Lauren
As aulas continuaram a todo vapor, assim como o trabalho no Liberty House. Para uma quarta-feira o lugar estava mais agitado que o normal, fazendo nosso trabalho mais cansativo, e minha cabeça latejar. O ponto alto da noite até o momento foi reencontrar Steve, depois de algum tempo sem ver o rapaz.
- O senhor Roberts pediu para que esse tenha uma atenção maior, além de mais agilidade no preparo. - Steve repassou as ordens para a cozinha dando de ombros diante a expressão entediada vinda de alguém da equipe.
- Quem é a figura, para ter a honra de receber tamanha atenção do nosso ilustre gerente? - Perguntei sarcasticamente.
- Venha, e veja com seus próprios olhos. - Steve disse segurando em meus ombros e me guiando em direção ao salão onde se situavam os clientes. Minha surpresa veio acompanhada de um sorriso de canto do rapaz de olhos cinzentos.
- Ela gostou mesmo daqui, já que virou rotina suas vindas. - Enquanto a mais recente informação era processada meus olhos continuavam grudados em Camila Cabello.
Sua mesa estava situada em um canto mais sossegado, a mulher tinha em mãos um livro que prendia toda sua atenção. Não pude evitar reparar em sua postura rígida, assim como sua expressão. Seu corpo estava coberto por um vestido estampado de malha, meia manga, com decote redondo que deixava suas belas pernas a mostra; nos pés uma delicada sandália de salto preta de tiras; a maquiagem como sempre discreta; seus cabelos preso em um coque despojado; além de brincos dourados combinando com o largo bracelete em seu pulso esquerdo.
- Como assim, virou rotina? - Perguntei despertando do estupor momentâneo.
- Como você sabe, eu não tirei férias, então vários dias enquanto esteve afastada a senhorita Cabello apareceu para algumas refeições.
Continuei vagando pelo salão recebendo os clientes e anotando seus pedidos, mas minha atenção sempre era atraída até a mesa da latina, que apreciava seu jantar sem desgrudar do livro. O mundo a sua volta parecia bastante desinteressante, já que seus olhos eram tediosos quando fixavam algo brevemente através das vidraças.
Foi em um desses momentos de contemplação que fui pega olhando em sua direção, pois a morena acenou para que eu me aproximasse. Engoli em seco, devido ao flagra, mas segui até sua mesa me sentindo desconfortável com aquele uniforme horrível.
- Sim? - Perguntei fitando seus olhos opacos.
- Você poderia me trazer mais um suco de laranja, sem gelo?!
- Somente?
- Somente.
- Só um instante, pro... senhorita. - Me atrapalhei não sabendo como me referir à morena, me sentindo uma imbecil novamente.
A indiferença em sua expressão mais uma vez me deixou incomodada. Retornei com seu suco e ela apenas agradeceu sem olhar em minha direção, concentrava-se no livro que não consegui capturar o título.
- Jauregui! - O senhor Roberts se aproximou de mim de maneira despretensiosa. - Aconselho que não seja você a servir a senhorita Cabello.
- Por quê?
- Você sabe... Decorrente a incidentes passados prefiro que permaneçam esquecidos, no entanto sua presença pode trazer a tona lembranças indevidas.
Semicerrei os olhos diante tal insinuação e não contive as palavras de escaparem de mim:
- Com todo respeito, senhor, se a senhorita Cabello estivesse incomodada com minha presença teria me evitado ao invés de pedir para servi-la.
- Está avisada, senhorita Jauregui. - Sua voz soou baixa e ríspida. Trinquei a mandíbula em resposta, vendo o homem se afastar com descaso.
O fim de um expediente nunca foi tão ansiado como o de hoje. Camila Cabello permaneceu no restaurante até pouco antes do horário de fechamento e como advertida permaneci longe da mulher, pois o insuportável do Roberts me observava como um gavião.
Cheguei à parada de ônibus, onde ficaria por alguns minutos a espera do transporte. O frio transpunha minhas vestes grossas, então ajustei melhor meu casaco e puxei o capuz por cima da touca verde musgo que cobria minha cabeça. Em minhas mãos estava meu pequeno caderno de desenho e um lápis, onde eu fazia esboços como uma forma de passar o tempo. Poucas pessoas estavam na rua devido ao horário tardio, então a inquietação pela demora só era amenizada com minhas mãos ocupadas a reproduzir algo sobre o papel.
