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História Menina Selvagem - Capítulo cinquenta e dois: O rompimento


Escrita por: mili_cruzz

Capítulo 52 - Capítulo cinquenta e dois: O rompimento


  Malfoy fora levado ao escritório da diretora McGonagall pelo mesmo auror que lhe chamara. Durante o caminho inteiro Draco se questionou o que poderia ter acontecido. O homem fora encontrado morto. Quem poderia ter o assassinado? De uma coisa tinha certeza, nem ele, Hestia e muito menos Astória foram. Mas isso não significava que sairia impune.

O auror disse a senha para a estátua e ela se moveu, revelando a passagem. A auror Santiago o esperava lá, encarando a vista. Draco deu uma breve olhada nos diretores antecessores. Todos estavam muito curiosos no que ia acontecer. Auror fez um sinal para que ele se sentasse e o rapaz obedeceu. Deixou a mente fechada para que não fosse invadida.

- Chá? – Ofereceu o auror

O loiro negou com a cabeça. Mesmo assim, a autoridade preencheu uma xícara com o líquido e pôs na mesa. Auror Santiago lançou um feitiço que fazia a pena escrever magicamente numa cartela o que o entrevistado diria.

- Nos conte, a que horas deixou o bosque com Flora Carrow? – Interrogou o auror

- Como vou saber? Não parei para olhar a hora porque tinha mais o que fazer! Como levar a vítima à Ala hospitalar!

- E quais feitiços usou durante o duelo?

Draco foi banhado de questionamentos um tanto tolos. Era como se quisessem que ele dissesse algo para incriminá-lo. Já estava perdendo a paciência.

- Malfoy, se tiver mesmo matado este homem, confesse. – Pediu auror Santiago – Talvez não saía tão prejudicado. A lei pode está ao seu favor. Só fez o que foi necessário.

- Eu confessaria se tivesse o matado. Mas não fiz. Saí com Flora logo depois de imobilizá-lo.

- O que fez depois de levar Carrow à Ala hospitalar?

- Contei à Diaz e McGonagall.

- E depois?

Esta era a pergunta que mais o assustava. Não poderia revelar a vingança de Hestia sem encrenca-la e encrencar a si mesmo. Tinha que contar a versão que criaram. Fingiu não se apavorar.

- Depois, Hestia Carrow, irmã de Flora, tentou me atacar. Soube por alguém que fui correndo para cá com a irmã dela nos braços e tirou conclusões precipitadas. Quando contei a verdade, ela explodiu e quis ir atrás do criminoso. Mas consegui convencê-la do contrário quando chegamos em Hogsmeade. Não posso julgá-la. Faria mesmo se tivessem feito aquilo com alguém que estimo.

- E conseguiu contê-la sozinho?

O apanhador olhou a xícara de chá. Não possuia dúvidas que colocaram a poção Veritaserum, que lhe obrigava dizer a verdade. Teve que toma-la para não haver mais suspeitas. Teve a certeza de que o líquido estava mesmo enfeitiçado pelos olhares estranhos dos aurores.

- Nós dois tivemos nossas famílias machucadas. Por causa disso, consegui convencê-la. Não acho que outra pessoa teria conseguido. A não ser Flora, é claro.

- Imagina quem possa ter feito?

- Eu diria Hestia, mas é impossível. Não consigo imaginar mais ninguém que poderia fazer uma coisa dessas.

- Nos dê sua varinha! – Exigiu o auror – Veremos quais feitiços lançou!

- Tem um mandato para isso?

- Não.

- Então me apareça com um. Posso ir?

Auror Santiago o liberou e o rapaz saiu. Enquanto caminhava para a saída, trocou um breve olhar com o retrato de Snape. Através do leve balançar da cabeça do ex-diretor, percebeu que fez a coisa certa.

Greengrass o esperava do lado de fora, morrendo de preocupação e curiosidade. Correu para abraça-lo quando o viu.

- Fiquei tão preocupada, pitelzinho! Está tudo bem?

- ‘tá sim. Ou vai ficar. Vamos voltar ao Salão Comunal. É melhor conversarmos por lá.

