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História Meraki - Fish out of water


Escrita por: Rhay-forward5h

Notas do Autor


Hello darlings! Como estão?

Agradeço àqueles que vem apoiando e acompanhando a estória, fico imensamente feliz.
Sintam-se a vontade para favoritar, comentar e divulgar. Ficarei muito grata.

Aproveitem o capítulo.

See you!

Capítulo 10 - Fish out of water


Fanfic / Fanfiction Meraki - Fish out of water

Lauren's POV

Já se passaram três dias, e foram extremamente desconfortáveis, já que a interação entre Ally e eu tornou-se meramente cortês. Ela e Troy estavam oficialmente namorando, como as garotas me avisaram, apesar de que eles não escondiam de ninguém estar sempre juntos, de mãos dadas e trocando carícias – que muitas vezes observei que deixavam Ally visivelmente desconfortável.

Normani e Keana tentaram conversar com a baixinha, mostrar-lhe como era Troy, mas ela relutava dizendo que o conhecia melhor que ninguém, pois quando estavam somente eles o garoto era um amor, gentil, atencioso e que a respeitava, em público é que ele tentava passar uma imagem de bad boy, mas era tudo faixada, segundo ela.

Preferi não tentar uma conversa com Ally, pois sabia que me exaltaria, não me sentia preparada para agir com bom senso, e isso só nos afastaria ainda mais. Eu não imaginava que a relação dos dois estava tão avançada, sabia que a baixinha tinha uma queda pelo Ogletree, mas nunca transpareceu que era correspondida. Então a surpresa por esse namoro repentino me fez surtar, e mais uma vez Normani tratou de frear minhas atitudes impensáveis.

Ponderei a situação para ver se não era apenas implicância da minha parte, mas todas as vezes que esbarrava com Troy ele lançava olhares debochados e vitoriosos, quando não jogava algumas indiretas que preferi desconsiderar, precisava pensar em meus estudos, não queria que possíveis brigas prejudicassem minha carreira acadêmica.

Não conseguia entender a minha amiga tão amável se envolvendo com alguém como Troy, mesmo sabendo que não mandamos em nosso coração, pois pelo menos uma vez na vida nos apaixonamos pela pessoa errada. Mas, jamais pensei que aconteceria isso com Allyson.

Independente desse afastamento momentâneo – assim espero – nunca deixarei de me preocupar e zelar pelo bem estar da pequena. Estarei aqui caso ela precise de mim, e pelos episódios que presenciei sem querer, de Ally chorando e olhando uma foto de nós duas juntas e outra vez um desenho que eu fiz dela, sei que ela sente por nossa amizade ter sido abalada.

Nosso grupo passou a ficar desfalcado, já que eu escolhi me afastar para evitar intrigas e não prejudicar minhas amigas, que viraram uma espécie de guardiãs; estavam sempre de olho no Ogletree. Quando eu estava presente era porque tinha certeza que o casal não estaria. Era uma situação péssima, desesperadora.

[...]

Foi-me relatado sobre o "incidente" que aconteceu ontem pela manhã, enquanto Normani, Keana, o casal e mais dois amigos de Troy tomavam café da manhã, o imbecil do Ogletree começou com o disparate de obscenidades quando viu as professora Vives e Cabello no local, sendo seguido pelos amigos. Ally estava ruborizada e desconfortável diante a cena, Normani pediu respeito, mas a melhor parte foi quando Keana levantou-se do lugar onde estava, aproximou-se do mau caráter e despejou o copo com café fumegante na região íntima do garoto, disparando um "Ops! Tropecei." dando as costas e saindo despreocupadamente, deixando-o gritando ofensas e se debatendo devido às queimaduras.

