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História Memórias Rasgadas - Capítulo XLIII


Escrita por: Imagination

Notas do Autor


Obrigada pelos comentários, favoritos e mensagens! E claro, a todos os que acompanham a fic!

Desculpem pelo atraso na atualização mas têm sido dias complicados com pouco tempo de descanso e para escrever, mas tenho tentado fazer os possíveis.

Capítulo 43 - Capítulo XLIII


Capítulo XLIII

 

A mulher de cabelos loiros presos elegantemente sem deixar um fio escapar, acabava de observar a maquilhagem simples, mas que realçava o seu rosto. Levava um vestido rosa escuro um pouco aberto nas costas, com uma fita na cintura realçando a sua silhueta e estendendo-se aos seus pés, que calçavam salto alto com uma cor prateada que combinava com a pequena mala.

Os olhos azuis encontraram um pobre trabalho feito com a gravata e decidiu interromper as tentativas do filho e ajudá-lo.

– Ainda não acredito que recebemos o convite. – Comentava Zeke com a mãe à sua frente a refazer o nó na gravata. – Terá sido por influência do Levi?

– Pouco provável. – Respondeu Dina, colocando distância entre ela e o filho para observar como tinha ficado e sorriu satisfeita. – Agora sim, muito melhor. – Olhou para o marido encostado na porta à espera dos dois. – A Isabel sabe como é importante manter certos laços sociais. É uma mulherzinha bastante astuta e daí que o Erwin a tenha a contratado para trabalhar de perto com ele e o Levi. Ela não dá ponto sem nó e por isso, mesmo que não tenha nenhum apreço por parte dos convidados, vamos acabar por ver caras conhecidas. Agora não percamos mais tempo.

Assim como esperava, Dina soube que Nile não estaria presente. Ele andava a engendrar algum plano para aquele dia. Só que mesmo não podendo estar presente como ele pensou ser possível, Nile continuava a dizer que não desistiria de dar início à ruína da família Smith.

A mulher de cabelos loiros ainda tinha presente a conversa mais recente com Nile, em que este mal conteve a sua cólera. Embora ela também não quisesse acreditar que aquele homem detestável, tivesse tido o descaramento de ir pedir dinheiro a Levi. Para ela era um cenário completamente absurdo e era evidente qual seria a resposta. Porém, aparentemente Levi teria dito ou feito mais alguma coisa que fez com que Nile recordasse Kuchel. Diante desse comentário, Dina quase revirou os olhos. Como é que Nile podia surpreender-se com isso? Eram mãe e filho. Evidentemente partilhavam traços em comum. Entre outras coisas, Erwin fez com que Levi descobrisse que também atraía os olhares quando passava e fazia com que muitos desejassem estar próximos do círculo de amizade dele. Não apenas por dinheiro, mas porque de facto, ele partilhava daquela mesma aura que a mãe dele teve em tempos.

Kuchel foi assim… e durante muito tempo, muito ingénua. Ele às vezes também pode ser ingénuo e são essas pequenas coisas que o vão fazer cair. Ainda assim, preciso saber o que o Nile preparou. Nada pode pôr em causa a vida do Levi sem que o meu filho tenha uma aliança no dedo”.

– Estás a pensar no que o Nile pode fazer? – Perguntou Grisha, que levava um fato formal semelhante ao filho, mas sem gravata.

– Ele estava um pouco mais desequilibrado que o normal naquela última visita. – Falou Zeke.

– Pois, mas ainda não consegui contactá-lo. – Respondeu Dina. – Ele sabe até onde pode ir. Acho que não se atreveria a desafiar-me…

 

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– Hei. – Levi segurou na mão do moreno que parecia nervoso com alguma coisa, agora que iam a caminho da igreja onde iria decorrer a cerimónia. – Pareces mais agitado que o noivo. – Comentou discretamente.

Reiner conduzir o veículo e conversava com Farlan que ia sentado ao lado dele. No entanto, Bianca mesmo sentada ao lado do pai e com Kuro sobre as pernas, parecia mais interessada na conversa que acontecia entre os dois ocupantes da frente. O gato levava uma fita branca ao pescoço e desempenharia algum papel durante o casamento.

