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História Meow, My Secret Kitten - 23 - Descoberta


Escrita por: wanheda102

Capítulo 23 - 23 - Descoberta


Os seus olhos não tinham mudado em nada desde a última vez em que eu a vira. Eles ainda expressavam o mesmo ódio e nojo de nosso último encontro. E ainda que hoje ela estivesse bem mais velha, provavelmente perto dos setenta anos, com os cabelos brancos e diversas rugas vincando o seu rosto antes rosado e juvenil, a sua essência continuava a mesma. Ela ainda era uma mulher bonita, porém ainda era a mulher que me odiara e me considerara uma aberração, mesmo que eu lhe tivesse ofertado o meu coração. Lhe mostrado o meu segredo

Costia havia mudado. Porém, eu não. Eu não envelhecera um só dia, uma só hora. Eu continuava sendo a mesma que fora durante aqueles anos em que ficáramos separadas. A mesma que eu fora nos anos antes dela .

O choque me calou, matou minha risada, e temi que Costia fosse imprudente o bastante para fazer qualquer coisa que me denunciasse. Olhei ao redor, avaliando os outros clientes do chique restaurante, esperando que ela não fizesse nada, não naquele momento, não quando eu estava tão perto de ter a minha maldição quebrada pela mulher que eu sempre sonhara.

Por todos os deuses felinos. Não!

Mas antes que a própria Costia pudesse se levantar e vir até a nossa mesa, apoiada em uma bengala de madeira muito refinada, todo o restaurante se virou para a entrada, acompanhando a discussão que começava na recepção. Todos ali se calaram, escutando os gritos de uma mulher que berrava com o atendente simpático que nos recebera, que a impedia de entrar, sem reservas, no restaurante.

— Senhora! Senhora! — o recepcionista gritava, correndo atrás da mulher que não se permitia parar. A confusão chamara a atenção até mesmo de Clarke e eu, que estávamos mais preocupadas em segurar as mãos uma da outra como se não houvesse amanhã. Ambas encaramos a entrada, nos deparando com Niylah, parada no meio do saguão, à apenas alguns metros de nossa mesa, olhando tudo à sua volta, procurando algo

Procurando por nós!

Os olhos frios e escuros escaneavam cada mesa, buscando. Quando ela finalmente nos encontrou, não se deteve, caminhando tempestuosamente até nós.

Oh, sim! Porque eu certamente merecia que coisas como aquela acontecessem.

Justo naquele momento.

— Então é com essa coisa sem graça e fedendo a tempero que você está metraindo? Oh, Clarke, eu esperava mais de você.

Como se já não me bastasse ter Costia há apenas alguns metros, reconhecendo-me, ainda era obrigada a ter Niylah causando uma cena no meio do restaurante. O que mais me faltava?

Os seus gritos ecoavam por todo o local e por mais que Clarke tivesse se levantado, segurado o braço de Niylah, sussurrando contida e tentando levá-la para um local onde pudessem conversar mais reservadamente, ela não deixou que ela fizesse qualquer maior movimento para tirá-la dali.

Puxando o braço de suas mãos, ela se aproximou ainda mais de mim, ameaçadora, resolvida em fazer do momento que tinha tudo para ser o melhor da minha vida, em outra experiência ruim para ser remoída em minha eternidade.

— Niylah, por favor.

— Olhe bem para ela, Clarke. Olhe! O que essa fulaninha tem demais?

— O que diabos você está fazendo aqui? Não há mais nada entre nós, por favor, não torne tudo ainda pior.

Seu tom de voz era baixo, mas Niylah estava determinada a fazer daquilo um verdadeiro espetáculo. Os clientes certamente estavam entretidos com a baixaria.

 Não sou tão estúpida quanto pareço ser. Eu sabia que tinha uma reserva aqui. Eu sabia que havia um motivo para você estar me deixando! —dramaticamente, Niylah se virou para a loira e continuou. — Nós fomos feitas uma para a outra, Clarke. Você me ama. Nós vamos nos casar.