O casal retornou ao Salão Comunal, que ainda continuava praticamente vazia. Já era tarde e boa parte dos alunos dormiam em suas camas. Os dois sentaram no sofá, perto da lareira.

- Você está encrencado? – Preocupou-se ela

- É provável que não. Não há nada que me incrimine. E olha que eles tentaram. Colocaram a poção da verdade no meu chá. Tive que beber para não gerar suspeitas.

- Isso não é contra a lei?

- Se tiverem um mandato, não. E como fui Comensal da Morte, tenho certeza que não foi difícil de conseguir um. Mas eu manipulei minhas palavras e acredito que os convenci. Também tive que fechar minha mente para que não acessassem.

- Draco, acha que devemos contar sobre-

- Não! Hestia pegaria uma perpetua. E nós também seríamos presos por cumplicidade. O melhor é ficarmos quietos em relação a isso! Afinal, isso não interferirá em nada.

- Mas, Draco, e se alguém tiver nos visto? Lembra que eu falei que alguém tinha pisado num galho? Certamente foi o assassino! Ele pode nos acusar por seu crime, pitelzinho!

- Será a palavra dele contra a nossa! Não há nada que nos incrimine. E lembre-se, Ast, se alguém te perguntar, você ainda estava no orfanato durante o ocorrido. Eu contei que impedi Hestia em Hogsmeade. Será questão de tempo que a interroguem e ela confirme.

Draco notou o quão assustada a namorada estava. E não era de menos que estivesse. Ela só não viu um homem ser torturado como tem que mentir para quase todos. Era, no mínimo, exaustivo. Segurou no rosto dela carinhosamente com uma mão.

- Promete que não vai contar a ninguém? Que vai ficar somente entre nós?

- Prometo. Draco, eu estive aqui pensando, não acha melhor entrarmos em contato só com meu avô? Eu sei que ele não é muito a favor do nosso relacionamento, mas é meu avô, pombas! Não pode me deixar sem instruções numa situação como esta!

- Acho mais fácil ele tentar me incriminar para nos separar do que nos ajudar. Ele não perderá a oportunidade de me tirar de você.

- Então vamos contar ao meu pai ou a Slughorn. Qualquer pessoa que nos oriente! O que está havendo é muito grave, Draco!

- Acha que não sei? Só que envolver mais alguém nisso pode piorar! Já pensou se as coisas dão errado e paramos em Azkaban? Aí dá merda de vez!

- Eu só quis dá uma sugestão. Achei que pedir ajuda a alguém mais experiente pudesse ser útil.

- Eu sei que você só quer ajudar, Ast. É que... – Soltou um suspiro – Olha, não podemos contar a ninguém. Logo a poeira abaixa e continuamos nossas vidas, ok? – Beijou a mão dela e a recebeu em seus braços – Nada de ruim vai te acontecer, minha rainha.

- Quem você acha que assassinou o homem, Draco?

- Eu diria Hestia, mas ela foi até a irmã depois de conversar comigo. Os aurores não demoraram muito para chegar depois que nos mandamos. Alguém deve ter nos seguidos e pisado naquele galho, como você mesma disse.

- Só de pensar que alguém estava atrás de nós, nos seguindo, me dá calafrios, pitelzinho. Estou com medo de que algo nos aconteça.

- Eu também, Astória.

Valentia não era uma característica que destacava Draco. Mesmo assim, ele nunca admitiria a falta dela. Portanto, a naja estranhou a franqueza do namorado.

- Quanto tempo dura o efeito da poção? – Ela quis saber

- Por mais alguns minutos. Por quê?

- Acha outras garotas bonitas?

- Sim, mas você dá de 10/0 nelas.

- E o que acha de Katherine Dove?

- Uma escrota que eu não comeria de novo.

- O que mais gosta em mim?

- A sua bunda. – Ela arregalou os olhos – Não que eu esteja com você por causa da sua bunda gostosa! Eu me apaixonei pelo sorriso, sua voz, sua pessoa. Quase tudo em você me atrai.

- Quase tudo? O que não gosta em mim?

Draco nunca odiou aquela poção como naquela noite. Era óbvio que sua namorada ficaria desgostosa se confessasse que não gostava do seu lado incrivelmente competitivo, dos gritinhos irritantes, da risada escandalosa e, principalmente, de como implicava com o cachimbo dele. Teve que usar o mesmo truque que utilizou com os aurores.