Um carro parou diante da parada, permaneci com os olhos fixos no papel, mas ciente de que o vidro estava sendo abaixado, portanto ergui a cabeça com desconfiança. Era um Maserati Levante em um tom escuro de vermelho, com vidros peliculados que dificultavam a visão do seu interior devido às luzes fracas dos portes. A luz interior foi acesa revelando sua proprietária: Camila Cabello.
- Senhorita Jauregui! Venha te dou uma carona até a Universidade. - Sua voz soou alta para meu entendimento.
Então ela sabe quem eu sou?
- Agradeço, mas não precisa se incomodar o ônibus já deve estar chegando.
A latina soltou o cinto e reclinou em direção à porta do passageiro, abrindo-a e empurrando. Voltou a sua posição original, recolocando o cinto e me olhando com uma sobrancelha erguida. Nada me restou a não ser dar de ombros e seguir para o carro. Fechei a porta e prendi o cinto.
A fragrância de seu perfume me atingiu, me fazendo inspirar audivelmente. Uma mistura de flores e cítricos emanava da professora, uma combinação perfeita.
O silêncio que nos abateu era incômodo. Permaneci olhando a frente, no intuito de lançar olhares de esguelha, mas tudo que eu podia ver era seu olhar fixo na estrada. A impressão que eu tinha é de que eu era um fantasma, e que ela não tinha consciência da minha presença.
- Está gostando de dar aulas na Universidade? - Resolvi quebrar o silêncio que me torturava.
- Ainda é muito cedo para que eu possa dizer com certeza, mas acredito que será uma experiência interessante. - Seus olhos continuavam presos à frente.
- Espero que sim. - Mais uma vez silêncio.
- A senhorita mora em New Jersey? - Um pouco invasiva, mas não pude evitar.
- Moro em Manhattan. - Dessa vez ela virou a cabeça rapidamente para me observar.
- A senhorita é de onde? - Sua interação foi inusitada.
- Eu sou de Miami.
- Distante. - Continuei a observá-la discretamente, e sua expressão continuava impassível.
- Sim, mas um dos meus sonhos era estar em New York, ou pelo menos perto. E esse foi o máximo que consegui chegar.
- Interessante. - Mais uma resposta curta, impedindo o andamento da conversa.
O restante do percurso voltou ao silêncio inicial. Pronunciou-se somente para confirmar meu dormitório, então estacionou na rua atrás do CO-OP HALL, agradeci gentilmente e me despedi, recebendo uma resposta cortês.
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- Saiu mais cedo? - Ally me perguntou checando o relógio no visor do celular.
- Não. Recebi uma carona inusitada. - Soei enigmática a fim de aguçar a curiosidade da baixinha.
- Continua. - Tinha conseguido sua total atenção.
- Camila Cabello.
- O quê? - Allyson arregalou os olhos diante a resposta. - Como isso aconteceu?
- Ela jantou no Liberty House, mas provavelmente ainda estava nos arredores já que tinha deixado o restaurante cerca de meia hora antes de fechar. - Dei de ombros diante das conjecturas que levantei. - É a única explicação para estar passando pela parada onde eu pego o ônibus enquanto eu ainda estava esperando.
- Então ela se lembrou de você.
- No restaurante ela agiu como se nunca tivesse me visto. Não entendo aquela mulher.
- Ela é apenas reservada. - Ally tentou justificar.
- Talvez. - Respondi pensativa, pois algo me intrigava na fotógrafa, só não tinha embasamento para especular o que seja.
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- Muitos pagariam para estar em seu lugar, Lauren. - Keana falou de forma pretenciosa quando me juntei a ela para o café da manhã. Franzi o cenho em desentendimento. - Você e a Camila Cabello juntinhas no carro, friozinho, escurinho aconchegante...
- Não viaja, Keana! - Disparei revirando os olhos para a insinuação descabida da garota. Ally não perdeu tempo em atualizar nossas amigas.
- Cadê a baixinha fofoqueira e a Mani?