Já Bianca levava uma tiara branca com pequenas flores, um vestido de alças finas também de cor branca com uma fita na cintura que se prendia com um laço grande nas costas e se estendia até aos joelhos da menina. Levava umas luvas brancas nas mãos e uns pequenos sapatos da mesma cor com dois pequenos laços na frente.

– Será que não devia ter ido com o Armin e a Annie? – Perguntou o moreno, mantendo o tom discreto.

– Querias ter ido com eles? – Questionou Levi, inclinando um pouco o rosto para ver a expressão que o outro tinha.

– Não sei, eu…

– Eren, é verdade que vai haver lá gente que só vai pela importância do status e aparências, mas também vão lá estar os nossos amigos. – Afirmou num tom tranquilo.

– E o que vão pensar as outras pessoas quando te virem comigo? Eu não quero que fiquem a falar mal de ti por minha causa. – Admitiu com vergonha e ruborizou-se ao ver Levi encostar os lábios à mão dele.

– Eles que se atrevam a dizer alguma coisa. – Respondeu. – O que vão ter é inveja porque eu vou ter o par mais charmoso da festa. – Sorriu. – Descontrai porque quando não estiver ao teu lado, vais ter os nossos amigos e sei que ninguém vai admitir que te faltem ao respeito. Seja quem for.

Eren sorriu ligeiramente. Sentia-se um pouco melhor, mas sabia que não havia muito que Levi ou os amigos pudessem fazer para afastar aquela vontade de ficar no canto mais discreto da festa para não ter que ser insultado. Ninguém tinha boas lembranças dele e o moreno não podia culpá-los por causa disso. Mesmo tentando pensar que não podia baixar a cabeça para o resto da vida, ainda existia uma parte dentro dele que achava que merecia aquelas coisas. Merecia colher os frutos das tempestades semeadas no passado.

Porém, o que custava mais Eren, era ver os seus amigos a receber os mesmos olhares ou comentários de desprezo apenas porque estavam com ele. Prejudicar quem não tinha nada a ver com as coisas que ele fez, deixava-o sempre com um sabor amargo na boca.

Assim que chegaram ao local, apesar da proibição para que os meios de comunicação não entrassem na igreja, ainda havia alguns fotógrafos no exterior.

Eren desviou o olhar e em seguida, sentiu uma mão segurar na dele. Encontrou Nina sorridente e Mike do lado oposto colocou a mão no ombro dele e murmurou para entrarem. Nina trazia um vestido sem alças, mas de motivos florais de cor vermelha e rosa até à cintura, que depois tinha apenas a cor vermelha, ficando longo até aos pés e bem solto, esvoaçando ligeiramente com a brisa que corria. Os cabelos estavam presos numa trança com pequenas flores a enfeitá-la.

À chegada à igreja, Levi saiu em primeiro lugar com a filha e Farlan. No local Hanji e Petra já os aguardavam. Os padrinhos escolhidos pelos noivos eram Levi e Hanji. Portanto, os dois estariam no altar, assim como Isabel insistiu. Não era uma escolha estranha, mas Annie foi das que questionou por que razão Levi não levava um acompanhante e Hanji seguiria a mesma ideia, ficando assim os padrinhos divididos pelo noivo e pela noiva. Foi uma questão que causou algum embaraço e clima tenso durante um jantar, mas Isabel respondeu com naturalidade e sem traço de irritação. Ela limitou-se a dizer que já tinham decidido isso antes e que não iam mudar.

Na opinião do moreno era até melhor que assim fosse. Ficaria menos nervoso sentado num local mais discreto do que na frente de todos. Se bem que sabia que essa escolha de Isabel e falta de flexibilidade para mudar, teria algo a ver com o facto de não serem muito próximos e ela ainda estar desconfiada quanto a ele. O moreno não a podia censurar, afinal de contas era uma decisão dela e provavelmente, Hanji também preferisse as coisas dessa forma.

