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História Meraki - I believe in you


Escrita por: Rhay-forward5h

Notas do Autor


Hey meus amores! Tudo bem com vocês?

Mais um capítulo que se enquadra na categoria dos "necessários", mas não deixa de ser importante, blz? Espero que gostem!

Qualquer erro que deixei passar, me avisem para eu corrigir, por favor.

Comentem bastante, e se possível, indiquem a fic caso estejam gostando ;)

See you!

Capítulo 42 - I believe in you


Fanfic / Fanfiction Meraki - I believe in you

Lauren's POV

Mãe! No final da semana que vem eu estou em casa. – Repeti pela décima vez, pois dona Clara teimava em não encerrar a ligação, alegando não aguentar mais de saudades do seu 'bebê'.

– Eu sei minha querida! Isso não importa agora, pois só estarei satisfeita quando abraçar meu bebê e não soltar mais. – Neguei com a cabeça, apesar de amar os mimos e o carinho vindos dos meus pais.

– Eu também sinto muita falta de vocês, de Miami... – Suspirei lembrando-se do aconchego do meu lar. – Mas preciso desligar, eu estou indo trab... – Interrompi-me, quase chutando o meu próprio traseiro por não conseguir segurar a língua dentro da boca.

– Você está o que? – O tom de voz da minha mãe indicava desconfiança.

– Indo fazer um trabalho. – Contornei, mas sei que não soou convincente, principalmente tratando-se de enganar a minha mãe.

– Quando você mente sua voz soa estranha, até mesmo sua respiração muda Lauren Michelle.

– Não estou mentindo. – Apertei os olhos. – É sério mãe! Estão me esperando. Depois eu ligo. Amo você. – Desliguei não lhe dando a chance de insistir até descobrir o que eu estava escondendo. É certo que vou levar uma bronca por desligar sem esperar ela se despedir.

A mera ideia de contar sobre o emprego no estúdio já me causava aflição, pois sei como meus pais podem ser protetores e odiarem quando Taylor ou eu mentimos. Eles ainda não aceitaram que eu não sou mais a criança que necessitava de cuidados constantes. Eu já sou uma mulher e sei tomar conta de mim mesma, demonstro isso mesmo antes de sair debaixo das asas deles e vim para New Jersey.

Meus pais confiam em mim, mas temem pela minha segurança e bem-estar vivendo em uma época com perigos infindáveis, portanto, não somos donos do destino, além de incapazes de prever ou mudar determinados acontecimentos. Apenas resta-nos viver sem paranoias, e isso não significa ser inconsequente, mas sim aproveitar ao máximo e com sensatez cada oportunidade que surgir antes que seja tarde demais.

Hoje minhas aulas vespertinas não aconteceram, então decidi – com o consentimento da Dinah – começar meu turno no CC Studio mais cedo, pois alguns colegas da turma me chamaram para juntar-me a eles no grupo de estudos no inicio da noite, já que as provas finais antes das férias de verão iniciaram-se. Na manhã de hoje fiz a prova da matéria que Camila lecionava como requisito secundário, e houve muitas reclamações, alegando complexidade. Não considerei difícil, apenas exigia atenção e dedicação prévia com os conteúdos, o que venho a fazer desde o inicio de cada disciplina, pois assim eu não precisava me desesperar na última hora.

Coloquei meus fones de ouvido e Love da Lana Del Rey começou a tocar. Ajeitei a bolsa em meu ombro, passei a mão pelo cabelo jogando-o de lado e caminhei a passos largos para a estação do metrô. Enquanto eu descia a rua um Volvo preto parou ao meu lado e buzinou. Olhei de soslaio pela lateral dos meus óculos escuros, mas não parei, o carro me seguia com lentidão, até que o vidro foi baixado, revelando Ian Somerville, mais conhecido como o idiota do ex-namorado da Camila.

– Hey! Jauregui, certo? – Escutei-o chamar, pois já havia pausado a música que escutava.

Girei o pescoço e encarei aquele par de olhos azuis e sorriso dissimulado, inclinado com o braço dobrado sobre a abertura da janela do carro. Respirei profundamente, meu estomago retorcia apenas em olhá-lo.