- Das suas dietas. As acho desnecessárias! Não quero que minha rainha passe mal.

- Você se preocupando comigo? Que fofo! Então, você adora a minha bunda?

- Se adoro? Eu sou louco por ela! Adoraria estapeá-la até ficar bem vermelha.

- Você me imagina nua com frequência?

- Toda semana desde que eu tive um sonho erótico com você.

- Teve um sonho erótico comigo?

- Tive sonhos eróticos com você. Muito bons, por sinal.

- Desse jeito você me deixa sem graça, pitelzinho.

- Eu queria é que ficasse sem saia. – Se arrependeu do que dissera ao ver o constrangimento da naja – Merda de poção! Vamos falar de outra coisa. E orfanato, como é que foi?

Greengrass ficou tão aflita com os últimos acontecimentos que esqueceu-se por completo da tragédia com os órfãos. Não poderia lhe revelar a verdade. Draco ficaria arrasado. Embora acumulasse sofrimento em seu corpo, deu o melhor sorriso que pôde.

- Foi ótimo. Eu adorei rever as crianças. Nos divertimos muito.

- Assim fico até enciumado. Ast, se importa se eu for dormir? O dia foi bem puxado e eu queria descansar um pouco.

- Pode ir sim. Meu herói tem todo direito de adormecer.

Draco deu um beijo nela e foi embora. Astória foi para o quarto, encorou as costas na porta ao fechá-la, deslizou até sentar no chão, abraçou as pernas e chorou muito. Mais uma vez a vida tinha sido cruel com ela.



Hestia passara a noite ao lado da irmã, na Ala hospitalar. Madame Pomfey tinha deixado que dormisse na cama de paciente ao lado de Flora. Não soltou a varinha por um segundo. Quando seu ombro fora chacoalhando levemente, despertou e apontou a varinha rapidamente para o indivíduo. Auror Santiago quem tinha lhe acordado.

- O que você quer? E quando vai embora?

- Vim falar sobre o caso. O homem que tentou abusar a sua irmã foi encontrado morto.

Um sorriso brilhante nasceu no rosto da monitora.

- Isso é sério? – A adulta confirmou balançando a cabeça – Essa é a melhor notícia que recebi desde a morte de Voldemort! Do que o escroto morreu?

- Os legistas descobriram que foi pela maldição da morte. Preciso que me responda algumas perguntas.

- Eu não o matei, ok? Mas acredite quando digo que gostaria muito de ter assassinado aquele desgraçado. Se eu pudesse, quebraria cada osso daquele monstro e o assistiria sofrer. Se eu tivesse o matado, faria questão de que todos soubessem. Até pagaria ao Profeta Diário para sair na capa. Infelizmente, eu não terei este prazer.

- Como e aonde soube sobre o que aconteceu com sua irmã?

- Tinha acabado de voltar à Hogsmeade quando um colega meu, Brian St. Clair, me revelou que viu Draco Malfoy correndo com minha irmã nos braços, enquanto ela chorava muito. E todo mundo estava comentando a respeito.

- E o que aconteceu em seguida?

- Fui atrás de Malfoy porque acreditava que ele tinha feito algo a ela. Quando me contou a verdade, tentei ir atrás do estuprador. Mas ele me convenceu a não fazer nada e voltamos para Hogwarts.

- Você disse que tinha voltado à Hogsmeade quando soube da tragédia. Voltou de onde?

A indagação deixou Hestia extremamente desconfortável. Até poderia dizer que aquela informação não acrescentaria em nada, mas tinha certeza que a autoridade faria questão de descobrir. Achou melhor não perder tempo.

- Do cemitério. Fui visitar meu finado primo.

- Quem suspeita que tenha feito isso?

- Não sei dizer. E falando francamente, pouco me importa! O fato, senhora, é que a morte daquele maldito é um grande alívio para nós, mulheres! Quem liga para quem o matou? É um estuprador a menos! Devíamos comemorar a morte deste infeliz!

- Sei que está aliviada-

- Aliviada, não. Estou eufórica! Poderia agora mesmo cantar em cima da mesa do Salão Principal!