Repentinamente, Eren ouviu uma voz familiar e sorriu ao ver quem era. Foi ao encontro dessa pessoa e dos amigos que também o viram aproximar-se.

– Imhotep! – Disse Eduardo, imitando o gesto e fazendo uma voz fina para ser parecer à personagem enquanto passava a mão na frente do rosto do moreno sem tocar, assim como acontecia no filme.

– Anck-Su-Namun! – Respondeu Eren num tom semelhante à do filme e não só eles os dois, como os amigos começaram a rir diante da cena. – Decidiste vir depois de teres faltado à despedida de solteiro.

– Ontem não deu mesmo, mas não podia perder o grande dia depois do convite inesperado. – Disse divertido. – Vim com o Armin e a Annie que também disseram e cito: “Vens ou vens. São essas as tuas opções”.

Mais alguns risos.

– O que funcionou muito bem. – Sublinhou Annie, que trazia um vestido em que até à cintura era branco e com duas alças que cobriam bem os seus ombros e a partir daí a cor era preta com um grande corte do lado esquerdo. Trazia umas sandálias pretas calçadas e os cabelos presos com uma maquilhagem suave.

– Todas as mulheres elegantes e de vestidos diferentes e nós todos quase iguais como pinguins. – Comentou Eduardo, provocando mais alguns risos.

– Edu! – A voz infantil fez com que o jovem procurasse a origem e abaixou-se para receber a pequena que vinha a correr. Reiner vinha logo atrás com Kuro num dos braços. – Vieste! O Eren disse que não sabia se vinhas e eu queria que viesses. Como está o Nelson? Achas que podes trazê-lo lá a casa mais vezes?

– Vamos ver, vamos ver o que se pode fazer. – Respondeu Eduardo.

Levi ainda não estava muito aberto à ideia de deixar a filha passear fora de casa sem ele por perto ou até mesmo a pequena não parecia ter muita vontade de sair de casa. Portanto, Eduardo apareceu por duas vezes com Nelson na residência Smith e estiveram a brincar no jardim. Claro que tudo foi combinado previamente com Levi, que concordou com a ideia. Dessa forma, Eren esperava que pouco a pouco, Bianca encontrasse novamente a vontade e curiosidade pelo mundo que havia além da casa dela.

Se bem que o moreno estranhou a resposta do amigo. Usualmente Eduardo diria que até já estava combinado, mas desta vez soou um pouco esquivo à resposta ou quem sabe fosse só impressão.

– Chegou a alma da festa!

Os olhares desviaram-se e encontraram Connie com a filha nos braços e Sasha a tentar sacudir algumas migalhas de umas bolachas que vinha a comer do vestido rosa, que se estendia até aos joelhos.

Reiner ouviu qualquer coisa no auricular e assentiu.

– Certo. – Respondeu. – Vamos, Bia? A Hanji e o teu pai ainda precisam de uns últimos retoques antes de começar a cerimónia.

– Já volto! – Disse a pequena acenando a todos que sorriam e acenaram de volta. – Não vás embora, Edu!

– Claro que não. – Respondeu ele. – Não posso perder a melhor parte do casamento, a parte em que podemos comer.

– És dos meus! – Disse Sasha e os dois chocaram as mãos diante dos risos dos outros.

– Está mesmo calor cá dentro. Acho que vou aceitar a proposta de antes, Armin. Podes ir buscar uma garrafa de água? – Pediu Annie.

– Claro, não demoro. – Respondeu o loiro, saindo rapidamente.

– Eu podia ter ido. – Disse Eren.

– E deixar-te entregue os abutres que estão por aqui? – Questionou a loira discretamente e colocou o dedo indicador no queixo do moreno. – Cabeça erguida. Estes merdas não estão acima de ninguém.

Eren viu um olhar de desagrado na direção deles.

– Acho que te ouviram.

– Quero que se fodam.

Os dois acabaram por rir do ar chocado de alguns.