– O que você quer? – Rebati sem cessar os passos.

– Wow! Calma! Quer que eu use a minha camisa para fazer uma bandeira branca e você perceber que estou em paz? – Falou com uma leve ironia.

– Não seja ridículo. – Bufei, rolando os olhos.

– Okay! Apenas parei para perguntar se quer uma carona.

– Não! Obrigada! – Usei de uma falsa gentileza e ele sorriu.

– Vamos lá! Eu não irei fazer-lhe nenhum mal. Prometo! – Somerville uniu as duas mãos em súplica rapidamente, antes de voltar a apoiá-las no volante.

– Estou bem. Pode seguir seu caminho. – Joguei o cabelo para o lado novamente e empurrei o óculos com o dedo médio.

– Você não acha que deveria me conhecer antes de julgar por erros passados? – O homem persistia, deixando o carro se mover com vagarosidade.

– Não tenho nenhum interesse. – Minha irritação estava aumentando.

– Ah, qual é! É apenas uma carona! A Mila me perdoou, porque você, a Dinah e todos que a cercam não podem fazer o mesmo? – Semicerrei os olhos ao escutá-lo se referir a latina com tanta intimidade.

– Talvez a Camila seja uma pessoa melhor do que nós. – Dei ênfase em seu nome. – E dá para você me deixar em paz?! – Brandi parando e virando-me inteiramente para o Volvo.

– Apenas quando me deixar leva-la onde estiver indo. – Somerville parou o carro e se inclinou abrindo a porta do passageiro.

Joguei a cabeça para trás e grunhi estressada e derrotada. Tirei o celular do bolso e abri o campo de mensagem, antes de entrar no carro e bater a porta com força. Enviei um alerta para Keana, caso algo acontecesse comigo.

– Você é teimosa, mas eu posso ser mais. – O homem se gabou, arrancando com o carro.

– Vai se ferrar. – Guardei o celular e coloquei o cinto de segurança.

– Você é muito nervosinha garota. – Ele riu. – Pelo visto, Camila aprecia amizades audaciosas.

– Acrescenta à lista que ela tem dedo podre para homens. – Somerville gargalhou me fazendo rolar os olhos.

– Para onde você está indo?

– CC Studio. – Respondi com simplicidade, olhando pela janela lateral.

– A Vero comentou que você trabalha lá, mas que é desenhista. Estranho, não?

– Caso você não saiba, existem os encarregados da administração, técnica, design... – Crispei os lábios, olhando-o de soslaio.

– Touché.

Permanecemos em silêncio por longos minutos, apenas o som do rádio como plano de fundo. Eu me questionava do porque ter aceitado a carona desse idiota, mas convenci-me de que ele me venceu pelo cansaço, além de não querer demostrar medo como ele insinuou em alguns momentos.

– Entusiasmada com as férias?

– Sério?! – Inclinei a cabeça, olhando-o com desdém.

– Precisava quebrar o gelo. – Ele deu de ombros.

– O que você estava fazendo perto da NJCU? – Fiquei subitamente curiosa.

– Realizando um trabalho pelas proximidades. – Somerville respondeu me olhando brevemente. – Viu só? Não arranca pedaço responder as perguntas que lhe fazem.

– Minha gentileza não é dada a quem não a merece. – Olhei-o mais uma vez. – Ainda mais para idiotas que possuem estrume no lugar do cérebro.

– Wow! Agora você está pegando pesado. – O homem tinha um vindo entre as sobrancelhas. – Você é bem próxima a Camila, estou certo? O jeito que você a defende é quase uma veneração.

– Sim, somos amigas. E quando erram com as pessoas que eu me importo, não tenho piedade. E eu não a venero como você está insinuando capciosamente, respeito e admiração são sentimentos comuns para uma convivência saudável, independente do teor dessa relação.

– Oh! Perdoe-me caso tenha soado como algum tipo de insinuação. – Disse o homem com uma cortesia beirando a ironia. – E como está a Camila? A última vez que a vi foi no dia em que vocês jantavam juntas no Liberty House.

– Muito bem!

– Sempre que a vejo, está acompanhada da Camila. – Nada falei, continuei com os olhos fixos à frente. – Não tem medo de que possam ter ideias equivocadas com essa proximidade com uma de suas professoras?

