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História Memories - Rodado e romântico


Escrita por: Entrophya_

Notas do Autor


Hey panquecas ^^
Voltei, eu disse que ia voltar! Eu posso até demorar, mas eu sempre volto!
Primeiramente eu quero agradecer a todos que favoritaram e comentaram. Também a você que está aqui acompanhando <3
Eu gostei bastante desse capítulo, apesar de não ter a menor ideia se ele está bom ou se faz algum sentido, eu apenas fui seguindo as vozes da minha cabeça...
Enfim... Eu acabei de terminar ele, então, ele não foi nem mesmo levemente corrigido. Por isso perdoem os erros :3
Espero que gostem e boa leitura ^^

Capítulo 2 - Rodado e romântico


29 de julho de 2001

Vanya correu para fora da cozinha o mais rápido que suas pernas permitiam, ainda assim foi deixada para trás pelos outros adolescentes que estavam no local, teriam aula dentro de trinta minutos e todos queriam aproveitar os breves momentos de paz daquele domingo.

Avistou o garoto de olhos esverdeados e cabelos pretos no alto das escadas que levavam ao segundo andar do prédio e tentou acelerar ainda mais. Não havia conseguido falar com ele antes do café da manhã e as refeições deveriam sempre ser servidas em total silêncio. Então Reginald os dispensou e Cinco saiu da cozinha tão rápido que, se não o conhecesse, diria que estava a evitando.

— Cinco! — chamou pela terceira vez. A garota vestida no habitual uniforme azul marinho da academia correu escada acima tentando alcançá-lo. Seus longos cabelos castanhos voavam para trás e a franja incomodava levemente seus olhos enquanto ela continuava fazendo um esforço que definitivamente não estava acostumada.

Finalmente ele parou, assim que chegou ao meio de um dos grandes corredores, observou-a por cima do ombro.

— Bom dia. — Disse simples, como se tivesse acabado de perceber que ela o havia chamado.

— Bo-bom dia… — Respondeu ofegante, os outros eram acostumados a subir aquelas escadas correndo, mas Número Sete nunca recebia treinamento físico. Colocou as mãos nos joelhos tentando voltar ao normal.

O garoto esperou pacientemente a respiração da menor se acalmar.

— Tudo bem? — Colocou as mãos nos bolsos da bermuda, como costumava fazer, evitando a vontade de tocar em seu ombro como um sinal de apoio.

— Sim, eu só… você me ignorou? — Ela questionou franzindo as sobrancelhas, já com a respiração devidamente regulada. Cinco negou com um aceno de cabeça e deu de ombros com descaso. — O que aconteceu ontem?

— Na missão? — Respondeu rápido, como se estivesse tentando mudar de assunto. — Foi uma coisa simples, só mais alguns malucos que invadiram...

— Não, — a garota o interrompeu, um tanto impaciente, — ontem a noite, você foi no meu quarto e… — Os olhos verdes se desviaram de Vanya por um momento e se fixaram na figura que os observava, com um rabo de cavalo prendendo os cachos no alto da cabeça e um sorriso malicioso.

— Droga, — deixou escapar, interrompendo a garota, ele sabia muito bem que “ele e Vanya” seguidos da frase “ontem à noite no meu quarto” chegando aos ouvidos de Allison significava apenas uma coisa: problemas. — Vem comigo. — Sem pensar muito no que estava fazendo pegou a mão de Vanya e puxou-a através do corredor até a sala onde teriam a aula de inglês daquela manhã.

— Ei — reclamou enquanto ele a empurrava para dentro do cômodo e encostava a porta, — o que foi? 

Cinco soltou um suspiro pesado, como se estivesse se rendendo e ficou de frente para a garota.

— Eu fui até o seu quarto ontem a noite, Vanya, porque eu queria saber se você estava bem. — Aproximou-se dela, ainda segurando sua mão. — Porque você fica aqui sozinha e eu não gosto disso. — Ela abriu e fechou a boca, sem realmente saber o que responder. 

Perto demais. 

Ele estava perto demais para os padrões considerados normais naquela casa. Mas Vanya não estava realmente ligando para isso, nem para a vermelhidão que sentia seu rosto exalar, a única coisa que importava agora eram as palavras que ele havia acabado de dizer; era o calor da mão dele na sua e o fato de ter toda a atenção daqueles olhos, verde-azulados, para si.

Ela não era a única “nervosa” com aquela aproximação. Os pensamentos errados começaram a povoar a mente de Cinco. Não sabia se era pela cor rosada das bochechas de Vanya, seus brilhantes olhos castanhos ou se eram seus lábios entreabertos, que a fizeram parecer tão tentadora naquele momento. Queria estreitar ainda mais o espaço que havia entre eles.