À medida que as conversas continuavam, Eren notou que Petra reaparecia de novo depois de a ter visto na entrada da igreja. Ela tinha acompanhado Hanji, Levi e Bianca. Portanto, se estava a reaparecer e tanto Levi como Farlan estavam a posicionar-se no altar, a cerimónia iria começar em breve e por isso, todos foram ocupando os seus lugares.

O moreno notou que Petra tinha sido interpelada por Oluo e a conversa não parecia agradável. Vendo isso, não conseguiu ignorar e em vez de sentar, foi ao encontro dos dois. No entanto, quando estava a poucos metros, viu Petra virar as costas ainda com uma expressão carregada que tentou disfarçar ao ver Eren.

– Tudo bem?

Ele gostava da secretária. Petra era sempre muito amável. Era mais uma daquelas pessoas que não olhava para ele e prendia-se ao passado. Em vez disso, tratava-o sempre com simpatia e até um certo carinho, que demonstrou mais do que uma vez quando na Survey Corporation alguém fez um comentário desagradável na direção dele. Ela até se mostrou bastante defensiva e persistente em fazer entender que ele devia ser tratado com respeito.

Naquele dia, a secretária trazia um vestido azul claro, apenas com uma alça. Era longo e bem solto, ajustado apenas na cintura para realçar a elegância do mesmo. Ela calçava uns saltos altos e trazia os cabelos soltos, caídos sobre os ombros.

– O Oluo acha que podemos escolher as pessoas por quem nos apaixonamos.

Sim, ela já tinha comentado com Eren acerca do interesse não correspondido de Oluo. Uma conversa que teve que existir porque o segurança mostrou-se bastante irritado por ver que Eren e Petra estavam a conversar muito animadamente. A cena de ciúmes foi estranhamente óbvia e Eren sentiu-se no meio de uma confusão da qual queria fugir.

– Pois, essas coisas não se escolhem. – Disse o moreno. – Embora eu deva admitir que fiquei espantado com o relacionamento com a Hanji. Parecem tão diferentes. Desculpa não me quero meter. Além disso, a noiva deve estar quase a aparecer e nós não devíamos ficar aqui a conversar.

Petra sorriu.

– Não há problema, Eren. A Isabel ainda vai demorar mais uns minutos. Já sabes que é de praxe fazer o noivo esperar. – Comentou. – E tens razão. Eu e a Hanji temos bastantes diferenças entre nós, mas curiosamente acho que isso nos aproxima mais. Eu nunca esperei encontrar o amor desta forma. Eu pensava que era hétero. – Não conseguiu segurar o riso e Eren acompanhou.

– Pois, eu também pensei que era até me render às evidências.

– Também não esperava descobrir isso com a ajuda do álcool e mesmo com sexo à mistura, conversámos muito naquela noite que passei com a Hanji e que marcou o início de tudo. Cheguei a pensar que se calhar, não tinha significado o mesmo mas... o Levi tinha razão, eu não iria saber até perguntar diretamente.

– Fico contente por te ver assim, feliz. – Falou o moreno ao ver Petra sorrir enquanto parecia perdida em lembranças.

– Obrigada, Eren e quero que saibas uma coisa. Sei que a Hanji ainda está confusa sobre como lidar com o teu relacionamento com o Levi...

– Ela tem todas as razões para não gostar de mim. – Concluiu o moreno com um sorriso triste.

– Ela pode ter muitas razões e acho que acreditou que ver-te sofrer, faria com que sentisse uma espécie de satisfação. Mas ela confessou que não é assim e que ver-te tão desprezado até pela própria família não a deixa minimamente feliz e sim, culpada.

– Culpada? Ela não tem culpa da família que eu tenho.

– Mas não gosta de pensar que te desejou sofrimento. Não gosta de pensar que desejou uma coisa que tentou tantas vezes tirar do Levi. Ela não sente orgulho de ver esse tipo de pessoa nela... É algo que graças ao Mike e gosto de pensar que um bocadinho também por mim, está a tentar ser melhor assim como devemos todos tentar sempre dia-a-dia e pouco a pouco.

– Obrigado, Petra. Obrigado por partilhares isto comigo.

– De nada, agora vamos sentar antes que pensem que somos nós os noivos. - Brincou Petra.