– A maldade está nos olhos de quem vê. – Trinquei a mandíbula. – Não temos nada a temer.

– Eu acredito, mas nem todos podem compreender. – Continuou a insistir no assunto.

– De carona passou a interrogatório e suposições descabidas?

– Nada disso, apenas costume de jornalista em fazer perguntas. – O homem sorriu de maneira inocente, mas não me convenceu.

– Já que estamos brincando de perguntas e respostas... me responda uma coisa: qual o nome da doença que você possui, já que traiu Camila Cabello?

– Foi um erro, mas eu sou apenas um homem que possui desejos, entende? A Camila é uma mulher estupenda, que agracia cada momento em sua companhia, mas ela é um tanto... conservadora. Eu não estou usando isso como desculpa, pois eu errei com ela desde o inicio, mas depois eu perdi um pouco do meu controle quando as tentações surgiam.

– Ou seja, você é o cretino mais burro do mundo. – Respirei fundo tentando acalmar a raiva por ele está colocando a culpa da sua falta de caráter em Camila. – E não tenta achar culpados, quando você é o único.

– Você não entende...

– Eu entendo perfeitamente. – Interrompi-o. – Não adianta insistir com desculpas ridículas. Não comigo. – Inclinei-me para aumentar o volume do rádio. – E encerramos essa "conversa" por aqui. – Aumentei a música o máximo suportável.

O restante do percurso seguiu-se em silêncio como pedi, apenas tornei a falar quando Somerville parou diante o CC Studio, eu o agradeci da maneira mais cortês que consegui. Caminhei com o queixo erguido e adentrei o estabelecimento sem olhar para trás.

As perguntas e insinuações feitas pelo jornalista me deixaram um tanto inquieta, pois o que mais existe nesse mundo são pessoas com más intenções, que não conseguem aceitar que os demais vivam em harmonia. Algo que eu aprendi com a observação dos seres humanos é que a maneira como se comportam diante cada situação vivida, sendo os olhares de soslaio, os sorrisos forçados e a falsa gentileza, apenas alguns dos artifícios encenados por Somerville. Eu não sei quais foram suas reais intenções, ou se foi apenas criação da minha mente por não gostar do homem. Nesse caso nada posso fazer além de continuar prestando atenção nos sinais.

– Lauren! Boa tarde! – Saudou-me Melissa, a recepcionista ruiva.

– Boa tarde!

– Não teve aula? – Disse a jovem mulher olhando o relógio de pulso.

– Apenas pela manhã. – Respondi massageando as têmporas, ao sentir pontadas que indicavam uma forte dor de cabeça.

– Está sentindo-se bem? – Perguntou a ruiva com preocupação.

– Apenas estresse. – Sorri minimamente. – Vou encontrar Dinah. Até mais! – Despedi-me e segui diretamente para o corredor lateral que dava acesso a as salas de Camila e Dinah.

– Boa tarde! – A loira ergueu a cabeça e semicerrou os olhos quando me encarou. Desviei o olhar e caminhei até a minha mesa, colocando a bolsa sobre a mesma e me jogando sobre a cadeira, deixando um longo suspiro escapar.

– Boa tarde Porcelana! Mas algo me diz que não tão boa assim. – Dinah passou a mão pelo cabelo, soltando o coque e tornando-o a refazer. – O que aconteceu?

– Somerville.

– O que tem esse palerma? – A loira torceu os lábios ao escutar seu nome.

– Quando eu estava caminhando para a estação do metro ele surgiu repentinamente e ofereceu carona e me perturbou até eu aceitar.

– VOCÊ O QUÊ? – Ergui as sobrancelhas vendo a mulher mais velha expirar e inspirar. – Você não deveria ter aceitado. Nunca aceite nada daquele cara.

– Eu sei. – Grunhi, passando as mãos pelo cabelo e puxando-o com mais força que o necessário. – Ele sabe ser insistente e desafiador. O tom de deboche e as insinuações de que eu o temia me fizeram aceitar.

– Ele foi desrespeitoso?

– Pelo contrário! Foi deliberadamente gentil. – Soltei um sorriso anasalado. – Fez questionamentos suspeitos...