A maçaneta da porta rangeu quando foi aberta, no segundo seguinte, um flash azul e Número Cinco não estava mais ali; Vanya soltou o ar que nem mesmo percebeu ter prendido. Klaus parou na soleira da porta, observou a garota parada ali, um pouco assustada e extremamente corada e o garoto sentado de maneira displicente na quinta carteira, das sete que haviam na sala, de frente para uma grande mesa de madeira e um quadro negro.

Abriu um sorrisinho.

— Atrapalho? — perguntou indo sentar na quarta carteira, ao lado de Cinco, já pegando o material que ficava nas grades debaixo da cadeira. — De qualquer forma, é melhor que tenha sido eu, os outros já estão chegando…

Nenhum dos dois respondeu, Klaus revirou os olhos.

— Por que vocês tem que ser tão chatos? — Soltou quase como um gemido, largando o corpo na cadeira.

Cinco revirou os olhos, sempre odiou o fato de morar num colégio interno, mas de uns meses para cá sua raiva aumentava cada vez mais; parecia que nunca teria um momento de paz.

Klaus olhou para ele, esperando que a provocação surtisse algum efeito, mas ele simplesmente continuou ignorando a sua existência. O médium encarou Vanya, completamente corada, que apenas desviou o olhar e foi em silêncio até sua carteira, a sétima na fileira. Retirou o frasco cheio de comprimidos de dentro do bolso da saia e jogou um dos remédios na boca para tentar se acalmar antes que os outros quatro adolescente e Reginald, que ministrava todas as aulas, chegassem.

~♪~

Geralmente era aos domingos, durante a tarde, que os sete Hargreeves juntavam todo o dinheiro que conseguiram reunir durante a semana e fugiam para comprar a maior quantidade de donuts que pudessem.

Os adolescentes nunca foram muito unidos, mas aquele pequeno momento de folga e breve felicidade era uma das coisas que faziam juntos. Era por isso que agora Vanya, Luther, Ben e Diego estavam sentados na cozinha, esperando Allison e Cinco verificarem se poderiam sair sem ser descobertos e Klaus, que estava em algum lugar aleatório da casa.

Diego e Luther estavam numa conversa, quase uma disputa, sobre a quantidade e velocidade de abdominais e flexões que cada um havia feito após o almoço. Ben estava, como sempre, entretido com um livro e Vanya apenas encarava os ladrilhos da parede da cozinha, sem conseguir parar de pensar nas palavras de Cinco horas antes.

— Papai está dormindo no escritório e não vai acordar tão cedo. — Número Três disse entrando na cozinha, com um sorriso que fez todos saberem que ela havia contado um boato para Reginald.

— Ótimo, agora falta Cin…

— Pogo está na biblioteca, — Número Cinco apareceu do nada na cozinha, cortando a fala de Luther, que fez uma careta por ser interrompido de forma tão repentina. — Deixei ele entretido com um livro sobre filosofia, é de Voltaire, então vai demorar para sair de lá. Quanto a Grace, ela está espanando toda a prataria da sala de jantar, provavelmente vai passar o resto do dia naquilo.

— Podemos ir então? — Diego levantou já começando a contornar a mesa.

— Cadê o Klaus? — Vanya questionou.

— Ele ta atrasado, ele que alcance a gente! — Respondeu o atirador de facas. — Já deve ter passado das duas e meia da tarde e a gente tá aqui perdendo tempo.

— Calma aí, — Luther entrou na frente de Diego, — Klaus também faz parte da academia.

— Eu vou atrás dele. — Ben falou antes que Diego pudesse contradizer as palavras do Número Um e saiu correndo em direção aos fundos da casa, sendo observado pelos outros seis.

— Cinco, vai atrás dele. — Número Cinco cruzou os braços diante da “ordem” de Luther.

— E por que, exatamente, eu faria isso? — Abriu um sorriso de deboche.

Allison e Diego reviraram os olhos, Vanya mordeu a parte interna da bochecha esquerda, rezando para que os dois não começassem mais uma discussão e Luther respirou fundo, já cansado daquela atitude.

 — Você faria isso, Cinco, — começou a dizer, devagar, como se estivesse falando um uma criança de 3 anos, — porque você é o mais rápi… — Foi mais uma vez interrompido quando Cinco aumentou o sorriso e simplesmente desapareceu do cômodo. 

Apareceu no saguão da casa. Ponderou suas opções: Allison estava no escritório de Reginald, então Klaus não estaria por ali. Ele esteve na biblioteca e na sala de jantar, não havia sinal de Klaus daquele lado da casa também. 