– Os noivos menos heterossexuais de sempre. – Acrescentou Eren e os dois riram antes de sentar.

Depois de ocuparem os respetivos bancos na igreja, passaram poucos minutos antes que o casamento começasse. Todos focados na noiva que ia acompanhada por Mike. Apesar da altura impressionante do acompanhante, os olhos estavam postos no vestido de cauda longa, decorado com inúmeros desenhos de renda até à cintura e mais solto e de um tecido branco a partir daí.

Quando deixou de olhar para o aspeto deslumbrante da noiva, os olhos verdes viram que sem dúvida, Farlan não escondia como estava fascinado com o que via. O moreno já tinha estado presente em outros casamentos, principalmente quando era criança. Sempre reclamou por o fazerem assistir a essas cerimónias longas e entediantes. Talvez assim fosse porque não conhecia as pessoas ou então já começava a ficar muito cético quanto à ideia do “felizes para sempre” associada ao casamento. Em casa já tinha assistido a discussões suficientes para acreditar que aquilo nada mais era do que um espetáculo de mentiras. Aparências que iriam cair, assim que os noivos estivessem longe dos olhares dos convidados.

Eren ainda acreditava que muitos casamentos se guiavam pelos mesmos princípios. No entanto, teria que admitir que naquele caso, sentia a diferença. Não era possível fingir aquele tipo de felicidade que via estampado no rosto dos noivos.

Contudo, o que surpreendeu e assustou nos primeiros momentos tanto o moreno como Armin, foi ver Annie a lacrimejar. Não pensaram que a loira fosse ficar emocionada, mas depois viram Petra e Nina também com lenços. Até mesmo Sasha parecia aderir ao momento enquanto Connie murmurava:

– Mulheres…

Mas também ele parecia ter limpado alguma coisa no rosto.

No momento da troca de alianças, Bianca reapareceu e Reiner ficou perto da porta da igreja, observando a pequena caminhar ao lado de Kuro. Era uma escolha caricata para levar as alianças a que ninguém ficou indiferente. Depois de entregar as alianças, Bianca retirou o tablet que estava na cesta de flores e ficou ao lado do pai e Kuro subiu para os braços de Levi, que sorriu acariciando o felino.

Seguiu-se a troca de alianças e as palavras que professavam sentimentos que ninguém podia pôr em causa. Momento que se concluiu com um beijo trocado entre os noivos que pouco depois saíram na direção do carro. A festa iria prosseguir numa quinta.

Eren sentiu uma mão na cintura e ao virar-se, uma mão veio até à nuca dele para que se baixasse um pouco para receber um beijo.

– Vens comigo e com a Bia?

– Ah… sim. – Balbuciou ruborizado com o gesto nada discreto que atraiu vários olhares.

– A Hanji e a Petra também vão estar no carro connosco. – Informou. – Ainda temos que decidir quem vai discursar pelos noivos na festa e se não for eu, quero garantir que a Hanji não diz nada de inapropriado.

– Olha pai, está ali a Dina! Posso ir dizer olá?

– Dizes na festa, princesa. – Respondeu Levi. – Ainda temos alguns quilómetros de viagem e sabes que não nos podemos atrasar. – Acenou a Nina e Mike que entravam no carro deles e retribuíram o gesto.

– Mas lá posso?

– Sim, eu também ainda não cumprimentei quase ninguém. – Respondeu, vendo Reiner ocupar o lugar de motorista. – Vamos, Eren?

O moreno assentiu apesar de desconfortável com os olhares que estava a receber. Entrar no carro deixou-o um pouco menos tenso até porque a troca de palavras entre Levi e Hanji era demasiado cómica para que não acabasse por rir.

Depois da viagem de alguns minutos, todos chegaram ao espaço decorado com inúmeras flores, mesas forradas de branco com fartura e variedade de pratos e comidas e um lago imenso que proporcionava passeios de barco. Assim que saíram do carro, Eren disse que só ia ver como estava Annie. O que era uma meia verdade, visto que sentia a necessidade de distanciar-se dos olhares que estava a receber.

