro apertando-a contra o meu corpo, seus braços se entrelaçaram em minha nuca, ouço seu choro abafado e me sinto tirando um fardo enorme das minhas costas. Não sei exatamente o que está acontecendo entre nós, porém não quero que acabe.

- Eu te quero tanto. - falei olhando para ela. - Fiquei com tanto medo de você morrer. - senti seu dedo indicador selar meus lábios antes que eu pudesse continuar a frase.

- Eu me lembro exatamente do passado, de quando éramos felizes. - passou a mão por minha face. - Toque o meu corpo, me prove que você ainda me ama. - uma sensação extraordinária pairou em meu corpo, suas palavras causaram em mim uma excitação fora do normal.

Emaranhei meus dedos em seus cabelos e tomei seus labios de forma avassaladora. A apertei contra mim, sou bem mais alto e seu corpo pequeno se perdeu em meus braços. Uma de minhas mãos desceu e desatou o laço que prendia o hobby em seu corpo, a peça de roupa de caiu a deixou totalmente nua em minha frente. Olhei-a instigado por uns segundos e percebi sua face ruborizar, não sabemos muito o que dizer nessa hora ainda mais depois de tudo o que passamos, a única certeza que tenho é que quero sentir se realmente ela ainda me ama.

- Isso tudo é real não é? - perguntei admirando seu corpo. Para minha surpresa, ela desfez o laço de meu hobby e terminei de ajudá-la, fiquei apenas uma cueca box branca. Suas mãos alisam meu peitoral e sinto suas unhas passearem por ele, me levando ao delírio. Sei que ela também está assutada e com medo de nossa reação depois de tudo isso, mas desejo tanto essa mulher que o único medo que eu tenho é de não fazê-la minha agora.

- O que sentimos agora é real. - afirmou em sussurros e meu membro latejou ao ser acariciado por cima da cueca box, fechei meus olhos com uma certa força permitindo que seu toque arrepiasse todos os pêlos de minha de minha pele.

Narrado por Nina

Seus braços envolveram fortemente minha cintura me lançando contra a parede, senti meu corpo ser levantado com um certa pressão e entrelacei minhas pernas em volta dele. Nossas peles em contato, causam-me uma excitação descomunal. Posso sentir seu membro bastante rijo por cima da cueca, me movimento tanto em busca de um contato maior que suas mãos apoiam minhas pernas para eu não cair. Segurei seus cabelos e nos encaramos.

- Você quer isto tanto quanto eu. - me perguntou ofegante.

- Muito mais do que você. - sussurei. Não quero pensar nas consequências desse ato, mas sei que tudo o que nos trouxe aqui foi para me mostrar que não consigo viver sem ele e que estamos ligados por forças maiores. Todo o meu corpo se contraíu quando senti seus lábios quentes tocarem os bicos de meus seios rígidos. Ele os puxa sem me machucar, passa de um seio para o outro e suas marcas ficam em minha pele bastante alva. Otávio praticamente morde minha pele com uma vontade quase insaciável, seu tórax pressiona meu corpo deixando-me firme na parede.

- Humm. - gemi ao sentir seus dedos movimentarem em círculos meu ponto de prazer. Puxo seus cabelos à medida em que minha intimidade umedece em sua mão. Não consigo desviar meu olhar deste homem enquanto ele me devasta com suas carícias. Num movimento rápido, descolou-me da parede e apenas senti meu corpo ser depositado na cama macia.

- Eu nunca me esqueci da nossa última vez. - mordiscou o lóbulo de minha e orelha e susurrou as palavras, e em seguida, iniciou uma tortura maravilhosa em mim, prendeu meus pulsos na altura acima de minha cabeça e beijou meu pescoço, seus chupões me levam ao delírio, tento me soltar para acariciá-lo mas não consigo. Sua boca agora desce pelo meu ventre e finalmente me soltou, arquiei meu corpo quando senti sua língua tocar meu sexo úmido.

- Aah. - gemi quando sugou meu ponto de clímax, sua língua brinca com movimentos circulares e as vezes penetra-me gostosamente. Estou experimentando uma sensação única, jamais pensei que isso iria acontecer e em seus braços sinto um prazer imensurável, como nunca tive com homem nenhum, traio Vitor fisicamente e mentalmente, porém estou sendo fiel a mim mesma, sou livre fazendo amor com o homem que eu amo.