Ben havia ido para os fundos da casa, provavelmente imaginando que Klaus estaria arrombando o armário de bebidas. De novo. Foi em direção ao corredor dos quartos, a opção que sobrava e era a mais lógica. 

O quarto de Klaus ficava entre o de Ben e Vanya, deu um pequeno salto espacial e logo estava na frente do quarto, pensou em se teleportar até o lado de dentro direto, mas sabia o quão estranho Ele podia ser.

— Klaus? — chamou. Não obteve resposta mas ouviu um barulho dentro do quarto, observou a porta entreaberta, uma mania que Klaus e Vanya compartilhavam. — Klaus… — repetiu um pouco mais alto e abriu um pouco mais a porta. Levantou as sobrancelhas com a cena com a qual se deparou.

O garoto dentro do quarto se admirava no espelho, segurava com as duas mãos a saia de um vestido de alças, era amarelo, estilo romântico e tinha de admitir, ficava muito bem no menino que o usava. Ele estava tão concentrado que não percebeu o outro ali, nem sequer havia ouvido seu nome sendo chamado.

Klaus finalmente reparou, pelo reflexo no espelho, no garoto encostado na beirada da porta com as mãos nos bolsos e um sorriso de canto nos lábios.

— Isso explica muita coisa… — Cinco falou para o outro, que o observava com olhos arregalados, estava com medo da reação do irmão adotivo. — A Vanya procurou esse vestido feito louca, acho que foi bom a Allison prometer a ela que comprariam um novo.

O garoto tremia, dos pés a cabeça,  com medo do quão pior sua vida ficaria agora que havia sido exposto de tal maneira. Não havia reprovação no tom de voz de Cinco, o bom e velho descaso que ele apresentava em noventa e nove por cento do tempo, mas não a reprovação que Klaus esperava.

Mas ainda não era o suficiente para deixá-lo tranquilo.

— N-não… eu… — gaguejou, vendo o outro estreitar os olhos, apesar de ainda manter o sorriso.

— Eu me pergunto, Klaus, o que será que o velho vai dizer... — O coração do menino no vestido amarelo tropeçou, parou e voltou a bater, bem mais rápido. — Se bem que, — disse Cinco, parecendo pensativo. — Talvez Diego seja o que mais vai gostar dessa informação!

As palmas das mãos de Klaus começaram a suar e ele engoli em seco. Pensou em se jogar no chão e começar a implorar.

— Por favor, não. — Começou a dizer, com a voz fraca, o irmão adotivo o observou, nenhum pingo de compaixão nos olhos. Klaus levou uma mão ao peito. — Cinco, não…

Número Cinco não falou nada, continuou observando o outro com um olhar indiferente. Viu os joelhos do Número Quatro fraquejarem.

— Tudo bem Klaus, já é o suficiente. — Klaus respirou fundo algumas vezes, olhando desconfiado para Cinco, que o olhou sério. — Não precisa implorar, é só um vestido.

— Eu… vai contar ao papai? — Perguntou receoso. — Ou aos outros?

Cinco negou com um aceno de cabeça.

— Ficou bem em você. — Disse apontando o vestido com o queixo. — Só não deixe a Vanya descobrir, ela vai querer de volta.

Klaus abriu um sorrisinho.

— Eu gosto… é refrescante... aqui em baixo, — disse levantando um pouco a saia do vestido. 

Cinco revirou os olhos, meneando negativamente a cabeça, mas sorriu um pouco.

— Vamos logo, Diego já estava querendo ir sem você. — Respondeu já ficando de costas. 

Klaus sabia que Cinco seria a última pessoa que o julgaria, talvez por simplesmente não se importar, mesmo assim era bom saber que alguém não o trataria diferente.

— Cinco, — o garoto o observou por cima do ombro, — obrigado.

— Disponha. — Ele desapareceu e Klaus respirou fundo algumas vezes, tentando se acalmar de verdade, pensou que teria um ataque cardíaco quando viu o garoto parado na porta. Correu para colocar novamente o uniforme da academia e esconder o vestido no fundo do guarda-roupas.

Ele ainda teve receio de que Cinco tivesse comentado alguma coisa com os outros, desceu receoso, com as mãos nos bolsos para que ninguém percebesse que estava tremendo. Mas percebeu que realmente estava tudo bem quando não recebeu nenhuma pergunta ou viu que todos estavam agindo normalmente consigo. Exceto por Diego, que precisou reclamar sobre seu “atraso”. Agora todos eles andavam alegremente pela rua a caminho do Griddy’s, a loja onde costumavam comprar doces. 