Levi teria chamado ou acompanhado o moreno, se não tivesse visto Connie já fora do carro e com o capô aberto à medida que Sasha abanava a cabeça com a filha nos braços. O empresário decidiu acercar-se do casal acompanhado pela filha e Kuro que os seguia de perto.

– Ainda com problemas no carro? – Perguntou o homem de olhos cinzentos.

– A gente pode levar vocês connosco. – Apontou Bianca.

– Pensava que o assunto já estava resolvido, mas parece que o Connie tem planos para que fiquemos na estrada. – Respondeu Sasha.

– Já devia estar tudo bem. – Comentou Connie confuso.

– Hum, a Bia tem razão. Podem vir connosco ou se precisarem de sair antes, podem levar o meu carro. – Sugeriu Levi. – Tenho a certeza que posso voltar com o Mike e a Nina.

– Eu gostava de dizer que não precisávamos de tanto, mas… – Disse Sasha pensativa.

– Por mim não há problema algum. – Reafirmou Levi. – Aliás, não posso deixar que a minha afilhada corra o risco de ficar na estrada.

– Eu acho que ainda posso encontrar o problema. – Insistiu Connie.

– Agora é hora de festa, tio Connie. – Interveio Bianca. – O pai já resolveu o problema.

– A Bia tem razão. – Concordou o empresário. – Vamos aproveitar a festa e comer qualquer coisa.

– Comer soa muito bem. – Disse Sasha mais animada.

Levi viu que Kuro se afastava para passear no local enquanto ele juntamente com a filha se dirigia para o aglomerado de pessoas. Ia aproveitar para cumprimentá-las, embora preferisse que Eren estivesse também ao seu lado. Porém, era óbvio que o moreno ainda não se sentia confortável e por isso, resolveu não forçar. Afinal de contas, o empresário recordava bem aquela sensação nos primeiros tempos que frequentou eventos com Erwin. Acabava sempre por tentar refugiar-se junto de Nina ou Mike para não ser o centro das atenções. Foi algo que levou o seu tempo a aprender e agora orgulhava-se de poder olhar de frente todas aquelas pessoas. Estava certo de que Eren também seria capaz do mesmo algum dia.

– Olá Dina! Gostas do meu vestido?

– É lindo assim como a menina que o tem vestido. – Elogiou a mulher. – Vejo que trouxeste até a pulseira.

– Sim, combina com o meu vestido. – Respondeu, olhando para os homens que acompanhavam Dina. – Olá Sr. Jaeger, olá Zeke! – Cumprimentou.

Grisha apenas assentiu, bebendo um pouco de vinho e quanto a Zeke abaixou-se para ficar mais próximo da altura da criança para falar um pouco com ela. Também Levi ia conversando, mas com Dina até que outro convidado se aproximou para ter a atenção do empresário. Aliás vários foram os que se aproximaram. Bianca ia conversando com Zeke ao passo que Dina observava o pai da menina de cabelos negros. Elegância, cordialidade e a mesma aura que a mãe um dia teve e que traía os outros. Uns atraídos pelo que poder e status que ele possuía, outros pelo que dizia, pela voz e também quem fosse fascinado pela beleza. Usualmente mais o público feminino, ainda que infelizmente para elas, Levi não se interessasse pelo sexo oposto. Mesmo assim, havia quem ainda tivesse esperanças.

Talvez o Nile tenha razão e o destino encontre formas estranhas de nos fazer reviver certos momentos. É como vê-la de novo a atrair as atenções enquanto os outros apenas podem observar de longe, incapazes de competir com esse cenário… e pensar que eu já tivesse toda essa atenção… enfim, as coisas mudam e os ventos vão soprar novamente a meu favor”.

– Grisha deixa de tentar matar o Eren com o olhar. – Pediu Dina discretamente. – É suposto aparentares ser uma pessoa mais agradável.

– Não é fácil sobretudo depois do que vimos na saída da igreja. Aquela desgraça que eu nunca devia ter tido, ainda vai estragar tudo.