- Allyson arrastou a Normani até o estúdio fotográfico para mostrar alguma coisa que a majestosa Cabello ensinou.
- Hum.
- O que passa nessa mente sonhadora? - Perguntou Keana me observando com as sobrancelhas franzidas.
- Nada. - Seu sorriso cínico voltou aos lábios. Observei que ela usava sua roupa habitual de dança por baixo do sobretudo púrpura.
- Sei...
- Irão se apresentar quando mesmo? - Perguntei no intuito de desviar a atenção de mim.
- Na sexta, como você bem sabe. - Sempre arisca.
- Estarei na primeira fila prestigiando minhas queridas amigas.
- Cala a boca e come logo, pois já está atrasada. - Disse Keana levantando-se. - Nos vemos depois. - Acenei com um sorriso e voltei aos meus croissants, uma vez que meusatrasos nas manhãs pós Liberty Houseestão cada vez mais corriqueiros.
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O desenho é uma das formas de expressão mais antiga da história, desde os primórdios onde primitivos rabiscavam as paredes das cavernas no intuito de exteriorizar o que viam ou sentiam.
Através de linhas, curvas, formas, cores, consigo expressar-me de forma pura. O vazio é preenchido por sentimentos vindouros da observação e imaginação, completando cada espaço, sentindo a ligação da manifestação criativa com a própria alma.
Diante de mim estava uma tela sustentada por um cavalete, e em minhas mãos uma palheta onde eu dispunha de variadas cores de tintas a fim de produzir outras que sejam pertinentes à pintura em questão: uma mulher idosa enrolada em uma manta, como se estivesse procurando uma forma de proteger-se do frio opressor, o fundo do quadro estava totalmente em branco.
A questão era unir a técnica de observação com imaginação, devemos transcrever o desenho e criar um plano de fundo que acharmos adequado. Em minha mente, ao observar aquela senhora encolhida eu conseguia verclaramente a neve que cobria as árvores e o caminho de pedra rodeado de casasde época, com carros estacionados, quase escondidos pelos flocos de gelo quepredominava a cena.
- Seu talento não tem limites, senhorita Jauregui. - Sorri em agradecimento ao elogio da professora Vives, que caminhava entre os cavaletes espalhados pela sala, observando.
As aulas práticas como sempre eram minhas preferidas e a encarregada de nos instigar a transcender nossas barreiras artísticas era Lucy Vives. Sua visão, criatividade e habilidade com as palavras criava um ambiente onde era fácil nos entregarmos a nossa paixão pela arte. O tempo transcorria desembalado,o que era frustrante, pois esse é meu mundo: o cheiro, a sensação ao segurarcada pincel, a textura das tintas, das telas, é maravilhosamente intoxicante.
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- Sempre que eu vejo você saindo das aulas de desenho, sua aparência relaxada me faz associar a alguém que acabou de fazer sexo. - Refletiu Keana enquanto observava Ally e eu nos aproximar.
- A sensação é bem parecida. - Respondi ponderando sua comparação.
- Vocês... - Ally disse tentando manter a indignação na voz, mas falhando ao nos acompanhar nas risadas.
- Meus amores! - Normani se aproximou saltitante, enlaçando um braço em meu pescoço e outro no de Keana, fazendo nossas cabeças quase colidirem. - Estou tão feliz por você ter conseguido convencer seu chefe a deixá-la começar seu turno mais tarde, Laur.
Já é sexta-feira, dia em que a turma iniciante do curso de dança faria sua primeira apresentação pública no Teatro Margaret Williams, localizado no Hepburn Hall, situado no campus principal da Universidade. O espetáculo começaria às 07:30pm - horário de chegada para meu turno -, portanto tive que recorrer ao senhor Roberts, inventando pretextos acadêmicos para poder prestigiar minhas amigas. Depois de muita insistência, consegui convencê-lo, já que uma colega se dispôs a me cobrir por algumas horas.
Normani exalava animação com uma pitada de nervosismo, já Keana mantinha a postura despreocupada, mas eu podia ver em seus olhos o nervosismo que tanto tentava esconder. Seria a primeira de muitas apresentações, e toda primeira vez é mais angustiante. Sabendo do talento nato das garotas, além da dedicação e amor pela dança, não poderíamos esperar nada menos que excelência.