Então Keana se juntou a mim, Mani passava o tempo dividindo a atenção entre as amigas, já que a bela negra se preocupava com o rumo da amizade tão fortemente construída, mas a convivência com o casal não era algo fácil de suportar então muitas vezes Normani preferia manter distância. A relação entre Ally e Keana chegou ao ápice, a baixinha gritou bastante com a garota pelo que ela fez, dizendo que Troy queria denunciá-la por agressão física, mas que ela o convenceu do contrário depois de muito implorar.

quarteto fantástico estava desestruturado, o que não passou despercebido por muitos que nos conheciam. Como é o caso da latina, que lançava olhares preocupados quando via nossa interação fria, como em um dos finais de aula em que a baixinha precisava carregar vários apetrechos para o CC Studio, já que seu estágio teve inicio imediato por não está presa a nenhum contrato como era meu caso. Com dificuldades para descer do dormitório segurando tantas coisas, levantei-me da cama onde lia um livro e sem dizer nada peguei parte do que carregava e desci com ela, chegando ao carro da professora o clima tenso não passou despercebido, e a morena me olhou complacente sorrindo contidamente para mim.

Outra que não estava contente com essa situação era Dinah Jane, que escutou ambas as partes – Allyson e eu – além de ter ido até a Universidade observar quem era esse tal garoto. Como previsto a loira não gostou do jeito pervertido que ele olhava as mulheres que passavam com tanto descaramento, sendo até preciso da latina e de mim para segurá-la e impedir uma raivosa DJ de esbofetear Ogletree. A professora pediu compostura dentro do campus já que poderia ser prejudicada pela proximidade das duas, concordei com a mesma, pois seus argumentos eram válidos.

[...]

Hoje me juntaria ao grupo responsável por organizar a exposição do departamento de artes que aconteceria na sexta-feira da semana que vem. Algumas turmas já estão com algumas ideias em andamento, mas precisávamos de uma reunião para decidir a melhor forma de unir nossos trabalhos criando uma atmosfera que impressione e cative quem for nos prestigiar.

Reunimo-nos mais cedo, pois tinha avisado a professora Vives que ainda teria que ir trabalhar. Então naquele momento estávamos aplicando a técnica de brainstorming, a fim de captarmos o máximo de ideias de mentes incrivelmente criativas.

Estavam ali, responsáveis pelas peças de cerâmica, esculturas, mídia digital, fotografia, pintura e desenho, dentre outros, além das diversas subcategorias de cada área. Pelo pouco tempo de conversa e a animação dos presentes, seria um sucesso, e eu estava mais do que disposta a contribuir para isso.

Ally era uma das escolhidas para expor e ajudar na ornamentação, juntamente com a professora Cabello. Estávamos sentados em circulo, e a baixinha estava do outro lado da roda, ao lado da latina, portanto meus olhos teimavam em observá-las, mesmo que com diferentes propósitos.

Após o termino da reunião, estava conversando com alguns colegas das aulas de pintura e desenho juntamente com nossa orientadora, a Vives. Ouvi meu nome ser chamado, reconhecendo imediatamente a voz de Allyson, olhei em volta a sua procura. Ela estava com a latina e mexia as mãos de maneira ansiosa enquanto me aproximava.

- Chamou? – Perguntei intercalando o olhar entre as duas mulheres.

- Sim... – Ally estava hesitante. Com a pausa olhou para a sua professora que a encorajou com um sorriso simpático. Aquele lindo sorriso que passava tanta calma, que era impossível alguém imaginá-la com uma pessoa ansiosa e insegura.

- Pode falar Ally. – Esbocei um sorriso de canto, olhando em seus olhos.

- Sabe as aquelas fotos que eu fiz de você? – Acenei positivamente com a cabeça. – Então... eu fiz uma seleção das melhores para expor de acordo com todo o contexto que decidimos, e duas delas são suas.

- Você quer saber se eu me importo de você expô-las? – Ally balançou a cabeça, ainda mexendo as mãos sem parar. – Pode ficar a vontade. Eu permiti que você as tirasse, então nada mais justo do que poder utiliza-las, não acha?!

- Obrigada, Lauren! – A baixinha sorria radiante, mas seu desconforto era evidente. – É muito importante, mesmo. – Sorri em resposta.