– Se soubesses apreciar o que tinhas em casa, ele não existiria. – Replicou a mulher loira num tom seco. – Não vale a pena voltarmos a esta velha conversa dos “se”. Eu vi a mesma cena e nem por isso, estás a ver-me preocupada.

– Mas acho que devias. Ele e esse Smith foram…

– Eu sei muito bem da história dos dois. – Cortou Dina. – Assim como sei que assim como antes, a relação deles está destinada a falhar. Seja porque o Eren não presta ou seja por desta vez, serei eu a assegurar-me que isso acontece. Olha bem para ele, Grisha… ele já não pertence a este tipo de lugar. Nunca pertenceu e alguém como o Levi precisa de outra figura igualmente carismática ao seu lado. – Sorriu ao ver Zeke fingir interesse no que Bianca lhe mostrava no tablet.

Mais tarde, o discurso sobre os noivos atraiu a atenção de todos e foi uma séria de pequenas histórias contadas entre Levi e Hanji e que foi seguida de várias fotografias.

A certa altura, teve que ser Levi acompanhado de Bianca a reaproximar-se de Eren que estava sentado ao lado de Eduardo. Os dois pareciam, na opinião de Levi, demasiado animados. Portanto assim que se aproximou e aproveitando que o moreno estava sentado, presenteou-o com outro beijo surpresa.

– Para onde fugiu o meu acompanhante? – Perguntou Levi com um meio sorriso diante do rubor no rosto do moreno.

– Não devias estar com a Hanji? – Perguntou Eren ainda envergonhado pelos olhares que começava novamente a receber.

– O nosso dever como padrinhos acho que terminou depois daquela sessão interminável de fotos. Agora a Hanji já está com a Petra e eu vim procurar-te. – Explicou e olhou para Eduardo. – Então contem-me, o que havia de tão divertido?

Eduardo tinha acabado de sentar Bianca sobre as pernas dele e respondeu:

– Estava a fazer estimativas com o Eren sobre quanto aquela gorda terá que comer daquela mesa para o vestido explodir.

– E a dar apelidos a toda a gente. – Acrescentou Eren divertido.

Bianca riu também principalmente depois de Eduardo apontar discretamente e dizer a quem se referiam.

– Hum por mais divertido que isso possa ser, o que dizes de vir dançar comigo?

– Agora? – Perguntou Eren, vendo a quantidade de pessoas na pista de dança e sentindo novamente aquele frio no estômago desconfortável.

– Ou mais tarde. – Falou Levi. – Mas um passeio de barco comigo, aceitas? – Sugeriu. – Vens connosco, Bia?

– Nãao, eu deixo os dois namorar. – Respondeu Bianca, fazendo Eren corar.

– Temos aprovação, só falta a sua resposta. – Disse Levi com um sorriso.

– Eu fico com o Edu, o Reiner e toda a gente! Vão! – Insistiu Bianca.

– Vai aproveitar o passeio. – Disse Eduardo.

Levi arqueou uma das sobrancelhas. Ele não esperava que o outro incentivasse o passeio.

– Ok. – Concordou Eren, levantando-se.

– Um de nós lida melhor com os ciúmes. – Brincou Eduardo, olhando para Levi. – Desde que não exageres, não vais ter problemas.

– Contigo?

– Não com o teu relacionamento. – Acrescentou Eduardo num tom mais baixo, afastando-se com Bianca.

– Tens que parar de ser tão “aura das trevas” com o Eduardo. – Comentou Eren.

– Quem sabe um dia destes… – Comentou, segurando a mão do moreno e caminhando na direção do lago, onde estavam poucas pessoas. A maioria dos convidados estava próxima das mesas onde se encontrava a comida a ser servida. Os noivos dividiam-se entre o convívio e algumas músicas que os chamavam para o dançar.