~♪~

Ele apertou a alça da sacola de papel nas mãos, não sabia muito bem como entregar aquilo a ela, qual seria sua reação, mas precisava fazer aquilo. Ela era gentil e confiável. Sempre tentando ajudar os outros. Por isso ele passou grande parte do jantar a observando, pensando em como entregar o que havia comprado para ela no dia anterior, enquanto os outros se entupiam de Donuts.

Já havia passado da hora de dormir, mas ele sabia que ela estava acordada, podia ver a luz acesa por debaixo da porta. Respirou fundo tomando coragem e deu duas leves batidas na porta de Número Sete. Ouviu um barulho vindo de dentro do quarto e pensou em correr de volta o seu, mas a porta foi aberta antes que isso acontecesse.

Os olhos castanhos dela expressavam surpresa, provavelmente ele não era o visitante que ela esperava.

— Klaus? — Fez a pergunta óbvia e retórica, por um momento esperou que o garoto a sua frente revirasse os olhos, talvez estivesse se acostumando demais a presença de Cinco. — O que aconteceu?

— Eu posso entrar? — Questionou receoso, queria falar logo, antes que perdesse a coragem. — Preciso te explicar uma coisa.

Vanya apenas afastou-se deixando o garoto, trajado do pijama azul claro  — quase cinza — e listrado assim como seu, entrasse e sentasse na cama. Ela fechou a porta e encarou o embrulho rosa nas mãos do menino, percebeu que suas mãos tremiam um pouco e ele parecia um pouco nervoso.

— Acho que... Acho que é melhor você sentar. 

— Klaus, o que foi? É o seu treinamento de novo?  — Vanya perguntou com a voz doce, afagando o ombro do garoto, ele respirou fundo sabendo que aquela era a pessoa mais meiga do planeta e se havia uma pessoa naquela casa em quem ele poderia confiar, essa pessoa era ela.

 — Eu comprei isso pra você, — disse estendendo a sacola rosa, — acho que é mais fácil de explicar depois que você abrir.

— Obrigada? — disse pegando o “presente” das mãos dele. O conteúdo da sacola era um vestido de alças, estilo romântico, com a saia rodada. Exatamente igual ao que ela havia perdido, com exceção da cor.

— O seu vestido que sumiu, ele não sumiu de verdade... — Klaus disse com a cabeça baixa,  — eu que peguei.

Vanya abriu abriu levemente os lábios, tentando entender a situação.

— Eu gosto, sabe, — Klaus continuou diante do silêncio dela; — de coisas… diferentes e coloridas.

— Eu acho que entendi.

— Só, por favor, não conta pra ninguém! — suplicou com a voz triste. — Eu não sei o que o pai faria e os outros já me acham estranho e diferente o suficiente. Eu te contei porque sei que você é a pessoa mais gentil que existe. E também porque o vestido era seu!

Vanya piscou surpresa, se sentiu importante, parte de alguma coisa.

— Tudo bem, não vou falar nada. — Ela sorriu. — Você confiou em mim e eu não vou estragar isso.

— Você… quer que eu devolva o seu? — Perguntou apontando para o vestido nas mãos da garota. — Eu tenho certeza que esse serve já que é do tamanho do outro.

Ela negou com a cabeça.

— Não precisa. Você teve todo o trabalho de ir até a loja e gastou o seu dinheiro, pode ficar com o outro.

— Obrigado. — Klaus respondeu sorrindo. — Você e Ben sãos os únicos que realmente prestam dentro dessa casa.

Vanya esticou o vestido a sua frente.

— Klaus? — O garoto a encarou. — Por que você não ficou com o novo e me devolveu aquele?

— Eu pensei em fazer isso. Eu podia até mesmo ficar com esse e devolver o seu dizendo que achei em algum lugar. — Ele abriu um sorrisinho. — Mas eu comprei um vestido verde de propósito.

Ela franziu as sobrancelhas.

— Acho que o verde combina mais com ele... Você sabe. — Ele respondeu a pergunta silenciosa dela com um tom levemente brincalhão. — Vanya tombou a cabeça para o lado, encarou-o por um tempo, realmente sem entender o que Klaus queria dizer.

— Como assim? — Ele se ajeitou na cama dela e a encarou.

— Vanya, o que tá acontecendo entre você e o Cinco?

 


Notas Finais


Hello amores, e então? O que acharam?
Não esqueçam de deixar um comentário ai, o único que fala com os fantasmas aqui é o Klaus!
Logo logo eu volto com um novo capítulo.
Kissus de paçoca ^^


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