– Então você acha que foi proposital? – Acenei positivamente. – Faz sentido. Surgi do nada e encher o alvo de perguntas é o que ele faz de melhor. Suponho que as perguntas giraram em torno da Mila.

– Captou a ideia. – Estalei os dedos apontando os dedos indicadores em seguida.

– É melhor deixar isso apenas entre nós. Se a Camila souber ficará paranoica. – Dinah falou mordendo a ponta de um lápis.

– Penso como você.

 

O silêncio instaurou-se por cerca de vinte minutos, e minha concentração estava sendo falha, pois um pensamento não parava de rodear minha mente. Observei Dinah digitando furiosamente e respirei profundamente, coçando os olhos que lacrimejavam.

– Por que você não arrastou as fuças dele no asfalto? – Perguntei subitamente.

– O quê? – Dinah me olhou como se eu estivesse enlouquecido.

– O primeiro namorado da Camila...

– Ah sim! Então ela te contou. – O semblante da loira obscureceu com o assunto abordado. – Você acha mesmo que eu não fui atrás dele? Procurei aquele covarde em cada canto de Paris, mas foi como se ele tivesse evaporado. Ele entrou em contato com a Camila por telefone e até mesmo foi procura-la no dia seguinte na galeria onde ela estava trabalhando. Chancho me enviou uma mensagem no momento em que ele apareceu, mas quando eu cheguei ele correu. Acredita que ele correu desembestado para a saída dos fundos? É claro que eu corri atrás dele, mas não consegui alcança-lo. Depois disso nunca mais soubemos notícias.

– São muitos problemas para uma pessoa só. – Suspirei, engolindo em seco.

– Concordo com você. Ela já passou por muita coisa, é por isso que eu tento proteger, apoiar, amar, querer sua felicidade. – A sombra de um sorriso surgiu nos lábios de Dinah. – Por isso que eu sempre apoiei vocês, pois eu vejo em você a felicidade que ela sempre procurou. Você se tornou o porto seguro da minha Walz. – Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto e eu limpei rapidamente, abaixando a cabeça.

– É tudo o que eu mais quero: Fazê-la plenamente feliz.

– Depois desse ocorrido em Paris, eu pensei que seria quase impossível dela se relacionar novamente, pois ela sempre focou toda sua atenção apenas nos estudos e trabalho. Surpreendi-me quando voltamos a New York e ela ter se encantado com o Ian, obviamente eu apoiei totalmente, pois até mesmo a mim ele enganou. Mas foi apenas mais um imbecil na vida da Mila.

– A Camila pode sempre nos surpreender, pois a força que ela guarda dentro de si é algo grandioso. – Deixei meu corpo cair para trás e encarei Dinah, enquanto a mesma sorria.

[...]

O dia de hoje estava sendo bastante estressante, e aqui no CC Studio não estava sendo diferente. Somente o pessoal da parte administrativa do estúdio estavam presentes agora, os do andar superior já tinham ido embora. Sobrou para nós aguentar a irritação da Dinah.

Uma agência de modelos ameaçou processar-nos alegando divergias contratuais, mas após revisarmos e não encontramos nenhuma irregularidade, Dinah marcou uma reunião com os responsáveis para tentar uma solução amigável, caso contrário à justiça resolveria.

– Quem está errado são eles. – Dinah jogou a pasta que tinha em mãos sobre a mesa e passou as mãos pelo rosto. – Se querem mesmo acionar a justiça, que façam! Nós ganharemos fácil.

– Você tem total razão senhorita Hansen. – Além de mim, três estagiários que trabalhavam para a loira estavam em sua sala.

As duas moças e o rapaz continuavam parados em frente à mesa de Dinah, e ao escutar mais essa bajulação vinda de Mark, rolei os olhos e reprimi um sorriso zombeteiro. Percebi que uma das garotas, Naomi, me fuzilou com os olhos, eu sorri de lado e pisquei meus cílios lentamente. Apenas Emily merecia consideração por sua postura e empenho profissional.