- Bem, agora devo ir senão vou me atrasar. Ainda não conseguiram uma substituta para mim. – Suspirei aborrecida.

- Espero que encontrem logo, pois Dinah está mais do que ansiosa para você começar conosco. – Foi a primeira vez que a latina se pronunciava. Olhei-a admirando aqueles traços perfeitos, ela me hipnotizava. Mas aprendi que precisava me conter diante aquela obra prima.

- Sim! É... eu também estou bastante ansiosa. – Recobrei minha postura rapidamente, sob o olhar enigmático da morena.

- Então, até mais! – Despedi-me das mulheres e voltei ao meu grupo para também me despedir e seguir para o restaurante.

[...]

O restante daquela semana e a seguinte foram bastante corridos, não sobrando tempo para mais intrigas ou desavenças. As conversas com Ally se restringiam ao evento de sexta-feira, a baixinha estava muito empolgada, então começava a falar e esquecia-se de qualquer desentendimento e eu tentava preservar momentos como aquele.

- Lauren, você vai gostar muito de trabalhar no CC Studio, posso lhe garantir, pois o ambiente é bastante acolhedor, assim como os profissionais. Estou maravilhada até hoje com a oportunidade que a professora Cabello nos deu.

Ally falou subitamente, enquanto conversávamos na noite de quinta-feira, após ela ter voltado do trabalho, mudando de assunto em algum momento em que falava sobre as fotografias que seus colegas de turma exporiam amanhã.

- Estou ansiosa para me juntar a vocês. E acredito que isso acontecerá na segunda-feira, já que estou oficialmente desvinculada do Liberty House.

Recebi uma ligação mais cedo informando que tinham achado uma pessoa e que eu estava liberada de minhas obrigações a partir daquele momento, me surpreendendo. Fui até lá para resolver qualquer pendencia legal, além de me despedir de Steve, que mesmo feliz com a oportunidade de estar em um lugar mais propício para mim, não conseguia esconder o olhar triste em seu semblante.

Prometi e o fiz prometer que manteríamos contatos, pois eu sabia que tinha encontrado um amigo querido. Não gostava de despedidas, então não fiz isso parecer com uma. Steve logo iniciaria mais um estágio na sua área de formação e em pouco tempo se formaria, e a pretensão do rapaz era continuar em New York, então não teria porque perdermos contato.

- Sério?! Que ótima noticia, Lauren. Muitos já conhecem você por nome, de tanto Dinah e eu falarmos sobre você... – Nesse momento a baixinha se deu conta do que falou e corou. – Er... já avisou a Dinah e a professora Cabello?

- Deixei para avisá-las amanhã. – Em resposta ganhei um sorriso, e assim a conversa foi encerrada por aquela noite.

[...]

A temperatura ainda continuava baixa, mas o mês de fevereiro já estava no fim, o que me alegrava, pois a primavera é uma das estações mais belas do ano e eu ansiava por seu desabrochar completo.

Levantei-me cedo e fui tomar o café da manhã com Normani, já que a dançarina me avisou que sua companheira de dormitório tinha acabado de chegar, pois passara a noite fora e se negava a falar onde e com quem estava.

- A Ke está com algum rolo em New York. – Divagou Mani, enquanto degustávamos nossos alimentos.

- Percebi isso há algum tempo, e até questionei-a, mas ela diz que não é nada de mais, e que não é da minha conta. – Rolei os olhos lembrando da fala rude da garota.

- Espero que não venha causar mais discórdia entre nós.

- Assim espero Mani. – Concordei com sinceridade. – Falando nisso... Ally se perde em seus monólogos e esquece-se da nossa situação, o que acho muito bom, pois só nesses momentos é que consigo ter minha amiga de volta. – Suspirei.

- Vamos dar tempo ao tempo, Laur. – A garota de cabelos cacheados a minha frente sempre tinha razão, então apenas concordei com a ideia de um dia as coisas retornarem ao normal.

[...]