Clarke estava embasbacada demais para responder, por isso simplesmente fez que não com a cabeça, assegurando-a de que ela só podia estar louca, aquela era apenas uma invenção de sua imaginação fértil e maldosa.

— Você não pode estar pensando em ficar com essa garota, Clarke. Quem ela é? Ela não é ninguém, ela não tem sequer um sobrenome. Ela não é nada.

O restaurante ficou em silêncio, observando algo além de nós enquanto eu continuava encolhida em minha cadeira, ameaçada pela presença de Niylah, que continuava me encarando como uma predadora.

— Ela é uma gata! — a voz de Costia soou alta o suficiente para que todos no restaurante pudessem ouvi-la, virando-se para ela e observando como a confusão ali ficava maior e mais dramática a cada segundo. Costia caminhava com dificuldade, pela sua avançada idade, aproximando-se enquanto o silencio ainda reinava no saguão. Até mesmo os garçons estavam parados, esperando o desfecho daquela cena.— Ela é uma maldita gata. Isso não é humano, só está coberta de carne beleza porque estamos no solstício de inverno.

O desprezo em sua voz, enquanto apontava com desdém para mim, magoou-me além do que eu podia admitir. E eu que achara que Costia já havia me machucado o bastante. Eu estava enganada.
Clarke e Niylah encaravam a recém-chegada com confusão, achando que se tratava de uma maluca se aproveitando da confusão. Mas ela não era louca. Eu era uma aberração.

 Você a encontra. Ela é toda arisca e de repente passa a se comportar. Passa a te deixar encantada, é doce. Eu sei muito bem como funciona, garota. Você cria amor por ela, e de repente, de vez em quando, aparece uma mulher linda, não se sabe de onde, que não fala uma só palavra, mas te encanta como uma sereia no meio do mar. Eu sei, conheço a história porque aconteceu comigo. Isso é uma aberração, garota. Fuja enquanto pode.

Eu negava com a cabeça, sem voz devido ao pânico, agora em pé, trêmula, dando calmos passos para trás enquanto mantinha as mãos na frente do meu corpo, negando com elas também.
Era verdade, eu era uma gata. Mas não era uma aberração. 

Não. Eu não era. Não.

— O que você está dizendo? 

— Essa maldita dura para sempre. Ela nunca morrerá! — dizia a velha enquanto golpeava a minha mão erguida com a sua bengala, fazendo com que eu acuasse ainda mais, arrancando sons surpresos de nossa plateia, e então golpeando mais uma vez, fazendo com que eu abaixasse ambas as mãos, dolorida, chocada demais para me defender.

 Essa coisa é uma gata? A senhora está maluca? Ela é só uma prostitutazinha que acha que pode sair por ai roubando a mulher das outras. — Niylah destratou a mulher que tinha idade para ser sua avô e se afastou na minha direção, segurando-me pelo cabelo enquanto eu fazia um som bem parecido com um miado, me afastando de perto dela, mas ainda sendo segura.

Os dois me feriam e Clarke não sabia o que fazer, contra quem brigar, incomodada com toda a atenção que estávamos recebendo. Sem pensar, segurou Niylah, afastando-a de perto de mim, lançando também um olhar gelado para Costia, deixando claro que a situação estava acabada.

— Este foi o maior absurdo que já ouvi — declarou.

 Duvida? Isso voltará a ser um gato quando o relógio der meia noite. Você tem trinta minutos antes que isso aconteça.

— Certo.

A resposta era simples. Uma única palavra. Mas teve o poder de reunir todo o sarcasmo que eu nem fazia ideia de que Clarke tivesse. E com um olhar raivoso para Niylah e eu, mandou que saíssemos do restaurante enquanto pagava a conta.