- Eu preciso sentir você Otávio. - entrecortei as palavras e supliquei percebendo que minhas pernas já estão bambas, ele segura firme meus quadris, me impedindo de sair.

- Por favor. - não quero chegar ao ápice assim, meu desespero por senti-lo é muito evidente, minha pele queima sentindo suas mãos apertarem meus quadris e depois meus seios. Minhas pernas pressionam sua cabeça, não vou suportar por muito tempo.

- Otávio. - falei firme e logo ele cessou o contato íntimo se colocando em cima de mim sem deixar que eu sinta seu peso. Segurei seu rosto e nos olhamos sem nada dizer um ao outro. Nos virei e fiquei por cima, desci massageando seu abdome definido e segurei seu membro, que por sinal já está rígido e quente, comecei a movimentá-lo com a mão, enquanto ele me olhava excitado, mordia o lábio inferior ao sentir meus carinhos que a cada segundo que passa, se intensificam.

- Isso, só você consegue me deixar assim. - falou entregue ao prazer, seu rosto está avermelhado e seus olhos demostram todo o tesão que está sentindo. Não aguentei mais esperar e o chupei com precisão. - Ooh. - grunhiu quando tentei colocá-lo por inteiro em minha boca, ainda tem o mesmo gosto delicioso que eu nunca esqueci. Fiquei alí por um bom tempo, ele puxava meus cabelos e as vezes, os lençóis da cama, movia seu quadril várias vezes fazendo com que seu membro invadisse com mais pressão minha boca.

- Quero que você ame como antes. - cessei as carícias e pedi suplicante.

- Não Nina. - me puxou pelos braços e me deitei em cima dele, sua mão, prontamente segurou seu membro o posicionando em minha entrada.

- Vou te amar como agora, como nunca deixei de te amar. - sorri ao ouví-lo dizer. - Humm. - gemi aliviada quando me invadiu por completo, ele se move embaixo de mim carinhosamente, as investidas são lentas demonstrando todo o seu cuidado. A sensação que tenho é que somos uma alma só.

- Ain. - gemeu quando comecei a cavalgar com mais pressa, o desejo que me invade é intenso e sua face é de excitação, os sons de prazer que emitimos são abafados pela chuva lá fora. Seus dedos afundam em minha coxa e nossos corpos suados possuem um ao outro.

- Ahh. - gritei quando ela me virou e ficou por cima de mim sem perder a conexão, entrelacei minhas pernas em volta de seu quadril para sentir seu membro mais fundo dentro de mim. Ele envolto pelo momento, sussurra seus sentimentos.

- Eu te amo, Nina. - me penetrou com uma intensidade avassaladora. - Você é minha. - nossas bocas apenas se chocam sem nos beijamos. - Só sua, para sempre. - falei ao sentir minhas intimidade latejar com a força de seu sexo dentro de mim. Nossas respirações descompassada entregam a proximidade do nosso êxtase.

- Ohh. - dei mais algumas puxadas fortes em seus cabelos e deixei os calafrios em meu ventre percorrer meu corpo inteiro, inclinei meu corpo para trás em busca de ar, enquanto gozei gloriosamente para ele, minha intimidade se contrai à medida em que o êxtase é liberado. Ao me ver assim, liberta, senti seu jato de prazer ser jorrado com força, lavando-me, Otávio gemeu loucamente até derramar sua última gota com algumas investidas que sensibilizaram mais ainda meu ponto de prazer.

Ele sorriu lindamente para mim e seus olhos marejados se puseram sobre mim fixamente, seus lindos olhos azuis. Ficamos conectados por mais um tempo apenas sentindo o perfume de nosso prazer, ele beijava minha face e depois minha boca e eu acariciava delicadamente seus cabelos. Por incrível que pareça, senti que estava pela primeira vez depois de muitos anos, sendo a Nina que realmente nasci para ser.

Quando saiu de dentro de mim, deitei minha cabeça eu seu ombro e passei minha mão em seu peitoral. Deixamos a emoção tomar conta de nós e o silêncio não era mais incômodo, a janela molhada por fora pela chuva nos dava uma visão da noite inesquecível que nos uniu em alma e carne mais uma vez.


Notas Finais


Obrigada por lerem até aqui😘


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