Após eu escutar uma conversa de Mark e Naomi reclamando sobre mim, com alegações de proteção por parte de Dinah, injustiça por eu não ser estudante de administração e que eu estava ali ocupando a vaga de alguém realmente capacitado. Raramente os encontrava, mas passei a ser bem provocativa nessas ocasiões, pois questionaram minha capacidade e habilidades, e isso eu não aceitava, já que desempenho minha função adequadamente. E crescer observando meus pais começarem um negócio do zero e conseguir a estabilidade que temos hoje, me fez aprender muito sobre empreendedorismo.

– Eu sei disso Mark. Foi uma afirmação. – Dinah rebateu, fazendo o rapaz engolir em seco.

– Boa noite! – Todos giraram o pescoço para encontrar Camila escorada no batente da porta. Imediatamente a adulação por parte de Mark e Naomi começou.

– Chega por hoje. Vocês já podem ir. – Dinah fez um movimento com as mãos, e após despedirem-se, os três foram embora.

– Esses dois puxa-sacos me odeiam. – Comentei quando Camila fechou a porta atrás de si.

– Eu já te falei que eles são estagiários do CC Studio e você é minha assistente. E se eles se empenhassem como fazem para bajular e fofocar, seriam tão competentes como a Emily e você. – Dinah falou empilhando as pastas que continham as cópias de alguns documentos. Eu sorri com sua resposta.

– DJ tem razão. – Concordou Camila sentando-se na borda da minha mesa, se inclinando para me dar um selinho.

– Eu sempre tenho. – Sorrimos com a modéstia de nossa amiga. – Por que demorou Walz?

– Permaneci na Universidade para corrigir as provas que eu apliquei hoje. – Ao ouvir aquilo me inclinei e mexi minhas sobrancelhas olhando para a latina que franziu o cenho sem entende. – O que está fazendo?

– Eu me saí bem? – Sorri docemente em uma tentativa de saber sobre minha nota, mesmo que o nosso combinado é não misturar a vida pessoal com a da Universidade.

– Não sei Lauren, semana que vem a senhorita Jauregui saberá. – Camila riu vitoriosa e eu fiz beicinho involuntariamente.

– A Sorvete de Coco agora se tornou duas pessoas? – Questionou Dinah com ironia.

– Para o bem da minha sanidade, sim! – Respondeu a fotógrafa com sagacidade. – E como estão às coisas com o contrato da agencia?

– Na mesma. – A loira suspirou. – Eles não aceitam que estão errados, mas aceitaram a reunião de amanhã. Se não houver entendimento, eles é que terão prejuízos.

– Eu falei a você que confio em seu trabalho e dedicação e que não poderia haver erros tão obtusos como alegam. Amanhã eles terão que lidar com a gente Cheechee.

– Já disse que amo você Walz? – Dinah sorriu radiante e Camila ruborizou. – Ah! Antes que eu esqueça... Os materiais que você encomendou chegaram hoje mais cedo. Pedi que levassem para seu ateliê.

– Ateliê? Qual ateliê? – Perguntei confusa e as duas me olharam por um instante ainda mais confusas.

– Oh! Nunca te falei sobre o lugar onde crio minhas esculturas, onde guardo minhas fotografias e materiais... – Camila torceu a boca pensativa. – Fica localizado no edifício ao lado.

Ergui as sobrancelhas me recordando do edifício ao lado idêntico ao que fica localizado o CC Studio, sendo a fachada a única diferença, já que o do estúdio é moderno e sofisticado e o outro é algo mais rebuscado.

– Aquele edifício também é seu? – Camila assentiu timidamente. – Wow!

– Qualquer dia levo você até lá. – Disse a latina apoiando a cabeça na parede. – Não sei como isso nunca me passou pela cabeça. – Resmungou como se falasse consigo mesma.

Camila pegou meu documento de identificação que estava jogado sobre a mesa e observou atentamente por vários segundo.

– Eu ainda acho que isso está errado. – Murmurou sem tirar os olhos do documento.

– O que está errado? – Estiquei o pescoço para tentar visualizar, mas não consegui.

– O ano em que nasceu.

– Huh... Por quê? – Perguntei surpresa.

– Você é muito madura para ter apenas dezoito anos. É difícil acreditar, sabe...

– Bobinha. – Balancei a cabeça sorrindo.

