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História Memórias de um antigo amor - The Commodores no rádio da Hello Kitty; capítulo único


Escrita por: inferus

Notas do Autor


"poxa sthe você é só texto né texto texto só tem isso de presente pra quem vc ama"
a resposta é sim.

essa capinha linda foi doada pela aniversariante mais incrível do mundo, @yongbok multitalentosa amém

boa leitura, e happy jhen day <3 [mais palavras nas notas finais]

Capítulo 1 - The Commodores no rádio da Hello Kitty; capítulo único


Quando conheci Joohyun, ela tinha cabelos na altura dos ombros e um vício descomunal por biscoitos de laranja. Era três anos mais velha do que eu. No auge dos dezesseis anos juvenis que brilhavam através de orbes cor de noite, cada centímetro de seu corpo era desenhado com perfeição pelos olhares alheios e os dedos grandes de seu namorado do colegial. Gostava de jogar tênis, desenhar desajeitadamente quando estava entediada e cantar antes de dormir. 

Eu presenciava todas as três atitudes favoritas involuntariamente, porque meus pais frequentavam o mesmo clube de esportes que Joohyun, ela sempre desenhava no jardim em frente à sua porta de entrada — coincidentemente, ao lado da minha depois que se mudou — e a sua voz atravessava as paredes caramelo da própria casa. 

Chegava aos meus ouvidos uma melodia torta, baixinha, quietinha como ela só, e dormia antes de mim. Eu não queria pegar no sono antes de fisgar o canto da sereia às duas horas da manhã.

Apesar de manter os pensamentos fechados — estes que eu era bem familiarizada, porque Joohyun não fechava a maldita janela a poucos centímetros da minha e maquinava em voz consideravelmente alta —, ela era popular. Não popular porque o seu nome estava na boca de cada garoto adolescente existente na cidade, mas porque seu sorriso era suficiente para acender uma luz de aconchego em todo mundo. Eu gostaria de dizer que as garotas invejavam Joohyun e os garotos queriam tê-la, mas depois de tantos sorrisos e vistas privilegiadas dos lábios cobertos por gloss de cereja, esses conceitos haviam sido embaralhados mais vezes do que minha mente matematicamente limitada poderia contar. (Senhor Jesus, como eu odiava matemática). E, também, não é como se pudessem tê-la, de qualquer forma.

Por causa da minha habilidade questionável com números e do meu coração adolescente faiscando em paixonite, falei com ela pela primeira vez através do telefone. Ah, não. Eu não queria falar com ela — isso poderia ser facilmente resolvido se eu batesse na porta ao lado, porque meus filtros em relação a isso sempre foram iguais a zero. 

Eu queria falar com Kim Seokjin, um aluno do terceiro ano que dividia as aulas de história da arte comigo. Ele era um doce mais doce que os brigadeiros que trazia para o colégio nas sextas-feiras. Eu pensei estar tão apaixonada pelos seus cabelos rosa recém-pintados em um surto de juventude transviada e os olhares amistosos que trocávamos durante as explicações sobre Romantismo Europeu que acabei pedindo seu número. Assim que cheguei em casa, corri para o telefone da cozinha e disquei os cujo ditos. O toque soou na casa vizinha e a voz de Joohyun disse “Oi. Quem fala?”

Passamos a tarde conversando sobre os garotos estúpidos da educação física e as novas músicas da Avril Lavigne, depois que Joohyun me falou que Seokjin estava apaixonadíssimo no presidente do clube de música, Min Yoongi. E aí eu pensei: “Hm... Isso é legal!” e não fiquei nem um pouco ressentida pelo fato de ter sido, muito provavelmente, enganada (acabou que, na verdade, eu errei o número pela pressa e o tempo com a Bae foi tão bom que eu não me preocupei em checar novamente. De qualquer forma, Yoongi e Seokjin começaram a namorar um tempo depois. Também achei isso diferente — um diferente muito legal).

Aí, eu e ela nos aproximamos em uma mínima porcentagem de intimidade. Todos os dias que ela sorria pra mim nos corredores e que me via dançando pela janela do quarto, a porcentagem aumentava gradativamente.

Em um belo dia (belíssimo, grandioso e formidável) durante as férias de verão, eu estava sentada na mesa de piquenique no jardim de casa estudando alemão e comendo pipoca — pois é, eu estudava alemão! Wie geht es Ihnen? Quer dizer “como você está” de acordo com o google tradutor, porque eu não lembro muito bem… — quando meus olhos captaram automaticamente a visão da casa ao lado. 

Joohyun atravessou a porta, olhou para mim, acenou, sorriu e andou em direção a caixa de correio. Como se não fosse nada demais, ela tinha cabelos cor de rosa.

E então eu pensei: Hm! Isso é melhor ainda.

Ela terminou com o namorado e eu visitava sua casa todos os dias. Para os meus pais, não fazia diferença, porque eles a amavam, e não é como se estar na casa ao lado fosse motivo de preocupação.

A Bae gostava de biscoito de laranja e detestava pipoca. Eu fiz ela aprender a amar pipoca nas nossas noites de cinema aos domingos (pensamos em fazer às sextas, mas o domingo sempre foi muito carente de atenção) e quando passávamos as manhãs acampando no quintal de casa, tentando aprender a desenhar. Nesses momentos, meus olhos eram completamente dela. Toda vez que me via fazendo caretas no espelho ou andando desajeitadamente de bicicleta, ela dava um sorriso. A barrinha da porcentagem Joohyun de intimidade parecia surgir ao seu lado e aumentar generosamente a cada peculiaridade dos nossos encontros. Gradativamente, além dos meus olhos hipnotizados, eu fui virando dela. 