- Seria inadmissível se eu perdesse a primeira apresentação de vocês. - falei com sinceridade.
- Fofa! - Mani apertou-me ainda mais, depositando beijos em minha bochecha.
- Chega disso! Vamos nos preparar antes que tenham que vir atrás de nós. - Falou Keana revirando os olhos e puxando Normani consigo.
Eram 06:20pm, então Ally e eu resolvemos ir para nosso dormitório nos prepararmos e esperar a hora marcada.
- Lauren?
- Sim? - Ally lançava olhares em minha direção desde que as meninas nos deixaram.
- Então... Logo darei inicio a um projeto, e eu gostaria de saber se vocêse dispunha a ser minha modelo?
- Eu? - Fui pega desprevenida diante de tal convite.
- Sim. Não conheço ninguém com tamanha beleza e expressão corporal.
- Aí, você já está apelando. - Disse com as sobrancelhas franzidas.
- Não estou! É a verdade! - rebateu Ally com determinação. - O que diz? Aceita ou não? E vale ressaltar: será algo bem simples eespontâneo, nada que deva gerar preocupações. - Seus cílios piscavam freneticamente, fazendo com que a sua expressão se assemelhasse a de um filhotinho fofo.
- Okay! Tudo pela minha baixinha preferida. - Joguei meu braço sobre seus ombros e seguimos nosso caminho.
O requintado teatro estava completamente cheio. A curiosidade e prestigio das apresentações das turmas de dança transpunham barreiras. Alunos de todos os cursos, além de várias pessoas do corpo docente estavam presentes.
- Olá professoras! - Cumprimentou Ally ao passarmos por Camila Cabello e Lucy Vives. Resignei-me a sorrir e acenar com a cabeça.
- Lauren! - Chamou-me a professora Vives.
- Sim?
- A sua pintura na aula de hoje, achei incrível. - Agradeci educadamente, tentando manter meus olhos focados em Vives, pois eu podia sentir os olhos da professora Cabello presos em meu rosto. - Então, eu queria saber se você permite que eu acrescente-o aos trabalhos que escolhi para a nossa exposição.
- Claro! Seria uma honra. - Aceitei surpresa e extremamente contente com o reconhecimento por parte da professora.
- Perfeito! Depois te informo sobre todos os detalhes.
- Okay! Obrigada! - Meus olhos foram contra minha vontade de encontro aos da latina. Seu rosto estava relaxado, um acanhado sorriso dançava em seus lábios, e seus olhos possuíam um brilho que tentava perpassar a habitual cortina nebulosa.
Voltei para onde Ally me esperava sorrindo abertamente, o que denunciou que havia escutado a conversa.
- Parabéns, meu anjo! - Falou Ally, quase dependurando em meu braço direito.
Fomos transportados a um lugar mágico durante toda a apresentação dos alunos. Normani e Keana estavam esplendidas. A paixão era demonstrada a cada movimento realizado, suas expressões eram sonhadoras; até mesmo de Keana que tentava passar uma imagem de valentona, se rendia quando a música tomava conta de seu corpo, e quase que em transe os movimentos fluíam graciosamente.
Após o termino e a explosão de aplausos despedi-me de Ally pedindo que a loira desse meus cumprimentos as garotas, então sai desembalada em direção a parada de ônibus. Não podia abusar das eventuais gentilezas do gerente do Liberty House.
Possui dois meios de chegar até o restaurante: ônibus ou de trem. Eu costumo alternar dependendo das condições. Sabendo que o próximo ônibus passaria mais rápido do que o trem, decidi pelo coletivo.
Ao atravessar a avenida em direção ao ponto de ônibus, percebi o agora conhecido Maserati Levante vermelho passar rapidamente pela rua à frente. Será que hoje ela vai ao restaurante? Não pude deixar de pensar sobre tal possibilidade. Ainda perdida em meus pensamentos, assustei-me com o som de uma buzina próxima. Tudo indicava que ela tinha me visto, então deu a volta já que estava se aproximando por trás.