- Isso é ótimo, senhorita Jauregui! – Exclamou a latina, assim que informei sobre minha liberação do Liberty. – Já contou a Dinah?

- Ainda não. – Respondi sorrindo ao notar aquele brilho mínimo, mas de grande valia nos olhos da fotógrafa.

Durante esses dias de preparo para o evento de hoje, a morena esteve irremediavelmente envolvida em todos os detalhes, já que a sua experiência com exposições pelo mundo não fora esquecido por ninguém ali, então a procura por opiniões e conselhos da fotógrafa foi intensa. E a disposição em ajudar a todos foi algo encantador, pois se via o amor que ela tinha pela arte, eu poderia dizer que ali era seu refúgio.

- Ela virá para a exposição mais tarde, caso queira dar a noticia pessoalmente.

- Oh, seria perfeito. Só espero não ser esmagada pelo abraço de urso da loira. - Rimos com o fato levantado por mim.

- Lauren? – A professora Vives me chamou com minha tela em mãos.

- Preciso ir... – Falei indicando e a latina assentiu ainda sorrindo, voltando a tarefa que executava antes de ser interrompida por mim.

[...]

A exposição teria inicio após o almoço e se estenderia até a noite, e aconteceria na galeria de arte Harold B. Lemmerman, presente no campus da NJCU.

Estava tudo preparado, apenas rondávamos entre as obras expostas para conferir se tudo estava como deveria ser. Eu estava orgulhosa do trabalho que fizemos, todo esforço e dedicação valeram a pena, principalmente agora, olhando o magnifico resultado que obtivemos, só espero que agrademos ao público.

- Mantenha a calma! – A latina murmurou ao passar por mim. Franzi o cenho não entendendo o motivo para tal aviso, até quando me virei na direção em que ela seguia para perguntar o que foi aquilo, que avistei Troy Ogletree adentando a galeria com aquele andar marrento.

- Senhor Ogletree, acredito que todos foram informados de que só é permitida a entrada dos organizadores até o horário de inicio. – A latina tinha interrompido a trajetória do seu aluno, parando com os braços para trás, e com a voz calma de sempre.

Troy olhou-a de cima a baixo descaradamente, o que me fez querer saber como é a postura daquele idiota no dia a dia, já que ele tinha aulas constantes com a fotógrafa.

Olhei para o meu lado direito e a professora Vives se aproximava como quem não quer nada, mas estava clara sua intenção de intervir caso algo aconteça. Ally tinha o rosto corado e continuava parada onde estava antes do namorado invadir o local.

- Eu só queria falar com a minha garota. – Falou Troy apontando para Ally que ruborizou mais intensamente.

- Sinto muito, mas esse não é o momento para isso. Assim que terminarmos aqui, tenho certeza que ela irá te procurar. – A latina continuava da mesma forma, só não conseguia ver seu rosto.

O garoto percorreu com os olhos, mais uma vez o corpo da sua professora, então piscou para Ally e começou a dar alguns passamos para trás, mas antes ele me encarou e sorriu da maneira debochada de sempre, antes de disparar mais uma de suas tolices:

- Jauregui, alguém já falou que quanto mais bravinha, mais gostosa você fica?!

Eu semicerrei os olhos e trinquei a mandíbula, a vontade de deixa-lo sem nenhum dente nunca foi tão grande. Aquilo era uma falta de respeito, como Ally suportava uma situação daquela? Ela não precisa disso, não mesmo.

Quando cerrei os punhos e dei o primeiro passo em sua direção, a professora Vives colocou-se a minha frente.

- Senhor Ogletree, faça o favor de se retirar. – A voz da mulher soou agressiva, o que era algo inédito para mim, já que só a vi com sua animação habitual.

Depois disso o idiota deixou o local, e eu percorri o local com os olhos a procura de Ally, mas a baixinha andava a passos largos para o lado oposto que o namorado seguiu, e distante de nós.