– Às vezes penso que nossas idades possam estar trocadas.

– Nada está errado amor. Apenas cada uma fazendo suas escolhas em seu próprio tempo. – Dei um leve aperto acima do seu joelho, deixando minha mão ali, e Camila colocou a sua mão sobre a minha.

– Er... Chancho? – Chamou Dinah mordiscando o lábio inferior. – Você vai querer ver isso. – Tanto Camila quanto eu caminhamos até próximo a mesa da loira, que girou o monitor do computador para que pudéssemos ver.

Deparamo-nos com uma matéria no site da TMZ com o seguinte título: O retorno de Camila Cabello.

– Era só o que me faltava. – Murmurou a latina com os olhos correndo pelo monitor.

A matéria discorria sobre uma possível volta ao mundo das artes, após meses afastada por causa da repentina vontade de lecionar. Diz que uma fonte afirmou que Camila daria uma entrevista em um famoso programa de TV para anunciar seu retorno, o qual advir no período em que aconteceriam as férias de verão.

– Às vezes eu esqueço que você é uma pessoa pública. – Comentei quando terminei a leitura. – E você está linda nessa foto. – Sorri com o cenho franzido da Camila, abraçando-a de lado e depositando um beijo em sua têmpora.

– Não entendo a necessidade de criar notícias falsas.

– Esses sites de fofocas se alimentam disso Walz. – Dinah deu de ombros. – Eu sei que você não gosta que espalhem mentiras a seu respeito, mas o melhor a se fazer é ignorar. – Concordei com um aceno e Camila fez o mesmo em seguida.

– Eu preciso ir. – Falei olhando as horas. Segui até a minha mesa para organizar minha bagunça, mas não pude deixar de notar que a latina bocejava enquanto sentava na cadeira em frente à mesa de Dinah, além de exibir olheiras sob os olhos. – Você estava muito inquieta essa noite. Está tudo bem? – Perguntei me aproximando.

– Sim, apenas refletindo sobre a vida. – Ela inclinou a cabeça, apoiando na mão. – Nada com o que se preocupar.

– Sabe que qualquer coisa que precisar é só me chamar, certo? – Sentei-me na beirada da mesa da loira.

– Eu sei! Mas não se preocupe. – Me inclinei e dei-lhe um beijo rápido e apaixonado.

Quando me afastei com um sorriso bobo nos lábios, percebi que ignoramos a presença de Dinah, mas a mesma fez questão de firmar sua presença. A loira tinha escrito em uma folha branca a palavra amor no centro papel, além de alguns corações ao redor; tinha erguido sobre a cabeça e balançava de um lado para o outro.

– Idiota! – Mostrei-lhe a língua, enquanto segurava o riso, principalmente vendo Camila esconder o rosto corado com a mão.

 

Camila's POV

– Vai me dizer o que está perturbando essa cabecinha oca ou vou ter que força-la a me contar? – Dinah perguntou ainda balançando o corpo de um lado para o outro junto com a folha escrito amor.

– Quieta com isso! – Retirei o papel de suas mãos com agilidade, pegando-a de surpresa.

– Sua rapariga! Por que rasgou minha plaquinha do amor? – Dinah colocou a mão sobre o coração e usou um semblante fingindo mágoa.

– Para você parar de perturbar a Lauren e eu. – Amassei o papel rasgado e arremessei-o na lata de lixo.

– A bunduda é boa de buraco. – Rolei os olhos vendo DJ sorrir com malícia, mexendo as sobrancelhas.

– Vou ir até o edifício ao lado para verificar os materiais. – Quando eu estava me levantando, Dinah se inclinou sobre a mesa e me impediu de prosseguir.

– Negativo! Para de disfarçar e me conta o que perturbou seu sono, já que estava com a Porcelana bem ao seu lado.

– Nada demais. – A expressão de descrença da minha melhor amiga me fez suspirar. – Okay! Mais tarde eu vou até seu apartamento e conversamos. Pode ser?

– Tudo bem! Vou pedir comida mexicana, então não enrola.

– Depois de verificar os materiais irei até a Lumus para ver a Ária, mas é coisa rápida. – Me levantei e despedi da empresária que ficaria por mais algum tempo trabalhando.