No entanto quanto mais se distanciavam do aglomerado de pessoas, mais relaxado o moreno ficava. Levi encaminhou-os até às pequenas embarcações, satisfeito porque ninguém parecia interessado em desfrutar daquele local em concreto. Possivelmente porque ninguém queria ter o trabalho de remar, visto que não trouxeram os empregados para o fazer. Às vezes, o empresário desconfiava que muitas daquelas pessoas até pediriam para outros respirarem por eles, se isso fosse possível. Embora ele também aproveitasse algum dos luxos a que tinha acesso, não era capaz de ficar de braços cruzados e ver como faziam tudo à sua volta. Não fazia parte dele ser assim e dinheiro algum podia mudar isso. Principalmente, quando fazer algo tão simples como remar numa pequena embarcação, podia colocar um sorriso relaxado no rosto do moreno à sua frente.

– Se quiseres depois podemos trocar. – Ofereceu Eren.

– Não vai ser necessário. – Respondeu. – Mais calmo agora? Desde que chegámos, vejo-te bastante tenso. Quero que desfrutes deste dia.

– É importante que o Farlan e a Isabel desfrutem do dia. – Apontou. – Eu não sei quanto tempo… talvez, nunca mais volte a sentir-me confortável. Talvez eu nunca tenha feito mesmo parte disto.

– A minha casa não é Sina, é a família que tenho e os amigos que escolhi. – Explicou Levi. – Acho que pensar desta forma ajuda um pouco.

– Talvez… – Murmurou pensativo, observando o espaço em redor.

Levi compreendia que o outro pudesse ser cético quanto à possibilidade de se sentir “em casa”, estando em Sina. Ele próprio debateu-se com essa ideia quando se mudou para aquela cidade. Não podia forçar essa ideia nele. Eren teria que pouco a pouco aprender a levantar a cabeça.

– Comecei a falar com o Mike. – Disse ao fim de algum tempo e os olhos cinzentos abriram-se um pouco surpresos.

– E tem ajudado?

– Acho que sim, mas é cedo para dizer… comecei há pouco tempo. – Respondeu.

– Ah, então foi por isso que cheguei a ligar e encontrei a Bia com a Nina e não contigo.

– Sim, desculpa. Eu pedi-lhes segredo.

– Sem problema. – Descartou o homem de cabelos negros. – O Mike tem o dever de sigilo profissional e a Nina sabe quando deve guardar um segredo. Mas por que razão querias esconder uma coisa dessas de mim? Podias ter dito. Eu teria facilitado as tuas idas ao consultório.

– Não queria que ninguém soubesse. Não queria… – Fez uma pausa e olhou para o empresário. –… desapontar ninguém, caso isto não resulte.

– Não me irias desapontar e tenho a certeza que se deixares, o Mike pode ajudar bastante. Embora também seja igualmente importante que deixes as pessoas que estão perto de ti ajudar também. – Respondeu Levi e num tom de brincadeira acrescentou. – Na alegria e na tristeza, não é?

– Não devias brincar com essas coisas. – Disse Eren um pouco ruborizado.

– Quem disse que eu estava a brincar? – Perguntou o outro arqueando uma sobrancelha.

– Ah… – Balbuciou o moreno.

A atenção dos dois desviou-se ao ouvir Hanji berrar numa das margens do lago.

– Hei, pombinhos! A noiva vai atirar o buquê! Tirem as mãos das calças um do outro e venham cá!

– Hanji! – Repreendeu Petra ruborizada, tentando puxar a companheira que ria com a cara que Levi fez na direção dela, enquanto Eren passava uma mão na cara.

– O quão profundo achas que é este lago? – Questionou Levi, remando na direção da margem mais próxima.

– Ah… não sei. Porquê?

– Quero afogar a Hanji. – Respondeu o outro com naturalidade. – Como é que lhe passa na cabeça gritar estas coisas?

– Sabes que nunca me hei de deixar de assustar com a forma calma como falas em homicídio?

– Habitua-te, é uma das coisas que não vai mudar. – Disse ao chegaram à margem. – Agora, vamos lá. Não quero que percas o buquê por minha causa.

– Eu não vou apanhar buquê nenhum! Só quero ver! – Defendeu-se Eren ainda com o rosto vermelho.


Notas Finais


Até ao próximo capítulo!


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