- Respira, senão daqui a pouco você entra em erupção, Lauren. – A professora Vives falou voltando ao seu sorriso largo, segurando meus ombros e me encarando com uma expressão divertida. – Você é muito, muito branca. Parece um fantasminha.

Com aquela observação desatei a rir, junto com Vives e como pude ver em seguida, a latina sorria abertamente. A tensão foi dissipando com a brincadeira.

- Assim está melhor. Odeio climas pesados. – A professora de cabelos castanhos claros se estremeceu como se estivesse passado uma brisa gelada. – E a Ally, coitadinha, será que devemos ir atrás dela?

- Acredito que ela queira um tempo sozinha, Lucy. – A latina respondeu ao questionamento da colega, mordiscando o lábio inferior.

- Você tem razão Camila. – Ponderou Vives, olhando em direção onde Ally tinha ido. – Ela não merece isso, é uma garota tão fofa.

- Não, ela não merece aquele filho de uma...

- Senhorita Jauregui!

- Desculpe-me professora, mas eu não suporto essa situação em que Ally se encontra. – Respondi olhando diretamente aquele par de olhos castanhos que voltaram a ficar nebulosos.

- Entendo. Como já conversamos, tenha cuidado com esses impulsos e deixe o tempo resolver as intercorrências da vida.

- Que lindo, Camila! – A professora Vives falou unindo as mãos perto do rosto, o que deixou a cena cômica. – Ela tem razão Lauren, tem coisas que são inevitáveis, temos que passar por elas para tornarmos mais fortes.

- Todos dizem isso, mas é mais complicado do que parece. – Suspirei massageando as têmporas. 

[...]

No tempo até o inicio da exposição não houve mais conflitos, permaneci com Mani e Keana – que continuava inabalável aos nossos questionamentos sobre onde passou a noite – mas, Ally sumiu durante esse período.

A galeria estava bastante movimentada, o que nos deixou eufóricos. Permaneci recebendo o público que se dispôs a vir, sorrindo e dando as boas vindas.

O lugar estava bem iluminado, o que fazia com que o brilho do chão de madeira reluzisse. As paredes claras estavam cobertas por pinturas e fotografias intercaladas, no centro estavam dispostas os trabalhos em cerâmica, vidro, metal, argila, etc., o trabalho de vídeo do pessoal de mídias realçava as obras com diversidade de imagens e luzes projetadas pelo ambiente.

As paredes móveis usadas na exposição de Camila Cabello também estavam sendo usadas, como requisitado pela maioria dos alunos. O intuito atrativo foi concluído com sucesso.

Faríamos rondas pela galeria em turnos pré-determinados, no intuito de cessar qualquer dúvida que possa surgir, ou caso queiram conhecer o estudante por trás da obra, mas por ora eu permaneceria no hall.

- Mas que gostosa, hein? – Sorri e nem precisava me virar para saber quem tinha chegado.

- Olá Dinah. – Cumprimentei exagerando na cortesia. – É uma honra tê-la aqui, prestigiando o trabalho dos alunos do departamento de arte. Seja bem vinda e sinta-se a vontade.

- Decorou certinho. – A loira estava rindo sem se importar de chamar atenção, dando-me um abraço. – Quem vê até pensa que é tão meiga e educada.

Ouch! – Defendi-me. – Sou educada sim, senhora. Deixa minha mãe saber que você está duvidando da criação dela. – Provoquei-a.

- Bebezinho da mamãe. – Dinah falou fazendo bico e apertando minhas bochechas, que tratei de afastá-las com tapas. – Olha só quem está aqui... se não é minha celebridade favorita, e a pegadora mais bem humorada que já conheci.

- Dinah! – Exclamou a professora Vives, corando e olhando em volta para ver se alguém presenciou a cena.

- Menos Dinah, não começa com seus exageros. – Disse a latina, não contendo o sorriso com a euforia da amiga.

- Eu estava aqui apreciando a obra de arte que vocês colocaram logo na entrada. – Nós três olhamos a loira sem entender ao que ela se referia, até ela indicar-me com a cabeça.