Diferente de Bae Joohyun, era tão fácil me ter! Bem mais fácil que matemática e mais fácil que desenhar. Easy like sunday morning — como a música favorita de Joohyun na época soava aos nossos ouvidos nos literais domingos de manhã.

Existia algo além dos nossos momentos pré-festa colegial, quando nos maquiávamos juntas cantarolando as músicas do meu rádio portátil cheio de adesivos da Hello Kitty. Algo além dos olhares trocados nas aulas insuportáveis de história da arte — agora que Kim Seokjin tinha os cabelos rosa mais sem-graça do mundo comparados aos fios algodão doce de Joohyun — muito além dos traços que passei a desenhar nos braços da mais velha quando adormecíamos juntas nas festas do pijama de Sooyoung e eu acordava primeiro. Eu queria que o gosto de laranja se misturasse ao salgado das minhas pipocas feitas em casa, todas as vezes que minha atenção passava mais tempo do que deveria em seus lábios brilhosos. Joohyun sequer usava maquiagem para deixá-los convidativos, mas eu os via como uma pintura surrealista. 

Muito, muito além.

Os cabelos dela cresceram até o final das costas, e em questão de poucos meses, voltaram ao preto. Preto das meia-noites que passávamos fazendo dever de casa debaixo do teto de seu quarto; da meia noite que pintava os ponteiros de seu relógio quando se atreveu a me beijar pela primeira vez. Ela voltou ao preto das primeiras vezes; a primeira vez que a vi, a primeira vez que nos falamos… eu pintei meu cabelo de ruivo, loiro, roxo e dei a volta inteira até o castanho inicial. Mesmo assim, eu não voltei atrás. 

Eu queria ter segundas vezes, terceiras, quartas. Em cabelos pretos, ruivos, cor de rosa, vermelhos-sangue. 

Não tão ironicamente assim, ela foi fazer faculdade de artes! no exterior, e nossa despedida acabou sendo bastante divertida quando eu e Joohyun fizemos um tour pelo aeroporto, contando piadas sobre como ela seria patética no desenho e como eu seria patética fazendo minha ordinária faculdade nacional de direito. 

Acima de tudo, nós cantamos músicas por cima do áudio do meu rádio portátil. Ela me ensinou a andar de bicicleta e eu a torturei ao fazê-la andar de patins na primeira madrugada que chegamos bêbadas da festa de Park Jinyoung. Eu ouvi sua voz desafinar e afinar, ela me via acordar com o rosto inteiramente amassado pela janela do seu quarto. Acima de tudo, Joohyun e Seulgi eram easy nas sunday morning, nas terças chatas das aulas de história da arte e nos domingos cinematográficos. 

Vê-la subir no avião em direção a Roma — eu lamentei muito que não fosse Berlim! Poderia facilmente ensiná-la o idioma através das nossas línguas — foi apenas uma garantia de que ainda estaria tudo aqui. O rádio. Os patins lascados. Os biscoitos. E eles ficariam todos felizes com suas memórias, ainda que isso significasse a ausência dela.

E eu estava feliz. Um, dois, três, quatro anos depois. Tão feliz que, em um domingo bem chato sem seus cabelos cor de rosa ou a visão dela praticando tênis no quintal de casa, decidi prestar uma visita a loja de conveniência perto do meu apartamento. Velha, chata e sem graça (não estou falando de mim, e sim da lojinha), ela não tinha muito a oferecer além de revistas que ninguém lê e doces infantis demais até para mim. Felizmente, num cantinho quase vazio das prateleiras, localizei um pacotinho solitário de pipoca salgada. E estava bom demais para ser verdade.

— Com licença?!

Soou mais como uma ameaça, ainda que fosse uma expressão de educação. A pipoca estava envolvida por duas mãos desesperadas. Franzi as sobrancelhas em confusão, mas quando olhei para o lado, era fácil de novo.

Eu amei Joohyun com os cabelos curtinhos, com os calos nas mãos de tanto jogar tênis; eu amei na mesma intensidade a Joohyun de vinte e três anos que finalmente voltou.


Notas Finais


final aberto = tudo, seulrene = casadas com dois filhos e três cachorros

fun fact: na verdade, o negócio dos biscoitos de laranja vieram da kai (@fairyibo) e eu achei que seria algo fofinho pra adicionar na personagem da joohyun hrjengngnvg

feliz aniversário, jhenjhen. nós nos conhecemos nesse mesmo site há uns quatro anos atrás, e eu fico muito feliz em ainda poder dizer que você é minha amiga. você é uma pessoa incrível, amada por todos, com um coração lindíssimo e cheia de coisas boas pra espalhar nesse mundão que tá mesmo precisando. muito obrigada por fazer parte de tantas épocas significativas da minha vida desde 2016, desde as fanfics do shawn, desde como destruir um destruidor de corações, desde @sanatorio, até nossas futuras collabs que VÃO SAIR SIM AMÉM!!! você merece tudo de bom existente, e eu espero que essa seulrene bobinha possa ter te deixado feliz no seu dia — já tava na hora de "sthellar" ganhar uma amiguinha, mesmo nem chegando aos pés da obra que você me dedicou há uns anos (e eu nem gosto tanto assim de pipoca, então já posso te declarar seulgi da minha joohyun?)

eu te amo mil milhões. muito obrigada mesmo. continue sendo essa pessoa maravilhosa; eu continuarei aqui. <3


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