— Isso vai destruir você. Eu odeio essa aberração nojenta! — gritou Costia para Clarke, que encarou a velha como se pudesse lhe socar a cara se não fosse sua idade e o respeito que esta lhe inspirava. Porém, Costia não estava livre do olhar furioso de Clarke, que virou as costas para ela antes que fizesse algo desrespeitoso como xingar ou bater naquela idosa.

Fui então obrigada a andar ao lado de Niylah para a saída, sentindo o olhar de todos sobre mim, me fazendo ainda mais humilhada. As pessoas me julgavam silenciosamente, alguns até sussurrando suas opiniões, tirando suas conclusões, criando suas próprias versões da minha história.

O restaurante tinha um serviço privado de táxis e por isso já havia um de portas abertas, à nossa espera. Niylah entrou nele sem cerimônia e sabendo que Clarke desejaria que eu fizesse o mesmo, sentei-me ao seu lado, sem outra opção. A megera continuou disparando ofensas, fazendo com que meu coração se partisse ainda mais e meus olhos se enchessem de água.

Eu sabia que aquilo aconteceria uma hora ou outra. Eu sabia que seria descoberta. Mas jamais imaginara tamanha humilhação. Jamais pensara que criaria tanta esperança para vê-la sendo soprada para longe de tal maneira.

 E você acha mesmo que ela me deixaria para ficar com você? Acha que ela perderia alguém como eu em troca de alguém assim? Como você?

— Você a deixou, a traiu, machucou seu coração e ainda acha que tem algum direito sobre ela?— disparei furiosa, cansada de me calar quando podia dizer tudo o que eu sempre quisera dizer àquela mulher. Estava cansada de escutar suas porcarias e não poder revidar. Ao menos por aquela noite, se Niylah queria me ofender, que estivesse preparada para um contra-ataque.

— Eu sou o que você jamais será, sua imbecil. Quantas vezes ela já voltou para mim? Eu só preciso estalar os dedos e Clarke está de volta. Não se iluda. Nenhuma vagabunda terá o que é meu. Eu nasci para ser rica, para ser uma Griffin.

Eu estava prestes a perder toda a minha compostura e me embrenhar no cabelo dela, brigando como uma qualquer, arranhando toda a cara de vadia de Niylah, mas antes que eu pudesse fazê-lo, a porta do carro se abriu e Clarke entrou, nos encarando com raiva.

Meu coração batia acelerado.

O meu medo não residia em perdê-la para Niylah, não de todo. Eu tinha medo de que ela tivesse acreditado em Costia, que realmente tivesse dado ouvidos à sua história aparentemente maluca, mas verídica.

Por que justo naquele momento? Por que logo quando eu estava tão perto?

O endereço da casa de Clarke foi rosnado para o motorista que não perdeu tempo em se enfiar pelo transito incessante da cidade de Arcádia, rumo ao destino fornecido.

— Cla... — nós tentamos ao mesmo tempo, mas ante o olhar da loira, nao prosseguimos.

— É verdade o que aquela senhora disse? Ela te conhece, Alexandria?

Eu não podia mentir. Não para Clarke. Eu a amava demais para fazê-lo.

Mas o que eu poderia dizer? Assumir que era uma gata? Fazer com que ela me odiasse para sempre? Eu estava numa situação em que não sabia para onde correr, e ter Niylah conosco, dentro do apertado carro, tornava tudo ainda pior.

Ela tinha razão. Quem eu pensava que era para criar esperanças de que Clarke ficaria comigo? Eu era uma gata amaldiçoada. Eu não era ninguém. Eu não era nada.

Não respondi à pergunta. Apenas escondi meu rosto nas próprias mãos e comecei a chorar.

— Alexandria, eu preciso que me responda — dizia ela enquanto o carro seguia.

— Isso é absurdo, Clarke. Ela não pode ser mais patética do que isso.

A voz de Niylah me deu mais um choque de realidade e me odiei por criar tantas esperanças vãs.