Os olhos das professoras me fitaram, o que me deixou envergonhada. Olhei furiosa para Dinah e belisquei sua cintura, o que me rendeu um tapa no braço. Vives gargalhava, já a latina sorria de maneira mais contida balançando a cabeça.

- Lauren! – Procurei pela voz que me chamava e sorri ao recebê-lo, ainda mais por ter me salvado daquela situação embaraçosa.

- Steve! Você veio. – Abracei-o

- Não podia deixar de prestigiá-la.

- Como conseguiu driblar a fera, vulgo Roberts?

- Falei que peguei uma virose, e que era contagioso e que os clientes não ficariam muito satisfeitos, então...

Sorrimos com a desculpa clichê, então lembrei de que as três mulheres ainda estavam paradas observando a nossa interação. Então os apresentei, e para aquelas que já conheciam foi apenas um firmamento mais pessoal do que no restaurante.

Após as formalidades ele recebeu um folder que eu distribuía, e foi apreciar a exposição, e eu prometi que logo o acompanharia.

- Seu namorado? – Perguntou a professora Vives, fazendo Dinah esconder o sorriso com a mão, o que fez a mulher ficar confusa voltando a me encarar.

- Não, ele é apenas um bom amigo.

- Oh! Pareceu-me que rola um clima entre vocês. – Franzi o cenho diante desse disparate, fazendo Dinah gargalhar.

- Como é discreta... – Comentou a fotógrafa, semicerrando os olhos para a amiga.

- O que foi? – Agora Vives estava completamente confusa. – Falem!

- Também achei isso sobre esses pombinhos fake. – Dinah falou sarcástica. – A Porcelana aqui faz parte do nosso time, entendeu?!

Inicialmente um vinco se formou entre as sobrancelhas da desenhista, mas logo se desfez e sua boca entreabriu-se. Eu apertei a base do nariz entre os olhos, tentando passar por mais uma exposição gratuita por Dinah Jane.

- Só falta a Mila, aí o time fica completo, não acha? – A loira estava impossível hoje. Lucy Vives reprimiu um sorriso olhando a expressão mortal que a latina exibia para a amiga.

- Já deu por hoje, Dinah. – Falando isso passou por nós e adentrou a galeria.

- Alguém não gostou muito da brincadeira... – Comentou Vives receosa.

- A Camila precisa relaxar, urgentemente. – Dinah bufou. – Ela não sabe brincar, sei que eu a perturbo bastante, mas não precisa de todo esse drama. Ela precisa de alguém para amolecer aquele coraçãozinho.

- Parece que já temos um pretendente na fila. – Ao dizer isso a professora arregalou os olhos ao ver a expressão da loira ao seu lado.

- Como é? – Perguntou Dinah com desconfiança. – Você começou agora vai ter que terminar Lucy.

A professora me olhava, como se pedisse por socorro, mas sobre aquele assunto preferia não opinar para não levantar suspeitas, então apenas dei de ombros.

- Um dos professores daqui parece bastante interessado na Camila. – Soltou Vives sem escolha diante de uma Dinah ameaçadora.

- Isso não é incomum. – Falou Dinah com obviedade. – Mas, você sabe que para ela retribuir é algo bem difícil.

- O Carl é bem insistente, e parece que está conseguindo alguma coisa. Sempre os vejo conversando, além de almoçarem juntos algumas vezes.

- O quê? – Dinah praticamente gritou com os olhos arregalados. – E por que ela não me contou nada disso? E você Jauregui, porque não comentou sobre isso comigo? – Ela perguntou beliscando meu braço.

Ouch Dinah! – Esfreguei o local, olhando raivosa para a loira. – Eu não tenho nada a ver com isso.

Na verdade, o que eu fazia era fingir que nada de mais estava acontecendo entre os professores. Era bem óbvio o interesse do Smith, mas a latina é difícil de ler, portanto pensar que ela via a relação deles somente como amizade me causava menos martírio.

