História Memories - Capítulo 3

Manhã cedo, meu momento favorito do dia sem duvidas. 
Tomo meu café com o que consegui no dia anterior e assim segue a vida. Eu amo viver assim, mesmo que todos me chamem de louco por isso, inclusive ele. Jin sempre dizia que precisava de uma casa e de um emprego, eu apenas discordava, discordo até hoje. Estou bem com minha casa improvisada. Mesmo que ela não tenha muito, tem o suficiente. Eu posso dormir, mijar e descansar lá tranquilamente. Isso supre minhas necessidades e é o suficiente. Sobre meu emprego... Bem, eu realmente não tenho um, mas tudo o que eu faço nas ruas, querendo ou não, me rende dinheiro o suficiente para viver consideravelmente bem. 
Entro na cafeteria e a senhora do bancão logo sorri.
- Bom dia. - digo curvando-me como de costume. Ela faz um gesto com a cabeça.
- Bom dia. - ela diz com seu sorriso de sempre. Depois de um tempo vindo aqui todas as manhãs desenvolvemos uma relação de amizade. Ela é simpática... Parece gostar de mim. - O de sempre?
- Sim, por favor. - disse tirando alguns trocados do meu bolso. Entreguei a ela, que pegou e logo guardo em algum lugar, provavelmente em seus bolsos. Se apressou em ir até uma cafeteira. Eu me afastei e sentei-me em uma cadeira vazia. Espreguicei-me.

Tae

Podia ouvir discussões vindas de algum lugar da casa. Estava sentado na minha cama, com a cabeça baixa. As lágrimas escorram como de costume. 
Às vezes eu penso em fazer exatamente o que Jin fez, mas eu não sou corajoso o suficiente. Tenho medo de morrer, mas não há motivos para continuar aqui... 
Mesmo que digam que sou único ou talentoso... Ou sei lá, bonito ou coisa do gênero, primeiramente, não acredito no que dizem. As pessoas dizem coisas para agradar umas as outras, isso é característica do ser humano. Como posso acreditar em pessoas com essa natureza, afinal? Além disso, que diferença faz? Eu não estou feliz, eu não vejo razões para estar aqui, e meu suposto talento ou beleza não muda nada. 
Olhei para aquelas folhas em minha frente na cama. Estavam um pouco molhadas pelas lágrimas. Isso fazia eu me sentir culpado. Aquelas eram coisas sagradas para mim. Algumas partituras que Jin escreveu de qualquer jeito. Haviam algumas que, com o tempo, se tornaram melodias incríveis, outras nunca foram aprimoradas e... Aparentemente nem vão ser. Suspirei. Ele tocava tão bem... 
Me pergunto como ele escrevia tudo isso, de onde tirava as ideias e como tudo ficava tão bom. 
É isso que chamam de talento... Não? 

Nam

Peguei meu café e sai dali. Enquanto bebia-o em um copo descartável de isopor, via algumas conversas no Kakao. Pessoas e mais pessoas que falavam comigo mas que, na verdade, não me importavam. Sempre foi assim durante toda a minha vida. Eu não me importo com a maioria deles... Com a maioria. Jin sempre foi uma exceção... E seus amigos uma meia exceção, acho. 
Desviei o olhar para trânsito matinal. Pessoas indo para deus escritórios, vivendo como escravos... Normal. Ri baixo e dei um longo gole no café.
Fui para meus contatos, sem compromisso. Várias pessoas passavam. Eu não me lembrava de boa parte delas. Eram meio que um enfeite ali.
Então eu vi um nome que costumava ouvir muito... Taehyung. Diminui o ritmo da caminhada. Jin falava muito dele, eram bons amigos. Eu era um amigo dele também, costumávamos conversar de tempos em tempos, mas não era nada demais. Cliquei ali rapidamente. 

[ Hey, Namjoon aqui ]
[ Tá tudo bem? Sobre o Jin e tal... ]

Enviei com um pouco de receio. 

Hoseok

Engoli o comprimido. Olhei para o rosto de minha mãe. Ela sorriu de canto. 
- Logo vai se sentir melhor, querido. - ela acariciou minha cabeça.
- Espero que sim... - desviei o olhar. O hospital não estava tão agitado. Talvez seja o horário. Já vi tanta coisa aqui... Isso é praticamente paz total. 
- Hoseok. - ela me chamou, fazendo-me olhar para a mesma. - Fique aqui por duas horas antes de ir, tudo bem? Tenho medo de algo acontecer...
- Duas horas? - fiz careta. - Mãe, vai ficar tudo bem. Eu só fiquei meio tonto... Não vai acontecer nada. - ela tinha uma expressão preocupada e não parecia convencida. Bufei. - Relaxa, se algo acontecer eu volto aqui.
- Eu sei que não vai voltar. - ela rebateu rapidamente.
- Claro que eu vou voltar! Por que não voltaria?
- Porque sempre que me disse isso não voltou. - era verdade, e eu realmente não ia voltar. Não é porque passo bastante tempo aqui que gosto do ambiente. Venho porque ela me arrasta ou porque preciso.
- Mas nem sempre passei mal de novo. - sorri de canto. Me levantei.
- Jung Hoseok! - ela disse em um tom mais alto e segurou meu pulso. - Por favor, fique aqui mais um tempinho, é para sua segurança. 
- Caso algo acontecer eu volto. Juro. - disse olhando em seus olhos. Ela me encarou por alguns segundos. Suspirou.
- Esta bem... Tome cuidado. - soltou meu pulso. Podia ver sua preocupação. Abracei-a. Ela me apertou. - Eu te amo. - disse acariciando meus cabelos. Sorri.
- Eu também te amo, mãe. - fiquei ali por mais alguns segundos e me afastei. - Até mais tarde. 
- Até. - ela disse ajeitando seu cabelo. Fui até o elevador. Veria três pessoas: Jimin, porque marcamos hoje mas... Aquilo aconteceu, então achamos melhor algo em sua casa. Não estamos dispostos para sair, mesmo; Jungkook, porque ele me mandou alguns áudios chorando ontem pedindo que eu fosse vê-lo. Ele não explicou, e vou lá exatamente para isso. E também pra acalma-lo. É uma época difícil para todos nós... E, por fim, Taehyung. Não conversamos, eu só achei válido ir visita-lo. Ele precisa de um ombro amigo agora, e eu sei bem disso. Ele era o mais ligado a Jin, e também o mais antissocial do " grupo ". Nenhum de nós sabe muito sobre ele, apenas a base... O que ele quer que saibamos.
Será um longo dia...