- Bem, eu entendo a sua euforia, mas não é assim que a lei funciona. Matar é um crime grave, mesmo que o sujeito mereça. E é minha obrigação como auror aprisionar quem o matou.

- Pois eu te desejo boa sorte. Mau-caráter tem muitos inimigos. E eu não acho que a senhora vá descobrir quem é a maravilhosa alma vingadora.

- Sabe, Carrow, como mulher, eu também fico aliviada. Tchau.

- Tchau.

Assim que auror Santiago se retirou, Hestia foi para a cama da irmã r tratou de acordá-la.

- Desperte, irmã! Desperte!

- Mas o que foi? – Resmungou Flora

- Ele morreu! O maldito morreu!

- Que maldito? – Questionou, bocejando

- O que quase te molestou. Ele morreu! Aquela auror acabou de me contar antes de me interrogar.

- Hes, foi você? Me disse que ele tinha pagado. Você o matou?

- Quem dera! Não tive essa felicidade. Devíamos fazer uma grande festa, Flo! Reunimos a galera na Sala Precisa, compramos uma pinhata e... Que foi, Flo? Não está feliz? Aquele cachorro seboso foi encontrado mais morto que Bartô Crouch!

- E quantos cachorros sebosos há por aí? Professores! Vendedores! Existem até pais que estupram as filhas! Certa vez li a notícia de uma menina brasileira de oito anos foi abusada e engravidada pelo tio, acredita? E como se não bastasse os muitos traumas, ainda teve quem quisesse que ela desse a luz! Uma criança parindo outra criança. Que absurdo! Os estupradores estão por todos os cantos, Hestia! Você comemora o esmagamento de uma formiga sendo que há centenas de formigueiros por aí! Morreu, não morreu, tanto faz! Qualquer um é suspeito para mim agora!

- Oh, irmã. Eu sei que o mundo é cruel, mas nem todos são ruins. O Neville, por exemplo, é a definição em pessoa de bondade.

- Lá vem você me falar dele! Já disse que não quero que o mencione!

- Flora, você está sendo injusta. Neville sempre te tratou bem. Olha aquele lindo buquê que ele te fez.

- Que queime! Não quero nada dele aqui! Nada! E não me fale dele novamente!

Hestia sabia que o comportamento de Flora era uma sequela da agressão, então resolveu ficar quieta. Só lamentou pelo cunhado que ficaria sem o amor da namorada por uns tempos.



Naquela mesma manhã, Draco recebeu diversas cartas. A maioria, nem sequer conhecia o remetente. No caso, as remetentes. Resumindo, eram cartas de jovens se insinuando para o mais novo herói. Nem perdeu tempo lendo todas. A carta que mais lhe chocou foi a de seu pai. Durante o ano inteiro, não havia lhe escrito uma vez. Só sabia dele através da mãe.

“Wiltshire, 19 de janeiro de 1999

Caro Draco,

Como bem sabe, nossa família não tem passado pelos momentos mais favoráveis. E chegamos a um ponto tão desesperador que duvidamos que nossa sorte iria virar. Mas virou e tudo graças a você.

Não sabe o orgulho que senti quando descobri que meu filho, você – evidentemente – salvou não apenas aquela jovem, como nosso sobrenome. Se alguma vez duvidei de suas capacidades, peço que me perdoe. Você, Draco, nos deu a oportunidade de sairmos da rua da amargura e regressar ao nosso merecido posto.

Foi uma tolice tentá-lo uni-lo à filha dos Goyles. A primogênita de Albert é perfeita para nos tirar do buraco. Pode não atender todas as nossas exigências, mas tem serventia. Se continuar ao lado, conquistará tudo o que é nosso por direito. Nosso futuro está nas suas mãos, Draco. Não falhe conosco.

Lúcio Malfoy”.

O apanhador conhecia muito bem o seu pai. Sabia perfeitamente que ele era um bruxo arrogante, interesseiro e preconceituoso. Mesmo assim, ficou perplexo com os inúmeros absurdos que escreveu. Nem sabia dizer o que foi pior. A parte que ignorou que Flora fora estuprada, o desvalor à nora ou o trexo que dizia claramente que o futuro da família dependia dele. Se um dia eu pegar uma depressão, já sei de quem vai ser a culpa, pensou.