- Vocês vão me contar essa história em detalhes. Desde o princípio.

- Sinto muito, mas não tenho tempo Dinah. Com licença. - Sem perder tempo, saí dali. Não queria pensar naquele assunto, então fui ver se Steve estava apreciando a exposição.

[...]

Durante as várias horas que se prolongou o evento, eu andava pela galeria em companhia das minhas amigas e de Steve. Ally passou a maior parte do tempo com Troy em seu encalço, quando Steve a cumprimentou, Ogletree o encarou com desprezo.

- Mudou de time novamente, Jauregui?

- Faz o favor de não me dirigir à palavra, Ogletree. – Meu tom de voz fez algumas pessoas olharem em nossa direção. Então caminhei para longe do garoto, que parecia me perseguir.

- Troy não pode ver você que começa com a implicância. – Normani balançava a cabeça indignada.

- Quer ajuda para colocar aquele moleque em seu devido lugar, Porcelana? – Dinah se aproximou depois de presenciar a cena.

- Adoraria fazer isso Dinah. – Suspirei. – Mas o melhor é ignorá-lo, pelo menos por enquanto.

Olhei minhas amigas paradas me observando, então me lembrei de que não as tinha apresentado ainda.

- Oh... Dinah, essas são Normani e Keana. – Falei apontando para as garotas. – E essa é a Dinah, a amiga da professora Cabello.

- É um prazer finalmente conhece-las. – A loira cumprimentou-as com beijinhos no rosto, ganhando saudações gentis em retribuição.

Como já estava tarde e eu não tinha me alimentado fazia horas, senti-me mal e pedi para sairmos dali um pouco para fazermos um lanche, o que todos concordaram.

- Aquele é o tal do Carl? – Dinah perguntou quando saíamos do edifício. Olhei para o lado e a alguns metros, o professor Smith estava parado ao lado da latina. Os dois comtemplavam alguma fotografia e conversavam distraidamente. Engoli em seco tentando disfarçar o desconforto.

- Ele mesmo.

- A Camila diz que são apenas amigos, mas olha para aquilo... – Dinah observava-os com desconfiança. – Eu apoio totalmente um relacionamento entre eles, só que antes preciso saber das intenções dele.

- Desde quando virou o pai ou a mãe da professora? – Questionei Dinah com as sobrancelhas erguidas.

- Não sou, mas sei bem o que estou falando e fazendo, branquela.

- Se você diz...

[...]

Nós fomos até o Dunkin' Donuts, e foi bastante divertido a interação entre os amigos que conquistei desde que sai de Miami. Apesar de sentir falta da baixinha que esbanjava amabilidade.

Aproveitei o momento sossegado para informar Dinah que eu poderia começar o trabalho como sua auxiliar na segunda-feira. A loira, como já era esperado, me apertou tão forte que senti que todo o oxigênio do meu corpo tinha se extinguido.

Assim que terminamos, Steve se despediu, já que ainda tinha algumas coisas para estudar. Keana e Normani também voltaram para o dormitório, pois já estavam cansadas, então sobramos Dinah e eu.

- Seus amigos são ótimas pessoas. – Comentou Dinah. – Apesar de faltar a tampinha ali. – Ri com o apelido que a mais velha deu a Ally.

- É uma escolha dela, então não posso fazer nada a respeito.

- Verdade.

Ficamos em silêncio enquanto caminhávamos de volta a galeria, cada uma perdida em seus próprios pensamentos. Apertei mais o sobretudo que usava sobre meu vestido preto, tentando bloquear o vento frio e as gotas que começavam a cair do céu escuro.

[...]

- Foi um espetáculo! – Dizia Vives rodeada por todos os envolvidos e Carl que ainda estava grudado à latina. – Todos estão de parabéns! – Então uma onda de aplauso surgiu para completar a comemoração.

Mesmo com os olhos faiscando em direção ao Smith, não poderia evitar a felicidade que me acometeu por aquele belo trabalho que fizemos. Dinah que também estava ali me abraçou de lado parabenizando-me.