- Está indo para o restaurante? - A professora Cabello perguntou após parar o carro próximo a mim.
- Sim. - Respondi ainda atordoada.
- Estou indo na mesma direção. - Disse a morena como que querendo justificar seu comportamento. Dei de ombros e entrei no carro.
- Eu não sou neurótica, mas se fosse, cogitaria a ideia da senhorita estar me seguindo. - Falei descontraída no intuito de quebrar o gelo, mas o olhar descrente que recebi me fez arrepender-me.
- Eu passei e vi a senhorita. Só quis fazer uma gentileza. - Sua voz soou áspera.
- Eu sei! Só estou brincando, sabe... para descontrair. - Sorri ao observar sua expressão suavizar.
- Oh... Certo. Pensei que poderia ter passado a impressão errada.
- A senhorita gosta de dançar? - Perguntei alguns minutos depois que o silêncio voltou a se instaurar.
- Todas as formas de arte são encantadoras. Não danço, mas aprecio quem faz. - A latina possuía um sorriso de canto nos lábios.
Encantador!
- Concordo com sua colocação, a não ser a parte de não dançar, pois mesmo sendo um pouco desengonçada gosto muito. - Sua expressão era divertida.
- Suas amigas são muito talentosas. - Prosseguiu a professora me surpreendendo por querer continuar com o diálogo.
- Sim, muito. Fico feliz por estar rodeada de pessoas genuinamente apaixonadas pelo que faz.
- Também aprecio tal contato. - Falou com a atenção presa na estrada. - Por falar em talento... Acredito que se tratava da senhorita Brooke, sua amiga estudante de fotografia que ficou devastada por não ter comparecido a exposição. Estou certa? - Fiquei surpresa por compreender que a indiferença demonstrada em relação a mim na primeira aula não passou de uma postura profissional.
- Sim, é a Ally. - O choque diante a constatação anterior não passou despercebido pela latina.
- O que foi? - Ela sorria divertida, alternando o olhar entre eu e a estrada.
- Nada. - Respondi não querendo explicar minhas impressões anteriores, mas a professora ergueu as sobrancelhas em sinal de que não acreditava em minha resposta. - Eu achei que na primeira aula, quando pediu que nos apresentássemos, não tivesse se lembrado de mim.
- Porque pensou isso?
- Sua expressão ao me olhar não demonstrou nenhum reconhecimento. - Falei agora me sentindo desconfortável.
- Eu não poderia ter pulado a senhorita, seria estranho, não acha? - Ela estava se divertindo com meu incômodo.
- Tem razão. - Virei o rosto para observar a paisagem e tentar dissipar meu constrangimento. O que não esperava é que entrássemos em uma rua comercial, parando em frente a uma loja de antiguidades.
- Só um instante, não irei demorar. - A latina informou já deixando o carro.
Seus passos eram firmes ao atravessar a distancia até a entrada da loja. Hoje ela usava uma calça jeans escura, blusa preta, blazer claro e scarpin azul marinho. Seu cabelo caia em ondas pelas costas e ombros.
Linda e elegante.
Como tinha dito, rapidamente voltou ao carro me lançando um sorriso amável, sem dizer nada deu a partida e continuamos em direção ao nosso destino em comum.
As noites de sexta-feira normalmente são agitadas no restaurante, e hoje não foi diferente. Após chegarmos, agradeci mais uma vez pela carona e fui rapidamente em direção a uma porta lateral exclusiva para funcionários, já a latina continuou dentro do carro.
Cerca de vinte minutos depois da nossa chegada a vi entrando acompanhada pela mesma amiga de curvas generosas do dia da exposição. O senhor Roberts prontamente as recebeu, esbanjando simpatia.
Depois de alguns minutos observando o cardápio o olhar da amiga de cabelos dourados fixou-se em mim, e com um sorriso ela acenou. Meus olhos imediatamente buscaram o senhor Roberts que observava a cena com os olhos semicerrados. Amaldiçoando até a última geração do homem, procurei por Steve, encontrando-o a minha direita. Segui em sua direção, pedindo para que ele atendesse as mulheres, e sem olhar para trás marchei furiosa para longe do salão. Precisava me acalmar antes de voltar aos meus afazeres.
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