Em compensação, a carta do Sr. Greengrass foi completamente diferente da de seu pai.

"Devon, 19 de janeiro de 1999

Caro Draco,

Antes de tudo lhe devo desculpas por expô-lo abertamente n'O Pasquim. Sei bem que colocá-lo como assunto principal da notícia é, no mínimo, incômodo. Mas tive as melhores intenções. Eu imaginei que se o transformasse em um herói poderia melhorar as coisas para você e para a sua família. O outro motivo que contribuiu ter te colado como ponto principal é não expor tanto assim a coitada da vítima.

Ao que Sabiá me revelou, a pobre mocinha está bem traumatizada. E duvido que colocá-la na capa como A jovem que quase foi estuprada possa ajudá-la. Inclusive, a escrevi pedindo desculpas e desejando melhoras.

Agora que estou escrevendo reconheço que jamais poderia transformá-lo em um herói, Draco, porque você já é um. E salvar aquela jovem serve de prova. Você se arriscou para protegê-la sem nem temer o que poderia te acontecer. Isso, sim, foi um ato heroico.

Certa vez, me confessou que duvidava seu caráter. Então me diga como pode alguém ruim salvar a vida de uma pessoa sem nem se importar o que pode acontecer com a sua? O que lhe disse antes repetirei agora: você não é mau, nunca foi.

Acompanhando seu progresso tenho mais certeza de que agi bem permitindo minha filhinha de namorar com você. Não sei se lhe serve algo, mas quero que saiba que estou orgulhoso do homem que está se tornando. É você, Draco, que modificará a linhagem da sua família.

Contudo, não pense que deixei de ficar de olho em você. Posso até te estimar, mas minha Sabiá vem acima de tudo. Brincadeiras a parte (ou não). Também queria falar que soube através de amigos aurores que o canalha estuprador foi assassinado. Não é querendo lhe ofender ou coisa do tipo. Mas caso que precise de ajuda, não hesite em me procurar. Eu sempre o ajudarei.

Albert Greengrass”.

Era fantástico como até o sogro ciumento em relação à filha conseguia ser um pai melhor do que o próprio Sr. Malfoy. Draco até poderia está irritado pela atenção a qual achou desnecessária, mas compreendeu tais razões. Mais uma vez Sr. Greengrass se esforçou para ajudá-lo.

Resolveu escrever uma pequena, mas sincera, carta de agradecimento ao Sr. Greengrass. Embora não soubesse exatamente como se expressar, conseguiu passar a mensagem de gratidão. Quanto ao pai, nem se deu trabalho de respondê-lo. Porque sabia que se o fizesse, com certezia diria palavras tão ou até mais desagradáveis do que as que recebeu.

Foi ao corujal entregou a carta à sua coruja. Por uma feliz coincidência, encontrou-se com as irmãs Greengrass e Bráulio – que carregava Perseu deitado em uma almofada azul fofa. A naja deu um sorriso ao vê-lo.

- Pitelzinho, oi! – O beijou – Enviou alguma carta para a sua mãe?

- Na verdade foi para o seu pai.

- Para papai? Sobre o que escreveu?

Dava para perceber pela expressão do ex-Comensal da Morte que ele não queria falar do assunto na presença de terceiros. No caso, a quintanista e o primeirista. Daphne capitou a mensagem num instante.

- Bráulio, vamos logo entregar as cartas! – Chamou ela

Malfoy estranhou quando a cunhada lhe deu um sorriso pequeno sem ironia ou qualquer intenção obscura. Ela realmente estava sendo gentil com ele.

- E aí? O que foi? – Perguntou ela

Draco olhou para os lados e se aproximou do ouvido da namorada para falar aos cochichos.

- Você contou ao seu pai o que houve?

- Não. Por quê?

- Recebi uma carta dele nesta manhã falando que já sabia da morte do canalha e que eu não deveria hesitar em pedir ajuda dele, caso fosse necessário. Ele me falou que soube por aurores amigos, mas eu não acreditei muito não.