[...]

Passei cerca de uma hora brincando com mi princesita de olhos brilhantes, o que fez meus pensamentos inquietantes se esvair quase por completo. A pureza de aquele pequeno ser me causava uma sensação inexplicável, aquecendo meu coração e alegrando minha alma.

– Enfim chegou bunduda. – Dinah escancarou a porta para eu passar, e deu-me um tapa no traseiro, fazendo o lugar arder.

Boquiaberta e esfregando o local, corri até minha amiga e pendurei em seu pescoço e mordi seu ombro. Com facilidade ela me segurou e arremessou no sofá, me fazendo perder o folego devido à cocegas distribuídas por meu corpo.

– DIIIIIINAH! – Gritei entre o riso, tentando me esquivar de suas garras. – CHEEEGA!

– Isso é para você aprender que não é páreo para a super Dinah. – Ela se ergueu e fez uma posição de super-herói com as mãos na cintura e queixo erguido, me fazendo gargalhar ainda mais.

Esses momentos de descontração inocente me divertiam imensamente, e Dinah é expert em saber me distrair e alegrar meus dias fastidiosos. Minha personalidade retraída me impede de deixar minha criança interior ver a luz do sol com maior frequência, mas as pessoas a minha volta me instigam e proporcionam momentos de leveza.

– A comida chegou faz poucos minutos. Venha antes que esfrie. – Estendendo a mão, Dinah me ajudou a levantar, e juntas caminhamos até sua cozinha. – Como está a minha Pitchuquinha? Já faz dias que eu não a vejo.

– Encantadora e amável como de costume. – Um sorriso terno surgiu em meus lábios, fazendo minha amiga sorrir com carinho.

– Você se apegou a ela. – Afirmou DJ, mesmo assim eu assenti.

– É impossível não se apaixonar por ela. Não sei se é algo da minha cabeça, já que ela é muito pequena para entender e saber sobre a vida, mas a forma como ela observa as outras crianças interagirem com os pais, a necessidade inconsciente de querer agradar a todos... Não sei, mas Ária é muito inteligente para a idade, além de ser muito observadora. – Soltei um suspiro encarando o prato que Dinah depositou em minha frente na bancada.

– Ela foi abandonada e passou por momentos terríveis com a doença... ela pode não entender, mas eu acredito que seu subconsciente trabalha mesmo sem o entendimento da situação. – DJ olhava fixamente um ponto aleatório da bancada. – É algo que não conseguimos explicar e muito menos entender por completo, mas a nossa percepção pode ser um indicativo.

– Sim...

– Vamos emendar o assunto com a sua explicação do porque está pensando em excesso. – Dinah me olhou atentamente antes de começar a comer.

– Não sei... Ontem, após os inconvenientes que aconteceram no passeio que fiz com a Lauren, minha mente começou a girar em torno de alguns assuntos que eu tento ignorar.

– Que são? – Instigou minha amiga.

– Lauren me perguntou sobre o tempo em que eu vou permanecer lecionando na NJCU, pois quer que sejamos livres sem temer sermos vistas juntas, depois falou que me ajudaria a superar meus receios com Miami, e em um dos momentos, quando alguns alunos nos cumprimentaram e eu puxei a mão do toque de Lauren...

– Você ainda não está preparada para mostrar ao mundo que está se relacionando com uma mulher. – Constatou Dinah e eu assenti envergonhada.

– Eu me sinto mal em deixar o medo de julgamentos alheios serem mais fortes que o meus sentimentos por ela. Odeio-me por isso. Eu apenas queria ser corajosa para enfrentar os obstáculos que interferem em minha felicidade. – Engoli o nó que se formava em minha garganta e pisquei freneticamente para conter as lágrimas.

– Chancho... Muitas pessoas passam por essa autocrítica e receios sobre o que a sociedade vai pensar. Você não é a primeira, nem a última. Não se atormente e muito menos nutra sentimentos ruins contra si mesma, pois você já deu um passo gigante ao aceitar seus sentimentos. – Dinah apertou minha mão sobre a bancada.

– Eu nem mesmo sei como definir minha sexualidade... – DJ sorriu de canto.

