História Menina de Fases - Aos Dezoito

Um ano e meio depois e com dois anos de relacionamento eu estava terminando meu namoro oficialmente na frente de um juiz. Sasori era um homem totalmente diferente, eu já estava na faculdade e praticamente morávamos juntos. Uma semana na casa de Chiou e uma semana na casa dos meus pais, sempre intercalando. Sasori passou a ser grosso, parar de me elogiar, quebrar as coisas e a partir dai começaram as agressões e traições.

A aliança só durou até a primeira briga violenta, ele não gostou da forma que me comportei perto dos amigos dele, eu não ficava a vontade com a galera que ele andava, então ficava em silêncio e quieta no meu canto. Quando chegamos a casa de Chiou ele já gritava dentro do carro, me xingava e quando estava com a mão para abrir a porta ele fincou a chave do carro em meu braço, a centímetros do meu pulso. Eu me assustei e na hora ele chorou e pediu perdão, jurou que aquilo não aconteceria mais, pena que eu acreditei.

As brigas já eram mais intensas e aconteciam sempre na casa da avó dele.

- Sasori, por favor, para com isso!

- Para com isso Sakura? Você não está ajudando. Esse seu ciúmes ainda vai me matar. - Ele andava de um lado pro outro.

- Sasori, como você quer que eu fique em casa enquanto você vai para uma festa em que aquela mulher esteja? Porque eu não posso ir com você?

- Porque só vai ter homem Sakura...

- Você sempre diz isso, mas as fotos mostram outra coisa.

- Não interessa, você vai ficar aqui com Chiou e eu não demoro.

- Sasori, se você sair por aquela porta eu também sairei. Se você pode se divertir com seus amigos e suas amantes eu também posso!

Eu virei as costas e sai do quarto, caminhei até a porta. Eu iria embora, iria pra casa chorar até que não houvesse mais lágrimas. Ele me puxou e seu punho veio fechado e certeiro em meu rosto. Com o impacto eu bati a cabeça na porta e cai. Só me lembro de Chiou segurando minha cabeça e chorando. Ela me pedia para ter mais amor a minha vida e sair daquilo enquanto ainda havia tempo. Quando voltei totalmente a consciência percebi sangue em minha roupa e nas de Chiou. Meu nariz estava quebrado com o soco que Sasori desferiu em mim, no hospital depois dele chorar muito e se desculpar eu menti, falei que tinha caído no banheiro.

Essa não foi a primeira nem a última vez que tive que mentir ao dar entrada no hospital. Chiou temia pela vida do neto e não queria que ele fosse preso, mas sempre chorava minhas dores e pedia para eu ser mais forte que aquela situação e viver minha vida pois eu merecia muito mais do que aquilo. Mas porque comigo? Porque eu aceitava aquela vida? Porque aquele garoto do colégio não existia mais? Sempre que eu pensava nas marcas de queimaduras, nos pontos, nos empurrões, nos murros, nos puxões de cabelo e nas traições eu fazia essas perguntas. Onde estava esse amor próprio que Chiou sempre me pediu?

Até que uma coisa simples, perto do que ele fazia, me acordou. Eu estava me arrumando para ir a faculdade. Ele estava irritado pois ainda estava escuro e eu o acordei sem querer. Eu também me dei ao luxo de ficar irritada, então começamos a discutir. Afinal eu estava acordando cedo para estudar, para arrumar um emprego bom e comprar nossa casa. Sim eu ainda pensava em nossa casa, e ele?

Ele nada, nada de estudo, nada de trabalho, nada de interesse. Tudo era nas costas da avó. Depois que falei tudo isso dele, ele se levantou apertou meus braços e cuspiu em meu rosto. Aquilo foi humilhante, eu já me sentia um lixo perto dele. Depois daquilo eu me sentia pior do que lixo. O que me levou a mudar meu caminho da faculdade para delegacia e registrar ocorrência. O juiz, por fim determinou que Sasori não poderia se aproximar ou seria preso.