- Por mim não foi, eu juro! Mas talvez papai não esteja mesmo mentindo. Ele é um homem influente e conhece vários aurores de níveis elevados, pitelzinho.

Será que algum destes aurores ajudaram a dá a mãe dela como morta tão depressa? Ah, Draco! Um problema de cada vez!, pensou.

- É. Talvez seja loucura da minha cabeça. Eu tenho andando pilhado por causa do que vem acontecendo.

- Eu também. Tem certeza que não devemos recorrer a papai?

- No momento, não. Eu tenho que ir. Vou trabalhar no projeto da feira com Pansy e Blásio. Tchau.

- Tchau.

Se beijaram. Astória foi sincera ao falar que não tinha aberto a boca à respeito. Mas ficou quieta sobre quem acreditava que havia contado. Foi até a irmã.

- Nos deixe a sós, por favor, Bráulio. – O garoto assentiu e se retirou com o felino – Daph, contou a papai que aquele maldito estuprador morreu?

- Como poderia se descobri hoje, lendo O Pasquim. Por quê? O que houve?

- Draco recebeu uma carta de papai em que ele oferece a ajuda, caso seja solicitada. Papai disse que soube do assassinato através de aurores amigos, mas Draco tem suspeitas sobre as fontes dele.

- De mim não soube nada. E, Ast, papai não é tolo. Ele sabe muito bem que se fosse necessário, Draco teria assassinado o desgraçado. Não tenho dúvidas que esteja mexendo os pauzinhos para que seu pitelzinho não seja envolvido na morte. Mas tem algo que me preocupa, manona. A escrita.

- Que escrita?

- A que escrita que Hestia pôs na testa do canalha, oras! Se os aurores examinarem a varinha dela, podem descobrir que ela marcou o canalha. Portanto, mentiu no depoimento.

- Acho que não. Podem descobrir que ela escreveu algo, mas não em quem. Quem será que deve ser o assassino?

- Não faço a menor ideia.

Na verdade, Daphne acreditava intensamente que havia sido o cunhado. Ele poderia ter o assassinado antes de levar Flora, foi o que pensou. Achou melhor guardar as suspeitas para si mesma. Logo que as coisas estavam indo tão bem com a irmã. Não queria destruir a trégua entre elas.

- Eu tenho que ir. – Despediu-se a naja – Vou arrumar o quarto para recepcionar Flo da melhor maneira. Tchau.

- Tchau.



Flora havia ficado dois na Ala hospitalar. Madame Pomfey havia permitido que permanecesse lá o tempo que achasse necessário, mas a a naja não aguentava ficar mais tempo lá. Hestia, que mal tinha desgrudado dela neste tempo, a acompanhou até o quarto. Não havia uma pessoa que não olhasse para ela. Ao menos lhe direcionaram olhares e palavras de compaixão.

Ao entrar no quarto, arregalou os olhos. Parkinson e Greengrsss a aguardavam ansiosamente. Tinham espalhado bexigas, comprado um bolo e posto uma faixa bem grande.

“SEJA BEM-VINDA DE VOLTA, FLORA!”.

- Gente, que que isso? Parece até meu aniversário.

- Queríamos fazer uma boa recepção. – Explicou Astória. – Até vou furar a dieta para comer seu bolo predileto, o de milho.

- E nada melhor para acompanhar do que uma bela garrafa de vinho italiano! – Sugeriu Pansy – Quem beberá primeiro?

- Flo quer! – Ofereceu Hestia – Ela ama vinho!

- Não, eu passo. Mas podem beber a vontade.

- Pelo menos vai comer o bolo de milho, não vai, Flo? – Pediu Astória

- Claro. Uma fatia não faz mal. – Respondeu – Obrigada, najas. Por tudo. É bem legal da parte de vocês terem feito isso por mim.

- Ah, Flo, somos mais do que amigas. Somos irmãs najas. É o que fazemos. Cuidamos uma da outra. Agora é a vez de cuidar de ti.

- Hora do bolo! – Alertou Pansy

O bolo foi partido e comeram sentadas na cama de Hestia.

- Cuidamos de tudo para você enquanto esteve fora. – Avisou Astória

- Só passei dois dias fora.