– Isso é apenas um detalhe, você não precisa se preocupar com rótulos. Percebe sua evolução ao aceitar se relacionar com Lauren? Muitas pessoas passam a vida toda negando o que são por medo, se relacionam de acordo com o que manda a "tradição" e são infelizes. Somente o amor importa, e isso vocês tem em abundância. – Concordei com um aceno, mordiscando meu lábio.

– Obrigada mi amiga. – Disse com sinceridade, retribuindo o sorriso leve, apertando a chave da caixinha branca que Lauren me deu, presa no colar em volta do meu pescoço.

– Sempre que essas dúvidas martelarem em sua cabeça, não prossiga com essa tortura, venha imediatamente até mim para conversarmos, okay?

– Okay! – Respondi concentrando em meu prato.

– Há mais alguma coisa que queira falar? – Perguntou Dinah com tranquilidade.

Ponderei por alguns segundos se deveria ou não abordar esse assunto com minha amiga ou apenas deixar que o tempo mostre o caminho que eu deva seguir. Mas meu silêncio fez Dinah me olhar com uma sobrancelha erguida em questionamento.

– Er... huh... Não... Não sei como dizer isso...

– Vocês transaram? – Dinah se exaltou e quase pulou da banqueta em que estava sentada.

– Não! – Senti a habitual vergonha acompanhada do calor nas bochechas.

– Aaaah... Então o que é?

– Bom... eu estou sentindo... coisas... muito mais intensas do que já senti em minha vida, e isso me deixa um pouco assustada. – Passei a língua pelos lábios sentindo-os ressecarem.

– Uhum... Prossiga.

– Estou sentindo um... Não sei como expressar em palavras...

– Fogo? – Ofereceu Dinah mordendo a parte interna da bochecha, desconfio que para não rir de mim.

– Pode dizer que sim. – Murmurei baixando o olhar.

– POR QUE CRESCEM TÃO RÁPIDO? MEU BEBÊ BUNDUDO ESTÁ COM FOGO NA PERSEGUIDA. – Dinah gritou. Sim, ela literalmente gritou, e eu quase caio da banqueta e me escondo em baixo da bancada devido à vergonha extrema que eu estou sentindo.

– Meu Deus! – Resmunguei antes de esconder o rosto nos braços apoiados na bancada.

– Não precisa se envergonhar Chancho. É normal, e pelo visto Lauren sabe como ascender seu fogo. – Provocou ainda rindo descaradamente.

– E precisa gritar para todo o edifício ouvir? – Falei entre os dentes.

– Fazer você ficar envergonhada é uma das melhores coisas que existem. – Sorriu inocentemente, piscando os cílios com lentidão.

– Chata!

– Não vou mais perturbar, tudo bem? – Franzi o cenho e não respondi. – Vai Chancho... continua, por favor.

– Eutenhomedodenãosaberoquefazer. – Falei rapidamente, senão a coragem se esvaia.

– Quê? – Dinah balançou a cabeça confusa.

– Tenho medo DJ. Medo de não saber o que fazer.

– Mais uma vez... Isso é normal. Seus receios são algo natural, não é necessário se martirizar. Seus instintos se afloram na hora H, então deixe-se levar, e faça apenas o que a deixar confortável. Conversar sobre o que gostam ou não é importante, pois assim todos terão o prazer merecido. – Dinah falou com firmeza, sem nenhum resquício de timidez, o que me faz admirá-la ainda mais.

– Queria ter um pouquinho da sua confiança. – Falei pensativa.

– Isso se adquire com o tempo. Você não é mais a mesma mulher de alguns meses atrás, e eu não sou aquela garota que deixou a casa dos pais irritada e sem pensar nas consequências e quase surtou na cidade grande. O tempo é o responsável pelas mudanças, sejam elas boas ou ruins.

– Você tem razão! Vou deixar o tempo agir, e tentar não entrar em pânico com a espera. – Sorri minimamente.

– Vai dar tudo certo Walz. – Dinah apertou minha mão mais uma vez. – Eu acredito em você.

 

 

 


Notas Finais


É isso! Gostaram?

Quaisquer dúvidas, opiniões e/ou críticas é só me chamar aqui ou no twitter (@forward5h).

Até breve!


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