- Já trabalharam demais essas semanas, então por hoje estão dispensados. Vão descansar e depois nos preocupamos com a arrumação da galeria. Boa noite a todos! – A professora Vives dispensou os alunos, que não objetivaram em nenhum momento.

Dinah que ainda não tinha me soltado do seu enlace me puxou junto a ela quando se aproximou da amiga e de Smith.

- Já estou indo Mila. – Informou Dinah, avaliando o professor durante o processo.

- Eu também vou em alguns minutos.

- Pensei que íamos jantar. – Falou Smith com o semblante pesaroso ao observar a latina.

- Como eu falei antes Carl, tenho muito trabalho ainda por fazer e amanhã tenho que acordar cedo para resolver alguns assuntos pendentes no estúdio. – A morena estava desconfortável com todos observando-a, incluindo Vives que tinha se juntado a nós.

- É uma pena. Então deixamos para outra oportunidade. – A latina apenas sorriu em resposta. – Já vou indo. Boa noite, meninas! – Saudamos o professor que foi embora, deixando apenas nós quatro e algumas pessoas responsáveis em gerenciar o local.

- O quê? – A latina perguntou a amiga, com um vinco se formando entre as sobrancelhas.

- Deixa de ser cínica! – Revidou Dinah. – Porque mentiu para ele?

- Há algumas horas atrás você parecia ser contra qualquer envolvimento entre nós, agora parece que mudou de ideia.

- Não mudei. Mas parece que nessa relação o sentimento não é recíproco.

- Dinah, em outro momento falaremos sobre isso. – O olhar da morena rapidamente focou em mim. Ela estava desconfortável com uma aluna presenciando algo intimo. – E você, Lucy Vives, também não vai escapar, até aprender manter a boca fechada.

- Foi mal, Camila. – Minha professora estava sem graça diante da acusação. – Pensei que Dinah sabia, já que vocês compartilham tudo.

- Não briga com ela bunduda. – Interviu Dinah. – Ela está certíssima, a única culpada aqui é você por guardar segredos da sua melhor amiga. – A loira falava em um tom magoado.

- Não tinha nada para contar, por isso não falei nada DJ. – Suspirou a morena, massageando as têmporas. – Vamos encerrar esse assunto por hoje, preciso ir para casa descansar.

Dito isso, a latina abraçou brevemente Vives, e acenou educadamente para mim. Dinah também se despediu, só que de uma maneira mais calorosa do que a amiga.

Saímos da galeria, a professora Vives e eu, instantes depois das duas mulheres partirem.

- Você não fica desconsertada rodeada por problemas que envolvem seus professores e agora também suas chefes? – Perguntou a desenhista repentinamente.

- Às vezes. – Ponderei sobre sua pergunta. – Momentos como esse que acabou de acontecer, me fazem sentir um peixe fora d'água.

- Entendo. – A mulher sorriu. – Mas, é bom se acostumar, pois com Dinah envolvida você sempre será arrastada para coisas desse tipo. – Ri em concordância.

Separamo-nos quando nos aproximamos do estacionamento, a professora se despediu com um abraço e eu segui para meu dormitório.

Divaguei sobre o questionamento de Vives. Desde que Dinah e eu nos tornamos amigas, a aproximação involuntária com momentos particulares da latina, estão tornando-se frequentes. Não é como se eu soubesse muito sobre a professora, é exatamente o contrário, não sei nada sobre sua vida pessoal, mas os acontecimentos que surgem atualmente, eu acabo inserida mesmo que seja visível o desconforto da morena, e muitas vezes meu também.

Mas, porque não tentar reverter essa situação, fazendo a morena sentir-se a vontade em minha presença? Mostrar a ela que pode confiar em mim, independente da relação aluna/professora e agora empregado/empregador. Não será fácil, eu sei, mas valerá a pena a tentativa. Eu precisava parar de falar e agir, mas essa estava sendo a parte mais complicada. 

 


Notas Finais


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