- Mas para nós foi uma verdadeira eternidade. Como não pôde comparecer ao grupo de estudo, eu fiz uma cópia de todas as minhas anotações. E também arrumei suas coisas.

- Isso explica porque minhas coisas estão incrivelmente organizadas.

- Por favor, não destrua a minha obra.

- Eu recolhi todas as fofocas possíveis para você, Flo. – Relatou Pansy – Vocês sabiam que Nott dormiu com Dove?

- Eca! – Exclamaram as ouvintes

- Não sei qual tem mais DST. A cadela ou o canalha. – Debochou Astória – Daria um bom livro. A Cadela e o Canalha. A história de amor entre dois otários. Devíamos espalhar esse rumor.

- E se eles tivessem tido um filho? – Sugeriu Pansy – Poderia ter dado para a adoção.

As garotas se divertiram criando o rumor e falando mal de mais algumas pessoas. Flora deu um pequeno sorriso. Enquanto seus pais não tinham nem sequer escrito uma carta para lhe dirigir palavras confortáveis, as najas tinham feito de tudo para que se sentisse confortável. Essa, sim, é minha família, pensou.

- Qual será o nome do bebê da Cadela e do Canalha, Flo? – Quis saber Hestia

- Deveria ser sarna. Porque é só isso que deriva dele. – As najas gargalharam alto – Meninas, eu amei de verdade tudo o que fizeram por mim. Mas eu gostaria de me banhar. Vocês se importam?

- Claro que não, amiga. Pode ir. – Autorizou Pansy

Flora agradeceu mais uma vez, entrou no banheiro e se duchou. Ao se secar, ficou nua diante do espelho. Apesar de possuir uma aparência esbelta e invejável, desprezava cada célula sua. Se sentia suja, encardida. Se cobriu com o robe imediatamente porque não aguentou mais se ver.

Saiu do banheiro às pressas, foi ao seu roupeiro e começou a atirar suas roupas no chão. Obviamente as najas ficaram preocupadas.

- O que você está fazendo, Flo? – Preocupou-se Astória

- Me livrando dessas roupas. Eu não quero mais!

- Mas, Flo, elas são divinas! – Argumentou Pansy

- Pois então fique para você! Ou entregue a alguém! Ou venda! Só não quero isso aqui! Não quero mais nada disso aqui!

Flora havia descartado todas as roupas chiques, estilosas e sexys. Acabaria vomitando se se visse usando uma daquelas vestes novamente.

- E o que você vai vestir, irmã? – Perguntou Hestia



Não havia um indivíduo que desconhecesse o que aconteceu com Flora. Apesar da diretora McGonagall não ter mencionado seu nome em seu discurso, não foi muito difícil de descobrir quem foi a vítima. Resolveu fazer a primeira reaparição pública na biblioteca. E estava completamente mudada.

Carrow passou a usar vestidos longos, que mal mostrava sua pele branca. O cabelo estava preso em um coque baixo. Se alguém a visse, poderia confundi-la como uma religiosa recatada. E não era só a vestimenta que havia mudado. Flora estava mais quieta e tímida.

Pegou um livro de uma estante para fazer uma lição de casa e sentou à mesa. Zacarias Smith se sentou ao lado dela e pôs os pés sobre a mesa. Flora teve uma enorme vontade de expulsá-lo, mas lhe faltou coragem.

- Oi, linda. Sabia que passei a noite inteira pensando em você? Eu sempre te achei incrível, Hestia. Só que eu nunca tive coragem de me declarar para você.

- Eu não sou Hestia. Sou Flora. – Sussurrou ela

- O quê?

- Eu disse que sou Flora. – Falou em um tom mais alto – Por favor, me deixe estudar.

- Espera aí! Você é Flora Carrow? Pelas barbas de Merlin! AÍ, PESSOAL! SACA SÓ A FLORA CARROW! Garota, o que aconteceu com você? Já esteve bem melhor.

O desconforto de Flora só aumentou quando McLaggen e outros idiotas se juntaram à mesa.

- Como você foi estuprada? – Perguntou Smith

- E-Eu não cheguei a ser!

- Qual é! Conta p'ra gente! – Insistiu McLaggen

O grifinório passou o braço por cima dos ombros dela. Ela o empurrou com brutalidade e se pôs de pé imediatamente.