Quem era eu para pensar que o meu final feliz estava tão próximo? Nenhum de nós disse mais nada, guardando nossas energias para quando chegássemos em casa e quando o dinheiro foi entregue ao taxista e Clarke abriu a porta para nós, eu soube que havia feito uma péssima escolha.

Eu estava na casa de Clarke.

Eu não deveria estar ali. Faltava pouco para meia noite. Eu tinha de voltar para Murphy e Raven.

— Eu não... não... — tentei argumentar enquanto entrava em sua casa, empurrada por sua mão posicionada calmamente na base das minhas costas.
 Eu não farei nada de mal a você, apenas preciso saber a verdade.

Sentei-me no sofá, derrotada.

— Você vai me odiar, Clarke. Não me force a fazer isso, por favor! — meu choro era intenso.

Niylah mantinha um sorriso maligno em seu rosto. Aquela era a chance de que precisava. Eu cairia e ela poderia ter sua glória a partir disso. Ela teria Clarke de volta assim que eu virasse uma maldita gata cinzenta na frente dos seus olhos.

Clarke teria nojo de mim. Ódio, talvez. Nunca mais iria querer me ver e então ela estaria livre para consolá-la. Niylah a conhecia, saberia a maneira exatade fazê-la sentir-se bem, sabia quais botões apertar, onde pressionar para tê-la de volta.
Eu não estaria mais em seu caminho.

— Faltam dez minutos para a meia noite, Alexandria. Você ficará aqui para me provar que aquela velha estava errada. Que o que ela disse foi apenas uma bsurdo.

— Não...

— Você não pode ser uma gata. Seria surreal demais. Se você fosse uma a gata, teria de ser Lexa. Isso tem de ser apenas uma coincidência. A droga de uma coincidência! — ela dizia, como se estivesse lendo alto seus pensamentos. E para o meu infortúnio, estava perto demais da verdade. — Você não pode ser Lexa.

Tentei me levantar do sofá, mas sua mão apertou meu ombro, me obrigando a sentar-me novamente. Seu aperto ao meu redor era firme. Eu não poderia fugir.

Sentia muito por partir seu coração. Eu sentia tanto! Mas era exatamente oque aconteceria quando meus dez minutos chegas sem ao fim. Eu voltaria a ter bigodes e rabo. 

Eu seria odiada, repudiada.

Eu não teria o meu final feliz e teria de ver Clarke me dizendo adeus da pior forma possível: me jogando na rua. Não seria a primeira vez. Já acontecera antes, quando Costia o fizera. Eu ainda me lembrava de como doera ver o seu olhar, repleto de nojo e raiva. Ainda me recordava de todas as suas palavras e como me machucava vê-la me mandar embora daquela maneira.
Porém, doeria ainda mais dessa vez.

Doeria porque eu não amava Costia como amava Clarke. Doeria porque eu não teria de dar adeus apenas ao meu final feliz, à esperança partida de ser libertada, à promessa não concretizada de Murphy e Raven.

Doeria porque eu daria adeus definitivamente à Clarke Griffin e a tudo oque ela representava. Eu seria obrigada a dar adeus ao meu coração.

Eu não conseguia olhar o relógio, na posição em que estava, com Clarke à minha frente. Mas pude sentir em minhas entranhas o exato momento em que o ponteiro chegou à meia noite. Meu corpo tremeu e senti a dor lancinante em meu corpo.

A transformação tivera início. O meu final feliz tinha um término.

O aperto de Clarke se soltava, eu me enroscara no sofá, sentindo todos os pontos do meu corpo doerem, arderem, inflamarem e então formigarem. E então, de repente, como sempre, tudo estava acabado.
Os olhos de Clarke, e Niylah estavam focados em mim.

Era o fim.


Notas Finais


Olá bolinhos!! Espero que tenham gostado do capítulo. Diga-me oque pensam. Bjinhosss


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