- TIRE SUAS PATAS SUJAS DE CIMA DE MIM!

- QUAL É A TUA, GAROTA? DEIXA DE SER IDIOTA?

- DEIXE ELA EM PAZ OU EU ACABO COM VOCÊ!

Desta vez o herói não era Malfoy. E sim, Longbottom. Neville estava extremamente irritado e tinha varinha em mãos. Alguns dos idiotas acharam melhor se retirar. Já McLaggen preferiu ficar e enfrentá-lo.

- TU ACHA QUE É HOMEM P'RA ME PEITAR, LONGBOTTOM?

- SOU SIM! AGORA VOCÊ É UM TRASGO POR TRATAR UMA VÍTIMA TRAUMATIZADA ASSIM!

- ELA TRAUMATIZADA? ELA DORMIU COM MEIO MUNDO E AGORA INVENTA ESSE MIMIMI?

- EVANESCO!

McLaggen foi atirado contra a estante, a fazendo cair e durrubando as que estavam atrás dela. Mas aquilo não foi o bastante. Neville foi até o colega de quarto e o encheu de socos.

- Eu sou homem agora, seu idiota? Diz!

O imbecil começou a sangrar. Contudo, Neville não parou. Só o soltou quando viu a namorada sair correndo. Se apressou para alcançá-la. A escada mudou de direção e Flora não encontrou outro modo de escapar. Se virou e o viu.

- Por que insiste em me perseguir?

- Porque eu te amo! Eu quero ficar com você e quero te apoiar!

- Mas eu não quero! Será que é tão difícil de entender?

- Por que não? Estamos apaixonados!

- Não estamos não! Eu nunca me apaixonei por você! Eu só te aturei porque apostei que namoraria com você durante um ano! Eu nunca te quis! Então vê se me esquece!

A escada retornou e Flora se adiantou em ir embora. Suas palavras fizeram o coração do pobre Neville se transformarem em míseras migalhas.

- LONGBOTTOM, NA MINHA SALA! – Exigiu Profa. Diaz



As najas faziam as unhas no quarto quando Flora apareceu. Ela sentou em sua cama com um olhar vago.

- Está tudo bem, Flo? – Perguntou Pansy

- Rompi com Neville.

- VOCÊ FEZ O QUÊ?! – Chocaram-se

- Terminei com ele. – Repetiu ela – Melhor assim. Eu, no meu lado. E ele, no dele.

- Mas, amiga, por que você fez isso? – Questionou Pansy

- Porque eu amo ele.

Flora caiu no choro. As najas sentaram ao lado dela. Astória lhe entregou um lencinho para limpar as lágrimas.

- Flo, isso não faz o menor sentido.

- Como é que vocês querem que eu esteja num relacionamento se eu tenho agonia quando me tocam? Vocês acham mesmo que Neville vai querer uma namorada que não quer ser tocada e que se veste como uma velha?

- Vai sim! Porque ele te ama! – Afirmou Astória

- Ele ama a Flora alegre, animada e cheia de vida. O que eu sou agora? Não passo de uma estrela. Em que a luz se apagou depressa e está morta. Ele não iria me aguentar por muito tempo e me chutaria. Eu só apressei as coisas.

- Pois eu duvido que ele fosse te largar! Ele te ama demais!

- Após eu ter dito que só fiquei com ele por causa daquela aposta estúpida, Neville nunca mais vai querer olhar na minha cara!

- Flora, você não podia ter dito isso! Neville deve está destruído!

- Ótimo. Assim ele me esquece de vez!

- Você só diz isso porque ele ainda está aqui. – Falou Hestia – Só o quer longe porque ele está perto. Se ele fosse intocável, não faria isso!

- Irmã, você não me escutou?

- Escutei você querendo jogar um amor tão bonito e sincero na lata de lixo! Um amor que qualquer um gostaria de ter! – Saiu lágrimas dela – Um am que um dia eu tive e foi arrancado de mim! Assim como parte do meu ser!

- De quem você está falando, Hes? – Quis saber Astória

- Do amor da minha vida. Do meu noivo. Colin Creevey.



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